sábado, 28 de março de 2009

A Semana em filmes (15 a 21 de Março)

Alien vs Predador 2 (Aliens vs Predator - Requiem)

Dir. Greg e Coulin Strause


Nas duas produções que reúnem Aliens e Predadores, a procura por um bom argumento é nula. A importância é ressaltar o potencial destrutivo das espécies e, assim, colocarem as duas para brigar.
O que é uma lamentação para os fãs de ambas as séries, que poderiam esperar um filme mais articulado, que respeitasse a mitologia e também os telespectadores. Afinal, um filme com Aliens e Predadores e um bom roteiro, poderia render um grande espetáculo cinematográfico.
Porém, qualquer semelhança com a realidade é descartada para criar uma história banal, com personagens caricatos e ridículos que só estão na tela para serem empecilho na briga dos Aliens com o Predador, em resumo, estão em cena para virar papinha de alienígenas.
Na tal trama, um Predador morre na terra ao ser atacado por Aliens e outro da raça é enviado para se vingar, mas alguma surpresas o aguardam, como um hibrido que une a velocidade – e a baba – do Alien com a força – e os dreads – do Predador.
O lamentável é que se os produtores já forçam o filme para que o mesmo seja apenas uma produção de pancadaria, poderiam ter feito melhor. As lutas sempre são no escuro, com cortes rápidos, dificultando a compreensão de qualquer pessoa se alguém quiser compreender o que se passa em cena.
Se o primeiro filme desta série já era uma tortura para seus fãs, Alien vs Predador 2 é o sorriso diabólico dos produtores, que pouco se importam com a opinião do público. A mais valia aqui é o dinheiro, nada mais.





Sexta Feira 13 (Friday the 13th - 2009)

Dir. Marcus Nispel


Não faltam regravações em Hollywood. Tratando-se de terror, esquecam. Ou o filme que você está assistindo é um requentado dos anos oitenta ou aquelas adaptações orientais que diversas vezes menciono.
Se há uma regravação que merece destaque, ela se chama Halloween e foi dirigida pelo músico Rob Zombie. Não se contentando em apenas recontar a hístoria original, atualizando brevemente seu contexto, Zombie inseriu novos elementos de sua visão pessoal sobre a saga. Resultando em um filme incrível e assustador pela profundidade psicológica do personagem Michael Myers.
Infelizmente, foi com esse conceito, e esse fervor em mente, que assisti a nova geração de Sexta Feira 13. Cometendo um lapso momentâneo de que, salvo a exceção do filme de Zombie, produções requentadas são geralmente ruins.
Cultuada por uma grande geração, adoradora de filmes nitidamente mal feitos – trash, por definição –, a regravação nada acrescenta a saga de Jason. Omitindo os eventos do primeiro filme, apenas indicados em um pequeno flashback, somos apresentados ao novo (?) Jason Voorhees.
A taxa de mortalidade continua em alta, com extrema violência. Assim como a obtusa opção da censura em não mostrar explicitamente as mortes, mas focar, em close, a nudez das atrizes siliconadas.
Mas o Jason do século XXI tem suas vantagens. Está um pouco mais ágil, brutal e – acreditem – inteligente, sabendo manipular outras armas além de seu tradicional facão. O restante, ainda permanece: gritos estridentes de mocinhas apavoradas, jovens que estão curtindo a vida e virarão paçoca a qualquer momento.
A produção fez tanto sucesso nas terras americanas que uma continuação já está nos planos. Para qual motivo, não consigo imaginar. A única vantagem é que os filmes antigos estão sendo relançados pela Paramount, em novas edições, em um box que contém até mesmo uma réplica da máscara usada pelo assassino de Crystal Lake. Cool.





Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto (Before the Devil Knows You're Dead)

Dir. Sidney Lumet


Certo escritor que não me recordo o nome – infelizmente – disse uma vez que títulos não precisam, necessariamente, se espelhar diretamente em sua obra. Servem também para enfatizar e evidenciar algo, chamando a atenção do público. Nesse caso, Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto é um perfeito chamariz de primeira classe.
A escalação do elenco para esse suspense também é tentadora: o sempre excelente Philip Seymour Hoffman no papel de Andy, um viciado em drogas e irmão mais velho de Hank (Ethan Hawke, que apresentou boa evolução em seus últimos filmes), que lhe convence a assaltar a joalheria de seus pais. Mas por um incidente – eu diria, talvez por uma mãozinha do diabo? – o plano desatina e a mãe dos irmãos é morta na ação.
Por fim, a direção de Sidney Lumet completa a iluminada lista de bom título e bons atores.
Mas a história do assalto não emplaca tão bem como sugere o denso título. Nem mesmo os competentes atores transformam películas insossas em clássicos. Coube a edição do filme, alternando diversas vezes o ponto de vista entre as personagens, agilizar a narrativa, esculpindo-a com cortes rápidos, do estilo moderno de fazer cinema. Todavia, a sensação claustrofóbica que deveria surgir em cena, não vem. E quando se vê, os créditos sobem a tela.





Gritos Mortais (Dead Silence)

dir. James Wan


Dos mesmos roteiristas e diretores de Jogos Mortais, Gritos Mortais surgiu como a primeira produção pós a série de Jigsaw, com a expectativa de conquistar o mesmo sucesso dos outros filmes. Mas o fraco desempenho nos cinemas americanos anulou qualquer possível idéia de transformar a história em uma franquia.
Em Gritos Mortais a exibição violenta de mortes, vista em Jogos Mortais, entra em descanso para assistirmos a um terror mais clássico, que se utiliza de uma pequena cidade e sua história local como pano de fundo para ação e terror.
A trama começa quando o recém-casado Jamie recebe em sua casa um boneco ventríloquo sem saber o remetente. Após a morte brutal de sua esposa Lisa, Jamie decide investigar o acontecido recordando-se de uma antiga história de fantasma de sua cidade natal. Nela a ventríloqua Mary Shaw, acusada da morte de um garoto, é perseguida e morta pelos moradores locais e tem sua língua cortada. E, desde então, ela trava sua vingança matando aqueles que gritam quando a vêem.
A história está repleta de clichês do gênero, mas o roteiro tem pontos eficientes. Ver um personagem principal de uma trama de terror que não seja desprovido de perspicácia é curioso. Jamie é um personagem inteligente e, por diversas vezes, não cai nas artimanhas de Mary Shaw.
Porém, meu incomodo particular com a produção, assim como em Jogos Mortais, é o dispensável final que revela tudo em um flashback. Mostrando que, caso os espectadores não estivessem apreciando a história, ela, de fato, não foi nada disso que eles pensavam.
Não que esse argumento, muitas vezes, não seja excelente para causar um impacto e dar força a um final. Mas seu excesso de uso nos últimos anos, principalmente em produções de terror, só destroem filmes que poderiam ganhar mais pontos se não utilizassem como ultimo recurso uma reviravolta em flashback.





Queime Depois de Ler (Burn After Reading)

Dir. Joel Coen e Ethan Coen


Após realizar a instigante e reflexiva obra Onde Os Fracos Não Tem Vez, ganhadora do Oscar de Melhor Filme e baseada no livro Onde Os Velhos Não Tem Vez de Cormac Mccarthy, os Irmãos Coen estão de volta fazendo o que sabem de melhor: um filme dos Coen.
Considerados uma das duplas com maior prestígio em Hollywood, por sua criatividade peculiar registrada em cada produção, suas histórias sempre misturam acasos e planos, fazendo da vida um jogo de erro e situações de engano.
Portanto, não poderia ser diferente com Queime Depois de Ler. Na trama, um CD contendo material confidencial escrito por um ex-analista da CIA cai nas mãos de dois funcionários de uma rede de academias. E esse é o ponto inicial para a dupla mostrar sua habilidade não só nas linhas do roteiro como na competente direção.
O roteiro da produção foi escrito enquanto os Coen rodavam Onde Os Fracos Não Tem Vez, e o elenco orgulha qualquer diretor: George Clooney, Frances McDormand, John Malkovich, Tilda Swinton e Brad Pitt. Alguns deles colaboradores frequentes dos irmãos.
Sempre trabalhando com tramas inteligentes, com mesclas non sense e deboche em excesso, os irmãos Coen conseguem, com primor, expor seu potencial criativo a favor de um filme coerente, apresentar personagens excêntricas e bem delimitadas e uma trama original acima de tudo. Dando um toque de originalidade no marasmo Hollywoodiano.





