segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Semana em Filmes (23 a 29 de Agosto)

JCVD (JCVD)

Dir. Mabrouk El Mechri


Sempre é comum nos depararmos com algum ator ou atriz que, por coincidência ou limitação, repete seus papeis diversas vezes em filmes diferentes. O estigma de ser um ator de um personagem só sempre encontra vítimas nos astros de ação, que pouco possuem de talento técnico e, vivendo anos e anos lutando em frente a câmeras, envelhecem e já não possuem o mesmo porte de antigamente.
Jean-Claude Van Damme é um desses astros, oriundos dos anos oitenta, cujo ápice do estrelado já passou há certo tempo e, com a ajuda das drogas, afundou-o por completo. Por uma segunda chance, o belga conseguiu seu lugar, quase exposto ao sol, sobrevivendo no segundo escalão produzindo filmes duvidosos de ação em que se esforça para manter aquela imagem Van Damme que conhecemos, mas que, ao assistirmos, é nítido que sua força não é mais a mesma.
A produção JCVD é a expiação de seus pecados. Um meta-filme que mostra um aspecto novo, nunca antes mostrado entre as cenas coreografadas de suas lutas: a de um homem normal. Refém em meio a um assalto de um banco em seu país natal, todos reconhecem a fama do astro mas, na realidade da trama, Jean-Claude não pode salvar os reféns – e a si mesmo – apenas com os próprios punhos. A trama cria um limite entre a personagem lutadora que vemos em seu filme e um homem comum que paga suas contas e tem como trabalho parecer o homem durão em toda produção que filma.
A sensação clara é que Van Damme está cansado de ser quem é. Cansado de expor essa imagem impenetrável quando, aos 49 anos de idade, o fôlego para realizar um plano-sequência é bem menor do que quando iniciou sua carreira.
Porém, é inegável que, não importa qual produção média ou ruim – para não dizer algo pior - o ator apareça, ele o faz dando o máximo de si. Muitas vezes, ao que se deduz por essa produção, quando nem mesmos seus realizadores estão levando tão a sério as cenas de ação.
Os leitores desse blog que acompanham semanalmente as análises na Semana em Filmes sabem meu apreço por Van Damme. Talvez sua honestidade, agora explicita nessa produção, foi o que mais chamou-me atenção nos astros de ação decadentes dos anos oitenta. Não quão inadequado ou patético é a produção, é perceptível que Van Damme repete seu papel pela milésima vez, mas como se fosse a primeira.
JCVD não é a obra prima que dizem, mas lava a alma do astro e merece destaque pelo monólogo que o ator faz direto para as câmeras.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

House M.D. - Sexta Temporada, Fotos Promocionais

Divulgado pela Fox americana há alguns dias atrás as primeiras fotos promocionais da nova temporada de House. Para vê-las, bastas clicar no link abaixo para um álbum criado exclusivamente para a ocasião e que, conforme o lançamento de novas fotos, será abastecido.

Embora a qualidade das fotos com o Dr. House seja sempre boa, achei inferior se comparada com as da temporada passada. Com fotos não tão comuns e ousadas. Nessa primeira leva de fotos a melhor é a com a chuva de remédios que mantém o espírito irônico da série.

Como se nota pelas fotos, House está com a barba e o cabelo mais bem aparados, ainda que com a aparência amarrotada de sempre.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

The Big Bang Theory, Primeira Temporada


A inteligência é a nova beleza

Não é de hoje que a conhecida cultura nerd é referência nos cinemas ou na televisão. Normalmente encontra-se centrada em um personagem, sempre bem representado, que ganha destaque – e risos – por ser travestido com os clichês do gênero: óculos, extrema devoção a mitologias e séries clássicas, dotado de um vocabulário próprio e com um leve deslocamento geral de sua turma.

É com esse elemento conhecido que Chuck Lorre, o responsável por Two and a Half Man e, por conseqüência, aquele que mantem ainda ativa a comédia de situação nas séries americanas, apresentou há dois anos atrás a série The Big Bang Theory, que também possui uma tradução no Brasil, como Big Bang – A Teoria, mas que não pegou.

Falar sobre o universo nerd causa um difícil problema, pois a definição daquilo que é nerd ainda é uma resposta arenosa. Assim, mantemos a análise com base na definição da Wikipedia a respeito: “Nerd é um termo que descreve, de forma estereotipada, muitas vezes com conotação depreciativa, uma pessoa que exerce intensas atividades intelectuais, que são consideradas inadequadas para a sua idade, em detrimento de outras atividades mais populares. Por essa razão, um nerd é muitas vezes excluído de atividades físicas e considerado um solitário pelos seus pares. Pode descrever uma pessoa que tenha dificuldades de integração social e seja atrapalhada, mas que nutre grande fascínio por conhecimento ou tecnologia”.

