segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Os Mercenários 2

(The Expendables 2, 2012)
Diretor: Simon West
Elenco: Jason Statham, Bruce Willis, Liam Hemsworth, Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme, Jet Li, Chuck Norris, Dolph Lundgren, Scott Adkins

O retorno de consagrados astros de ação, unidos em um só projeto, foi um sucesso estrondoso. Permitindo que uma sequência surgisse, erigida em preceitos básicos da ação: maior, melhor e com mais furos. A homenagem explícita ao passado retorna em Os Mercenários 2. Entregando a diversão e violência exagerada esperada pelo público.

A ação inicia-se de maneira frenética. Tem o parâmetro exagerado do passado, mas a velocidade das tramas contemporânea. Elevando a violência ao extremo, potencializada pela edição rápida, e transformando lutas em elementos brutais. O sangue invade a tela a cada segundo. Uma massa falsa, vermelho escuro, que redecora o cenário sem romper as imaculadas roupas das personagens. Afinal, em uma história oitentista até a violência é maniqueísta.

Natural de uma sequência, os mercenários ainda pagam pelo estrago causado em Vilania e selam novo acordo com Church, que os contratou na missão anterior, para quitarem as dívidas, evitando a prisão federal. Cabe ao grupo recuperar um item dentro de um avião abatido em outro país, evitando que caia nas mãos erradas de Vilain. Um líder de um grupo terrorista interpretado pelo eterno mestre Jean-Claude Van Damme.

Stallone que dessa vez deixa a direção de lado, concentrando-se no roteiro, continua com a visão preta no branco que o consagrou. O vilão de Van Damme não poderia ser mais óbvio pelo nome, ainda que mais próximo dos dias de hoje: ao invés da dominação mundial com o roubo de plutônio, resgatado pelo mapa do item, deseja apenas acumular dinheiro.

Van Damme negou participar da primeira produção porque seria o vilão da trama. Mas deve ter reconhecido a loucura de negar estar na segunda aventura do grupo. Sem dúvida, o argumento utilizando um vilão famoso era a história da primeira produção, alterada por não encontrar um medalhão.

Sem se importar com incongruências de roteiro – com direito a uma épica troca de tiros em um cenário com toneladas de plutônio – a ação é condutora da trama com mais eficácia que o primeiro. Mas repete a habilidade de dar espaço para cada astro demonstrar sua habilidade em cenas solo.

Jet Li, que participa somente da primeira investida, realiza excelente luta misturada com balé voador. Jason Statham comprova seu status de único defensor do cinema brucutu da última década. Schwarzenegger retorna brevemente mas, ao lado de Willis, demonstram o porque são os ícones mais carismático. O chefe do bando, Sly, fica com a merecida luta final com o bandido, em cena que equilibra bem as diferenças de cada ator /personagem sem abrir mão da brutalidade, com direito a uma voadora de Van Damme que relembra seu auge e desnorteia o público pela força. A participação especial do longa coube a Chuck Norris, dialogando com a própria fama do maior do mundo como um lobo solitário capaz de destruir um exército todo. Afinal, é Chuck Norris.

Dentro e fora da obra, a homenagem aos velhos brucutus insere sua marca no presente. Faz o público rir ao lado de seus ídolos, quebrando barreiras de personagem. O que se vê na tela são velhos astros provando que ainda saber se divertir, entreter o público e rir de si mesmos. Algo que Dolph Lundgren realizou com muita paródia por ser conhecido como o menos talentoso artisticamente.

A próxima sequência tem data para acontecer e especulações de quem integrará o elenco dos brucutus começa a surgir. É provável que a história não tenha nenhuma amarra com as anteriores. De fato, a potência criada é tamanha que não é de se espantar se decidirem realizar um filme solo de Jet Li explicando porque o baixinho Yin Yang ficou fora da ação deste segundo filme.

Recomenda-se que o filme seja visto em um bom cinema, pois a edição de som está espetacular, sendo candidato certeiro para testar aparelhagens quando disponível em Blu Ray e DVD. A crítica fica para a tradução das legendas nas cópias brasileiras. Perdendo boas piadas mal adaptadas e com um deslize feio de expressão idiomática. Dando-nos a impressão de que foi uma tradução sem as referências contextuais.



domingo, 9 de setembro de 2012

Os Mercenários

(The Expendables, 2010)
Diretor: Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, Mickey Rourke, Giselle Itié.

