terça-feira, 30 de junho de 2009

A Semana em Filmes (21 a 27 de Junho)

Donnie Darko (Donnie Darko)

Dir. Richard Kelly
Impossível não estranhar Donnie Darko. Seu enredo complexo e bizarro espanta de início mas também consegue causar uma boa impressão. O estranhamento causado nessa produção de suspense / terror é um dos principais motivos para seu sucesso e, também, para diversas teorias a respeito da completude narrativa criada pelo diretor iniciante Richard Kelly.
Como toda boa história do gênero, dizer algo além do básico pode estragar preceitos básicos da narrativa. E nesta produção, torna-se difícil descobrir aquilo que é essencial e o que é supérfluo, já que muitas leituras podem surgir.
Como o próprio título aponta, a trama conta a história de um garoto chamado Donnie Darko que vive em um limiar próprio, entre o mundo real e seu mundo interior, onde sofre de uma doença psicológica. Mas essa história simples será o suficiente para dar um nó na cabeça do telespectador e sustentar boas teorias a respeito do que realmente aconteceu.
A produção chegou a ganhar uma versão de diretor com alguns minutos a mais, mas nunca foi lançada por aqui. Na verdade, o dvd lançado pela Flashstar é, infelizmente, uma das produções mais porcas que vi. A imagem do filme está tão ruim e granulada que tem-se a impressão que estamos vendo um filme na televisão. Uma pena para um filme interessante como esse ser destruído na única mídia em que foi lançado no país.




Constantine (Constantine)

Dir. Francis Lawrence

Quando Speed – Velocidade Máxima estreou nos cinemas eu não tinha idade suficiente para assisti-lo (houve uma época em que alguns cinemas respeitavam a tal classificação etária), fui assistir quase um ano depois em vídeo, na época em que se demorava muito para ocorrer a transição entre cinema e filmes em casa.
O filme que fez de Keanu Reeves um astro de verdade, além de um bom filme de ação da década de 90, parecia firmar um grande ator. Porem, conforme o tempo se passou, concluiu-se que Reeves se encaixava mesmo em papéis específicos, que exigiam pouco de seu talento e que, acima de tudo, o rapaz ficava cheio de estilo em um terno feito sob medida.
Foi dessa maneira que o mago loiro John Constantine – cujas referências para o desenho fora o um dia talentoso músico Sting – acabou se personificando nos cabelos negros do ator. Apesar de modificações desnecessárias em relação a personagem original, Constantine funciona pela trama bem construída e uma visão instigante daquela que temos de céu e inferno.
Na trama, o ocultista e fumante compulsivo John Constantine é procurado por uma policial – a bela Rachel Weisz - para investigar o caso de sua irmã gêmea que se suicidou em uma instituição psiquiátrica. Evidente que as investigações o levaram para lados ocultos onde conheceremos anjos e demônios – o habitat habitual do mago.
E o oculto nessa trama não resvala no senso comum. Possui uma mitologia própria contada levemente durante a produção que dá contornos muito mais sutis ao conhecido preto e branco que imaginamos.
Sobre as personagens aponto como destaque o anjo Gabriel andrógino interpretado pela sempre competente Tilda Swinton e o Lúcifer grotesco de Peter Stormare. A produção também foi o primeiro longa de Francis Lawrence, oriundo do mundo do vídeo clipe que dirigia anos depois o excelente Eu Sou a Lenda.


O Procurado (Wanted)