É nesse universo que encontra-se quatro amigos que, além de possuem gostos em comum por gibis, videogames e computadores, são estudante de física e possuem mestrado e doutorado. Em outras palavras, são nerds por completo.

Sem causar agressão contra a cultura nerd, ainda mantendo-se em uma maneira caricatural, a série tem em seus quatro personagens facetas bem diferentes entre si. Desde o brilhante Sheldon, extremamente analítico, não compreendendo as relações humanas, até Leonard, seu melhor amigo, companheiro de apartamento que é apaixonado por sua vizinha, Penny.

A primeira temporada da série sai-se melhor do que a de Two And a Half Man. Em poucos episódios as personagens são bem definidas, dando espaço para as situações absurdas e o humor discorrer entre elas.

Sem sombra de dúvida, o elenco é também responsável pela cadencia da série. Ainda que todos estejam muito bem interpretando seus papéis, sem dúvida o destaque vai para o ator Jim Parsons, interprete do metódico Sheldon Cooper. Sua personagem é responsável por grande partes dos momentos engraçados da série e o ator concorre esse ano ao Emmy, merecidamente, por esse papel.

Por conta da greve de roteiristas que gerou problemas na indústria há dois anos, a primeira temporada possui apenas 17 episódios. O que não é ruim, já que manteve uma integridade maior para uma primeira temporada lhe dando uma incrível temporada inicial.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A Semana em Filmes (16 a 22 de Agosto)

Mulheres, O Sexo Forte (The Women)

Dir. Diane English


Há uma frase popular que afirma que de boas idéias até mesmo o inferno está cheio. Uma prova de que em qualquer lugar é possível extrair bons argumentos mas realiza-los é um processo bem diferente.
Baseado em um livro e no filme homônimo da década de 30, Mulheres, O Sexo Forte tem como destaque uma produção em que somente mulheres aparecem em cena. Infelizmente nem mesmo o carisma de Meg Ryan, um tanto desbotado pelo tempo, consegue trazer algum sabor a essa comédia pequena e insossa.
Na trama, sua personagem passa por maus bocados, desde perder o marido para uma mulher mais nova e bonita – Eva Mendes – a ser demitida do emprego de estilista de moda na empresa do pai.
O tal título brasileiro do filme é justificado pela força que não só ela, mas suas amigas em questão, dão para que ela consiga prosseguir. Denominando, assim, o tal sexo forte.
Mas passou tão apagado que se estreou nos cinemas daqui, nem teve nenhum alarde.





Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (Confessions of a Shopaholic)

Dir. P. J. Hogan


Até mesmo no trailer da produção, o exagero quanto a sua narrativa era visível. Sua personagem principal apresentada nos poucos minutos da prévia era, além de rasa, histérica e afetada demais. Parecia-se muito com uma produção focada para um público bem específico, como um sub-produto de boas produções que usam a moda como tema, como o recente O Diabo Veste Prada.
Ao assistir ao filme, as impressões do trailer se confirmam na interpretação estranha de Isla Fisher, a Becky Bloom do título brasileiro. Criada desde pequena a não se importar com os bens materiais, ao crescer se torna uma viciada em compras e, ao acumular dívidas após dívidas, decide dar um rumo aos seus problemas tentando procurar um emprego.
Acrescente a trama comum as trivialidades dos acontecimentos inesperados, de que a garota, sem saber nada sobre o mundo dos negócios consegue um emprego como colunista. Um personagem masculino que com sua elegância tentara conquistá-la e retirá-la de seu universo consumista e a formula está quase pronta.
O filme é uma produção baseada em uma série de livros de sucesso. Ao que me consta, pelo que pude apurar com uma amiga, leitora dos livros, a Becky Bloom original nada se parece com a atrapalhada e esquisita personagem das telas, transformando um bom romance em uma trama insossa, fácil de ser digerida pelo público jovem, o provável público alvo dessa produção.