Filmes de ação da década de oitenta e noventa obliteraram seus astros. Não deixando nenhum incólume pelo tempo. Até mesmo o mais plural deles, Bruce Willis, há tempo tem devido um filme bom e uma boa bilheteria.

O eterno Rambo Sylvester Stallone reconhece que fama é hoje relíquia. Um tipo que é pagina virada na história cinematográfica que hoje procura heróis mais reais e humanos. Sangrando e demonstrando esforço que comprove seus ganhos.

Mas Sly tem conhecimento de como funciona seu estilo cinematográfico. Mesmo fora do auge sabe atrair grande público e reconhece que uma das possíveis traduções para o cinema pipoca significa tiros, explosões e ação descerebrada sem nenhuma preocupação.

Reunindo medalhões contemporâneos e astros passados, Os Mercenários é a definição do cinema de brutalhões: trama rasteiras com ação do começo ao fim, heróis fortes, hoje maduros, liderados pelo homem de rosto intocável e torto, como um boxeador, com um charuto na boca.

Mercenários que realizam qualquer tipo de missão desde que bem paga. Uma equipe contratada para derrubar o general Garza, ditador da ilha de Vilena, no Golfo. Alias, motivo que fez Stallone e equipe virem para o Brasil. O fiado de história, envolvida no antigo manequeismo de personagens boas ou muito más é apenas motivo para diversas cenas de ação sem nenhum pudor.

Stallone ao mesmo tempo que presta homenagem a si e aos amigos, dá uma nova ignição as suas carreiras. Demonstra que os velhinhos ainda são capazes de divertir e o sucesso da produção comprova que parte do público ainda tem gosto por tais tramas.

As coreografias se dividem bem entre o balé característico e a violência mais agressiva. Perdem destaque somente para os efeitos especiais que as vezes derrapam na composição do sangue, deixando-o mais artificial do que em décadas anteriores.

De qualquer maneira, é favorável identificar que, mesmo no mesmo tom, alguns astros sabem se reinventar. Mesmo que agora mais frágeis fisicamente pela idade.


sábado, 8 de setembro de 2012

O Demolidor

(Demolition Man, 1993)
Diretor: Marco Brambilla
Elenco: Sylvester Stallone, Wesley Snipes, Sandra Bullock, Nigel Hawthorne, Benjamin Bratt

Depois de duas produções de comédia, Silvester Stallone percebeu que não tinha nenhuma veia cômica e, com a carreira abalada, decidiu retornar ao seu confortável papel brucutu de herói de ação, realizando, no mesmo ano, duas produções que demonstravam seu status de estrela: O Demolidor e Risco Total.

Misturando com eficácia ação, uma ambientação futurista e humor, O Demolidor, é uma relíquia da década de noventa. Repetindo a personagem de sempre – o que não necessariamente quer dizer um defeito – o astro demonstrava sua forma física e força nas bilheterias. Sendo um dos últimos bons filmes de Sly que nos anos seguinte viu seu publico diminuindo.

Policial responsável por mais de cem capturas, John Spartan é conhecido como O Demolidor por sua eficácia no trabalho. Após se responsabilizar pelos danos colaterais de uma missão, onde prendeu o psicopata Simon Phoenix, é condenado ao lado do bandido a ser congelo em criogenia por setenta anos. Porém, o bandido é acordado antes do tempo e cabe a Spartan captura-lo em um mundo que desconhece. Em que Santa Bárbara, San Diego e Los Angeles uniram-se dando espaço a San Angeles. Cidade onde não mais existe o crime e o politicamente correto predomina com leis contra palavras chulas e até mesmo comidas com excesso de sal.

O enredo simples dessa história de ação demonstra bem sua época. As histórias breves mais eficientes davam conta de alcançar a intenção do longa metragem. Uma perseguição de bandido e mocinho sem nenhuma totalidade extra além do óbvio. Sendo genuíno em sua proposta de entretenimento com explosões.