Dir. Timur Bekmambetov


Em uma primeira impressão, O Procurado me agradou bastante. Mas as críticas que ouvi em conversa com amigos me fizeram rever o filme para saber se meu julgamento estava equivocado.
Há pontos positivos e negativos a serem levantados sobre a produção, desde que se compreenda que ela foi criada para ser uma história de ação sem pretensão e bastante descerebrada – embora baseada em uma HQ importante, li que muito foi modificado.
O ponto de maior destaque da trama concentra-se em seu personagem principal, Wesley Gibson, interpretado pelo jovem e promissor ator James McCavoy. Sua narrativa em of acompanha os acontecimentos do filme e sua personalidade cansada, estressada, tomando pílulas anti-ansiedade é uma boa novidade em meio a um amontoado de clichês. Dialogando de forma íntima como o público, as cenas os efeitos trabalham ao seu favor para contar sua derrotada história até engatar no plano de ação.
É quando o filme mergulha em uma história boba, sobre um clã de assassinos que matam pessoas escolhidas pelo destino através de um tecido, e os efeitos megalomaníacos cansativos desde que surgiu Matrix reinam na tela. Ainda que a explicação para certos acontecimentos impossíveis seja coerente no universo da trama. Os tais assassinos, por terem o batimento cardíaco acelerado, teriam mais adrenalina no sangue e, assim, maior capacidade e habilidade para sair de situações quase impossíveis.
Deve ser considerado como uma diversão boba e inverossímil, apenas dessa maneira para tirar algum proveito da produção. Fora isso, vale destacar que Angelina Jolie está mais bela do que nunca.


Acusados (The Accused)

Dir. Jonathan Kaplan


Produção do final da década de oitenta, perceptível pela trilha de canções com bateria eletrônica, Acusados aborda a sensível questão da justiça e do estupro. Com Jodie Foster no inicio da carreira, estrelando uma performance ganhadora do Oscar, ela é Sarah Tobias, uma moça estuprada em um bar por três rapazes que agora busca por justiça. Porém, o caso é delicado quando a jovem parecia estar bêbada e toda as pessoas ao redor não se manifestaram, aparentemente, para ajuda-la.
O filme toca em um questão delicada e importante que deve ser abordada, as falhas do sistema legal para conseguir a justiça em alguns casos, principalmente em um caso de estupro. A cena do que realmente aconteceu se forma aos poucos até próximo o final do filme onde o próprio telespectador assiste a cena chocante.
Pela história interessante e pelo seu significado, também por Jodie Foster, a produção vale a pena mas não parece tão em forma assim. No final tem-se a sensação de que poderia ter alguns minutos a menos para ser um pouco mais ágil.




Atos Que Desafiam a Morte (Death Defying Acts)

Dir. Gillian Armstrong


Qualquer criança que se preze teve sua fase de sonhar com mágicas. Assim, é inevitável não conhecer o nome de Harry Houdini, o grande ilusionista, mestre das grandes escapadas. É de se imaginar que uma história como a dele deva render um bom filme, narrando sua trajetória e desafios até sua morte repentina.
Portanto, torna-se inexplicável a razão dessa produção, focada em um ponto pequeno da vida do ilusionista sem dar nenhum charme para suas mágicas, apenas focando em um relacionamento amoroso cujo enredo é narrado pela filha da moça.
A história funcionaria com ou sem o mágico Houdini, tamanho é a inutilidade de sua presença em cena. Se outro personagem fosse inserido ali, os conflitos bobos gerados na trama, bem como a água com açúcar exagerada seria a mesma.
O tal enredo narra uma época em que Houdini oferecia uma recompensa para algum médium que conseguisse conversar com sua mãe morta e descobrir qual foram suas últimas palavras ditas a ele. Entra em cena, então, Catherine Zeta Jones – não sei fazendo aqui – uma médium charlatona que em vez de tentar a sorte se apaixona pelo ilusionista. Até mesmo o título do filme não se justifica já que a maior parte do tempo há um romance no ar e não atos desafiadores.
Embora relativamente curto, não vale a pena nem a título de curiosidade.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Melinda e Melinda

(Melinda And Melinda, 2004)
Diretor: Woody Allen
Elenco: Will Ferrell, Vanessa Shaw, David Aaron Baker, Chloë Sevigny, Josh Brolin, Radha Mitchell

Woody Allen vai direto ao ponto: após os créditos iniciais, sempre com fundo preto, com elenco em ordem alfabética, vemos um grupo de amigos conversando em um restaurante. Dois dramaturgos estão na mesa, um escritor de comédias outro de dramas. Dialogam sobre o significado da vida e da arte. Qual dos dois gêneros seria mais próximo da vida, qual causaria maior catarse.

