domingo, 29 de julho de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas


BD steelbook alemão
(The Dark Knight, 2008)
Diretor: Christopher Nolan
Atores: Christian Bale, Michael Caine, Heath Ledger, Morgan Freeman, Gary Oldman, Cillian Murphy, Maggie Gyllenhaal, Aaron Eckhart.


Depois do impressionante primeiro ato, Christopher Nolan retorna à franquia de Batman para realizar uma produção épica. A consagração que romperia o gênero filme de super-herói para tornar-se um grande filme por excelência.

Introduzido como gancho na produção anterior, entra em cena a personagem antagônica do cavaleiro das trevas, o Coringa. Sua figura é representação máxima da potência

de Batman e se popularizou até nas frases que se tornaram seculares entre os fãs. A trama se aproxima novamente de histórias conhecidas do herói sem deixar de lado elementos inéditos. Trabalhando com diversos níveis narrativos, a composição de suas camadas é exemplar. Injusto afirmar que Coringa é a personagem central, sendo claro três polos distintos na narrativa: Harvey Dent como a manutenção da paz perante a lei, Batman como o vigilante que age no limiar desta, e a figura do palhaço como a não-regra, o caos.

Os enredos se apresentam de maneiras distintas e paralelas, culminando no ápice sem volta em Gotham City. Sob esse aspecto, o diálogo entre Batman e Gordon em Begins já inferia que o surgimento de um super-herói implicaria em uma escalada criminosa. E o que assistimos é justamente uma força impossível de ser sobrepujada. Heath Ledger incorpora um Coringa crível e conveniente também com os quadrinhos. O espaço para a piada só se realiza por meio do grotesco, da figura abominável sem limites. Embora a personagem se encontre pouco com o seu rival, definitivas são as cenas em que estão juntos.

O interrogatório no quartel de Gordon é a chave central do significado entre herói e vilão, uma cena brilhante que, além de seu impacto, tem significado como análise do bem que necessita do mal para existir. A moeda que trafega nessas vias é o promotor Harvey Dent, que vai de um extremo a outro, conduzido por Coringa.

A consistência do elenco comprova que é possível realizar um filme com grandes astros sem a sensação de deslocamento, impressão que tenho assistindo aos diversos filmes da Marvel. Sendo possível trabalhar com um bom elenco sem a sensação de ele estar presente só como divulgação do filme.

Mesmo que o texto apaixonado não abrace todos os expectadores da produção, uma afirmação é correta: Batman – O Cavaleiro das Trevas tornou-se exemplo a ser copiado. Produziu um marco grandioso nas histórias em quadrinhos que tanto será comparado como tentará ser copiado. Exemplo parecido com o que aconteceu com Matrix, em 2001.

Mais do que o filme em si, sua qualidade é medida quando, além de uma simples história, um filme transforma-se em método a ser seguido. Some a isso o fato de que o elemento dramático fez milhões de nerds chorarem no final da trama, que você encontra um épico moderno com a elementar jornada de um herói.


sábado, 28 de julho de 2012

Batman Begins

Gift Set Americano
(Batman Begins, 2005)
Diretor: Christopher Nolan
Atores: Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Katie Holmes, Morgan Freeman, Gary Oldman, Cillian Murphy, Tom Wilkinson, Ken Watanabe

Demorou certo tempo para a Warner trazer o cavaleiro das trevas novamente às telas, após a destruição causada por Schumacher com Batman & Robin. Ao descobrir sobre o interesse da produtora, Christopher Nolan demonstrou sua vontade em realizar um longa-metragem e esboçou breves ideias iniciais a respeito do projeto.

Antes mesmo de realizar longas reuniões com executivos, Nolan convidou o roteirista David S. Goyer para juntos trabalharem em uma versão do roteiro, ao mesmo tempo em que seu desenhista de produção concebia visualmente as ideias criadas por ambos.

Quando os executivos puderam conhecer a história de Nolan / Goyer, também tinham em mãos diversos protótipos desenvolvidos a respeito do uniforme e carro da personagem, e também da cidade de Gothan City. Elementos que começaram como testes na garagem de Nolan e tornaram-se presentes no filme.

