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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Atração Perigosa

(publicado originalmente no blog Vortex Cultural)

(The Town, 2010)
Diretor: Ben Affleck
Elenco: Blake Lively, Ben Affleck, Jeremy Renner, Jon Hamm, Rebecca Hall, Brian Scannell, Jeff Martineau

Depois de surpreender o público com uma boa direção em Medo da Verdade, Ben Affleck dá sequência a sua nova carreira sem se desapegar de uma história policial. Atração Perigosa comprova que Affleck não teve sorte de principiante e, ao contrário de sua naufragada carreira como ator, apresenta domínio ao narrar uma história.

Baseada no romance Prince Of Thieves, de Chuck Hogan, a trama se passa em Boston, no bairro de Charlestown — alardeado no início do filme como um local conhecido pelo alto índice de assaltos a banco, um ambiente em que pais passam seus ensinamentos aos filhos como uma tradição.

Doug MacRay (Affleck) é o mentor de um grupo de ladrões que, mesmo em um assalto bem sucedido, decide levar uma refém como segurança. Encarregado de resolver a situação, Doug se aproxima da moça à procura de um novo rumo para sua vida.

A tensão se produz tanto dentro do próprio grupo, com MacRay desconfortável ao executar um novo golpe que colocaria o grupo em desnecessário destaque em investigações policiais, como na relação que estabelece com a vítima Claire, que acreditar viver um relacionamento saudável.

Além da direção bem executada também nas cenas de ação, a fotografia de Robert Elswit destaca a crueza do ambiente de uma cidade que não parece encontrar espaços para a ternura e para novas oportunidades de mudança de vida. Porém, a temática de ladrão arrependido que busca mudar de vida não é nova.

Com a receptividade positiva do filme, Affleck reconquistou parte do carisma perante ao seu público e planeja realizar uma continuação desta trama que, mesmo com algumas qualidades evidentes, me deixa com a sensação de que poderia ser melhor. Ainda que não consiga explicar a razão.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Jogos Mortais 2

(Saw II, 2005)
Diretor: Darren Lynn Bousman
Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Donnie Wahlberg, Erik Knudsen, Franky G, Glenn Plummer, Emmanuelle Vaugier, Beverley Mitchell

Sem receio nenhum de perder a qualidade, Jogos Mortais 2 deixa o equilíbrio da primeira produção para se dedicar a uma trama mais violenta, atendendo ao desejo do público. Seguindo a tradicional regras de continuações, tudo é amplificado e mais violento. O banheiro abandonado com duas personagens cede espaço para um grupo maior, preso a uma casa, dentro do jogo de Jigsaw em que nada é o que parece ser.

Nos bastidores, esta segunda produção marca uma característica importante na franquia: a rapidez em executar as gravações e produção. Filmado em apenas 25 dias com uma janela de três a quatro meses para seu lançamento nos cinemas. Um produto feito com a maior velocidade possível.

Como no anterior a trama tenta explicar o passado dos jogadores por meio de flashbacks. Pontuando o público para compreender as motivações que levaram o vilão a encarcerá-los. A parte policial perde o elemento investigativo, que não é o foco da história, deixando-a em segundo plano. Embora haja um embate direto entre Jigsaw, debilitado pelo câncer, e a polícia.

A inteligência é o maior destaque do vilão. Embora suas armadilhas se tornem, com o tempo, elaboradas e exageradas  sua coerência macabra é o que sustenta a personalidade que o transformou em um vilão pop da década passada.

A trama da franquia Jogos Mortais se desenvolve em curto período de tempo, sempre expandido a cada nova produção com histórias paralelas e novos personagens que se tornam importantes para a trama. Sendo o primeiro destes, Amanda Young, apresentada aqui.

Mantendo o estilo de desfecho do filme anterior, há uma reviravolta no ato final. A primeira, de muitas, que poderia ser esquecida por nada acrescentar. Ainda que inferior a primeira trama, mantém um bom ritmo sem se entregar totalmente ao sadismo que seria exagerado na sequência seguinte.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Trekkies 2

(Trekkies 2, 2004)
Direção: Roger Nygard
Elenco: Denise Crosby

Em 1997, a atriz Denise Crosby que interpretou a tenenta Natasha Yar de Jornada nas Estrelas – A Nova Geração estrelava e produzia o documentário Trekkies dedicado a compreender a adoração à série Jornada nas Estrelas. Sete anos depois, Crosby mergulha neste universo tentando, mais uma vez, demonstrar as origens do fanatismo e a paixão universal pela serie.

Trekkies 2 acredita na potência de suas próprias histórias e imagens. Sem um embasamento crítico que explique a composição de uma adoração ou fanatismo, a produtora acompanha diversos eventos globais dedicados a série, conhecendo desde aqueles que assistiram todas as versões da série como quem só usa roupas da federação e se dedicaram a compor filmes e ambientar o próprio apartamento como uma das naves de comando.

Se o fanatismo exagerado sempre produz algum incômodo, é interessante ouvir a opinião pelo outro lado. Pessoas dedicadas que se sentem deslocadas pelo seu gosto e encontram nesses círculos de amizade uma maneira de se manter fiel a si. Trazendo a tona de que o senso comum sempre tem medo daquilo que parece anormal.

Durante a apresentação de diversos tipo de fãs encontramos os mais extremado que justificam a importância da série em sua vida. Há figuras ilustres como uma senhora que foi júri de um julgamento trajando as roupas da federação e, embora tal fato não tenha alterado em nada a questão judicial, a transformou na figura mais popular da cidade.

Por ter trabalhado na série, a produtora não julga nenhum dos fãs, embora não procure nenhum especialista para explicar a origem do fanatismo. Mas dá o espaço necessário para que todos se pronuncie, além de alguns atores do seriado.