Pela dúvida, um dos amigos relata uma história que o público não vê. Admirados pela narração, ambos veem a potência da história conforme seu gosto e talento natural. Um deles acha que a trama daria uma deliciosa comédia romântica. O outro um drama existencial. A partir da discussão, Melinda e Melinda divide-se em duas tramas utilizando elementos em comum para conhecemos duas maneiras diferentes de contar uma mesma história.

É com este argumento duplo que Allen demonstra mais uma vez sua habilidade técnica como a paixão pela arte. Seja no âmbito cômico ou na vertente do drama, diretor mostra na prática como uma mesma história produz diferentes pontos de vida, dependendo dos ouvidos de quem ouve. Dialoga com a própria obra que se divide entre a comédia o drama e ainda exerce a reflexão sobre a interpretação única de cada individuo sobre a arte.

Os elementos tradicionais de Allen estão presentes em cena. Os diálogos inteligentes beirando a ironia, a naturalidade com que personagens expõe suas opiniões mais íntimas, o amor tragicômico que desperta e morre de maneira desordenada.

Dirigido após a trilogia cômica com histórias mais leves, Melinda e Melinda é um balanço de seus domínios. Confirmando a habilidade do diretor no drama ou na comédia. Pena que o filme não tenha recebido muita atenção. Embora, provavelmente, será redescoberto em breve.


Match Point - Ponto Final

(Match Point, 2005)
Diretor: Woody Allen 
Elenco: Scarlett Johansson, Jonathan Rhys Meyers, Emily Mortimer, Matthew Goode, Brian Cox, Penelope Wilton.

A contribuição de Woody Allen para o cinema é sem preço. O humor refinado, calcado na palavra, tem muitas e boas histórias para contar, visto sua extensa filmografia. Ao mesmo tempo que realiza obras primas, se diverte produzindo histórias mais leves. Raro encontrar uma produção ruim.

Ultimamente, crítica e público tem afirmado que a narrativa de Allen tem se tornado mais leve e despretenciosa. Após Descontruíndo Harry, uma incrível narrativa crítica, o diretor realizou três comédias em sequência - O Escorpião de Jade, Os Trapaceiros e Dirigindo no Escuro - que pareciam diluir seu humor refinado. Então, veio Match Point - Ponto Final.

Utilizando o tênis como metáfora da vida, Allen entrelaça uma história de amor e desejo - algo recorrente em sua filmografia - desenvolvendo com precisa tenacidade a tensão entre sentimentos. Além do roteiro brilhante, a direção é excepcional. Trabalha a favor da história narrada, ajudando a definir o drama exposto.

A produção foi a primeira em que a maravilhosa Scarlett Johasson fez com o diretor e também o primeiro que rodou na Inglaterra. Além de ter sido bem recebido com prêmios e indicações a Globo de Ouro e Oscar.


sábado, 27 de junho de 2009

House M.D., Quinta Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.


O brilhantismo e as dores do médico mais genial da ficção.