Capitão Sky e o Mundo de Amanhã (Sky Captain and the World of Tomorrow)

Dir. Kerry Conran


Massacrado pela crítica e ignorado pelo público, Capitão Sky e o Mundo de Amanhã foi um verdadeiro desastre. Mas a especulação sobre um filme ruim não é justificável.
Não compreendo porque se questionou, na época de sua produção, em 2004, as inovações realizadas pelo diretor e roteirista Kerry Conran. Todo o filme foi rodado utilizando um fundo azul, e, com a exceção dos atores, outros elmentos em cena foram inseridos na pós produção. Críticas diziam que a ausência de veracidade das cenas tornava o filme ridículo e minimizava a atuação do elenco.
Porém, é irônico pensarmos que, um ano depois o cineasta Robert Rodrigues utilizaria quase o mesmo processo para rodar Sin City e receberia elogios, então. Ainda mais, o que dizer de Zack Snyder que, por adaptar 300 de Esparta e lhe dar na pós produção os cenários, se tornou cultuado ganhando até a alcunha de visionário ao se arriscar a adaptar Watchmen.
Era definitivo que uma produção que utilizasse esse recurso fosse acusada de ruim e recebesse todas as críticas pelo método. Capitão Sky e o Mundo do Amanhã foi essa produção.
Sua história notoriamente não pretende ser fiel a realidade cotidiana que conhecemos. Mas sim retratar de forma fantasiosa, com um belo visual, um momento histórico preciso, acrescentando bons elementos de suspense noir e de ficção científica.
A personagem que leva o nome do filme, interpretado por Jude Law, é o capitão que salva Nova York de um ataque de aviões robôs e reecontra Polly, sua antiga namorada, jornalista, que investiga o desaparecimento de diversos cientistas no mundo todo. Quando o amigo de Sky, Dex, também é seqüestrado, ambos se unem em uma aventura para descobrir quem é o vilão por trás desses seqüestros e por trás dos ataques com robôs.
A produção nada mais é do que uma clássica homenagem aos filmes de ficção científica de décadas atrás. Com a evolução estética de se utilizar do fundo azul para gerar o cenário fantasioso que completasse a narrativa da trama.
Críticas a parte sobre a inovação arriscada de Conran, a história fantástica é divertida e possuí bons momentos. Sua primeira parte flui bem melhor do que sua conclusão, mas não justifica o massacre pelo qual passou o filme.
Como curiosidade, o vilão da produção foi o falecido ator Laurence Olivier. Utilizando imagens de arquivo do ator, Conran pode reavivá-lo para participar de sua produção. Um conceito que Bryan Singer também usaria com Marlon Brandon em Superman – O Retorno.




Em Má Compania (Bad Company)