O ponto mais alto do documentário é o retorno de um garoto que participou de cenas do primeiro. Alguém que sofreu por ter se apresentado como um excêntrico extremista. Agora mais velho, o rapaz ri de seu próprio fanatismo e daqueles que fizeram piadas a seu respeito chamando-o de fracassado devido ao gosto pela série. É a prerrogativa para que outros e parte do elenco da série exponham suas opiniões sobre o fanatismo, definindo que, sem incomodar ninguém, os devotos estão certos em expor seu amor pela série.



terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Romeu Tem Que Morrer

(Romeo Must Die, 2000)
Diretor: Andrzej Bartkowiak
Elenco: Jet Li, Aaliyah, Anthony Anderson, Edoardo Ballerini, Jon Kit Lee, Isaiah Washington, Russell Wong, Delroy Lindo, D.B. Woodside

O sul coreano Jet Li aceitou ser o vilão em Máquina Mortífera 4 com a condição de estrelar outra produção em que fosse um herói. Romeu Tem Que Morrer marca o primeiro filme solo de Li nos Estados Unidos e testa sua força como personagem de ação central em uma história.

Dialogando com a trágica historia de Romeu e Julieta, Han Sing vem ao Estados Unidos investigar a morte de seu irmão, mas conhece Trish uma garota da gangue rival. Embora tenham tido um pequeno contato, é o suficiente para que o jovem se apaixone pela garota enquanto investiga o que ocorreu com o irmão.

Produzido por Joel Silver que, na época, colhia o excelente sucesso de Matrix, o filme coloca Li no mesmo estilo de coreografia que se tornaria dominante na época. Repleto de acrobacias impossíveis que brincam com a gravidade em meio a golpes realistas de arte marcial.

Grande destaque da trama se deve por conta dessas lutas e de um efeito especial que acompanhava a profusão dos golpes dentro do corpo da vítima, apresentando uma explicação explícita de como este ou aquele golpe era sentido dentro da batalha.

Durante a composição de vingança e tensão que permeia as duas gangues, o romance surge de maneira forçada, como pausa para a violência apresentada. Surge neste ponto a inferência com a tragédia shakesperiana, de dois jovens rivais que não poderiam ficar juntos.

Muito mais pela qualidade das cenas de luta, estilo que contaminaria por ano produções desde estilo, do que por sua trama, Romeu Tem Que Morrer é até hoje lembrado por muitos embora não seja um filme espetacular. Funcionou positivamente para Jet Li como porta de entrada para o cinema americano.


terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Anônimo


(Anonymous, 2011)
Diretor: Roland Emmerich
Elenco: Rhys Ifans, Vanessa Redgrave, Sebastian Armesto, Rafe Spall, David Thewlis

Afastando-se do tradicional costume de produções com desastres e catástrofes mundiais, Rolland Emmerich se volta para uma teoria a respeito da origem do dramaturgo William Shakespeare, polêmica fundamentada por um estudioso em décadas passadas, afirmando que um dos maiores da literatura mundial era apenas um ghost writer de um nobre inglês.

Antes que o absurdo gere protestos ou reclamações, Anônimo é um interessante exercício shakespereano. A trama inicia-se no próprio teatro com um ator apresentando a importância do dramaturgo e pedindo ao público um pouco de audácia para ouvir uma outra história sobre a origem deste mito. É a partir dessa história dentro da história – elemento clássico do autor – que conhecemos seu argumento.

Um dos fundamentos principais para afirmar que William Shakespeare foi apenas um objeto de um escritor desconhecido se relaciona ao pouco material histórico encontrado do dramaturgo. Como um mero ator de teatro, há quem afirme que William não teria formação suficiente para escrever as peças e o fato de ter morrido sem nenhuma posse confirmaria sua função de fantasma. Afirmações que vão contra uma gama vasta de escritores que, mesmo iletrados ou sem uma formação acadêmica, produziram grandes obras literárias.

No filme, o autor das conhecidas histórias mundiais viria da pena de Conde de Oxford, um apaixonado pelas letras mas que, oprimido pela família, prefere compor suas obras as escondidas. Encontrando na figura deste dramaturgo a possibilidade para escoar, de tempos em tempos, sua produção, alimentando a lenda de William Shakespeare.

Leitores que possuem afinidade com o bardo podem reclamar do exagero da narrativa mas não devem deixar de admirar diversas cenas famosas de suas peças que, mesmo entrecortadas, aparecem em cena em diversas apresentações. Pois, a potência de Shakespeare foi tão grandiosa que atraiu a própria Rainha além das massas populares que lotavam o teatro para assistir suas obras.

A produção de Emmerich tem um figurino tão apurado que mereceu a indicação ao Oscar. É curioso compreender porque diretor tenha se interessado por uma história que nada tem a ver com seu projeto constante de destruição mundial. Mesmo valendo-se de uma teoria fraca que tem mais imaginação do que realidade, a história é divertida e não deixa de ser um exercício de questionamento sobre a potência de grandes escritores. Mais importante é que o público saia deste filme desejando saber mais sobre Shakespeare, debruçando-se em sua obra única e ilimitada. Mesmo que Shakespeare não tenha sido este que conhecemos, a força de suas histórias falam por si só.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Halloween - O Início

(Halloween, 2007)
Diretor: Rob Zombie
Elenco: Malcolm McDowell, Brad Dourif, Daeg Faerch, Tyler Mane, Scout Taylor-Compton, Sheri Moon, William Forsythe, Danielle Harris, Udo Kier, Danny Trejo

Ao lado de Wes Craven, o diretor John Carpenter popularizou o Terror na década de oitenta, abusando de maníacos, personagens bizarros e histórias assustadoras. A cada geração, poucos novos filmes se destacam neste panteão do medo. A saga Jogos Mortais teve certo destaque no início, mas depois exagerou na violência gore e repetiu a si mesmo diversas vezes. Neil Marshell foi tido como promissor com Abismo do Medo, mas nunca mais entregou outra produção eficiente. Portanto, a maioria dos filmes atuais são regravações que vão repetindo as mesmas histórias, com a roupagem narrativa de hoje, nem sempre assustadora.