Batman Begins não só narra a origem do herói como também é o primeiro marco da narrativa de Nolan. O filme explora a lacuna de sete anos em que Bruce Wayne ficou fora da cidade. Lacuna que, diz o diretor, nem mesmo foi explorada em gibis.

A personagem dos quadrinhos aproxima-se daquela vista nas telas: um homem que realizou uma jornada interior e teve maciço treinamento com diversos mestres para tornar-se aquilo que ambicionava. Além da composição como um herói, conhecemos também o pequeno círculo de confiança de Bruce Wayne: Alfred, o paternal mordomo, Lucius Fox, mentor tecnológico do morcego e Jim Gordon, o policial que lhe inspira confiança.

Antes de o personagem vestir o manto, a história apresenta a jornada de Bruce Wayne. Nela, é desenvolvida a psicologia desde sua infância, com seu medo pelos morcegos, e as maneiras necessárias para explorar o terror interno. Antes mesmo de o público ver o Homem Morcego, há confiança e credibilidade na jornada estabelecida por Wayne.

As tramas apresentadas são costuradas com perfeição. Inicialmente, Batman desenvolve uma luta contra a máfia da cidade, tentando ajudar a promotora Rachel. Conforme adentra as investigações, descobre que o Dr. Jonathan Crane aproveita-se do contrabando para desenvolver uma droga própria que impele o medo. A jornada do morcego constitui-se em uma luta com elementos ainda desconhecidos por ele.

Batman foi criado para ser um tanque de guerra em forma de homem. Tem o aparato necessário e conhece as lutas marciais mais definitivas. Nolan não queria transformar a violência em espetáculo, mas sim em um elemento que assustasse o público. Dessa forma, oferece-se credibilidade à composição da personagem.

A produção foi rodada quase inteiramente em locações ou estúdio, utilizando muito pouco do CG. Boa parte da cidade de Gotham foi levantada em grandes estúdios; a cena da caverna possui, de fato, um lago submerso e até mesmo o batmóvel foi construído como um veículo funcional de verdade, com quatro metros e mais de duas toneladas.

Os elementos constituem uma realidade crível para o espectador. É retirado da personagem seu conceito colorido dos filmes anteriores, compondo um ambiente sombrio e real. Por conseguinte, estabelece-se com eficiência a composição de Christian Bale entre Bruce Wayne e Batman. Dando vazão e justificativa a um homem que a noite vira um símbolo.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Batman e Robin

(Batman & Robin, 1997)
Direção: Joel Schumacher 
Atores: George Clooney, Arnold Schwarzenegger, Chris O'Donnell, Uma Thurman, Alicia Silverstone

Houve um momento na história cinematográfica, no espaço e tempo que Batman e Robin foi um bom filme. Mesmo que imediatamente após essa afirmação seja necessário rir pelo absurdo. Porém, é explicável se levarmos em conta a escassez de filmes de super heróis no final da década de noventa. A isso some a grandiosa personagem de Batman e não deixe de considerar um mundo não inteiramente globalizado pela internet. Foi o necessário para torna-se uma referência.

Um novo ator é escalado para viver o homem morcego. George Clooney, que começava o estrelato, foi o único que saiu incólume da produção. Sem ter seu carisma abalado, conseguindo manter uma excelente carreira após o filme.

Se Batman Eternamente era colorido em demasia, não há maneiras de mencionar essa produção sem uma alegoria breve de que para transformar o filme em um carnaval falta somente o samba enredo. Joel Schumacher nunca chegou tão baixo para contar uma história em que tudo é equivocado.

A formula parecia funcional. Um novo ator no papel principal, uma atriz bonita como vilã e um brucutu em decadência para completar a equação. E começa a luta agressiva contra a moral de Batman nas telas.

Primeiro, o figurino. A armadura um tanto visível na versão de Burton perde uso para um uniforme mais estético. Não bastando o close nas nádegas dos garotos enquanto vestem o uniforme, decidiram transformar a roupa com elementos mais humanos. Não é possível compreender a funcionalidade de falsos mamilos em um uniforme.

O roteiro é tão denso que poderia ser feito em casa pelo público. A dominação mundial fica por conta de Senhor Frio que deseja congelar Gotham City. E se une a Hera Venenosa, defensora da causa da natureza.