É com muito orgulho que, finalmente, apresento uma análise de uma temporada de uma de minhas séries favoritas: House M.D. Não é a toa que tanto o nome da personagem, como sua principal crença foram a inspiração para a criação desse blog sobre filmes e séries.
Como assisti as quatro temporadas em um período anterior a este blog e ainda não as revi, somente no término da quinta temporada tenho a oportunidade de fazer uma análise crítica.
Após uma quarta temporada atípica, com a inserção de novos personagens e com duração menor por causa da greve dos roteiristas – e assim, por conseqüência, com uma queda de qualidade – a quinta temporada da série retoma o patamar concebido desde seus primeiros episódios.
A principal qualidade dos novos roteiros foi a capacidade de dosar melhor as histórias das personagens em cena. Embora a nova equipe de House seja competente, é impossível não sentir falta da química perfeita entre o trio formado por Cameron, Chase e Foreman. Por conta disso, os roteiristas não só inseriram Cameron e Chase nos roteiros como, em alguns episódios, deram uma atenção especial para eles. Integrando-os novamente ao universo da série que na temporada passada focou-se apenas em procurar os substitutos da equipe de House.
Assim, cada personagem consegue desenvolver-se na trama, que continua apresentando casos bizarros e interessantes na medicina, sempre mantendo a estrutura narrativa já consagrada: onde acontecimentos são imprevisíveis e a resolução do caso sempre se dá com a genialidade do médico ranzinza que tanto adoramos.
Se na temporada passada o embate entre House foi realizado na volta de Foreman na equipe – em um dos melhores episódios da temporada, em que House percebe o quanto Foreman estava mudado e, assim, criava um respeito pelo médico. O diálogo é tão simbólico que a canção que embala a cena é We Are Gonna Be Friends do White Stripes – esse ano da série concentra-se nos embates interiores da persona do médico.
Primeiramente em sua relação com Cuddy, que ao decidir ter um filho, acaba por abalar os sentimentos do médico, surgindo uma idéia de um possível romance - algo que muitos fãs esperam desde o começo da série. E em tema principal, os efeitos de seus vícios, a parte narrativa mais brilhante dessa temporada.
Após cinco anos – considerando apenas o tempo que conhecemos a personagem – era evidente que a progressão de seus vícios terminassem da maneira escolhida pelos roteiristas: em alucinações esquizofrênicas.
As dores de House não são apenas no aspecto físico, por conta de seu problema na perna. Sua personalidade escusa, solitária, sempre com uma resposta na ponta da língua apresenta sintomas psicológicos mais severos. Como apontado muita vezes por Wilson e outros personagens da série, House é uma pessoa infeliz. E clinicamente uma depressão não tratada quando se agrava pode se transformar em delírios ou alucinações. Acrescente isso a doses maciças de um remédio pesado, que temos a soma do que House se tornou.
O efeito mais interessante dessa premissa é catalisar o descontro em sua vida. Sempre foi perceptível que Gregory é consciente de suas deficiências. De sua incapacidade de lidar com outros, seu problema em manter relações até a ingestão excessiva de Vicodin. Porém, até mesmo seu descontrole, reconhece que alucinar com a namorada morta do amigo não é nada saudável. E assim, pela primeira vez, Gregory House se rende despindo-se um pouco de sua máscara e assumindo sua própria enfermidade.
O deslize cometido pelos roteiristas foi utilizar pela terceira vez o recurso de um desvio narrativo para percebemos sua doença. Criando uma história que é, de alguma forma, desmentida, seja por alucinação, sonho ou algo do tipo.
Esse recurso foi utilizado pela primeira vez no episódio No Reason, o último da segunda temporada, em que House é baleado. Durante todo o episódio acreditamos assistir o que aconteceu após a cirgurgia para descobrir que tudo não passava de uma viagem mental do médico logo após o tiro.
Novamente a repetição dessa projeção mental será utilizada para resolver a quarta temporada nos episódios House´s Head e Wilson´s Heart em que House – muito exageradamente, diga-se de passagem – induz varias vezes seu cérebro para recordar o que aconteceu no acidente em que esteve envolvido para lembrar qual detalhe está lhe passando despercebido.
Devo dizer que essa terceira alucinação, que também encerra essa temporada, onde House imagina que Cuddy o ajuda a se desintoxicar, é a melhor das três. Convence pelo fato lógico de que a ausência de um remédio pesado como Vicodin em alguém que o toma como quem come gominhas pode, de fato, causar alucinações. Porém, é necessário, imediatamente, que os roteiristas nunca mais pensem nesse recurso como um gancho narrativo. Três vezes está de bom tamanho.
E fica a expectativa em saber como o enigmático Dr. House sairá de sua internação clinica na próxima temporada. Será que ainda resta um pouco de humanidade em sua carcaça terrivelmente fria?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

24 Horas, Sétima Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

Jack Bauer em um de seus melhores dias ruins.


