quarta-feira, 14 de julho de 2010

Arquivo X, Sexta Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

Muito além da verdade, o começo das falhas

Prosseguindo diretamente os acontecimento perpetuados na quinta temporada e no longa Resista ao Futuro, o começo da sexta temporada marca o reinício da narrativa mitológica da série e a busca de Fox Mulder em recuperar os Arquivos-X.

Além da sequencia comum dos fatos, há mais um passo evolutivo na mitologia, após cinco anos, fecha diversas questões levantadas. Questões cujas respostas fazem a série mudar seu rumo narrativo.

Com a maioria da sua história alienígena desenvolvida e explicada, cabe aos roteiristas explorarem outros temas. As vezes, histórias parecidas com as vistas no passado. Outras dando início a uma verve criativa com a intenção de não deixar a série permanecer no mesmo lugar e, assim, fracassar.

Porém, é um tanto quanto evidente que a partir desse ponto a série começa a apresentar sua sobrevida. Como se primariamente seu enredo terminasse em cinco anos. Produzindo uma sexta temporada com vinte dois episódios que mais parecem desafios criativos do que a sequencia natural da série.

Com a intenção de explorar com mais cuidado a afirmação, seguiremos a lista de episódios.

Após um bom retorno com O Principio, a série retoma sua rotina com o episódio Dirija! com a dupla de agentes investigando um caso a partir de uma perseguição policial que vêem na televisão. Tem-se, em seguida, Triângulo, o primeiro episódio apresentar uma narrativa inovadora no ano. Muitos, na época, consideraram o episódio uma obra prima, que utiliza-se do triangulo das bermudas para criar um espaço temporal que insere Mulder no pré guerra. Mas tal episódio nada acrescenta a série, além de um beijo curioso entre Scully e o diretor adjunto Skinner.

Terra dos Sonhos, parte I e II, toca o efeito da passagem do tempo novamente, dessa vez devido a um vôo rasante de um Óvni, que faz com que Mulder e um oficial da Aeronáutica troquem de corpos. A trama apresenta bons momentos e é o primeiro dos segmentos cômicos da temporada.

Laços de Ternura, A Dança da Chuva e Tithonus são episódios de narrativa clássica. Um abordando a origem demoníaca de certos filhos em uma cidade, outro a história de um homem que, aparentemente, controla o tempo e o último um fotografo que é sempre o primeiro a estar em todas as cenas dos crimes para fotografar o momento agonizante da morte. Ttramas que retomam bem o estilo mais cru do início da série.

Como Os Fantasmas Estragaram o Natal é o segundo exercício narrativo da temporada. Investigando uma casa mal assombrada, a dupla fica presa e, na noite de natal, é induzida por dois fantasmas a se matarem. Embora a história seja interessante, não empolga.

SR. 819 tenta ser uma trama mais sólida, colocando Skinner como personagem central com um vírus que quase o mata. O objetivo do episódio é demonstrar o quanto Skinner pode ter sua vida perdida por aqueles que buscam destruir Fox Mulder e Dana Scully. Porém, assim como Alex Krycek aparece ameaçando-o, some de repente, não dando concretude a trama.

Dois Pais e Um Filho, segundo episódio duplo do 6º ano, retoma a história de Cassandra Spender, a paciente X, com uma bela narrativa mitológica. A trama avança sobre as revelações que permearam a série e mostram a personalidade dúbia do Canceroso.

Arcádia prossegue como mais um roteiro criativo, em uma aparente comunidade fechada perfeita, repleta de regras, onde, possivelmente, há um monstro assassino por trás. O episódio funciona e a dupla interpretando um casal recém mudado para o condomínio resulta em bons diálogos sarcásticos.

O Perigo Vem da Água é uma versão mais branda do ótimo Terror no Gelo, da primeira temporada. Dessa vez os agentes estão em uma cidade quase submersa devido as chuvas e um monstro marinho os ataca. Apesar da sensação de mais do mesmo, o episódio se mantém.

Segunda-Feira brinca com o conceito temporal exibido no filme Feitiço do Tempo, levando a um Fox Mulder que, todo dia, tem sua Segunda Feira repetida até fazer o certo para o dia mudar. A trama é correta, é interessante, mas é nítido a fuga da intenção inicial da série.

Alfa é um dos episódios mais fracos da temporada, e, normalmente, quando os roteiristas resolvem abordar animais assassinos o resultado é uma trama que não possui muita profundidade, muito menos diversão. O mesmo acontece com Trevor, um presidiário que sobrevive a um furacão e tenta recuperar seu filho. Mesmo com a trama parecida com os primeiros episódios da série, a essa altura, já não resulta em uma trama boa.

Milagro e A Viagem são os últimos momentos do ano que se apegam a uma história mais padrão da série. A primeira sobre um escritor que transforma em realidade tudo que escreve, e a segunda sobre uma droga alucinógena que resulta no pior momento do ano, devido a uma história que anda de maneira devagar e abusa de efeitos mal feitos.

Retomando a história dos Pistoleiros Solitários, Trio Inseparável retoma a história vista na quinta temporada, sobre Suzane Modeski, anos após os acontecimentos que fizeram Mulder encontrar o trio.

Primeiro episódio a ser dirigido e escrito por David Duchovny, O AntiNatural é, novamente, uma fuga dos bons argumentos da série, narrando a história de um jogador de baseball que é tão excelente que seria, na verdade, um alienígena. Além do chamariz da estréia do ator como diretor e roteirista da série, o episódio não possui muito charme.

Finalmente, pela primeira vez na história da série, um gancho final apresentando um episódio mitológico e ruim, bem inferior a todos até então. Biogênese revela um artefato misterioso encontrado na África, de provável origem alienígena que teria passagens da Bíblia, do Corão e diversos outros livros sagrados. A parte mais infeliz da trama é que o tal artefato causa alucinações em Mulder, que termina a temporada preso em um manicômio com Scully partindo para o local onde encontram o artefato, a Costa do Marfim, para tentar ajudá-lo. Uma finalização um tanto quanto desesperada para inserir o agente dentro do contexto da mitologia que, nesse próprio ano, teve finalizações grandiosas.

Apresentado os episódios, um a um, tem-se a sensação que a sexta temporada mais fugiu do argumento da série do que apresentou uma boa continuidade. É evidente que em cada temporada da série um ou outro episódio que apresentasse uma narrativa diferente era recebido com muito carinho. Mas quando os papeis se invertem, e mais tem-se desvios criativos do que o desenrolar natural da série, percebemos nítidas falhas. Falhas internas, no processo de criação que deveriam ter encerrado a série do que ter expandido-a dando a sensação de estar oca por dentro.

Um comentário:

  1. A sexta temporada é aquela que a gente mostra os episódios para quem começa a assistir à série e não pretende acompanhar tudo à risca. Serve para apresentarmos os melhores roteiros de "monster of the week" para os leigos começarem a apreciar a obra prima de Chris Carter.
    Eu, particularmente, quando estou afim de refrescar a memória sem compromisso, recorro aos ~monsters~ da quinta/sexta temporada, sem contar que o período entre a 4ª-6ª os protagonistas estão em suas melhores formas.

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