sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Corvo

(The Raven, 2012)
Diretor: James McTeigue
Elenco: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson, Oliver Jackson-Cohen, Brendan Coyle, Pam Ferris, Kevin McNally, Dave Legeno, Sergej Trifunovic, Karen Strassman

Parte do prestígio da arte cinematográfica concentra-se na capacidade de representar situações que o público reconheça cotidianamente e, por este motivo, possibilitando que gostem de sua trama. Mesmo que haja exceções, a industria americana é tradicional ao retratar suas histórias em locais que o público possa reconhecer e se aproximar.

Havia uma preocupação legítima em inserir personagens fictícios dentro de um espaço real. Uma história de amor em um desastre em alto mar, um super herói atravessando Nova York, exemplos que simbolizam essa tensão entre cenário real e personagem fictícia.

Porém, um novo movimento vem a tona, partindo de figuras históricas reais para um mergulho na ficção. Entrelaçando e recriando tais planos de maneira a dificultar o limite do que é histórico do que é fictício.

Mestre da narrativa policial, Edgar Allan Poe é a estrela de O Corvo. Apresentando uma série de crimes que tem como ponto em comum os contos do autor. O que lhe permite ajudar a polícia nas investigações dos casos. Colocando criador em contato com as criaturas vindas de seu imaginário. Narrativas de morte, assassinato e loucura que, nas mãos de um desconhecido, tem-se tornado brutais cenas reais.

Mesmo que seja possível realizar a reflexão sobre a potência da arte literária, a intenção do filme é o entretenimento, fazendo do escritor um detetive aventureiro, investigando sem muito suspense as pistas que sua narrativa esconde.

A ambientação noturna e acinzentada retorna aos primórdios da construção dos Estados Unidos e sustenta a brutalidade das mortes em uma época sem muito avanço científico para analisá-las.

John Cusack realiza um Edgar Allan Poe na medida exigida por um filme comercial. Compõe a personagem para que ela seja bem identificada mas não tem espaço para realizar nenhuma cena profunda para representar seu talento. Pois, o que mais importa a esta trama é o desenvolvimento da aventura e o jogo entre ficção e realidade.

Voltado para a diversão superficial, o filme funciona bem como um bobo passatempo. Porém, o resultado pode decepcionar quem esperava mais elementos dramáticos sobre a vida do escritor. Mas o exercício lúdico envolto na fórmula do cinema pipoca pode render bons frutos se surgirem novos leitores da narrativa precursora de Poe.

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