sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A Semana em filmes (01 a 07 de Janeiro)

01 a 07 de Janeiro


O Rei Leão (dir. Roger Allers e Rob Minkoff)

Em meus rituais de cinema, sempre escolho com muito cuidado e carinho os três, ou ao menos o primeiro filme a ser assistido no ano. Normalmente, opto por clássicos que marcaram minha vida ou filmes famosos e ótimos por excelência que por um descuido eu ainda não vi.
Evidentemente que O Rei Leão faz parte do primeiro caso, fazendo parte da minha vida desde sua estréia no cinema. Lembro-me de ver mais de uma vez o filme na tela grande, em sessões lotadas, onde crianças e adultos ficavam até mesmo no chão do cinema para conseguir entrar na sessão. É o filme preferido entre 09 de 10 pessoas.
Não sei se a perfeição estética da animação, as músicas incríveis de Elton John no original, a dublagem brasileira que, como sempre, é maravilhosa, a história densa mesmo para um desenho (afinal, bebeu na fonte de Hamlet) que fazem de O Rei Leão o filme que é, ou talvez seja o conjunto de tudo que levou multidões a ir no cinema e a revereciarem o filme até hoje.
Só a cena de abertura com a música O Ciclo sem Fim é de arrepiar, com os animais em caminhada para conhecer o novo rei da selva está muito além de ser bela. Assim como é assustadora a música solo de Scar no cemitério de elefantes.
Enumerar os musicais, as falas engraçadas ou as cenas profundas seria pouco para a magnitude desse filme. É nada mais do que uma obra prima para começar o ano.






O Exorcista - A Versão Que Você Nunca Viu (dir. William Friedkin)

Não se produzem mais filmes de terror como antigamente. Qualquer olhada atenta nas estréias do cinema os nos lançamentos na locadora comprovam que só há bobagens se passando por terror. Por isso, nada como rever uma obra prima do gênero.
Ainda que essa versão seja atualizada com algumas cenas extras e chamada de A Versão Que Você Nunca Viu, o filme é quase o mesmo.
Não sei se o que mais me surpreende nessa produção são os efeitos e a maquiagem na atriz Linda Blair, possuída pelo Demo, ou a tensão crescente que o exorcismo gera no espectador. Pode ser bobagem, mas confesso que terminei o filme com o coração acelerado de tão imerso que estava na cena. E toda a preparação é feita de forma gradual, desde o inicio do filme.
Também como todo clássico do terror, carrega suas maldições lendárias como morte de atores e parentes, acidentes na produção. Não só no primeiro filme, como nas suas continuações, que, dizem, serem bem descartáveis.
O filme foi adaptado de um livro que, lendo a respeito em uma reportagem, ouvi dizer ser bem pesado. Embora ver o exorcismo no filme cause estranhamento e tensão, certos trechos que li da narrativa são um apuro tecnico sem igual e tão assustadores quanto.
Tenho o livro aqui em minhas estantes, mas ainda não o li. Mas, como disse na resenha de Coração Satânico, tratando-se do diabo, nunca é bom ficar lhe devendo nada. Portanto, leio ainda esse ano.




Tropa de Elite (dir. José Padilha)

Chega a dar o que pensar, para não dizer irônico, um país que tenta com tanto afinco expandir seu cinema para o mundo estampar em um de seus melhores resultados a frase "O MELHOR FILME BRASILEIRO DO ANO". Foi um dos melhores filmes do ano e ponto.
Podemos dizer que não faltou polêmica para Tropa de Elite. Foi discutido por seu preceito moral, pela pirataria antes de seu lançamento, pelo facismo que, devo dizer, não existe, pelas críticas negativas da imprensa gringa e depois calou a boca de todos com um Urso de Ouro em Berlim.
Mas, fofocas deixadas de lado, o filme realmente é incrivel. Sua narrativa se limita apenas em contar uma história, sem apontar culpados. E tratando-se de uma história delicada e cotidiana como essa, é um mérito muito grande do diretor e dos roteiristas conseguir conduzir a trama sem induzir o espectador a escolher um lado.
Tropa de Elite acaba por fazer menos espetáculo com a miséria, é mais cru e violento do que Cidade de Deus, não tem aquele glamour bonito do Trio Ternura. Mas também possuí suas válvulas e alívios cômicos, as cenas em que vemos o famoso jeitinho brasileiro no ar. (Percebam que nessas cenas sempre há de fundo o som de um pandeiro).
E muito além do filme, a produção criou um icone masculino made in Brazil: o Capitão Nascimento.
Admiro muito a carreira de Wagner Moura, principalmente por sua multiplicidade ao interpretar papéis. Quem imaginaria que esse é o mesmo ator que faria o pacato Joaquim de Saneamento Basico - O Filme ou o príncipe dinamarquês na peça Hamlet. Sua capacidade de se mutar para fazer um papel é impressionante. Tanto ele, quanto Lázaro Ramos e Selton Mello são um dos melhores atores de nosso cinema atual.
E não só Moura está perfeito em seu papel, todo elenco se integraram de maneira única, criando diversas cenas que ficam na memória do público, pensem: o tiro que foi na conta do papa, o 23 sem a bandoleira, o aspira Neto fanfarrão pedindo 10 minutos pro turno comer, e as diversas frases do capitão Fábio que de tão rude nos fazem rir.
Muito mais do que o melhor brasileiro do ano, foi sim, um dos melhores de 2007. Tropa de Elite se tornou muito mais do que um filme, sabemos disso, virou ícone e assunto popular.




