quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Halloween - O Início

(Halloween, 2007)
Diretor: Rob Zombie
Elenco: Malcolm McDowell, Brad Dourif, Daeg Faerch, Tyler Mane, Scout Taylor-Compton, Sheri Moon, William Forsythe, Danielle Harris, Udo Kier, Danny Trejo

Ao lado de Wes Craven, o diretor John Carpenter popularizou o Terror na década de oitenta, abusando de maníacos, personagens bizarros e histórias assustadoras. A cada geração, poucos novos filmes se destacam neste panteão do medo. A saga Jogos Mortais teve certo destaque no início, mas depois exagerou na violência gore e repetiu a si mesmo diversas vezes. Neil Marshell foi tido como promissor com Abismo do Medo, mas nunca mais entregou outra produção eficiente. Portanto, a maioria dos filmes atuais são regravações que vão repetindo as mesmas histórias, com a roupagem narrativa de hoje, nem sempre assustadora.

Em meio a esse marasmo, o músico Rob Zombie compôs uma duologia cruel sobre uma família de assassinos. Conseguindo naturalidade dentro de um grotesco, sem poupar sangue, A Casa Dos 10.000 Corpos e Rejeitados pelo Demônio destacava o talento e estilo do roqueiro, melhor que alguns diretor atuais. Motivo que lhe garantiu a possibilidade de readaptar uma famosa história de Carpenter: Halloween.

Utilizando o mesmo argumento do original, Zombie parte da infância da personagem para desenvolver sua crueldade. Insere a criança Michael Myers em um ambiente hostil com uma mãe stripper e um padrasto invalido que o odeia, a irmã adolescente que, como um jovem dessa idade, despreza qualquer coisa que não seu próprio mundo, além de uma pequenina irmã, a única por quem Myers nutre um sentimento positivo. É o primeiro ato da trama que fundamenta as motivações da personagem.

Dando um salto de trinta anos, o curto segundo ato apresenta Myers preso, configurando tudo o que foi previsto por seu psicólogo infantil, Dr. Loomis, protagonizado por Malcolm McDowell que, desde a infância do garoto, previa sua perda de laços com o mundo exterior. O terceiro ato marca a famosa fuga da personagem a procura dos sobreviventes de sua família.

Ao introduzir com escopo psicológico a infância de Myers, Zombie produz uma temerosa figura real. Ao entender suas motivações, o público contempla sensações dúbias, mesmo reconhecendo sua monstruosidade, não há como não compreendê-lo. O que não retira a potência de medo causada pela figura aficionada por se esconder atrás de máscaras, temeroso pela própria feiura.

Retocando a história sem perder os elementos clássicos, Zombie produz a regravação mais sólida oriunda da década de oitenta, que conta com releituras de Sexta Feira 13, A Hora do Pesadelo, Terror em Amityville, O Massacre da Serra Elétrica, que atualizaram seus conceitos para o contemporâneo sem levar em conta que o público não tem mais medo de monstros compostos na década de oitenta.

Atualizando a personagem, o diretor cria um monstro a espreita com a quantidade agressiva de violência e impossibilidades de ação para um filme de terror. O sucesso foi tanto que gerou uma sequência que, mesmo inicialmente a contra gosto, foi dirigido pelo próprio Zombie.

Infelizmente a versão em dvd deste filme tem o formato de tela alterado do original. Resta a esperança de que em um lançamento em blu ray no país se mantenha o aspecto original, não cortando parte da tela.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Jogos Mortais

(Saw, 2004)
Diretor: James Wan
Elenco: Leigh Whannell, Cary Elwes, Danny Glover, Ken Leung, Dina Meyer, Mike Butters, Paul Gutrecht, Tobin Bell

Em 2004, uma das franquias contemporâneas mais bem sucedidas se iniciava, levando seu estilo além de uma tendência no gênero de terror. Voltado para o exagero da violência sádica, Jogos Mortais se tornou o representante máximo de um estilo que faz da violência uma estética fetichista e sedutora.

Antes de se popularizar como um filme de terror violento e, como uma linha de produção, lançar uma nova história a cada ano, a premissa tinha contornos mais interessantes, trabalhando com a violência mais tecendo uma história que ia além do sangue. Evidente que a comparação do encarte brasileiro com Se7en – Sete Crimes Capitais é exagerada.