Dir. Joel Schumacher


Foi em sua estréia, em outubro de 2000, que assisti Em Má Compania pela primeira vez. Mas desde então mantive a curiosidade em rever o filme. Para saber se, após o primeiro contato, a produção, que na época me parecia um tanto equivocada, era mesmo um desacertado incomodo.
Sem se posicionar entre um filme de ação ou se emplacar de vez como comédia, tirando assim o pouco prestígio do roteiro, a trama gira em torno de um agente da CIA, interpretado por Chris Rock, morto em uma negociação terrorista. Seu superior, na pele de Anthony Hopkins, descobre, por obra do acaso, que seu falecido agente possui um irmão gêmeo. Seu dever se torna treiná-lo em nove dias para que, simulando o irmão, ele dê continuidade na negociação terrorista.
O erro da produção é misturar um argumento muito mais calcado na comédia em um filme de ação que tenta ser sério. Sendo que isso torna-se impossível quando o excelente comediante Chis Rock – disparador de diversos impropérios em seus shows de humor – é um dos atores principais da trama.
O longa se torna extenso demais, a ação que poderia se encerrar rapidamente se prolonga, desgastando o pouco argumento e aborrecendo o telespectador. Novamente é uma das direções de Joel Schumacher em que não só seu talento está desperdiçado, como também nada se aproveita dos bons atores que estão à frente de suas lentes. Uma pena.


Em tempo, após uma contagem, Em Má Compania foi o centésimo filme assistido por mim esse ano. Uma boa marca para quem ainda está no meio de março. Até o final do ano, ao menos a marca de quinhentos espero atingir. Vamos com fé.

sábado, 21 de março de 2009

A Semana em filmes (08 a 14 de Março)

Semana interessante em que fiz uma sessão especial dedicada ao personagem Hannibal Lecter, imortalizado pelo ator Anthony Hopkins. Curiosamente, antes de assistir a trilogia do canibal, o único filme visto na semana foi uma produção recente também com o ator. O que acabou gerando um curioso e brevíssimo panorama de quatro pontos de sua carreira.


Um Crime de Mestre (Fracture)

Dir. Gregory Hoblit



Semelhanças nunca são coincidências. Você já assistiu a filmes como Um Crime de Mestre. Até mesmo o diretor da produção, Gregory Hoblit, já realizou dois longas que possuem quase a mesma estrutura narrativa. Mas, ao contrário dessas duas boas obras, seu novo filme mescla a mistura comum com atuações em piloto automático.
Na trama, Ted Crawford, personagem de Anthony Hopking, descobre ser traído pela mulher e resolve assassina-la. Mas antes engendra um plano por trás do crime que aparentemente o inocenta de todas as provas. Porém o promotor Willy Beachum, papel de Ryan Gosling, fará o possível para encontrar evidências que comprovem que Crawford foi o assassino.
Se Hopkins não mantivesse sempre o olhar perdido, a cara enigmática como se ainda fosse o Hannibal, o Canibal, e se o elenco a sua volta ajudasse a elevar a atmofesra de um roteiro elaborado com uma idéia ruim, poderia ser bom. Porém, a sensação que se tem é que a trama tenciona ser grandiosa, mas após duas horas desconfortáveis concluímos que não, não é.





O Silêncio dos Inocentes (The Silence Of The Lambs)