Sideways - Entre Umas e Outras (Sideways)

Dir. Alexander Payne


Impossível não comparar esta produção com o gosto que muitos tem por saborear vinhos. Muitos fazem disso um ritual, observando textura, cheiro, sabores encontrados na bebida, outro a ingerem como se fosse água. A disparidade desses conceitos podem também ser encontradoa nessa produção, um filme sensível e delicado que, como um vinho, precisa ser observado e apreciado com atenção e calma. Em outras palavras, é evidente que alguns criticaram o filme por ser parado ou qualquer definição estúpida daqueles que não sabem apreciar uma boa produção e só esperam um emaranhado de cortes e cenas rápidas.
Sideways – Entre Umas e Outras reúne dois amigos, Miles Raymond, um escritor e Jack, ator de comerciais, em uma viagem as vinículas dos Estados Unidos, um presente de despedida de solteiro para Jack, que irá casar assim que voltarem.
A trama reúne dois personagens peculiares: Miles Raymond, interpretado magistralmente por Paul Giamatti, um homem frustrado em meio a uma gigantesca crise por ver seu casamento desmoronar e, profissionalmente, não ter seu livro publicado por nenhuma editora; e Jack, na pele do Thomas “Homem Areia” Hayden Church, muito eficiente em seu papel, um mulherengo de primeira que embora irá se casar no final de semana, quer transformar seus últimos dias de solteiro em algo inesquecível.
Na semana que passamos ao lado das personagens, ao passar dos dias, ficamos mais e mais perceptíveis as suas falhas. Inicialmente o que deveria ser a melhor semana para Jack, acaba se tornando um pesadelo sem fim para Miles, que faz da viagem uma procura de si mesmo.
O filme ganhou o oscar de melhor roteiro adaptado, concorrendo a mais quatro categorias, incluindo melhor filme. Levou o Globo de Ouro de Melhor Filme – Musical ou Comédia e Melhor Roteiro e mais quatro indicações, O Bafta de melhor roteiro adaptado e o Independent Spirit Awards, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Paul Giamatti), Melhor Ator Coadjuvante (Thomas Haden Church), Melhor Atriz Coadjuvante (Virginia Madsen) e Melhor Roteiro.
Sensível, inteligente e um dos filmes quase esquecidos de 2004, Sideways – Entre Umas e Outras é uma produção de uma ótima safra e precisa ser degustado. O romance de Rex Pickett, de onde originou a produção, também foi lançado por aqui pela editora Rocco, com o título Amigos e Vinhos, Mulheres a Parte.





Três Vezes Amor (Definitely, Maybe)

Dir. Adam Brooks


Ainda que muitas produções saiam, atualmente, em uma forma pré-definida de clichês e acontecimentos, é bom quando nos deparamos com uma comédia romântica sensível que tráz um novo suspiro, tentando fugir da habitual lenga lenga que conhecemos de outros festivais.
Da mesma produtora de Quatro Casamentos e Um Funeral, Um Lugar Chamado Notting Hill e O Diário de Bridget Jones, Três Vezes Amor foi uma boa surpresa nesta semana.
Ryan Reynolds já comprovou ser um bom ator. Tanto em sua face dramática – como no sério, e um tanto problemático Um Segredo Entre Nós – como em interpretações mais leves como nessa produção.
Reynolds é Will Hayes, pai de Maya Hayes, a criança fofa Abigail Breslin - que ainda continua sendo uma boa atriz mirim parecendo uma criança e não uma mini adulta como se vê por aí -. Com os pais prestes a se separarem, a garota Maya pergunta ao pai como e quando conheceu sua mãe e, a partir dessa pergunta simples, Hayes reconta a história da sua vida e de seus amores mas alterando seus nomes, para que a pequena Maya, como um desafio, possa descobrir quem daquelas moças seria sua futura mãe.
É como uma longa história de ninar que conhecemos o passado de Hayes e seus amores que vem e vão. Em vários pontos da narrativa, a filha interrompe dando suas contribuições, perguntando e reclamando sobre o passado mulherengo do pai. E assim, o mesmo simples argumento, ganha um novo contorno que dá fôlego a produção.
É uma pena que a tradução do título tenha perdido a idéia inicial do filme. Imagino que os tradutores acham que “Definitivamente, Talvez” seja uma expressão de difícil compreensão para o público brasileiro e a preferência pelo óbvio, Três Vezes Amor fosse mais fácil. Assim, desde o título da produção, o conceito de que tudo é volátil e definitivo surge como um questionamento que os amores do filme exploram muito bem.
Analisando os amores na vida de Hayes, é impossível não concluirmos que tudo criado na vida possui bases sólidas ao mesmo tempo que fáceis de desmoronar. Que tudo pode ser agora, tudo pode ser definitivo, ou talvez.
Mais uma boa produção de um gênero tão maltratado pela industria que insiste em lançá-lo sempre com a mesma formula.