Em meio a esse marasmo, o músico Rob Zombie compôs uma duologia cruel sobre uma família de assassinos. Conseguindo naturalidade dentro de um grotesco, sem poupar sangue, A Casa Dos 10.000 Corpos e Rejeitados pelo Demônio destacava o talento e estilo do roqueiro, melhor que alguns diretor atuais. Motivo que lhe garantiu a possibilidade de readaptar uma famosa história de Carpenter: Halloween.

Utilizando o mesmo argumento do original, Zombie parte da infância da personagem para desenvolver sua crueldade. Insere a criança Michael Myers em um ambiente hostil com uma mãe stripper e um padrasto invalido que o odeia, a irmã adolescente que, como um jovem dessa idade, despreza qualquer coisa que não seu próprio mundo, além de uma pequenina irmã, a única por quem Myers nutre um sentimento positivo. É o primeiro ato da trama que fundamenta as motivações da personagem.

Dando um salto de trinta anos, o curto segundo ato apresenta Myers preso, configurando tudo o que foi previsto por seu psicólogo infantil, Dr. Loomis, protagonizado por Malcolm McDowell que, desde a infância do garoto, previa sua perda de laços com o mundo exterior. O terceiro ato marca a famosa fuga da personagem a procura dos sobreviventes de sua família.

Ao introduzir com escopo psicológico a infância de Myers, Zombie produz uma temerosa figura real. Ao entender suas motivações, o público contempla sensações dúbias, mesmo reconhecendo sua monstruosidade, não há como não compreendê-lo. O que não retira a potência de medo causada pela figura aficionada por se esconder atrás de máscaras, temeroso pela própria feiura.

Retocando a história sem perder os elementos clássicos, Zombie produz a regravação mais sólida oriunda da década de oitenta, que conta com releituras de Sexta Feira 13, A Hora do Pesadelo, Terror em Amityville, O Massacre da Serra Elétrica, que atualizaram seus conceitos para o contemporâneo sem levar em conta que o público não tem mais medo de monstros compostos na década de oitenta.

Atualizando a personagem, o diretor cria um monstro a espreita com a quantidade agressiva de violência e impossibilidades de ação para um filme de terror. O sucesso foi tanto que gerou uma sequência que, mesmo inicialmente a contra gosto, foi dirigido pelo próprio Zombie.

Infelizmente a versão em dvd deste filme tem o formato de tela alterado do original. Resta a esperança de que em um lançamento em blu ray no país se mantenha o aspecto original, não cortando parte da tela.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Jogos Mortais

(Saw, 2004)
Diretor: James Wan
Elenco: Leigh Whannell, Cary Elwes, Danny Glover, Ken Leung, Dina Meyer, Mike Butters, Paul Gutrecht, Tobin Bell

Em 2004, uma das franquias contemporâneas mais bem sucedidas se iniciava, levando seu estilo além de uma tendência no gênero de terror. Voltado para o exagero da violência sádica, Jogos Mortais se tornou o representante máximo de um estilo que faz da violência uma estética fetichista e sedutora.

Antes de se popularizar como um filme de terror violento e, como uma linha de produção, lançar uma nova história a cada ano, a premissa tinha contornos mais interessantes, trabalhando com a violência mais tecendo uma história que ia além do sangue. Evidente que a comparação do encarte brasileiro com Se7en – Sete Crimes Capitais é exagerada.

A primeira jornada ao mundo de Jigsaw tem mérito pela capacidade de, na mesma história, apresentar múltiplos pontos de vista. A ação não está concentrada apenas no jogo do título, em que dois homens acordam acorrentados em um banheiro abandonado e tem de descobrir os motivos de seu cárcere. Há o elemento criminal da policia que investiga os casos anteriores do sádico, a apresentação das personagens antes da prisão, justificando o porque foram escolhidas para o jogo, produzindo pequenas tramas interligadas pelo grande vilão que dão mais profundidade para a agonia da trama.

A agressividade exposta na história não se torna tão gratuita pois parece justificada em um potencial enredo assustador. Tal premissa seria diminuída consideravelmente em suas sequências, já que boa parte do sucesso veio de um público com gosto de sangue.

O desfecho da trama trabalha com um elemento primordial da franquia que se tornou obrigatório a cada filme e de maneira exagerada, o famoso plot twist que tem se tornado tão popular em muitas histórias, promovendo uma reviravolta que muda tudo na história e, normalmente, a estragam. Nesse caso, há coerência com o que foi apresentado e, pela boa composição da história, produz um interessante gancho que fundamenta o quanto o vilão tem uma visão perversa.

A partir de primeira sequencia, a franquia se torna um laboratório de sadismo, o que nos faz pressupor que, talvez, as outras qualidades desta produção sejam apenas um acaso fortuito.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Jogos Vorazes

(The Hunger Games, 2012) 
Diretor: Gary Ross
Elenco: Jennifer Lawrence, Elizabeth Banks, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Stanley Tucci, Amandla Stenberg, Willow Shields, Isabelle Fuhrman, Donald Sutherland

Durante a saga Harry Potter a indústria cinematográfica observou a potência de narrativas literárias juvenis como fonte de inspiração e arrecadação de bilheteria. O resultado foi uma explosão de filmes de fantasia, com estúdios tentando aproveitar o sucesso do bruxo lançando histórias com temáticas similares. Nenhuma emplacou  por conta de seus argumentos fracos.

O primeiro contato que tive com Jogos Vorazes foi a constatação de quão semelhante era seu argumento em relação ao mangá / anime / filme Battle Royale, lançado anteriormente a esta trilogia utilizando a história de uma batalha entre adolescentes.

Baseado na obra de Suzzane Collins, a trama é situada em um mundo dividido em doze distritos ao redor de uma cidade central. Para evitar a rebelião das regiões, todo ano é realizado os Jogos Vorazes do título em que dois participantes de cada distrito são colocado em uma gigantesca arena monitorada por câmeras para lutarem até que haja apenas um sobrevivente.

A história se passa em um futuro em que a América do Norte foi destruída e as riquezas da nação são concentradas em sua cidade central. A ação dos jogos vorazes é apresentada na televisão, sendo não só um meio de cada distrito torcer por sua equipe como faz parte de um dos entretenimentos mais tradicionais da população.

