sábado, 11 de setembro de 2010

Alta Fidelidade: Santa Música



Em um tempo anterior daquele que tenho recordações precisas, conheci uma frase do filósofo Nietzsche que, embora não presente de maneira ativa, foi guardada em sua essência.

Não me recordo sua origem. Obrigando-me a citá-la ou por memória ou pelo sistema, nem sempre preciso, da rede. Mesmo sujeito a uma falha tremenda, busquei-a para uma maior fidelidade: sem a música, a vida seria um erro.

Cresci em meio a música. Nas bolachas que estampavam as vitrines da loja de discos da família à vasta coleção de meu tio. Relíquia invejada por mim que, muito pequeno, era proibido de tocá-la.

Minha infância foi recheada de canções. A vitrola, presente de minha mãe em meu aniversário de cinco anos, foi a primeira felicidade sonora. Eu dispunha as caixas de um modo que o som estivesse presente em toda a casa. Mesmo que não suspeitasse, em minha crença infantil, que a família poderia não gostar de minha seleção.

Lembro-me de vinis arranhados pelo excesso de uso. Ouvidos, cada vez mais, com esmero, evitando outras canções riscadas. Uma coleção que se expandia devido a facilidade do acesso, na época em que o dinheiro era farto e a melodia da vida mais sonora.

Em retrocessos e abraços da memória, é viva a capa branca marcada pelo nome dos Beatles. Era o nascimento de meu amor musical. A cadência melódica dos na na na´s de Hey Jude como porta de entrada para a primazia do quarteto. Era o Big Bang musical.

Passado mais de vinte anos pós essas memórias, a música me completa como essência do que sou. Ondas sonoras documentando o que fui, registrando quem sou. Letras cantadas em viés, em descompasso ou ritmadas, na energia única que somente uma canção pode produzir.

Infeliz é aquele que vive sem música. Espaço em que a razão não é válida, entregue a um sopro de emoção e ritmo. Um frenesi.

Entre os vinis e a era dos compact discs até a explosão da música digital à rádios de nenhum lugar, viva a santa música.

Perante essa oração, nessas memórias emotivas e sonoras, que anuncio a estréia de um espaço adequado para se conversar sobre música, músicos e álbuns. A partir de quinta-feira, ao lado do amigo Arthur Malaspina, novo colaborador do blog, apresentaremos um álbum por semana, seja novo ou velho que merece – ou não – ser ouvido.

Dou boas vindas ao novo colaborador, esperando a presença de todos os leitores para conferir a nova coluna que estréia com o novo álbum duplo de Paulinho Moska, Muito / Pouco.

Encerro o sermão nas palavras de Éramos Carlos: Música, Santa Música, Ave Música, Tocai por nós.

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Alta Fidelidade, a coluna semanal do criador desse blog que declarou sua paixão incondicional pela música. Aqui é possível falar abertamente sobre alguns temas sem que exija uma resenha para tal. Pretende-se abordar todo o tipo de assunto cultural, seja ele sobre livros, filmes, dvds, cds e, nessa semana, um dos movimentos mais antigos do homem: a música.


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