A invenção do futuro na produção também é curiosa. Realizado em 1993, o filme atravessa pontos comuns do que seria o futuro imaginado na época. De um mundo com justiça e carros dirigidos automaticamente ao que se tornou cotidiano presente na contemporaneidade: telefones com exibição de vídeo e a comunicação virtual que permite também o sexo virtual. Contrastes que hoje são passíveis de reflexão mesmo que o filme não tenha tido essa intenção.

A produção ainda conta com Sandra Bullock, em começo de carreira, antes de se tornar popular por Speed – Velocidade Máxima no ano seguinte.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Jovens Adultos

(Young Adult, 2011)
Diretor: Jason Reitman
Elenco: Patrick Wilson, Charlize Theron, J.K. Simmons

A comprovação do talento de Jason Reitman, ou uma fortuita sorte, se deve ao fato de que seus três primeiros filmes – únicos, até então – são excelentes longas metragens. Histórias que mesmo em retratos diferentes equilibravam-se no drama cotidiano.

Em seu quarto filme da carreira, Jovens Adultos, Reitman retrata a problemática de adultos que, mesmo em uma idade madura, não saíram da fase adolescente. Seja pela negação de responsabilidades ou pela incapacidade de assumir sua maturidade.

Mavis Gary é uma escritora de uma série de livros para adolescentes frustrada com sua própria vida. Ao receber um convite em comemoração ao nascimento do filho de um ex-namorado, decide retornar a cidade onde foi criada com o intuito de tentar reconquistar seu grande amor do colegial.

Reitman sempre dedicou seu olhar a personagens imperfeitas de alguma maneira. O vendedor de cigarros que não se importa com as perdas humanas de seu trabalho, a adolescente que engravida sem a verdadeira percepção do fato, o homem que se sente confortável somente em aviões. Dentro das personagens aquebrantadas trazia a tona um elemento humano primordial que identificava o público.

A concepção infantil de Mavis chega a afastar de assustadora. Retira um elemento carismático de personagens anteriores pois explicita a frivolidade. Causa desconforto e não gera uma reflexão mais profunda como, até então ,trabalhava o diretor, pois não há razão para o vazio da personagem além da negação de seu próprio fracasso.

Ao retornar a um instante anterior de sua própria vida, a escritora aos poucos percebe sua anacronia. Mas a composição de tal sentimento soa tão em descompasso que sua história chega ao fim sem identificar de fato sua mensagem. Se é que há uma.

Talvez desejando que dentro e fora de sua história existisse um vazio, a roteirista Diablo Cody – em seu quarto roteiro de longa metragem – tenha falhado na mensagem. A sensação é de que o material bruto continha uma história com mais força daquela que foi contada. Mas que não deixa de destacar o talento que, além de Reitman, a roteirista tem em explorar singularidades que abalam a todos.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Para Roma Com Amor

(To Rome with Love, 2012)
Diretor: Woody Allen
Elenco: Ellen Page, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Penélope Cruz, Alec Baldwin, Alison Pill, Greta Gerwig, Roberto Benigni, Ornella Muti, Judy Davis

Woody Allen é um profissional apaixonado por sua vocação. Trabalha compulsivamente em sua maquina de escrever e, como resultado, realiza anualmente uma produção cinematográfica. Há um tempo atrás afirmou a uma revista que produzia roteiros para se divertir. Um comediante, septuagenário, que conta histórias como meio de passar o tédio.

Recentemente tem exercido sua arte em uma viagem ao mundo observando a cultura de diversos países. Realizou uma trilogia na Inglaterra (Match Point – Ponto Final, Scoop – O Grande Furo e O Sonho de Cassandra), produziu um filme ao estilo de Almodovar na Espanha com Vicky Cristina Barcelona e se entregou à cidade luz em Meia Noite Em Paris.

Para Roma Com Amor é sua história em homenagem a mais famosa cidade italiana. Como nas histórias anteriores, Allen tenta adequar o ambiente popular da cidade em sua trama. Na Espanha, foi preciso na paixão furiosa. Em Paris, refletiu passado e presente, entrelaçando uma cidade repleta de cultura. Em Roma, demonstra uma cidade disforme constantemente movimentada de turbilhões.

