quarta-feira, 30 de abril de 2008

Olhos de Amor e Ódio

Quero apenas estar de mãos dadas, sentindo seu calor. Sabendo que na ausência de seu corpo, os vincos formando minhas mãos são apenas lembretes de que não estas aqui. Quero ser a forma saciável de seus desejos, manancial de mel e sal, do apetite insaciável que tens de me querer como a cobiça deseja o ouro.

Em meu peito sinto o inexplicável, uma fonte mutável e intocada que faz canção a cada segundo. Traz sorriso e me leva as lágrimas a melodia de seus olhos de amor e ódio, pois homem e mulher não vivem apenas de amar e nós, assim também, não viveríamos.

Te quero hoje quanto amanhã. Paciente dia a dia em saber que nessa noite, quando deita o sol, se não te tenho em meus braços, amanhã eles serão sua morada. Pois se nasci, sei que nasci para você minha amada, desejo de amor, ódio e ardor. Vivo para ser seus desejos, emaranhado ao amor como escravo e mestre, atado a minha sede de desejo por ti que não possui rédeas nem escolhas.

Te quero com paciência, vendo as ondas de um solitário mar que há muito naveguei, admirando a fragilidade da espuma que se quebra na praia, habitat que só podemos viver juntos, pois sem amor não somos nada.

Desperto achando que és sonho, mas me acalmo quando ao abrir os olhos observo seu descanso sereno. Tocando lhe a face, fazendo de meus sussurros declarações de amor escondidas pelo seu sono, por sua calmaria.

É onde desejo estar. Dentro de sua calma sem nunca dizer lhe não. Queria ser só de ti, menos meu, mas dentro de mim também grita a vontade de me ser, vivo de carne, osso e sangue. Ser o espírito e a carne, desafiar deuses, ser o filho que desejo ser e o homem de teu seio amado, trezentos em apenas um.

Quero seu bem e seu mal, seu ósculo, seu veneno, quero tudo digerir em meu espírito. Seja bela, seja feia, louca, lúcida, pois também serei a tessitura mais doce e amarga de sua vida. Mas não me dê espinhos, meu amor, que a vida é caminho repleto de castigos, e as dores que já temos no peito são o bastante para sermos infelizes.

Perdoa minha insegurança, medo infantil de perder o ser amado. Perdoa a imprudência de meu amor, por ser ti meu amor primeiro. Perdoa as rugas e cicatrizes.

Eis a matéria de que sou composto, apenas corpo, coração e um amor dilacerado para doar. Aceita meus flancos imperfeitos, meu amor, as dobras de minha carne que já se corroeram, as lágrimas que choro todos as noites quando preciso estar sozinho.

Não me consuma, meu amor, me habite. Me ame com a ternura de uma mãe, a paixão dos amantes, o amor dos velhos enamorados.

Seja minha, pois sou todo seu enquanto desejar.

Araraquara, 30 de Abril de 2008.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Mudando de Planos

A cada dia que passa sinto menos vontade de fazer literatura, e mais vontade de ser apenas um leitor comum.