sábado, 21 de março de 2009

A Semana em filmes (08 a 14 de Março)

Semana interessante em que fiz uma sessão especial dedicada ao personagem Hannibal Lecter, imortalizado pelo ator Anthony Hopkins. Curiosamente, antes de assistir a trilogia do canibal, o único filme visto na semana foi uma produção recente também com o ator. O que acabou gerando um curioso e brevíssimo panorama de quatro pontos de sua carreira.


Um Crime de Mestre (Fracture)

Dir. Gregory Hoblit



Semelhanças nunca são coincidências. Você já assistiu a filmes como Um Crime de Mestre. Até mesmo o diretor da produção, Gregory Hoblit, já realizou dois longas que possuem quase a mesma estrutura narrativa. Mas, ao contrário dessas duas boas obras, seu novo filme mescla a mistura comum com atuações em piloto automático.
Na trama, Ted Crawford, personagem de Anthony Hopking, descobre ser traído pela mulher e resolve assassina-la. Mas antes engendra um plano por trás do crime que aparentemente o inocenta de todas as provas. Porém o promotor Willy Beachum, papel de Ryan Gosling, fará o possível para encontrar evidências que comprovem que Crawford foi o assassino.
Se Hopkins não mantivesse sempre o olhar perdido, a cara enigmática como se ainda fosse o Hannibal, o Canibal, e se o elenco a sua volta ajudasse a elevar a atmofesra de um roteiro elaborado com uma idéia ruim, poderia ser bom. Porém, a sensação que se tem é que a trama tenciona ser grandiosa, mas após duas horas desconfortáveis concluímos que não, não é.





O Silêncio dos Inocentes (The Silence Of The Lambs)

Dir. Jonathan Demme


Suspense imprescindível no cinema e sublime por excelência, O Silêncio Dos Inocentes é uma daquelas produções que, sempre quando revistas, nos deixam pasmados por sua perfeita sincronia. Seja em frente das câmeras, nas atuações de Anthony Hopkins e Jodie Foster; atrás das câmeras na direção de Jonathan Demme ou também no roteiro, que realizou uma perfeita adaptação do livro de Thomas Harris com o mesmo título.
Portanto, mesmo com sua trama pesada e violenta, é compreensível que a academia premiasse o filme com 5 estatuetas douradas: melhor filme, melhor atriz, melhor ator, melhor direção e melhor roteiro adaptado. Fechar os olhos, e se silenciar, perante a grandiosidade do filme seria demais até mesmo para a conservadora Academia.
Aos que ainda não assistiram ao filme, e assim cometem um pecado em sua cinematografia pessoal, a narrativa conta a história de uma jovem agente do FBI que procura em um famoso psiquiatra, preso por ser um perigoso canibal, a ajuda necessária para prender um serial killer, conhecido como Buffalo Bill, que retira pedaços da pele de suas vítimas. Cria-se, então, lentamente, um delicioso embate entre a novata agente Clarice Starling e o astuto Dr. Hannibal, O Canibal, Lecter.
A precisão e meticulosidade com que Hopkins desenvolve uma de suas personagens mais famosas é invejável. Mantendo sempre a postura ereta e boa educação ao mesmo tempo em que sempre transpassa uma ira irracional e selvagem em seus olh os e em sua fala pausada.
A diferença entre as personagens pode ser exemplicada em seu primeiro encontro (também uma de minhas cenas preferidas do filme), onde Clarice adentra pela primeira vez o corredor do manicômio para encontrar com Hannibal na última cela e, ao passar pelos outros detentos, vai recebendo insultos e agressões e, nitidamente, sente-se incomodada com isso. Porém, ao encontrar o psicopata doutor, sua expressão muda. Cria-se ali um desafio para sua carreira, uma busca por compreender quem é aquele homem astuto por detrás do vidro blindado.
Um interessante argumento na trama foi utilizar um psicopata inteligente para buscar outro, como se um assassino fosse capaz de compreender e reconhecer seus entes.
O livro que inspirou o filme foi recentemente relançado pelo editora Record no formato Pocket com um preço acessível. Uma boa oportunidade para conhecer a narrativa que inspirou esse clássico icônico do cinema.





Hannibal (Hannibal)

Dir. Ridley Scott


Sete anos após a produção de O Silêncio Dos Inocentes, o escritor Thomas Harris anuncia, em 1999, o lançamento de uma seqüência da história do famoso canibal. Bastou apenas três anos para que Hollywood adaptasse a história, com Ridley Scott na direção.
Nesse tempo, dez anos de hiato, a personagem de Hannibal Lecter ganhou prêmios e prestígio, preenchendo não só listas de melhores personagens, como também ganhando bonecos em miniatura.
Se no primeiro filme Jodie Foster era quem figurava no pôster principal, restando ao canibal aparecer em um pôster alternativo que não fora divulgado mundialmente, é Hannibal que aparece em todas as propagandas e que dá, inclusive, seu nome a produção. Com um bom diretor, um roteiro baseado na obra original de Thomas Harris e Anthony Hopkins de volta ao papel, nada poderia dar errado, certo? Infinitamente errado.
Erros e excessos destroem a narrativa de Hannibal. A inevitável comparação entre o primeiro e o segundo filme, só faz O Silêncio Dos Inocentes se tornar uma produção mais brilhante. Não só há diversas tramas no filme, enfraquecendo-o, como um importante papel, da agente especial Clarice Starling, foi equivocadamente dado à atriz Juliane Moore.
Infelizmente, a sempre competente atriz não consegue preencher a lacuna deixada por Jodie Foster, que chegou a ler o roteiro mas negou participar da produção ao descobrir o desfecho dado a sua personagem.
Como pouca desgraça não é bobagem, até mesmo Hopkins se apresenta de forma equivocada. Enfocando um lado diferente do apresentado no primeiro filme, Hannibal Lecter perde seu aspecto duplo, envelhecendo muito mal. Caricato, afetado, perdendo seu brilho.
Sem mencionar o desfecho da trama – que também está no livro – famoso pelo seu exagero cênico e apelativo, estragando uma vez por todas o requinte criado pelo primeiro filme.
Ressalto também, e confesso que por puro sadismo contra esta produção, a bobagem do efeito especial realizado na última cena após o desfecho, que não possui nada de revelador e por isso será mencionada. Na cena, a câmera fecha no rosto do Canibal, ao som de uma música de suspense. A imagem fica em preto e branco e os olhos da personagem são ressaltadas por um efeito até o corte da cena. A idéia é tão boba e patética que mais remete-se a um filme dos anos 80 – onde ainda se descobriam esses efeitos toscos – do que um filme feito no início do século 21. Encerrando, de forma ruim, a narrativa que poderia, muito bem, não existir.