Há sete anos atrás aproximadamente, Jack Bauer era apenas mais um herói que estreava em uma série de televisão altamente promissora. Os anos se passaram, as crises de um dia foram ficando mais estruturadas e algumas derrapadas desastrosas surgiram no horizonte. A pior delas se concentrou na sexta temporada em que os roteiristas, nitidamente empolgados com a boa história inicial, não se programaram direito e fecharam o argumento principal faltando algumas horas para o fim. O resultado é uma emenda perceptiva e uma crítica negativa arrasadora por parte dos fãs e da mídia.
Embora a crítica fosse um tanto exagerada – o final não foi assim tão catastrófico – os fãs da série 24 Horas já deveriam ter se acostumado. Tirando a primeira temporada da série, todas as outras deixaram algumas pontas soltas. Algumas resolveram isso de uma forma positiva e outras decepcionaram.
A sétima temporada de 24 Horas tinha como objetivo trazer de volta a série como uma das melhores produzidas atualmente. Alguns personagens antigos seriam mantidos, Tony Almeida voltaria a participar da série e o contexto ao seu redor estaria diferente: agora sem a CTU (por conta dos acontecimentos dos outros anos), a ação se passa em Washington e precisará, de novo, da ajuda de Jack Bauer, que começa o seu dia em um julgamento sobre seus atos de tortura.
Não há dúvidas que o novo argumento é, ao mesmo tempo, consistente e tradicional. Consistente porque mantem muito bem, em quase sua totalidade, a ação beirando o verossímil, o suspense desenfreado e as reviravoltas; tradicional pois como mais uma temporada da série, já sabemos seus elementos chaves de clichê, embora isso seja um detalhe, já que, mesmo sabendo que tal personagem pode ser um traidor, a traição se torna muito bem executada em cena.
O novo atrativo dessa temporada, além de um novo ambiente, é dar a Jack Bauer, a maior parte do tempo, uma parceira competente, ao contrário das outras seis temporadas em que, normalmente, seu parceiro morre em meio a ação. O contra ponto que a agente do FBI Renee Walker realiza na série é um dos bons momentos da temporada. Renee realiza a personagem que confia em Jack Bauer mas não concorda com sua filosofia e, aos poucos, percebe que, já que trata-se quase de uma guerra, algumas medidas extremas devem ser tomadas pelo bem maior.
Sem contar o espetacular núcleo político da série que tem em sua presidenta Allison Taylor, um incrível personagem que além de uma grande líder possuí alto bom senso.
Os fãs da série também não se decepcionaram, pois os parceiros habituais de Jack estão lá. A sempre mal humorada Chloe O´Brien e o – agora de cabelos brancos – Bill Buchanan marcam presença na maioria da temporada.
Porém, como de costume nos sete anos da produção da série, nem tudo concluí-se perfeitamente.
As horas finais fecham-se com dois aditivos desnecessários: o retorno de Kim Bauer, uma das personagens mais inúteis de toda a série, bonitinha e ordinária. E uma reviravolta a respeito da morte de Michelle, mulher de Tony Almeida, que destrói o bom argumento de temporadas passadas por nítida falta de, novamente, planos ao fechar a temporada.
Mas o estrago não é tão grande. Até esse ponto a trama é tão bem costurada, a ação tão bem executada que, novamente, a aceitação desse erro passa quase desapercebida. Mas não consagra essa temporada em sua totalidade.
A oitava temporada de 24 Horas já se encontra em produção. As últimas notícias confirmam a volta da CTU com Freddie Prince Jr como o diretor da Unidade Contra o Terrorismo (não me perguntem o porque). Até então, é a última temporada da série, com direito a um fim derradeiro sobre Jack Bauer que finalmente descansará em paz.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A Semana em Filmes (14 a 20 de Junho)

Kinsey - Vamos Falar de Sexo (Kinsey)