Como o drama não é suficiente, Alfred está doente e entra em cena sua sobrinha. Alicia Silverstone tentando um fôlego extra além de As Patricinhas de Bervely Hills, seu único filme de sucesso. As coincidências extrapolam o roteiro e em alguns minutos ela não só descobre o segredo de Wayne como se torna Batgirl  e sai distribuindo chutes e pontapés, em um curso relâmpago de artes marciais.

O filme é uma sucessiva série de elementos cômicos involuntários, que provavelmente tem ápice no leilão em que Batman e Robin disputam o amor de Hera Venonosa, culminando no Batcartão. Um cartão de crédito exclusivo do homem morcego. que ainda solta a pérola “não saia da caverna sem ele”.

Os acessórios e objetos desenvolvidos para a dupla são sempre escolhidos na hora certa. Se há um personagem congelado, eles possuem uma arma laser para desfazer. Se Batman está preso em uma árvore viva por Hera Venenosa, basta ativar a Batserra no cinto de utilidades. É compreensível que o herói tenha um arsenal inventivo mas não ao ponto de resolver todas as situações.

O personagem mais deturpado foi Bane. Grande vilão de uma saga – e da terceira parte da trilogia de Nolan – que aqui é um mero capanga de Hera Venenosa. Demonstrando claramente que a ideia era apenas abarrotar o roteiro com referências.

Quem assistiu esse petardo nos cinemas teve a chance de ver a tradução da palavra Cowabanga, dita por Robin quando desce com uma prancha improvisada em um telhado de Gotham, ser modificada para Ah, eu to maluco, bordão vigente na época. Impossível tradução melhor.

Com o passar dos anos que pouco a pouco se percebeu a péssima qualidade da produção e o repúdio a essa péssima sequência. Depois dela, Schumacher demorou para fazer um bom filme como diretor. Provavelmente porque ninguém tinha coragem de contrata-lo após este espetáculo cinematográfico que afundava de uma vez por todas os filmes de super heróis nos cinemas.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Batman Eternamente

(Batman Forever, 1995)
Direção: Joel Schumacher
Atores: Val Kilmer, Tommy Lee Jones, Jim Carrey, Nicole Kidman, Chris O'Donnell 

O diretor que tinha feito bom sucesso no primeiro filme, não fez o mesmo satisfatório para a Warner. Tim Burton é colocado apenas no papel de produtor e surge outra releitura do cavaleiro das trevas sem nenhuma agressividade e realismo.

Não é possível compreender esta produção sem inferir que o diálogo com a série sessentista é explicito. Desde a primeira cena em que Batman, prestes a sair da caverna, avisa Alfred que pegará um lanche em um drive thue, a sensação de realismo é execrada.

Convidado a retornar ao seu papel de morcego, Michael Keaton declinou por não gostar dos rumos que a produção tomava. Coube a Val Kilmer vestir o manto em outra interpretação que nada acrescenta a Bruce Wayne. O novo ponto emocional da trama é a personagem de Nicole Kidman, uma psicóloga interessada na figura do herói.

A história de que Coringa matou os pais de Wayne não é mais inferida nesta trama. A origem é rapidamente relembrada mas não o confirma como assassino. Mas não poupa o expectador de assistir a criação de um novo vilão.

A produção se inicia com uma perseguição a Duas Caras que pontua bem seu surgimento. Aproximadamente dois anos antes dos acontecimentos do longa e sem maiores explicações. Cabe ao Charada de Jim Carey apresentar a concepção de sua loucura.

A origem em si não seria um problema, não fosse Jim Carey. Não fosse Joel Schumacher que em arroubo de inteligência estragou duas personagens ao mesmo tempo. Sem conhecer os quadrinhos e sua personagem, Tommy Lee Jones foi orientado pelo diretor para seguir Carey nas filmagens. O resultado são dois vilões frenéticos com muitos gestos exagerados.

Em si, o Charada de Carey não é ruim. Mas exagera no plano diabólico. Um apetrecho que inserido na televisão suga os pensamentos da população de Gotham City. Uma marca de roteiro que evidencia sua época datada. Não há dúvidas que na época imaginavam que no futuro existiriam máquinas assim.

Como produção cinematográfica é um filme melhor que o anterior. Desde que se leve em conta o pastiche cômico que permeia do começo ao fim as cenas cujos desfechos não podem ter sido concebidos para que publico levasse a sério.