A trama acompanha quatros histórias que se entrelaçam pela cidade. Dosando tramas mais tradicionais com arroubos cômicos, há exagero e repetição em algumas tramas que, pela semelhança, não dão o brilho necessário a história.

Não a toa Woody é tido como um excelente diretor de atores. Suas personagens saltam a tela, normalmente pela estranheza sincera que as fazem próximas da realidade, a urgência de suas vontades, como a tradicional verborragia. A teia de Allen mostra uma cidade dispare. Ruína relicária em meio a arroubos contemporâneos.

Atores de filmes anteriores voltam a trabalhar com o ator. Alisson Pill retorna como Hayley, uma garota que conhece o amor em Roma e aguarda a chega dos pais – Allen e Judy Davis – para se casar. Penelope Cruz volta a exibir seu estilo sensual como uma prostituta desnecessária a trama.

O segmento mais interessante é o de Roberto Benigni, o italiano Leopoldo, homem comum e trabalhador que vira estrela por ser um homem comum. Dialogando explicitamente com a tendência de pessoas que, sem razão aparente, se tornam famosas. Em seu núcleo próprio, Allen realiza seu papel costumeiro. Desta vez, é um excêntrico diretor musical que reconhece talento artístico no pai do noivo de sua filha e decide lançá-lo. Mesmo que ele cante belissimamente somente quando está no chuveiro.

As disparidades entre as tramas, com tradicionais repetições que permearam sua obra, atenuam a qualidade da produção. Ainda mais quando seu filme anterior foi tão excepcional, deixando, mesmo que se tente evitar, uma sensação de comparação que poderia ter sido melhor. Porém, excluindo o elemento, ainda assim, o filme poderia ser melhor composto.

Após a direção de quarenta longas metragens, Allen tem demonstrado atualmente mais talento na composição dramática do que em suas tramas cômicas que parecem ser alívio de um cineasta que não deseja se tornar tão melancólico e ainda fazer rir.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Projeto X - Uma Festa Fora de Controle

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(Project X, 2012)
Diretor: Nima Nourizadeh 
 Atores: Thomas Mann, Jonathan Daniel Brown, Oliver Cooper, Dax Flame, Nichole Bloom, Martin Klebba, Miles Teller, Sam Lant

Nenhum gênero conseguiu sair ileso da falsa técnica documental que, há mais de dez anos, deixou de ser uma experiência para transformar-se em um estilo cinematográfico. Unindo baixo orçamento com uma narrativa que aproxima o público da trama pela parcialidade – normalmente é um personagem que filma a história – e realização amadora.

Não faltam exemplos de filmes que utilizaram o recurso mas nem todos conseguiram ser bem sucedidos. Muitas vezes aproveitando-se da parcialidade narrativa para produzir histórias rasas e repleta de furos que, dentro dessa roupagem, se camuflam melhor e enganam o público.

Projeto X - Uma Festa Fora de Controle, dos produtores de Se Beber, Não Case! é uma comédia documental. Narrado com três personagens centrais, a história explora o universo dos adolescentes americanos e as costumeiras festas quando os pais saem de casa.

Seguindo a cartilha do estilo, as cenas confirmam sua veracidade logo no início, explicando que a montagem do filme são feitas a partir das filmagens dos próprios adolescentes e outras encontradas na mídia.

A funcionalidade da trama estaria no absurdo dos tais personagens que desejando fazer uma melhor e maior festa de todos os tempos veem tudo sair do controle quando, de fato, a festa começa a lotar de convidados de todos os estilos em uma progressão que beira o absurdo caótico.

Não é a caracterização do tradicional universitário americano que só quer se divertir que reduz a capacidade do filme. Formatado para ser uma comédia, é entristecedor quando não há se quer uma boa risada durante sua história.

A previsibilidade da trama não dá espaço nenhum para nem mesmo uma piada repetida que gera riso. Sem eles, o que resta da história é o que se conhece normalmente: pessoas bêbadas fazendo muita confusão. Frase que sem dúvida remete-se a filmes de sessão da tarde mas sem a diversão ocasional.