A Haunting in Connecticut (A Haunting in Connecticut)

Dir. John Kavanaugh


Logo após assistir ao duvidoso filme de terror Evocando Espíritos, descobri que tal história se baseava em fatos reais e que um documentário do canal Discovery fora realizado narrando – de fato – esses acontecimentos.
Essa é a história de A Haunting in Connecticut, um documentário tradicional sobre uma família que se muda para outra cidade devido ao tratamento de câncer de um dos membros da família por encontrarem uma casa próxima ao hospital, descobrindo depois que tal casa era uma funerária. A maior parte da produção é narrada e uma cena refazendo os passos da família é interpretada no decorrer da ação. Poucas vezes podemos ouvir a própria voz das testemunhas e apenas dois dos familiares dão seu depoimento direto para as câmeras, mas escondidos em uma sombra, para preservar sua imagem de um trauma severo e desgastante.
Pode parecer absurdo, mas tudo aquilo que o filme baseado nesta história não foi capaz de assustar, a narrativa real causa. Há muitas disparidades em relação ao filme, que tentou com muito exagero ampliar o que, de acordo com uma especialista que aparece em cena, definiu-se como um simples caso de possessão.
O tom solene em que a história é apresentada e narrada, sem procurar causar sustos fáceis, começa a aterrorizar quando os depoimentos da família, em pânico, tentam relatar o que de fato ocorreu na derradeira noite antes de deixarem a casa.
A grande disparidade entre filme e documentário prova que muitas vezes é melhor assistirmos uma obra original do que um argumento que surgiu de outro. Pois as vezes um se torna um remendo mal feito do outro.





Desejo e Reparação (Atonement)

Dir. Joe Wright


Um dos melhores filmes do ano de 2007, Desejo e Reparação é uma daquelas produções com trama pesada e densa, despertando em seu espectador uma sensação incomoda, impossível de ser ignorada tamanha sua pungência.
A narrativa concentra-se na tola Brionny Tallis que aos 13 anos de idade acaba por destruir sua família, despedaçando-as para rumos não imaginados. Talvez dizer mais a respeito da trama, seja revelar minúcias que são mais saborosas se descoberta pelo próprio espectador.
O filme foi baseado no livro Reparação do escritor britânico Ian McEwan, um dos grandes autores da contemporaneidade. Não só nessa obra, como em algumas outras em questão, é notável o apreço que o autor tem em fazer um embate entre ações e palavras. As verdades que pensamos e as mentiras que podemos contar. Como comprova o cartaz americano do filme que diz que podemos apenas imaginar a verdade.
Utilizando-se nessa trama toda a delicadeza e violência da guerra, a transposição para a película foi feita com primazia e mínimos detalhes. Sabendo mostrar os momentos introspectivos e também diferentes pontos de vista da história narrada. Sem contar a beleza e boa atuação do casal principal, Keira Knightley e James McAvoy, e também da pequena Saoirse Ronan.
Desejo e Reparação é uma obra amarga e brilhante.


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

In Treatment - Em Terapia, Segunda Temporada

A excelência de uma inovadora série que preza o diálogo

Mais de uma vez, já foi dito nesse blog que o canal pago HBO é responsável por grandes séries que saem no mercado americano. Por conta de possuir muitos assinantes, dinheiro em caixa, o canal, não só realiza produções de alto custo, como consegue sempre trazer inovações a um mundo já enriquecido nos últimos tempos como os dos seriados.