Bolt 3D - Supercão (dir. Byron Howard e Chris Williams)

A primeira animação da Disney sem o selo da Pixar, resultou em um filme chamado Dinossauro. Uma animação longa demais, demasiadamente chata e que, no Brasil, foi dublada pela Hebe Camargo e Nair Belo.
Assim, qualquer lançamento da casa do Mickey sem a luminária da Pixar, fica com a sombra da dúvida. Hoje quem lidera o mercado da Disney é a Pixar. O império da própria Disney ficou para trás nos clássicos como Rei Leão, A Bela e a Fera, A Bela Adormecida, Branca de Neve e os Sete Anões.
Bolt - Supercão
faz parte desse legado somente da Disney e foi lançado em dois formatos: o tradicional e sua versão em 3D. Muitas pessoas torcem o nariz para o novo cinema em três dimensões, dizendo que o óculos especial usado para o filme impede que o vejamos de verdade. Mas, tratando-se de uma animação leve com um roteiro simples, o efeito em terceira dimensão acrescenta um bom efeito visual de interação.
O resultado do filme sem a participação da Pixar resulta em um bom filme de animação tradicional. Sem os roteiros espetaculares e sensíveis do estúdio. O filme funciona como deve funcionar. Uma animação sobre um cachorro com seus momentos fofinhos e engraçados para morrer de rir.
O destaque vai para a dublagem brasileira do filme que aproveitou que o cãozinho Bolt é dublado no original por John Travolta para convocar o dublador brasileiro de Travolta, o talentosíssimo Mário Jorge de Andrade, para ser responsável por sua voz. O que deixa fiel a caracterização da personagem.
E ainda o cartaz ganha um ponto adicional por não haver nenhuma menção as vozes de famosos dublando personagens, embora tenha. Outro ponto positivo.
Bolt foi um dos pontos de partida do ano cinematográfico de 2009 nas telas brazucas (sua estréia nacional foi em 2 de janeiro). Levando em consideração seu bom desenpenho, fica a torcida de que o cinema em 2009 seja no mínimo tão bacana quanto o filme do supercão.




Possuídos (dir. Gregory Hoblit)

Após rever O Exorcista, comecei a listar mentalmente alguns filmes que usaram com sabedoria o mal em sua trama e, por isso, revi Possuídos.
Bom filme de suspense da década de 90 que envolve um policial, interpretado por Denzel Washington - desde sempre sendo um policial - que mesmo após a execução de um serial killer que prendeu, começa a notar crimes com as mesmas peculiariades dos cometidos pelo morto. Desvendando o que há por trás disso ele pode entrar em contato até mesmo com o mal no meio de nós.
Dizer algo além de um breve resumo da história, seria contar elementos chave que fazem desse filme um bom suspense. Mas cabe deixar aqui uma atenção redobrada na boa narrativa do filme, no desfecho surpreendente e na música do Rolling Stones, Time Is On My Side, que embala o filme.





Para Sempre Cinderella (dir. Andy Tennant)

Existem alguns atores que vivem de um papel só, raramente saindo dele para uma ou outra atuação diferente. Não que isso seja ruim, desde que ele seja um bom ator de um papel só não há mal nenhum.
E a gracinha, fofinha da Drew Barrymore se encaixa nesse perfil. Muitas vezes colocada ao lado de Meg Ryan como rainha dos filmes de comédia romântica, está fazendo - muito bem a maioria das vezes - há anos o mesmo papel.
Nessa adaptação do clássico juvenil não poderia ser diferente. Ela faz a Cinderella do título, deslocada da sociedade e até mesmo do seio de sua família formada pela mãe e duas irmãs que se esforçam para chamar a atenção do príncipe solteiro mas... É Cinderella que faz os olhos do príncipe brilhar.
A trama do sapatinho de cristal todo mundo conhece, também em filme em um clássico desenho Disney. Mas essa adaptação ganha pontos justamente por deixar a história mais perto da realidade, amenizando certas partes do conto de fadas e criando outras cenas.
É o típico filme sessão da tarde com Drew Barrymore fazendo o que sabe de melhor, ser encantadora e fazer mocinhas sensíveis chorarem com os desenlaces românticos da trama.