Dir. Jonathan Demme


Suspense imprescindível no cinema e sublime por excelência, O Silêncio Dos Inocentes é uma daquelas produções que, sempre quando revistas, nos deixam pasmados por sua perfeita sincronia. Seja em frente das câmeras, nas atuações de Anthony Hopkins e Jodie Foster; atrás das câmeras na direção de Jonathan Demme ou também no roteiro, que realizou uma perfeita adaptação do livro de Thomas Harris com o mesmo título.
Portanto, mesmo com sua trama pesada e violenta, é compreensível que a academia premiasse o filme com 5 estatuetas douradas: melhor filme, melhor atriz, melhor ator, melhor direção e melhor roteiro adaptado. Fechar os olhos, e se silenciar, perante a grandiosidade do filme seria demais até mesmo para a conservadora Academia.
Aos que ainda não assistiram ao filme, e assim cometem um pecado em sua cinematografia pessoal, a narrativa conta a história de uma jovem agente do FBI que procura em um famoso psiquiatra, preso por ser um perigoso canibal, a ajuda necessária para prender um serial killer, conhecido como Buffalo Bill, que retira pedaços da pele de suas vítimas. Cria-se, então, lentamente, um delicioso embate entre a novata agente Clarice Starling e o astuto Dr. Hannibal, O Canibal, Lecter.
A precisão e meticulosidade com que Hopkins desenvolve uma de suas personagens mais famosas é invejável. Mantendo sempre a postura ereta e boa educação ao mesmo tempo em que sempre transpassa uma ira irracional e selvagem em seus olh os e em sua fala pausada.
A diferença entre as personagens pode ser exemplicada em seu primeiro encontro (também uma de minhas cenas preferidas do filme), onde Clarice adentra pela primeira vez o corredor do manicômio para encontrar com Hannibal na última cela e, ao passar pelos outros detentos, vai recebendo insultos e agressões e, nitidamente, sente-se incomodada com isso. Porém, ao encontrar o psicopata doutor, sua expressão muda. Cria-se ali um desafio para sua carreira, uma busca por compreender quem é aquele homem astuto por detrás do vidro blindado.
Um interessante argumento na trama foi utilizar um psicopata inteligente para buscar outro, como se um assassino fosse capaz de compreender e reconhecer seus entes.
O livro que inspirou o filme foi recentemente relançado pelo editora Record no formato Pocket com um preço acessível. Uma boa oportunidade para conhecer a narrativa que inspirou esse clássico icônico do cinema.





Hannibal (Hannibal)

Dir. Ridley Scott


Sete anos após a produção de O Silêncio Dos Inocentes, o escritor Thomas Harris anuncia, em 1999, o lançamento de uma seqüência da história do famoso canibal. Bastou apenas três anos para que Hollywood adaptasse a história, com Ridley Scott na direção.
Nesse tempo, dez anos de hiato, a personagem de Hannibal Lecter ganhou prêmios e prestígio, preenchendo não só listas de melhores personagens, como também ganhando bonecos em miniatura.
Se no primeiro filme Jodie Foster era quem figurava no pôster principal, restando ao canibal aparecer em um pôster alternativo que não fora divulgado mundialmente, é Hannibal que aparece em todas as propagandas e que dá, inclusive, seu nome a produção. Com um bom diretor, um roteiro baseado na obra original de Thomas Harris e Anthony Hopkins de volta ao papel, nada poderia dar errado, certo? Infinitamente errado.
Erros e excessos destroem a narrativa de Hannibal. A inevitável comparação entre o primeiro e o segundo filme, só faz O Silêncio Dos Inocentes se tornar uma produção mais brilhante. Não só há diversas tramas no filme, enfraquecendo-o, como um importante papel, da agente especial Clarice Starling, foi equivocadamente dado à atriz Juliane Moore.
Infelizmente, a sempre competente atriz não consegue preencher a lacuna deixada por Jodie Foster, que chegou a ler o roteiro mas negou participar da produção ao descobrir o desfecho dado a sua personagem.
Como pouca desgraça não é bobagem, até mesmo Hopkins se apresenta de forma equivocada. Enfocando um lado diferente do apresentado no primeiro filme, Hannibal Lecter perde seu aspecto duplo, envelhecendo muito mal. Caricato, afetado, perdendo seu brilho.
Sem mencionar o desfecho da trama – que também está no livro – famoso pelo seu exagero cênico e apelativo, estragando uma vez por todas o requinte criado pelo primeiro filme.
Ressalto também, e confesso que por puro sadismo contra esta produção, a bobagem do efeito especial realizado na última cena após o desfecho, que não possui nada de revelador e por isso será mencionada. Na cena, a câmera fecha no rosto do Canibal, ao som de uma música de suspense. A imagem fica em preto e branco e os olhos da personagem são ressaltadas por um efeito até o corte da cena. A idéia é tão boba e patética que mais remete-se a um filme dos anos 80 – onde ainda se descobriam esses efeitos toscos – do que um filme feito no início do século 21. Encerrando, de forma ruim, a narrativa que poderia, muito bem, não existir.