A reflexão entre violência e realidade vigiada é pontual em meio a uma época em que canais especializados em reality show expõe a vida de anônimos em temáticas diferenciadas para todo tipo de público. Porém, o objetivo dessa produção é mais centrado nas duas personagens que disputam os jogos: Katniss Everdeen e Peeta Mellar. Toda a ambientação em potencial que poderia, além de divertir, ser uma reflexão crítica, se torna apenas a base para apresentar o drama de tais personagens, Katniss que assume o lugar da irmã mais nova na competição e Peeta, apaixonado pela garota.

Nesse aspecto, se observa a necessidade de formatar a trama para um alcance mais amplo. Sem violência ou reflexão demais. Retirando aspectos que dariam mais profundidade a trama e que, se bem trabalhados, não destruíram a intenção inicial do longa que é ser um dos grandes sucessos da temporada americana.

Os leitores do livro, afirmam que a obra original é mais densa e violenta. Resta saber se os produtores da continuação apresentarão melhor estes elementos ou se darão prosseguimento a uma estética mais plástica, rasa, que só se completa como entretenimento.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O Segredo da Cabana

(The Cabin in the Woods, 2011)
Diretor: Drew Goddard
Elenco: Kristen Connolly, Chris Hemsworth, Anna Hutchison, Fran Kranz, Jesse Williams, Richard Jenkins, Bradley Whitford, Brian White, Amy Acker, Tim De Zarnn

O ano de 2012 foi excelente para Joss Whedon. Ao mesmo tempo que foi super aclamado pelo roteiro e direção em Os Vingadores, escreveu uma excelente história de terror que, não por acaso, tem conquistado uma legião de fãs.

Ao se tratar de um filme de terror, saber menos é sempre mais interessante. Confesso que raramente leio sinopses de filmes com medo de descobrir detalhes antes de assistir ao filme. Assim, o que conheci de O Segredo da Cabana foi um belo poster que brincava com a ideia de uma cabana para montar, como um cubo mágico, e notícias afirmando que era uma produção recomendada para se assitir pela excelente história. Considerei o panorama atual do terror, indagando-me se seria mesmo um argumento tão interessante ou apenas um burburinhos de críticos tentando levantar um filme com má qualidade.

É difícil apresentar sua sinopse sem apresentar nenhum detalhe específico que estrague a diversão. Portanto, é necessário saber apenas que o filme é uma homenagem aos filmes de terror. Com grande apuro, Whedon revisita o conceito de terror, principalmente a vertente atual, e, ao mesmo tempo que compõe sua trama, estabelece uma homenagem crítica. Se tornando complicado catalogá-lo como um mero filme de terror, pois sua narrativa quebra este conceito diversas vezes, ainda que o medo prevaleça como sensação primordial.

A ambientação está presente, a maneira parcial de apresentar a história e com isso aterrorizar o público também. O diferencial é a potência da história implícita no meio assustador. Caminhando de segmento a segmento, diretor realiza uma trama que tem sua história mas é, ao mesmo tempo, todas as histórias de terror. Não sendo exagero chamar está excelente produção de um meta filme, dialogando com o próprio gênero.

Mais do que criar uma teoria sobre o gênero do terror, como algumas personagens de outros filmes fazem, Whedon coloca a própria teoria em prática, o que explica porque a produção conquistou tanto público. A maneira fluída que conseguiu encaixar a crítica, dentro da história de terror, completa o filme além produzir genuína tensão no público. E nos fazendo inferir que talvez o terror de hoje está esgotado e precise de renovação.

Infelizmente, a produção não será lançada nos cinemas brasileiros. Foi programada mas a Universal decidiu lança-lo direto em home vídeo em breve. Uma pena, pois produções de terror sempre tem boa recepção de bilheterias e uma história como essa mereceria ser vista na tela grande.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Fuga de Los Angeles

Blu Ray Americano
(Escape From L.A., 1996)
Diretor: John Carpenter
Elenco: Kurt Russell, Cliff Robertson, Stacy Keach, Steve Buscemi, Peter Fonda

Quinze anos após o projeto inicial, Snake Plinsken retorna em uma história que nada acrescenta de novo a anterior. O presídio de Nova York cede lugar para Los Angeles, ambiente devastado por uma catastrofe natural, transformando-se em local para exilados pelo sistema.

A vigilancia governamental inferida na primeira produção tem maior rigidez. Com ela, nascem grupos contra o sistema, como um famoso terrorista chamado Cuervo Jones, aliado a filha rebelde do presidente, que sequestra um aparato tecnológico capaz de ameçar toda a nação.

Entra em cena novamente o mau necessário para resolver o problema. A figura de Plinsken, quase monossilábica, é a única que se mantém firme ante a uma trama mal resolvida. Mesmo modificando o cenário, a história e os conflitos são os mesmos, porém, intensificados para nos passar a sensação de grandiosidade.

Se em 1981 a produção possuia, na medida do possível, uma base de efeitos especiais, a sequência não teve o mesmo cuidado, parecendo uma produção de baixo orçamento. Somente essa afirmação para justificar tantas cenas mal feitas com recursos primários.

Poderia ter sido até um filme mediano em homenagem ao clássico oitentista, mas este retorno é descartável e aponta que a década de noventa não foi boa para John Carpenter que passou anos realizando produções medianas, salvo Vampiros (1998), até o final da carreira que, aparentemente, está finalizada.


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fuga de Nova York

(Escape from New York, 1981)
Diretor: John Carpenter
Atores: Kurt Russell, Lee Van Cleef

Fuga Para Nova York é um dos grandes filmes de John Carpenter e sempre lembrado na lista de boas produções da década de oitenta. Misturando ação com ficção scientífica, a ação se passam em 1998, em um futuro em que a ilha de Manhattan tornou-se uma gigantesca prisão que governo só monitora pelo exterior.

Devido a um atentado contra o avião do presidente dos estados unidos, o veículo faz pouso forçado dentro da prisão e precisa ser regastado a todo custo. Snake Plisken, um famoso bandido local, é obrigado a realizar o salvamento.