A primeira jornada ao mundo de Jigsaw tem mérito pela capacidade de, na mesma história, apresentar múltiplos pontos de vista. A ação não está concentrada apenas no jogo do título, em que dois homens acordam acorrentados em um banheiro abandonado e tem de descobrir os motivos de seu cárcere. Há o elemento criminal da policia que investiga os casos anteriores do sádico, a apresentação das personagens antes da prisão, justificando o porque foram escolhidas para o jogo, produzindo pequenas tramas interligadas pelo grande vilão que dão mais profundidade para a agonia da trama.

A agressividade exposta na história não se torna tão gratuita pois parece justificada em um potencial enredo assustador. Tal premissa seria diminuída consideravelmente em suas sequências, já que boa parte do sucesso veio de um público com gosto de sangue.

O desfecho da trama trabalha com um elemento primordial da franquia que se tornou obrigatório a cada filme e de maneira exagerada, o famoso plot twist que tem se tornado tão popular em muitas histórias, promovendo uma reviravolta que muda tudo na história e, normalmente, a estragam. Nesse caso, há coerência com o que foi apresentado e, pela boa composição da história, produz um interessante gancho que fundamenta o quanto o vilão tem uma visão perversa.

A partir de primeira sequencia, a franquia se torna um laboratório de sadismo, o que nos faz pressupor que, talvez, as outras qualidades desta produção sejam apenas um acaso fortuito.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Jogos Vorazes

(The Hunger Games, 2012) 
Diretor: Gary Ross
Elenco: Jennifer Lawrence, Elizabeth Banks, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Stanley Tucci, Amandla Stenberg, Willow Shields, Isabelle Fuhrman, Donald Sutherland

Durante a saga Harry Potter a indústria cinematográfica observou a potência de narrativas literárias juvenis como fonte de inspiração e arrecadação de bilheteria. O resultado foi uma explosão de filmes de fantasia, com estúdios tentando aproveitar o sucesso do bruxo lançando histórias com temáticas similares. Nenhuma emplacou  por conta de seus argumentos fracos.

O primeiro contato que tive com Jogos Vorazes foi a constatação de quão semelhante era seu argumento em relação ao mangá / anime / filme Battle Royale, lançado anteriormente a esta trilogia utilizando a história de uma batalha entre adolescentes.

Baseado na obra de Suzzane Collins, a trama é situada em um mundo dividido em doze distritos ao redor de uma cidade central. Para evitar a rebelião das regiões, todo ano é realizado os Jogos Vorazes do título em que dois participantes de cada distrito são colocado em uma gigantesca arena monitorada por câmeras para lutarem até que haja apenas um sobrevivente.

A história se passa em um futuro em que a América do Norte foi destruída e as riquezas da nação são concentradas em sua cidade central. A ação dos jogos vorazes é apresentada na televisão, sendo não só um meio de cada distrito torcer por sua equipe como faz parte de um dos entretenimentos mais tradicionais da população.

A reflexão entre violência e realidade vigiada é pontual em meio a uma época em que canais especializados em reality show expõe a vida de anônimos em temáticas diferenciadas para todo tipo de público. Porém, o objetivo dessa produção é mais centrado nas duas personagens que disputam os jogos: Katniss Everdeen e Peeta Mellar. Toda a ambientação em potencial que poderia, além de divertir, ser uma reflexão crítica, se torna apenas a base para apresentar o drama de tais personagens, Katniss que assume o lugar da irmã mais nova na competição e Peeta, apaixonado pela garota.

Nesse aspecto, se observa a necessidade de formatar a trama para um alcance mais amplo. Sem violência ou reflexão demais. Retirando aspectos que dariam mais profundidade a trama e que, se bem trabalhados, não destruíram a intenção inicial do longa que é ser um dos grandes sucessos da temporada americana.

Os leitores do livro, afirmam que a obra original é mais densa e violenta. Resta saber se os produtores da continuação apresentarão melhor estes elementos ou se darão prosseguimento a uma estética mais plástica, rasa, que só se completa como entretenimento.