domingo, 25 de julho de 2010

A Caixa Vermelha, Rex Stout

"Wolfe olhou, com os olhos bem abertos, para o nosso visitante - o que nele era um sinal de indiferença ou de irritação. No caso presente, era óbvio que estava irritado.
"Repito que é inútil, senhor Frost", declarou. "Jamais saio de casa a negócios. A obstinação de ninguém pode me coagir a fazer tal coisa. Já lhe disse há cinco dias. Boa tarde, senhor.""

Autor: Rex Stout
Editora: Companhia Das Letras
328 pág.


Tradução de Ernst Weber








Detetives de tramas policiais raramente são apresentados em somente um romance. Dando coerência a uma carreira de investigações que podem somar-se erros e acertos, um autor sempre trabalha diversas vezes com uma personagem que se torna sua querida e conquista espaço em diversos de seus romances.

O escritor Rex Stout preocupado em escolher um detetive que marcasse definitivamente seu nome na literatura optou por escolher o maior detetive já conhecido na literatura policial. Nero Wolfe possui um peso tão mórbido que recusa-se a sair do conforto de casa. Realizando a investigação à distancia. Com uso de sua sapiência e informações colhidas por seus assistente Archie nas cenas do crime.

Dois motivos fazem com que o grandalhão Wolfe cesse sua rotina de investigações: a avidez pelos almoços preparados pelo cozinheiro de confiança e as horas que passa na estufa cuidando de sua preciosas orquídeas, momento em que odeia ser interrompido.

Mas do que uma boa trama de suspense, amarrada e bem escrita, a personagem central de Stout se torna um espetáculo a parte por sua coleção de excentricidades. Wolfe é um homem tempestuoso que quando não cordena a investigação expulsa amigos da sala, finge não prestar atenção nas deduções dos outros e, principalmente, tem certo apreço por cenas. Cenas em que pode brilhar e demonstrar todo o poderio de sua mente brilhante.

Em A Caixa Vermelha, situada em Nova York de 1936, uma jovem morre após servir-se de um bombom envenenado. E cabe ao detetive e seu fiel parceiro descobrir se tal morte fora contratada ou apenas acidental, visando outra vitima maior, um magnata da moda chefe da jovem morta.

Apoiando-se em depoimentos e em olhares de terceiros, Nero Wolfe é capaz de observar minúcias como se estivesse horas na cena do crime e ir, aos poucos, desfiando o novelo repleto de dúvidas para encontrar os motivos que levaram ao crime e seus culpados.

Sem dúvida, Rex Stout elevou ao máximo o conceito de um detetive afetado que faz uso da ciência do saber para concluir seus casos. Ao excluí-lo das próprias cenas dos crimes, o autor comprova que uma mente bem aguçada pode ser mais nítida do que testemunhas oculares.

Sua narrativa densa cria uma boa trama de suspense e mistério, com bastante coesão e lineariedade. Não bastando a boa narração, ainda se aproveita do estilo da época, a decadência americana de trinta, para apresentar diversos esteriótipos fracassados que funcionam com perfeição em uma trama onde muitos tem de esconder suas verdadeiras intenções.


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