Dragão Vermelho (Red Dragon)

Dir. Brett Ratner



Um ano após o lançamento de Hannibal foi o suficiente para que os produtores de Hollywood anunciassem uma refilmagem do primeiro livro de Thomas Harris a narrar a história de Hannibal Lecter.
A primeira versão de Dragão Vermelho, dirigida pelo excelente Michael Mann, é anterior ao primeiro filme e, embora elogiada, não possui a enigmática performance de Anthony Hopkins no papel central.
Inicialmente o ator seria substituído por alguém mais jovem, mas uma maquiagem rejuvenescedora foi o suficiente para trazer, pela terceira vez, Hopkins no papel do canibal.
A narrativa de Dragão Vermelho possuí diversos pontos comuns com O Silêncio dos Inocentes. Will Graham, um agente do FBI, pede ajuda ao renomado psiquiatra para resolver um caso policial, assim como Clarice na outra produção. Mas a diferença vital é que a personagem de Graham, interpretada por Edward Norton, é também o responsável pela prisão do canibal. E mesmo com o doutor atrás das grades, sua ajuda parece essencial para resolver o caso do Dragão Vermelho, mesmo que Hannibal aja como um agente duplo. Fornecendo informações para o detetive e também para o assassino.
Assim, é com grande alívio que notamos novamente a personalidade dupla de Hannibal. Sua voz macia em contraponto com seu olhar ferino. Provando que os excessos de Hannibal, o filme, que estragaram as nuances da personagem, e que Hopkins continua afiado em seu papel.
Até mesmo o diretor Brett Ratner, que possui uma carreira de comédias e alguns filmes interessantes mas não tão relevantes, não compromete a narrativa. Fazendo com que Dragão Vermelho reconquiste a elegância que Hopkins imprimiu em sua personagem e também fechando a trilogia – narrada as avessas – em boa forma.
A personagem de Hannibal Lecter também gerou outro filme que narra sua infância, mas quando vi a produção no cinema achei tão depreciativa com a história da personagem, e ruim como um filme, que não tive a vontade de revê-la. De qualquer forma, esse filme também foi inspirado em um livro de Thomas Harris. Portanto, assim que ler a obra, deixo meus comentário aqui e - porque não? - me esforço para assistí-lo novamente somente a cargo de comparação.

sábado, 14 de março de 2009

A Semana em filmes (01 a 07 de Março)

Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor (Drillbit Taylor)

Dir.
Steven Brill



Desde o início das críticas cinematográficas, é a terceira vez que assisto a um filme cujo nome de Seth Rogen esteja envolvido na produção.
Não nego que o fôlego do ator, roteirista e comediante seja duradouro. Mas o que me espanta é o grande alarde que se fez na mídia sobre seus filmes, seja no papel de ator ou como roteirista, sendo que, como roteirista, ainda falta um toque final para que seus textos sejam comédias brilhantes.
Talento, evidentemente, o rapaz tem de sobra. E nesse terceiro filme que assisto com seu nome (os anteriores foram Ligeiramente Grávidos, excelente comédia em que atua e Superbad – É Hoje como ator e escritor, superestimado pela crítica), Rogen ao lado de Kristofor Brown, contam uma história leve e família sobre um mercenário picareta, contratado por três adolescentes como guarda costas para protege-los dos valentões da escola.
Não há nada de novo e especial nessa produção (e que me perdoem aqueles que sempre lêem essas palavras, mas devo alertá-los quando um filme mantém uma linha mais tradicional, o que não quer necessariamente dizer que ele é ruim). Owen Wilson é o ator principal, no papel de Drillbit Taylor, o que tira do público algumas risadas e o elenco juvenil surpreende pela química, mantendo-se bem como o trio de infantes fracassados.
E nisso reside um dos fatores mais comuns e divertidos nas comédias, o poder de dar voz as minorias e fazer disso uma piada, mesmo que seja de mal gosto em certos filmes.
Sobre Rogen novamente, tenho comigo outra produção escrita e estrelada por ele, Segurando as Pontas. Portanto, em breve, aguardem uma resenha a respeito.