Kurt Rusell já havia trabalhado com Carpenter anteriormente e realizam mais uma parceria bem sucedida. A criação do anti herói que mal falava tornou-se icônica pela cara mal encarada e o tapa olho característico.

Ao assistir um filme de ação antigo nota-se que as sequências são diferentes das compostas hoje. Ainda não havia apreço por cenas de lutas coreografas como balé, nem utilização de cortes rápidos. A produção tem somente um conciso polo de ação – o resgate do presidente – e nesta situação que desenvolve pequenos conflitos e embates que surgem no caminho do resgate.

Snake Plinsken, mesmo silencioso a maior parte do tempo, é um personagem interessante que carrega em si a simbologia de um nome feito nas ruas, a partir da tatuagem de cobra que tem na barriga. Mesmo tendo estrelado apenas dois filmes foi marcante o suficiente para sempre’ estar na memória de cinéfilos e de listas sobre heróis de ação.

A ambientação de Nova York suja e desolada, um esgoto para os bandido, é bem retratada e demonstra o talento que John Carpenter possui. Embora ainda vivo, parece aposentado. Seu último filme, Fantasmas de Marte, foi lançado em 2001 e foi um fracasso retumbante de público.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Para Sempre

(The Vow, 2012)
Diretor: Michael Sucsy
Elenco: Rachel McAdams, Channing Tatum, Sam Neill, Scott Speedman, Wendy Crewson, Jessica Lange

A popularidade de Nicholas Sparks também causa incômodo. Muitos afirmam, com certa razão, que seus romances são variações do mesmo tema, utilizando-se de um argumento sempre romantico, as vezes exageredamente romântico, cujo objetivo primário são as mulheres, grandes consumidoras deste estilo.

Autor de grande sucesso, fazendo-o um vendedor de best-seller, tem diversas obras adaptadas para o cinema, algumas realizada há mais de cinco anos. Embora ainda não tenha sido leitor de nenhum de seus romances, as adaptações me fazem inferir o padrão de sua composição narrativa.

Dessa maneira, gosto de como o autor conduz sua história de amor, sem medo de ser piegas, entregando momentos de uma relação que, normalmente, se realizam em pequenos atos a dois e, fazendo destas lembranças, uma consagração maior para a história. Não que tenha gostado de todas as produções que vi, porém, é um autor que não deve ser ignorado simplesmente por escrever histórias românticas de gosto popular.

Para Sempre apresenta mais uma de suas histórias de amor. O diferencial, desta vez, é que a base vem de uma história real, mesmo que muitos associem este mesmo argumento ao excelente Diários de Uma Paixão. Na trama, Paige sofre um acidente que resulta em uma perda de memória recente, esquecendo todo o relacionamento que vive com Leo. Dia após dia, o marido tenta reconquistar a esposa, fazendo-a a lembrar da história de amor que vivem.

Embora a trama possa lembrar a comédia Como Se Fosse a Primeira Vez, o tom não é de humor. A angústia de não mais reconhecer parte de sua vida é exposta de maneira dramática e entristece por vermos uma sobrevivente de um acidente que não se recorda em nada de parte de sua vida.

A história real foi o ponto de partida para Sparks escrever este drama, que justamente por sua base aumenta a curiosidade em conhecer a respeito de um amor que, mesmo sem lembrança, lutou para se recriar.

Mesmo que a história tenha mais potêncial do que de fato sua realização, é expressivo a existência de um escritor que fale sobre o amor de maneira tão franca a todos sem medo de soa excessivo ou ruim. O abuso do melodrama é essencial parao reconhecimento e a emoção que, inevitavelmente, vem.

Há outras adaptações do escritor melhores desenvolvidas, porém, ainda assim, vale pela maneira livre de se falar de um dos temas mais universais desde que o homem desenvolveu a escrita.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Repomen - O Resgate de Orgãos

(Repo Men , 2010) 
Diretor: Miguel Sapochnik
Elenco: Jude Law, Liev Schreiber, Forest Whitaker, Alice Braga

Baseado na obra de Eric Garcia – também autor do livro que inspirou o filme Os VigaristasRepoman – O Resgate de Orgãos é uma tradicional produção de ficção científica que avança a linha temporal, apresentando um futuro mais sombrio, como uma reflexão crítica a sociedade. O avanço tecnológico e o consumo desenfreado deram abertura para o comércio de transplante de órgãos cibernéticos. A Union salva vidas de quem pode pagar, caso contrário, retiram os órgãos dos inadiplentes, função dos coletores.

Jude Law é Remy, um dos melhores coletores da empresa. Prestes a mudar de vida pela família, sofre um acidente e recebe um desses órgãos mecânicos. Ao falhar em sua missão seguinte, percebendo que, mais do que recuperar um órgão, retira a vida de uma pessoa, Remy desiste da profissão. Sem pagar seu transplate começa a ser procurado pela polícia. Mudando de lado, a personagem verifica como a lei é rígida do lado mais fraco. Ao adentrar no submundo a procura de maneiras de burlar a lei, encontra-se com Beth, uma mulher também foragida, começando uma relação.

A trama coloca a personagem contra as engrenagens do sistema, mas a personagem de Law não é carismática. Suas motivações são compreendidas, mas não parecem fortes suficientemente para sustentar este longa metragem. É possível inferir diversas outras alternativas para a personagem que poderiam envolver o mesmo conceito sem a repetida história de um alguém contra um sistema.

Estranhamente, na parte final a ação, que permeou apenas poucas partes da história, é recebida com peso, em uma sequencia interessante cheia de violência que, por este detalhe, destoa da intenção do longa. Como maldição de filmes contemporâneos, a credibilidade é ainda menor quando percebe-se uma reviravolta que, evidentemente, anula metade do que aconteceu do filme e não tem nenhum resultado espetacular, deixando o público com uma cara de quem foi enganado e não gostou.