Dir. Bill Condon


Muitos desconhecem a importância de Alfred Kinsey na história. Sem ele, o conhecimento que temos hoje a respeito da sexualidade seria quase nulo. Foi Kinsey que, em uma sociedade patética que escondia seus prazeres, se entregou completamente para estudar um dos assuntos mais delicados e controversos de nossa humanidade.
Mapeando e analisando a sexualidade humana, Kinsey foi capaz de criar dados precisos sobre a concepção dos prazeres, estímulos, e também fazer uma pesquisa sobre o homem e a mulher da sua época. Portanto, me impressiona que hoje suas obras mais importantes ainda não tenham referencia em nosso país. Ao menos essa boa produção, do mesmo diretor de Deuses e Monstros, conta um linhas gerais a história dessa polemica figura.
O pesquisador foi acusado muita vezes de manipular seus resultados e até hoje é considerado o homem mais bem sucedido nas pesquisas nesse campo duvidoso. Sem dúvida ele merece seus méritos, apesar de assumir que algumas falhas de suas pesquisas são visíveis.
A produção do filme narra os aspectos gerais de sua vida, até seu profundo estudo sobre a sexualidade, passando por diversas fases da sua vida e, cada vez mais, chocando uma sociedade americana estúpida, não preparada para uma conversa franca e científica sobre a sexualidade.
A história apresentada é bem honesta, não apenas mostrando o brilhantismo de Kinsey como sua falhas, não só como cientista como marido e pai, e como seu trabalho gigante cegava-o a respeito de muito que o cercava. De qualquer forma, seu brilhantismo cientifico perante o assunto é referência até hoje. Lamento apenas que, para ler seus trabalhos, tenhamos que recorrer aos originais. Ao que me consta, as edições de sua obra no Brasil foram lançadas há mais de quarenta anos no mercado.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Semana em filmes (07 a 13 de Junho)

Candy (Candy)

Dir. Neil Armfield



A carreira do ator Heath Leadger foi curta demais para seus trabalhos promissores. Até mesmo em sua estréia famosa em 10 Coisas Que Odeio em Você o ator mostra um bom domínio de atuação, tanto que essa produção o levou ao estrelado – e você deve se lembrar a engraçada cena em que ele canta Can´t Take My Eyes of You para Julie Stiles, que não conseguiu se tornar tão famosa quanto seu par no filme.
A morte recente do australiano serve apenas para comprovar como em poucos papéis, o ator se entregou de corpo e alma e partiu antes de sua maturidade cênica. Não deixo de me questionar se Ledger será – se já não é – o James Dean dessa geração cinematográfica, nem mesmo vivo para ver sua performance mais elogiada – do insano Coringa – ser recebida de braços abertos por público, crítica e fãs da personagem.
Ledger sabia muito bem pontuar-se entre filmes menores e grandes produções. Candy é uma dessas pequenas pérolas escondidas em sua filmografia. Em uma simples linha sobre o enredo, o filme narra a história de um casal, Candy e Dan que, assim como possuem um forte laço entre si, são viciados em heroína.
Com uma narrativa segmentaria dividindo-se entre Céu, Terra e Inferno, o filme acompanha os jovens desde o ponto inicial de sua relação e, aos poucos, conforme apresenta os segmentos do filme, o espaço temporal avança e a relação aparenta-se mais desgastada e frágil.
Mais de que um simples filme, mais um, sobre usuários de drogas, como apontaram algumas críticas de cinéfilos que acompanhei ao executar esse texto, engana-se quem vê Candy apenas com essa superficialidade. É o mergulho dúbio entre o vício de uma droga e a intensidade do amor que exige maior atenção do público. O confronto entre a sensibilidade da paixão e o mesmo vício compartilhado.
A produção torna-se melhor a cada segmento, possuindo uma cena belíssima em seu tempo final, quase sem palavras, deixando que as imagens sejam sensíveis ao público. (Essa cena é tão bela que parte dela ilustra o cartaz do filme).
Ao final da narrativa, fechada em suspensão, impossível não questionarmos qual os limites do amor. Até onde esse sentimento pode nos levar, indo de um laço positivamente bom para um nó que machuca e vicia.





Capote (Capote)