Assassinos Por Natureza (dir. Oliver Stone)

Sempre gostei de Oliver Stone, embora ao observar sua filmografia notar que, a maioria das vezes, ele tem bons filmes e não ótimos. Posso dizer que compreendo a idéia conceitual de Assassinos Por Natureza, mas não consigo gostar de verdade desse filme.
A narrativa divida em dois atos flui bem na primeira metade. Os recursos experimentais como os efeitos em preto e branco, o contraste exagerado, as cores vermelhas e verdes predominantes em algumas cenas. Porém, no segundo ato que se passa na cadeia, o filme enlouquece tanto que vira esquizofrênico, um pouco caricatura de si mesmo. Seria essa a intenção do filme? Se for, devo dizer que ainda não compreendo Assassinos Por Natureza.
Estranha-me também saber que a atriz Juliette Lewis ganhou um prêmio pelo filme. Talvez pelo fato de ser desconhecida sua atuação parecia brilhante. Hoje passado mais de dez anos do filme, é evidente que Juliette Lewis é apenas o que ela é em todos os filmes: Juliette Lewis. Alguém vê a atriz em outro papel que não seja o de uma moça sensual, normalmente com sotaque caipira e terrivelmente tola? Só agora me vem à mente Cabo do Medo, Dias de Violência, Kalifornia e Um Drink No Inferno.
Há filmes melhores que exibiram o flagelo da violência e, se for para eleger só um, fico com Alex DeLarge e Stanley Kubrick em sua Laranja Mecânica.




Espelhos do Medo (dir. Alexandre Aja)

Deveria existir um jogo chamado "o que se passa na cabeça de um produtor americano" ou um manual com explicações.
Afinal, hoje em dia qualquer objeto pode ser capaz de causar medo e estrelar um filme de terror. Histórias de meninos amaldiçoados com a cara branca, meninas com cabelos na cara fazendo cara de mal e que caíram em poços, telefones assassinos, fotografias que revelam espíritos e - a mais nova produção de Hollywood -
espelhos.
Mas o costume não vem de Hollywood. Com a indústria em baixa, mais falida que alguns bancos americanos, há anos eles bebem nas fontes orientais de filmes de terror. E, honestamente, se por lá eles acham assustador objetos que induzem outros a se matarem ou espíritos que se revelam no final, eu acho uma bobagem.
Nesse arremedo de filme, Jack Bauer, nosso querido Kiefer Sutherland, comprova que com sua carreira consolidada na televisão, fazer filmes é apenas uma diversão. E assim interpreta no piloto automático esse ex-policial que precisa de trabalho e vira um guarda noturno de um shopping fechado por um incêndio. Mas quando os espelhos do lugar ameaçam sua família, ele resolve investigar o mistério que aqueles espelhos refletem (eu não pude resistir à piada).
Objetos que tremem e querem matar nossos parentes? Para mim não há nada mais descartável no cinema.





Busca Implacável (dir. Pierre Morel)

O trailer de Busca Implacável mostra exatamente o que precisamos saber: filha é sequestrada por bandidos e pai, que diz ter recursos para fazer o impossível, vai atrás dela. Uma premissa comum - mas promissora - para um filme de ação.
Por isso, não compreendo quem assiste a um filme como esse esperando algo além de ação pura. Doses cavalares de pancadaria de um pai que afirma, até no trailer, que fará de tudo para encontrar sua filha.
Devemos levar em conta que um filme como esse não busca uma resposta filosófica do sentido da vida, como muitos acreditam que o cinema deve ser. Mas é perfeito em sua proposta, entreter com ação do começo ao fim e isso deveria bastar.
Liam Neeson está bem como o pai afastado da filha e me surpreendeu como herói de ação. O filme não será um dos melhores do ano, mas evidentemente funciona. E isso, para um filme de ação, além da pancadaria, deve bastar.

2 comentários:

  1. Cara... você á um postador implacável...

    E as resenhas tão bem legais!

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  2. Ah, adorei as resenhas, verdade que vi só dois: O Rei Leão e Tropa de Elite, que, convenhamos, dispensam comentários.

    Agora vc vai ser meu guru de filmes, assim como o Rafa é meu guru de livros.
    Beijo e continue seu belo trabalho ;)

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