Baseada em uma série israelense, In Treatment , no Brasil, Em Terapia, mostra o cotidiano, de segunda a quinta, de quatro pacientes do terapeuta Paul Walker. Durante a série, assistimos sua sessões de terapia como testemunhas oculares e, algumas vezes, somos convidados para conhecer um pouco mais sobre o outro lado do divã, e saber o que se passa na vida do próprio analista, quando Paul visita sua mentora e terapeuta, Gina.
Com um roteiro bem elaborado, assinado por Rodrigo Garcia – filho do famoso escritor Gabriel Garcia Márquez – a série concentra-se apenas na ação que se passa no consultório. Dando-nos a mesma sensação do analista que, a cada semana, recebe seu paciente e tenta trabalhar, sempre de maneira gradual, os problemas que surgem durante o diálogo.
A série tem como personagem central o terapeuta Paul Walker, magistralmente interpretado por Gabriel Byrne. Talentoso e capaz de mostrar todas as minúcias expressivas de sua fala e também esconder ou demonstrar quando a vida do terapeuta está mais pesada que a conversa do divã.
Como em uma terapia, onde algumas sessões são mais produtivas que outras, há semanas em que um personagem se destaca mais que outro. Assim, é difícil escolher um ponto alto entre as personagens. Conforme descobrimos suas histórias os pontos altos e baixos se formam, tecendo uma teia de informações que se expande a cada episódio. Não estranhe se, em certo momento, você tentar acompanhar o raciocínio das cenas, tentando adivinhar os comentários do analista Paul.
A série fez o ator Gabriel Byrne levar o Globo de Ouro de Melhor Ator em série dramática, bem como para a atriz Diane West (Gina). O ator também concorre ao Emmy desse ano na mesma categoria.
A segunda temporada de Em Terapia está no ar na HBO. Ainda não há previsão para o lançamento do dvd da primeira temporada aqui no Brasil.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Dr. Mouse, a sátira da Disney sobre House

Lembro-me que no começo desse ano, alguns fóruns especializados sobre a série House M.D. circularam uma imagem bacana sobre o rato mais famoso do mundo, Mickey Mouse, fazendo uma paródia com a série. Como na internet, de inicio, é difícil saber se as paródias são, de fato, reais ou não, demorou um pouquinho até descobrir que tal paródia era verdadeira e oriunda da Disney da Itália, um dos centros mais criativos em relação aos quadrinhos do mundo Disney.

Eis que esse mês a Editora Abril coloca nas bancas as duas primeiras partes – de quatro, no total – de Dr. Mouse. A edição, alem das duas partes da história da capa, traz mais duas histórias inéditas que fecham esse número.

Para os fãs da série que irão comprar a edição pela divertida sátira, fica um aviso. Mickey #803 é uma distribuição setorizada da editora, cujo lançamento ocorre primeiro no Sul e no Sudeste e depois nas demais regiões. Portanto, não se desespere caso não encontre a edição nas bancas se você não está na primeira região.

O gibi tem 48 páginas com o singelo preço de R$2,95 e O Que Dr House Diria? recomenda.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Semana em Filmes (09 a 15 de Agosto)

Colheita Maldita (Children Of The Corn)

Dir. Fritz Kiersch


Quem conhece e admira a narrativa de Stephen King, reconhece uma adaptação cinematográfica de sua obra logo no inicio. Sua ambientação é bem característica, bem como a escolha de não poupar nada para tentar causar horror no leitor.
Infelizmente, poucas de suas obras foram adaptadas com louvor para as telas. Ainda que essa seja considerada uma boa adaptação pelas minhas pesquisas, não consegui encontrar no filme um bom motivo para que fosse considerado genuinamente bom.
A começar pela obra adaptada, o conto As crianças do milharal, de apenas 30 páginas que, em um filme de 90 minutos, deve de ser dilatado e ganhar novas personagens para se sustentar. Evidente que nesse ponto, a boa tensão que King pode causar se perde.
A trama foca-se em uma cidadezinha – um ponto comum na obra do autor – chamada Gatlin, onde dois desconhecidos são obrigados a parar por ventura. A cidade parece abandonada, exceto por um grupo de garotos e de um líder de uma seita que obrigou, 3 anos antes, as crianças a matarem seus pais.
A situação aterrorizante é uma boa premissa, mas a execução chega a falhar. A produção é de 1984 e o tempo a envelheceu um tanto quanto mal. Ainda que o líder da seita, Isaac, continue assustador e bizarro.
A trama de Colheita Maldita gerou diversas continuações, se não me engano seis até agora, o que confirma o potencial da trama. Mas, é de se imaginar, que todas elas fazem parte das tais produções B de filmes de terror.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Clube da Comédia Stand Up


A resenha em questão refere-se a apresentação de 29 de Julho.


É quase impossível não conhecer o Clube da Comédia. Qualquer um que procurou vídeos engraçados na internet, naqueles momentos em que rimos sem parar, já se deparou com um dos vídeos dessa trupe. Afinal, o logo circular com um homenzinho no microfone sempre se destaca na penumbra enquanto seus humoristas destilam seu veneno.

Hoje, então, é impossível não conhecer o Clube que toda quarta feira é casa de dois humoristas que na segunda estão na sua televisão de terno e gravata. Mesmo que saibamos os nomes dos dois, são conhecidos como os CQCs.