O Segredo de Beethoven (Copying Beethoven)

Dir.
Agnieszka Holland



Não foi dessa vez, ainda, que o grande compositor alemão Ludwin van Beethoven recebeu uma produção a altura de seu talento. Assim como em um filme anterior, Minha Amada Imortal, O Segredo de Beethoven dividiu crítica e público.
Mas não há segredo nenhum escondido no filme, imaginação criada pelo título brasileiro. Na trama, situada nos últimos anos do excêntrico compositor, somos apresentados a Anna Holtz, uma estudante de música enviada pelo velho e doente copista do compositor para finalizar seu trabalho. Evidente que surgirá um embate inicial entre a jovem e o compositor, mas que aos poucos um conhecerá melhor o outro e assim criarão laços.
A personalidade de Beethoven, interpretada pelo sempre eficiente Ed Harris, transmutado para o papel, é o verdadeiro brilho do filme. A persona carismática do compositor, que sempre filosofa com o dever e a arte do compositor e sobre sua surdez crônica é o que mais se destaca. Porém, a edição peca pela rapidez dos cortes e cenas, como se fosse editado para ser um videoclipe e não um longa metragem.
O maior destaque vai para a cena em que o compositor, ao lado da copista, regem uma de suas sinfonias – Beethoven por ser surdo, pede auxílio a ela para não perder o tempo e nem o compasso da regência. E o que vemos na tela é uma cena com delicadeza magistral. Cena, canção e atores se incorporam na vibrante sinfonia e o espetáculo e inegável.





O Segredo de Berlim (The Good German)

Dir.
Steven Soderbergh



O senso comum das equipes de tradução brasileiras me fazem rir. Nada como assistir dois filmes em que a palavra Segredo estão no título brasileiro, mas não se encontram –no título original (embora nesse filme há um certo segredo).
Imagino a facilidade em alocar um titulo em palavras clichês do que elaborar um bom nome para o filme ou, até mesmo, traduzir literalmente o título do filme (No caso, algo simples como O Bom Alemão).
Criando uma bela homenagem aos filmes dos anos 50, cujo pós guerra era pano de fundo para excelentes tramas intricadas e cheias de segredos, o diretor Steven Soderbergh retoma sua parceria com o galã George Clooney para contar a história de um jornalista que faz a cobertura das ruínas da segunda guerra. E qualquer comentário extra sobre a sinopse do filme, estragaria o prazer de assisti-lo.
É impossível resistir a Segredo de Berlim. A semelhança com Casablanca é inegável, não só no pôster, como na trama e em algumas cenas. Evidente que nestes casos, há quem justifique a palavra homenagem como um plágio descarado mas, até mesmo na abertura do filme, a emulação aos filmes dos anos 50 é evidente.
Não tenho o costume de ler críticas antes de fazer meus próprios comentários do filme. Mas procurando a imagem que destaca esse comentário, me deparei com diversos textos depreciativos sobre o filme, principalmente a respeito de sua narrativa lenta. É uma pena que muitos espectadores estejam acostumados com o formato padrão de se fazer filmes atualmente, não sabendo apreciar uma obra mais antiga ou um filme que remete-se aos clássicos e faz um bela homenagem a eles. Nas palavras de Nelson Rodrigues, em uma grande paráfrase, pior para os espectadores.





Os Estranhos (The Strangers)