Dir. Bennett Miller


Raramente uma produção baseada em fatos reais, cujo título é o nome do biografado, chega com o mesmo título nas terras brasileiras. Impressiona que Truman Capote tenha tamanho poder que parte de sua vida chegue imponente com o mesmo título.
Não é para menos. Capote foi um dos maiores escritores que século XX presenciou, criando um novo estilo literário até então não explorado: o romance de não ficção. Seu livro A Sangue Frio, cujo filme narra a história de sua composição, é um dos romances essenciais do século passado.
Fascinado com uma notícia de jornal sobre um assassinato de uma família em sua residência, Capote parte para a cidade onde ocorreu o crime para escrever um artigo a respeito. Conforme se envolve com a história, começa a desenvolver a idéia de um romance. Narrar essa história real de maneira literária, fundando, assim, um novo gênero.
A inteligencia do jornalista era perceptível de longe, sabendo conduzir muito bem as pessoas ao seu redor para conseguir as resposta que queria. Sua dedicação foi tanta para esse livro que nunca mais chegou a finalizar outro, tamanho o stress gerado ao realizado. De certa maneira, abrindo uma frase para um palpite, faz sentido o desgaste do autor por conduzir as vítimas alegando ser suas amigas apenas para escrever um livro.
Em termos de produção, o ator Philip Seymour Hoffman incorpora-se com os trejeitos afetados do autor. Realizando uma atuação sublime (ganhadora do Oscar e Globo de Ouro) que completa uma narrativa lenta, mas arrebatadora.
A produção concorreu ao Oscar de Melhor Filme no ano de 2006. Ano inexplicável onde dos cinco indicados Munique, O Segredo de Brokeback Mountain, Capote e Boa Noite, Boa Sorte e Crash – No Limite, o último ganhou a estatueta, mesmo sendo a produção menos criativa das cinco.





O Exterminador do Futuro - A Salvação (Terminator Salvation)

Dir. McG


Difícil confiar em um diretor sem nome, com apenas três letras, sendo que tanto a última, quanto a primeira, são em maiúsculas. Mais difícil quando o tal McG foi diretor das duas produções recentes de As Panteras. Filmes exagerados por não respeitar, mesmo, as leis da gravidade e forçarem a barra ao ponto de aborrecer quem assiste.
Impressiona que tal diretor (?), oriundo dos videoclipes, consiga trabalho em Hollywood como alguém de prestígio. Quando seu nome foi escalado para mais uma produção sobre o futuro apocalíptico de Exterminador do Futuro, temer e tremer era inevitável.
Felizmente, parece impossível, a incapacidade de ser original de McG gerou bons frutos. Mantendo-se fiel a maneira de James Cameron de dirigir (podem ler isso como copiando a maneira de Cameron), criando cena após cena de homenagens aos primeiros filmes – incluindo uma participação essencial de um Governator digitalizado – Exterminador do Futuro: A Salvação surpreende como uma boa produção.
A trama é a que conhecemos desde a década de oitenta. A Skynet dominou o mundo e realizou uma guerra contra os humanos – essa trama é contada nas produções anteriores - e John Connor – agora interpretado pelo Christian Batman Bale – será o redentor da raça humana que nos conduzirá para a vitória contra as máquinas.
Com um belo visual apocalíptico e fotografia acinzentada, boa parte da trama foi escrita com um certo cuidado. Infelizmente, a derrapada no meio da produção é grande e desnecessária. A personagem de Moon Bloodgood - atriz pouco conhecida, nitidamente em cena por ser belíssima – é uma piloto de caça que realiza uma das mais estúpidas peripécias da trama. Era possível realizar a mesma idéia de uma forma que não ficasse transparente a sensação de que tentaram inserir um conflito extra mais desnecessário que o segundo filme das Panteras.
Porém, apesar do deslize, a produção consegue cumprir o seu papel. Conseguiu revitalizar a série melhor que o filme anterior e trouxe as telas outra produção com futuro apocalíptico (a última relevante foi Matrix que se perde no meio da segunda história).
Fiquei bastante divido após a exibição em questão da nota final da produção. Por isso, fiz um apanhado das três produções anteriores. Constatei primeiro o óbvio: as duas primeiras são sublimes e o terceiro teve a boa intenção de trazer o Governator de volta no papel. Concluí que a nova produção tem um saldo final melhor que a terceira. John Connor ainda pode parecer um líder um tanto quanto duvidoso – ninguém de alta patente leva ele a sério – mas é melhor que o de Nick Stahl. Deveria merecer uma nota levemente menor, mas pela impressão que me deixou pós-exibição, mantenho esses remédios.
Mas desde já aviso que temos o que duvidar de um futuro apocalíptico onde todos os humanos são rostinhos bonitos, dando a impressão de que a guerra da Skynet começou matando só gente feia.