Também é a trama que apresenta Robin, que perde seus pais por causa de Duas Caras e tem a sensação de vazio próxima daquela sentida por Bruce Wayne. Mas a dupla dinâmica não estraga a cena porque só aparecem juntos no final do filme. Apontando como seria a continuação.

A direção de Schumacher é espantosamente errada. Transformando Gotham em um cenário ambulante misturado com uma gigantesca festa rave. Não há frame que não contenha ao menos três cores aberrantes em cena. Talvez a concepção da estranheza de uma cidade para o diretor fosse uma que abusasse de elementos sensorais. Hoje não consigo compreender como produziram um filme assim com a intenção de que se levasse a sério a mitologia de Batman. Mas saberíamos que este ainda não era o momento mais baixo.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Batman - O Retorno

(Batman Returns, 1992)
Direção: Tim Burton
Atores: Michael Keaton, Danny DeVito, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken

Tim Burton retorna à franquia de Batman após realizar o fabuloso Edward Mãos de Tesoura, três anos após o filme inicial. Batman – O Retorno evita a repetição numérica da continuação, baseando-se em um recurso antigo do cinema que não está muito em voga atualmente.

Ao contrário do primeiro filme, a produção envelheceu mal por conta da narrativa. Como natural em sequências, novas personagens surgem em um universo expandido. O começo é promissor, sombrio sobre a origem do Pinguim. Mas em seguida ocorre brusca cisão em relação à atmosfera anterior. Se antes havia um toque de realidade, esta é deixada de lado para o espetáculo. Exagerando em personalidades excêntricas em larga e pequena escala.

Além da galeria de vilões do morcego possuir uma gama de excentricidades, até personagens desenvolvidas para dar maior escopo ao filme são estranhas. Max Shreck, interpretado por Christopher Walken, é um magnata dos negócios que deseja, literalmente, dominar Gotham City. Seu cabelo branco e espetado demonstra que não existe mais nuance para a caracterização de nenhum personagem, seja ele vilão, herói, ou um ricaço da cidade.

O interesse amoroso de Bruce Wayne surge em forma de vilã: a famosa Mulher Gato, interpretada por Michelle Pfeiffer. A origem de sua personagem está no longa. A justificativa mística para sua paixão pelos gatos não dá credibilidade a uma vilã que, ainda por cima, caminha pela cidade dando piruetas. A atriz pode estar sedutora no papel, mas não há espaço para nenhuma psicologia a mais do que a loucura.

Danny DeVito interpreta com maestria Pinguim. Mas seu desenvolvimento destrói qualquer credibilidade de interpretação. Até certo ponto parece crível o arsenal que Pinguim tem em seu submundo. Até surgirem pinguins de verdade que também fazem parte de seu bando (e ainda estes mesmos pinguins serão responsáveis por uma cena de ação no final da trama).

A realidade é quebrada por completo e o filme parece homenagear mais o riso da série seiscentista do que dar continuidade à história desenvolvida anteriormente. O desequilíbrio narrativo torna-se tamanho que as partes mais significativas do filme são apenas medianas.

É possível, de qualquer maneira, observar que houve preocupação em melhorar o que não foi tão bem apresentado no outro filme. As poucas cenas de ação são mais fluídas, os poucos efeitos especiais são também integrados a cena. Mas não dão ganho a uma história que se enfraquece por não saber qual rumo tomar.


terça-feira, 24 de julho de 2012

Batman

(Batman, 1989) 
Diretor: Tim Burton
Elenco: Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Basinger

Tim Burton era um proeminente diretor em 1989. Tinha no currículo curtas metragens significativos e fez boa estreia nos longas com As Aventuras de Pee-Wee, conquistando sucesso em seu filme seguinte, Os Fantasmas Se Divertem. Foram essas possibilidades que permitiram a cadeira de direção de Batman, um dos grandes heróis dos quadrinhos.

Até o lançamento deste filme somente Superman – O Filme foi um grande medalhão cinematográfico que representava os quadrinhos. Os super heróis ainda eram um nicho restrito nos Estados Unidos. Tinham um mercado sólido, alguns personagens já permaneciam no coletivo, mas eram considerados a parte de outras artes. É recente a conquista de um público mais amplo e mídia em geral.