Dir.
Brian Bertino


O cineasta David Lynch é a prova viva, e seus filmes são a comprovação, de que nem toda produção precisa ser explicada, como um manual de televisão. Mesmo que seja absurdo, certos filmes ganham muito mais credibilidade quando não explicam nada e concentram-se apenas em narrar a história, deixando com que o espectador conclua o que quiser.
Mesmo com os clichês constantes, que nos fazem constatar que pessoas em filmes de terror estão propícias a cometer sempre os mesmo erros, Os Estranhos consegue, por pouco, atravessar a barreira do terror comum.
Além da beleza de Liv Tyler – que desde já deixo registrado que não acrescenta pontos para a avaliação da produção – o filme se destaca por sempre manter sua narrativa nas vítimas, e nunca revelar o rosto, muito menos os motivos, das três pessoas que perturbam na madrugada a casa de Kristen (Liv Tyler) e James (Scott Speedman), tornando aquela madrugada inesquecível.
A ausência de explicação, bem como revelação e motivos de assassinos não é novidade no cinema. Mas o clima criado durante a duração do filme, bem como a trilha sonora que ajuda a criar a tensão, resultaram em uma produção que, se não é um arroubo de criatividade, ao menos consegue se destacar por estar um pouco além daquela lenga lenga que mais ri do que assusta.
Em tempo, antes do inicio do filme, uma narração diz que a trama é inspirada em fatos reais. Se isso é apenas argumento para criar mais tensão ou se o que foi apresentado no filme é realidade, deixo a vocês descobrirem.




Watchmen - O Filme (Watchmen)

Dir.
Zack Snyder


Faltar-me-iam palavras se fossemos analisar a HQ que gerou a produção de Zack Snyder – até então, diretor que não possuí obra própria, e sim regravações ou adaptações de quadrinhos.
Pois, e temos de levar isso em conta, sou leitor de quadrinhos há mais de uma década e, como muitos fãs do gênero, considero Watchmen um dos gibis indispensáveis para qualquer leitor: a referência máxima dos quadrinhos, sua bíblia por assim dizer.
Com esses argumentos em consideração, podemos analisar Watchmen – O Filme de três maneiras distintas.
Primeiro como obra cinematográfica isolada, vista por um público não leitor de quadrinhos, que desconhece a obra original. Nesse caso, a produção pode cometer muitos pecados.
A história criada por Alan Moore possuí profunda densidade que não se encaixa nas duas horas e meia de projeção. Arestas foram cortadas, segmentos foram excluídos, sumindo não só com grandes momentos como, talvez, o entendimento pleno da história. Embora, mesmo quem não compreenda totalmente o enredo, ficará de boca aberta pelo visual do filme.
Uma outra análise, em comparação com a obra cinematográfica em relação aos quadrinhos, degradaria ou massacraria de vez a produção. Embora fiel ao espírito de seus criadores - o escritor Moore e o desenhista David Gibbons - o diretor tomou algumas liberdades que, se ainda são coerentes com a narrativa, perdem, e muito, para as idéias originais. Nesse caso, manter a fidelidade o mais próximo possível e limitar-se apenas em transpassar a história dos quadrinhos ao cinema seria o mais indicado.
Finalmente, em uma terceira perspectiva, a que me enquadro mais, podemos ver Watchmen como a realização de um sonho. Afinal, é impossível resistir à narrativa exuberante de Moore. Não há quem não leia sua obra sem imaginá-la em ação e movimento. Portanto, nada mais natural do que ficar estasiado, e feliz, ao assistir as personagens que sempre invadiram nosso imaginário em uma gigantesca tela de cinema. Com seus olhos brilhando durante a projeção, mesmo que, por dentro, pensemos que algumas cenas e liberdades do diretor foram equivocadas.
O fato é que, independente de como analisar o filme, surpreendentemente, Watchmen – O Filme não é um desastre total como muitos previam. Há muita fidelidade à obra original, que se contrapõe positivamente as liberdades de Snyder. Falha em alguns aspectos, como diversas obras, mas com um bom produto final.
Algumas personagens estão idênticas ao filme, bem como algumas perspectivas e falas. Destaco a personagem de Rorschach, visceral e magistral nas mãos do ator Jack Earle Haley.
Também como é de costume, a produção me deu apetite para, mais uma vez, reler as dozes edições da obra original. Em breve, portanto, comentários sobre uma das obras máximas dos quadrinhos serão escritas neste espaço. Além, é claro, de que uma segunda sessão de cinema na próxima semana, para rever e ver outros aspectos do filme, está confirmada.