Fundado em 2005 por Marcelo Mansfield, Rafinha Bastos, Marcela Leal, Oscar Filho, Marcio Ribeiro e Henrique Pantarotto (Hoje a trupe conta com Mansfield, Leal, Oscar e Gentili), não é de se espantar o sucesso do grupo. O estilo variado de humor resulta em uma apresentação excelente em um grande show onde cada um apresenta um pouco de seu trabalho.

Antes do início do espetáculo, o público é brincado com uma câmera bisbilhoteira que observa um dos camarins. Nele, Marcelo Mansfield e o convidado da noite - Maurício Meirelles, até então desconhecido por mim mas que possui um ótimo trabalho – fazem caretas e escrevem bilhetes para o público entre graças e avisos sobre não ser possível filmar ou fotografar o espetáculo.

Pouco depois do horário previsto, começa o espetáculo. Abrem-se as cortinas sem nenhum cenário e Marcelo Mansfield, fazendo a vez de apresentador, faz sua introdução. Pena que suas aparições sejam apenas nos entre atos, fazendo um elo de ligação entre elas. Pontuando um comentário quando possível e inserindo uma piada aqui ou lá. Ainda que com um espaço em cena curto, seus comentários ácidos sobre a televisão brasileira são incríveis.

A primeira apresentação em si cabe a Marcela Leal, a primeira dama do stand up brasileiro. Sua missão ingrata é esquentar o público que, naquela noite, vinha ao teatro após uma chuva pesada. Suas boas piadas seguem o estilo tradicional, possui bons momentos engraçados, mas não contagiaram todo o público, ganhando focos de risos. Ainda que as piadas finais, sobre futebol, tenham, de fato, aquecido o público.

Os aplausos dobram quando uma dos conhecidos do público é anunciado para vir ao palco. O evidente destaque na revista semanal da família brasileira, o CQC, rende muito carinho para receber Oscar Filho. O pequeno mas expressivo Oscar, que já tive o prazer de assistir e de rir muito em seu solo, Putzgrill..., tem um excelente domínio cômico. Pontua bons momentos de silencio, utiliza a entonação certa para causar riso, e aproveita sua expressão corporal para aumentar o efeito da piada.

Quando Maurício Meirelles entra no palco, com poucos aplausos, sua resposta é imediata: “só porque não uso terno e óculos escuros não mereço aplausos?” E o público reverencia um comediante ainda desconhecido para muitos. Com uma verborragia rápida, Mauricio, carioca, diverte a si e ao público falando sobre a cidade de São Paulo. Seu texto toca pontos comuns das piadas de stand up, mas seu talento prova que é possível falar sobre os assuntos de sempre e, ainda assim, sair-se muito bem. No final de sua apresentação, é possível sentir os aplausos verdadeiros de quem conseguir trazer riso e admiração ao público.

Por fim, é a hora do homem de preto mais polêmico, Danilo Gentili. Ao som de muitos aplausos e gritos femininos efusivos, assim como Oscar Filho, o comediante agradece e retruca em piadas os diversos gritos. Danilo é o comediante que mais transita entre assuntos, caminhando da água para o vinho em minutos sem se importar com uma continuidade coerente. Suas piadas são tão boas que esse detalhe torna-se desimportante. Seus temas são os mais agressivos da noite. O estilo é incisivo mas agrada até mesmo aqueles que, antes do espetáculo, me disseram não gostar de sua persona – aqui em uma mistura óbvia confundindo o que o comediante faz no palco e suas piadas no micro blog twitter ou em outros textos difundidos pela internet – entregaram-se ao riso em seu espetáculo. Agradecendo pela presença, Danilo se despede e o show acaba. Sem bis, sem mais.

Sem dúvida O Clube da Comédia é um dos pontos altos do riso do país. É uma pena que a trupe não excursiona pelo interior – a sorte é que seus espetáculos solos rodam o país, mas quem estiver em São Paulo tem obrigação de conferir o espetáculo se for a favor do riso.

Vale recomendar também o espetáculo Putzgrill... de Oscar Filho, cuja resenha está disponível no site e Nocaute, de Marcelo Mansfield. Dois solos do clube que já assisti.

Alias, na apresentação que fui o canhoto do ingresso do Clube da Comédia dava direito a pagar meia no Nocaute, de Mansfield. Portanto é uma boa oportunidade para conferir um, pagar menos no outro e rir o dobro.