Dragão Vermelho (Red Dragon)

Dir. Brett Ratner



Um ano após o lançamento de Hannibal foi o suficiente para que os produtores de Hollywood anunciassem uma refilmagem do primeiro livro de Thomas Harris a narrar a história de Hannibal Lecter.
A primeira versão de Dragão Vermelho, dirigida pelo excelente Michael Mann, é anterior ao primeiro filme e, embora elogiada, não possui a enigmática performance de Anthony Hopkins no papel central.
Inicialmente o ator seria substituído por alguém mais jovem, mas uma maquiagem rejuvenescedora foi o suficiente para trazer, pela terceira vez, Hopkins no papel do canibal.
A narrativa de Dragão Vermelho possuí diversos pontos comuns com O Silêncio dos Inocentes. Will Graham, um agente do FBI, pede ajuda ao renomado psiquiatra para resolver um caso policial, assim como Clarice na outra produção. Mas a diferença vital é que a personagem de Graham, interpretada por Edward Norton, é também o responsável pela prisão do canibal. E mesmo com o doutor atrás das grades, sua ajuda parece essencial para resolver o caso do Dragão Vermelho, mesmo que Hannibal aja como um agente duplo. Fornecendo informações para o detetive e também para o assassino.
Assim, é com grande alívio que notamos novamente a personalidade dupla de Hannibal. Sua voz macia em contraponto com seu olhar ferino. Provando que os excessos de Hannibal, o filme, que estragaram as nuances da personagem, e que Hopkins continua afiado em seu papel.
Até mesmo o diretor Brett Ratner, que possui uma carreira de comédias e alguns filmes interessantes mas não tão relevantes, não compromete a narrativa. Fazendo com que Dragão Vermelho reconquiste a elegância que Hopkins imprimiu em sua personagem e também fechando a trilogia – narrada as avessas – em boa forma.
A personagem de Hannibal Lecter também gerou outro filme que narra sua infância, mas quando vi a produção no cinema achei tão depreciativa com a história da personagem, e ruim como um filme, que não tive a vontade de revê-la. De qualquer forma, esse filme também foi inspirado em um livro de Thomas Harris. Portanto, assim que ler a obra, deixo meus comentário aqui e - porque não? - me esforço para assistí-lo novamente somente a cargo de comparação.

2 comentários:

  1. Vou contar uma pequena historia e vou tentar ser breve.
    Era uma vez eu a 4 anos atras e havia esse tal de 3 vozes, eu conversava com algm desse 3 vozes e entao foi postado um texto meu no tal blog. Fato eh que a minutos atras eu nem lembra desse site. Redescobertas estranhas. Pois bem, acho que o 3 vozes pode ter sido o primeiro site/pessoa a gostar de algo queu escrevi e isso para mim tem todo um valor pessoal especial. E como vc foi membro do blog, achei que seria interessante entrar em contato ja que hj em dia eu AINDA escrevo, hahaha. Vcs haviam postado uma poesia minha. Desde aquele tempo eu nao escrevo poesia. Tem um texto que bem eu to com preguica de pegar outro, logo vai ser esse mesmo queu vou mostrar pra vc.

    As cartas que nao te escrevi

    Lembro de todas as cartas que nao te escrevi. Toda uma sensacao oca, abobalhada e eternamente tosca. Quase desapaixonado te li mais uma vez meio que para te fotografar em minhalma e teu verdadeiro nome virou runa nas estalactites de minhas camisas de forca. Agora eu preciso de toda a forca para sentir queu sinto muito mas eu vou partir e que a saudade que tu deixas sao pinceladas de menarca, sao ecos teus reverberando em meus ossos. Eu te amei por angulos indiretos, angulos mortos. Eu precisei tanto de ti e tu sempre ficastes ali, numa delicadeza de borboleta violeta. Eu nao preciso ir, mas eu vou. Eu sinto que se eu ficar a tua tinta tornar-se-a umida e nas mesmas profundezas que tu planificastes no papel eu me afogaria no que eu nao sei de ti, isso seria me engolir em todas as cartas que nao te escrevi. - Filipe Russo a Clarice Lispector.

    para contato: russo.filipe@gmail.com

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  2. Adorei as resenhas...
    Silêncio dos inocentes é uma obra prima, realmente.
    Vou reve-la para ter a sensação angustiante do Hannibal...

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