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Lanterna Verde

Blu Ray Britânico
(Green Lantern, 2011)
Diretor: Martin Campbell
Elenco: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard, Mark Strong

Por causa da trilogia Batman e de Superman – O Retorno, costumou-se afirmar que a DC Comics trabalhou nos cinemas de maneira diferente que a Marvel. Entregou seus personagens na mão de diretores autorais, ou ao menos com um estilo evidente, que pudessem apresentar seus heróis sem abrir mão de suas características como diretor.

Depois de uma série de hérois que caminharam dos quadrinhos para as telas de cinema, parece piada afirmar que este ou aquele é um grande heroi, todos sempre ganham esta alcunha em suas adaptações. Porém, sem dúvida, Lanterna Verde é um dos mais importantes herois da DC Comics, ao lado de Batman, Superman e Mulher Maravilha. Um personagem querido que precisava de um filme a altura.

A primeira impressão que Lanterna Verde nos passa é de que roteiristas leram os quadrinhos, se o leram, com certa preguiça. Mesmo que se compreenda que transpor uma história em quadrinhos no cinema gera algumas adaptações, é problemático quando elementos que definem a personagem são deturpados de alguma maneira. O piloto Hal Jordan visto nas telas não parece em nada com aquele visto nos quadrinhos, perdendo sua rica mitologia em um filme de aventura.

Não há como não comparar este filme com o estilo de produções da Marvel, que buscaram em diversos personagens uma história mais familiar. Esta filme parece utilizar essa formula de humor, ação e par romântico com o extra de ser um heroi consagrado. Para o papel central foi escolhido Ryan Renolds que afirmou gostar da personagem, porém, nem mesmo seu talento como ator dá conta de um papel superficial.

Os efeitos especiais não possuem meio termo: ou são funcionais ou um desastre completo. Não integram a cena com competência, parecendo filmes antigos em que o efeito computadorizado ainda era novo. A roupa do Lanterna Verde, por ser composta de energia, não parece real. Em parte porque, ao traja-la, seus olhos mudam de cor, deixando-o apenas estranho. Em contraponto, a coloração rosa da pele de algumas personagens foi feita no tom. Dando-nos a impressão de que parte da pós-produção foi feita com cuidado e outra as pressas.

A direção de Martin Campbell é quase nula. Vendo está produção é inimaginável que este diretor é o mesmo que revitalizou a franquia de James Bond por duas vezes e ainda dirigiu os divertidos Limite Vertical e A lenda do Zorro (mas que também cometeu Amor Sem Fronteiras e O Fim da Escuridão).

A idéia de formatar a personagem para uma história mais amena retirou o potencial da personagem em um filme raso. E o resultado dessa mudança foi uma baixa bilheteria e a intenção do estudio em gravar outro filme esquecendo o primeiro, sem Ryan Renolds. Com base nisso, é questionável como funciona os produtores na hora de dar sinal verde para um filme. Afinal, mais fácil seria se pensassem com mais cuidado no ínício dessa produção e não trabalhassem na equação de erro e acerto.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Demolidor - Versão do Diretor

(Daredevil, 2003)
Diretor: Mark Steven Johnson 
Elenco: Ben Affleck, Jennifer Garner, Michael Clarke Duncan, Colin Farrell, Jon Favreau, Joe Pantoliano

Nos primeiro minutos de um documentário, que acompanha o primeiro disco desta versão de diretor, um dos editores faz comentários a respeito de sua metragem. Diz que para o lançamento do filme a opção foi reduzir um pouco da ideia original, deixando mais ágil e com mais cenas de ação, diferentemente da ideia do diretor, Mark Steve Johnson, que procurava algo mais denso e fluído, com momentos para explicações e um pouco menos de ação.

Esse pequeno trecho simboliza a diferença entre um editor pago para realizar um filme blockbuster sem se importar com sua qualidade em detrimento a outros que tentam, mesmo em filme neste formato, manter uma base narrativa.

Demolidor foi a primeira adaptação de quadrinhos a ser um sub-produto dos sucessos anteriores. Pouco dinheiro foi investido no projeto, cuja missão primordial era um arrecadamento médio. Sem mais ganas, o resultado desse pensamento se tornou nada promissor. O descompasso é tão claro que o fraco diretor lançou sua própria edição do filme, com minutos a mais, tentando melhorar a fraca história e recuperar um pouco de sua imagem perante os fãs de quadrinhos.

Mesmo trabalhando com um material bruto inexpressivo, seu trabalho tem um ganho positivo em relação ao original, mas nada excepcional. Os erros desenvolvidos na trama estão concentrados em sua estrutura. Nenhuma edição poderia salva-la.

A começar pela obtusa escolha do elenco. Como colocar o gordinho Ben Aflleck para fazer o ágil demolidor quando, por ator cogitado na época, Matt Damon seria mais indicado para o papel até fisicamente. Sem deixar de lado excessos de liberdade poética transformando o rei do crime em negro e um patético Mercenário, grande vilão do Homem Sem Medo, em um patético personagem nas mãos de Collin Farrell, que despontou em um filme de Joel Schumacher e, depois de entregar mais uma atuação competente, vem desapontando desde então.

Com um pouco mais de duas horas de duração, a nova edição deixa a trama mais explica, tentando se aprofundar no drama de Matt Murdock. Mas a falta de credibilidade que Affleck passa, de um cego canastrão, não dá espaço para que compreenda-se seu heroísmo.

É lamentário que um personagem tão excelente como Demolidor tenha sido o escolhido para ser o primeiro filme B de quadrinhos, elemento parecido que aconteceria com Quarteto Fantástico mas, dessa vez, voltado ao entretenimento familiar.

Murdock é o heroi que possui uma das carreiras mais estáveis no quadrinho, com sagas memoráveis, além de ser carismático. Nas telas virou uma mistura insossa de senso comum e de atores mal selecionado, que culminam na Electra Natchos de Jennifer Garner.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Irresistível Paixão

(Out of Sight, 1998)
Diretor: Steven Soderbergh
Elenco: George Clooney, Jennifer Lopez, Ving Rhames, Catherine Keener, Dennis Farina, Steve Zahn

Um multi-astro é aquele que, em determinado momento, resolve tentar outros movimentos para sua carreira e abrir novas oportunidades. Sempre que um cantor intenta estrelar um filme, a recepção é receosa, principalmente porque, boa parte dos críticos, torce para que o filme se torne um fracasso.

