domingo, 4 de julho de 2010

Dexter - A Mão Esquerda de Deus, Jeff Lindsay

"Lua. Uma lua maravilhosa. Cheia, gorda, avermelhada, a noite clara como o dia, o luar inundando a terra e trazendo alegria, alegria, alegria. Trazendo também o rugir da noite tropical, a voz macia e turbulenta do vento ouvindo nos pêlos do braço, o lamento vazio da luz das estrelas, o grito trincado da luz da luz sobre a água.
Tudo isso chamando o Necessitado. "

Autor: Jeff Lindsay
Editora: Planeta
272 pag.






À semelhança dos lançamentos de livros que aproveitam sua adaptação cinematográfica para conquistar leitores, graças ao sucesso do seriado Dexter a Editora Planeta colocou no mercado em julho de 2008, Dexter – A Mão Esquerda de Deus - primeiro romance de Jeff Lindsay sobre seu sedutor serial killer – cuja a primeira temporada da série baseia-se em boa parte.

Difícil separar obra literária da série televisiva, analisando cada um como linguagem diferente. Já que muitos leitores da obra viram a série anteriormente, gerando comparações inevitáveis.

A narrativa do livro difere-se da atmosfera criada na série. Dexter, a personagem central, não possui tantos atrativos. É um serial killer, mas não possui um método tão apurado, muito menos carisma. É um tanto abobalhado, conseguindo se safar muitas vezes de uma maneira que mais parece sorte do que astúcia. Perde seu charme de assassino racional, dando lugar a um assassino privilegiado pela sorte.

A narrativa é fluída com tensão predominante a maior parte do tempo. Até seu meio é irretocável, e a série segue-o até este ponto. Porém, chegando no segmento final, há um aceleramento brutal de acontecimentos. Resultando em um desfecho frouxo. Tem-se a nítida impressão que Lindsay fez um contrato para um livro com tantas páginas específicas e a ampliou demais o meio da ação, tendo que encerrá-la com ações rápidas, cortes abruptos e soluções fáceis.

Tratando-se de um romance policial, onde o clima é uma de suas maiores qualidades, cortar sua tensão no meio, acelerando a ação, é destruir páginas e páginas em que se cria uma expectativa progressiva no leitor.

Nesse aspecto, a série Dexter trabalhou com louvor maior. Recriando a imagem do serial killer, fazendo-o astuto, dosando corretamente tensão e expectativa e dando um fim próprio, longe dos acontecimentos do livro. Formando um resultado bem superior a obra original.

Mas o lançamento é uma boa iniciativa da Editora Planeta. Pena que a obra apresenta diversos erros semânticos, oriundas de uma tradução truncada. A editora poderia revisar melhor seus textos, escolhendo o que mais se adéqua a nossa língua, antes de soltá-los no mercado. Afinal, o lançamento desse livro já é de anos atrás, os fãs esperariam um pouco mais.

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