A cantora Jennifer Lopez é uma daquelas que não desistiu e, ainda hoje, participa de algumas produções. Sua base são filmes românticos cheios de açucar, mas já se arriscou no terror, dramas densos e protagonizou, ao lado Ben Affleck, um dos maiores fracassos de bilheteria de todos os tempos. Diante dessa pequena carreira, que muitos poderiam denegrir como duvidosa, somente Steve Soderbergh seria capaz de reuni-la com um eterno galã para apresentar uma história marginal sobre o amor. 

Baseado na obra de Elmore Leonard - prolífico escritor policial, com filmes e séries adaptadas - a história promove o acaso e encontro entre um bandido em fuga e uma agente penitenciaria que estava no local. A narrativa de Irresistível Paixão - realizada antes do hype em cima de Soderbergh - dialoga bem com um estilo alternativo de cinema sem perder a narrativa sem floreios de Leonard. George Clooney está perfeito como George Clooney, o sexy ladrão sem escrúpulos que não resiste a agente penitenciaria Karen Sisco, em uma trama que, ao colocar personagens em lado opostos da lei, exemplifica que é possível encontrar o amor em qualquer lugar.

A estranheza é um dos elementos centrais da história. O amor que surge de um lugar estranho e que, mesmo assim, produz encantamento por sua condução, pelo acaso bem inserido na história. Os diálogos merecem um destaque a parte, explicitando o estilo de produção que, além das imagens, pede pela atenção das palavras. São doses de ironia bem calculadas, declarações de amor em poucas palavras. Dando-nos uma breve dimensão de como o autor Leonard trabalha suas personagens e situações.

 Soderbergh  utiliza-se do corte de cenas e dos espaçamentos temporais para dar maior agilidade a trama, que não tem medo de utilizar os datados efeitos de imagem congelada para destacar situações de limite. Caminhando do passado ao presente, explicando a motivação das personagens e aprofundando as relações.

Desenvolvendo-se em um ambiente possivelmente hostil, entre diálogos ferinos e uma edição veloz, uma história de amor que beira a marginalidade pelas personagens nada elevadas mas que, como a maioria das história de amor, são encantadoras.



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Bel Ami - O Sedutor

(Bel Ami, 2011)
Diretor: Declan Donnellan, Nick Ormerod
Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Natalia Tena, Christina Ricci, Colm Meaney, Kristin Scott Thomas

O francês Guy de Maupassant é um dos maiores escritores mundiais. Trabalhou com diversos gêneros artísticos, mas se consagrou no romance e nos contos. Sua temática variada sempre aprofundava-se na psicologia das personagens, esboçando traços naturalistas sem perder o viço para realizar críticas contra sua época.

Baseado em romance escrito em 1885, Bel Ami, é uma mordaz crítica a sua sociedade. Retratando a vida de Georges Duroy, um ex-soldado de origens simples que procura ascendência social em Paris, aproveitando-se de seu único bem, a beleza, para conquistar mulheres e obter favores.

A trama universaliza a ideia de que nem sempre é necessário ter uma vocação para conseguir um status favorável. Demonstrando que a beleza e a sedução pode ser a moeda para, pouco a pouco, crescer em uma sociedade movida por aparência. Todas as relações desenvolvidas na história são dúbias, promovidas por intenções não genuínas ou excusas. Não há personagem que saia incólume de manter um segredo para manter sua posição de prestígio conquistada.

O excesso de laços duplos faz a trama complicada por não ser capaz de explorar com sabedoria o lado sedutor da personagem e, ao mesmo tempo, sua consciência de ser um jovem inseguro que, ainda assim, consegue subir na vida a custa de favores. A roteirista Rachel Bennette fez da obra multifacetada de Maupassant uma pequena história de intrigas, falhando na compreensão de seu novelo bem costurado.

Fora da saga dos vampiros, Robbert Pattison apresenta um papel romântico e amargurado. Ainda é cedo para afirmar se o ator possui escopo dramático, embora demonstre com eficiência o vazio e ambivalência de sua personagem. Porém, seu nome como atraí público tem figurado em filmes promissores, embora demorará tempo para que Edward Cullen seja apenas o ínicio de uma boa carreira.

Destituído de toda sua força narrativa, Bel Ami – O Sedutor tornou-se apenas um romance de época com boa direção de cena e figurinos. Sendo melhor se debruçar na obra original – que recebeu uma nova edição pela Editora Liberdade – do que dar atenção a adaptação.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sombras da Noite

(Dark Shadows, 2012)
Diretor: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Michelle Pfeiffer, Chloë Grace Moretz, Eva Green, Jonny Lee Miller, Gulliver McGrath, Jackie Earle Haley, Bella Heathcote, Christopher Lee

A cada nova produção, Tim Burton divide seu público cativo. Grande parcela reconhece que as refilmagens feitas pelo diretor mais mancharam sua imagem do que deram vazão a sua criatividade. O que antigamente era visto como um excepcional estilo com uma parceria consagrada com um ator famoso, hoje pode ser motivo de riso pelo uso constante de Johnny Depp e da esposa Helena Bonham Carter como uma fórmula desgastada.

Torna-se difícil avaliar mais uma de suas produções sem questionar-se o que aconteceu com Burton, que teve fase excelente na década de noventa e, desde a regravação de Planetas dos Macacos, começou a tropeçar tanto nessas adaptações, tidas como obras contratuais, como naquelas de cunho mais autoral.

Após o imperdoável Alice no País da Maravilhas, carregado por seu estilo, retorcendo a história original, Sombras da Noite parecia ser uma história de retorno a sua origem gótica e ainda parodiando a demanda atual de filmes vampirescos. Baseada em uma série da década de sessenta, a trama nos apresenta Barnabás Collins um sedutor que se transforma em vampiro devido a maldição de uma bruxa. Preso em seu caixão por duzendo anos, a personagem desperta e vive as transformações do mundo moderno, reencontrando sua cidade e o legado da família perto da falência, tentando reascende-la na sociedade.

Se o ambiente parece uma retomada daquele primordial, o mesmo não pode se dizer da história. Mesmo com liberdade, o diretor tem que caminhar por uma trilha já fundamentada pela série televisa, o que serve de impedimento para maior escopo criativo. A adaptação cinematográfica não justifica-se pela falta de uma trama interessante que se divide entre o amor e ódio do vampiro e da bruxa que o transformou.

Estranhamente, Johnny Depp está bem em seu papel de vampiro deslocado, deixando de lado a afetação que, desde o Capitão Jack Sparrow, surgiu em suas interpretações, compondo um personagem excêntrico mas realista. Quem permanece sem atrativo é a esposa Bonham Carter. É inexplicável compreender, além dos laços familiares, porque o diretor insiste em usa-la sempre para o mesmo tipo de papel, inserindo-a mais como um dever do que como espaço para a atriz demonstre seu talento.

Torna-se impossível não pressupor que Depp, Burton e Bonham Carter reconheçam o declínio desta parceria. Porém, permanece a impressão de que, uma vez definidos, não há nenhuma vontade de inovação, já que este formato foi funcional diversas vezes. Talentosos todos são, mas parece que estão mais preguiçosos do que nunca.



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

As Mil Palavras

(A Thousand Words, 2011)
Diretor: Brian Robbins
Elenco: Eddie Murphy, Kerry Washington, Emanuel Ragsdale, Jill Basey, Greg Collins, Robert LeQuang, Michael G. Wilkinson, Lyndsey Nelson, Michael Cody Gilbert, Lou Saliba, Clark Duke, Cliff Curtis

O prestígio de Eddie Murphy está em baixa. Em parte, por conta de diversos filmes ruins realizados na última década, fazendo com que está produção tenha lançamento direto em home vídeo no país, sem a possibilidade dos cinemas.

Murphy teve um bom início de carreira, com filmes de destaque e um marco da comédia com Um Tira da Pesada. Porém, sempre em repetições de uma mesma personagem, um homem sorridente e verborrágio, tem se desgastado em tramas familiares.

A personagem de As Mil Palavras repetem o mesmo estilo das anteriores. Na trama, Jack McCall é um agente literário que sempre consegue o que quer. Ao tentar publicar o livro de um guru new age se machuca em uma árvore de seu templo. Árvore que surge em seu quintal como parte de um elo em comum. Fazendo-o descobrir que a cada palavra dita uma de suas folhas caem. Ligados de alguma maneira mística, se a árvore morrer, Jack também irá.

A trama improvável configura mais uma história infantil e familiar do que abrange outros públicos. Jack é o centro do conflito e precisa rever sua conduta para mudar a situação. A história mantem-se no cômico até eclodir no elemento moralizante de redenção.

A limitação de Murphy em não poder falar resulta em muitas caras e bocas que chegam a provocar um sorriso mas nunca um riso verdadeiro. Os naturais contornos de mudança da trama são mais eficientes do que seu elemento cômico, ainda que não pareça bem definido entre comédia ou drama.

Como também comum no estilo, a personagem secundária se destaca. O ator Clark Duke é um nerd, secretário de Jack, cuja personalidade tipifica o estilo. A intenção é criar uma outra personagem que faça rir, mas isso não acontece.

Nos Estados Unidos, a produção foi lançada no começo do ano, quatro anos após ter sido filmado. Indicando que produtores sabiam que tinham nas mãos um produto não muito bom. Sua arrecadação foi pequena e em algum países nem mesmo teve lançamento nos cinemas.

É uma pena se pensarmos que Murphy um dia foi um grande humorista mas hoje parece preso ao personagem que criou há décadas e que nunca conseguiu se desvencilhar.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Procurado

(Wanted, 2008)
Diretor: Timur Bekmambetov
Elenco: James McAvoy, Morgan Freeman, Angelina Jolie, Terence Stamp

A estética de O Procurado vem diretamente influenciada pela trilogia Matrix, porém, lançada em uma época em que o mercado estava saturado deste estilo de ação que contrariava em excesso a gravidade, beirando o impossível, a favor de sua história. Sendo uma das últimas grandes produções a se valer dela.

Baseada em uma história em quadrinhos, é compreensível o uso exagerado da ação, elemento que natural nos gibis mas sempre dissonante nas telas. A mistura de uma narrativa acelerada com uma história bem cartunesca produz um descerebrado filme de ação que, se não levado a sério, tem potencial de diversão. Principalmente porque a personagem central, Wesley Gibson, destoa-se do papel de um herói. Acompanhando a trama com diversas narrativas em off – um provável resquício da obra original – a personagem insere humor ao explicitar o cansaço que sente de seu cotidiano e, dentro do lado cômico, consegue manter a credibilidade a história que gira em torno de um clã de assassinos que no tear do destino recebem missões para destruir alvos potencialmente ruins.

As cenas de ação, presentes na maior parte do filme, possuem uma direção excelente. Não há nenhum take que não seja possível compreender o que se passa em cena, mesmo que sejam pequenas cenas entrecortadas. Demonstrando que o diretor Timur Bekmambetov tem domínio em configurar tais elementos.

Se James McAvoy se revela um bom protagonista perdedor, o mesmo não se pode dizer de Angelina Jolie que continua mantendo seu charme nas telas sem nenhum carisma, sempre passando a impressão de que, por ser Angelina Jolie, não deve ao público uma personagem além de sua pose blasé. Enquanto Morgan Freeman, mesmo em um filme que não necessita de seu alto potencial interpretativo , demonstra talento ao  transitar entre o mais popular e obras dramáticas de peso.

Uma sequencia vem sendo planejada há certo tempo e, recentemente, teve o argumento divulgado. É provável que saia nos próximos anos, mas seria um erro retomar o estilo narrativo absurdo que não está mais em voga em produções do estilo e só traria descrença ao público.