Visto em comparação com as produções atuais, a primeira aventura de Batman pode sofrer preconceito. Mas é um erro representá-la assim. O filme apresenta bem o conceito mitológico da personagem e desenvolve com fidelidade a ambientação dos quadrinhos da época, bem menos sombrios e acelerados que hoje.

As características que consagrariam Burton despontam desde já. Ambientação sempre escura, a música de Danny Elfman e a leve referência gótica. Gotham City parece uma pintura esfumaçada, com iluminação que sempre perde para a escuridão preponderante.

A abertura do filme apresenta o conceito da personagem de uma maneira eficiente e breve. Compreendemos em poucos minutos em cena a função do herói, o mundo contra qual luta e ainda identificamos que não havia a necessidade de uma fórmula. Não há a obrigação da origem, contada apenas em flashback no meio da história.

Em relação aos quadrinhos leves mudanças foram realizadas, provavelmente, fazendo fãs da época torcerem o nariz. Aqui o grande vilão Coringa torna-se o assassino dos pais de Bruce Wayne, aumentando o escopo emotivo. A interpretação de Jack Nicholson merece destaque além de ser a grande estrela do filme. Teve alto contrato e participação na bilheteria para aceitar o papel. Atualmente, seu Coringa é diminuído pela interpretação mais realista de Heath Ledger mas é fiel e factível com uma faceta da personagem dentro das comics.

Por outro lado, O Bruce Wayne de Michael Keaton sempre teve opiniões dividas. É provável que sua seleção venha da amizade com Burton, do filme anterior. Ainda hoje sua baixa estatura é reclamada pelos fãs, mas a personificação de seu Batman não necessitava de um porte. Não há grandes cenas de luta ou coreografia. Mais se aproxima de um humano desolado por um trauma que arriscou-se a lutar contra o crime do que um homem rico que, de fato, se preparou psicologicamente, fisicamente e tecnologicamente para tal fato. A concebida supremacia do herói como um mestre quase sem derrotas é evolução recente de sua história em quadrinhos.

Partes da mitologia são deixadas de lado para focar no elemento básico, herói e sua cidade. O promotor Harvey Dent, interpretado pelo eterno Lando Calrrisian Billy Dee Williams nada acrescenta a história. Bem como o comissário Gordon que ainda não desenvolveu a amizade com o morcego.

Em perspectiva, é considerável que algumas bases da trilogia de Nolan estejam identificadas desde a primeira produção. A presença de uma mulher fatal, a fala arrastada quando o milionário está com máscara de herói, demonstrando que Nolan não desconsiderou completamente o universo de Tim Burton. Sendo mais negado pelos fãs de sua leitura.

Mesmo sem o escopo profundo da psicologia de Batman, a produção apresenta com eficiência a base do personagem em um universo coerente em um ambiente crível até certo ponto. Além da música de Danny Elfman que tornou-se uma das referencias primordiais como trilha do morcego.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Valente

(Brave, 2012) 
Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman
Vozes originais: Kelly Macdonald, Emma Thompson, Kevin McKidd, Billy Connolly, Robbie Coltrane, Julie Walters, John Ratzenberger, Craig Ferguson

A Pixar deixou o público mal acostumado. Desde Toy Story a cota de excelência com material diferenciado é absurda. Assistir uma produção do estúdio era a certeza de bom filme com potencial para um dos melhores do ano. Então, veio Carros 2. Sequencia de um bom filme, mas desnecessária, com maior atenção para crianças do que público em geral.

Valente estreia com visível sensação de filme já conhecido. Tem como argumento conceitos utilizados anteriormente pela própria Disney ou concorrentes. Retirando o ineditismo comumente presente. Como Treinar Seu Dragão já tinha explorado o ambiente viking. O conflito familiar foi visto recementemente em Enrolados. E até mesmo a parcela mágica do filme tem semelhança com Irmão Urso.

O eco de referencias diminuem a história composta para ser simples aventura. Nela acompanhamos Merida, a princesa do reino que alcança a idade para ter um pretendente. Com espírito rebelde desde a infância, a garota tenta reverter a tradição e traz problemas ao seio familiar. O que se vê a partir disso é a situação elementar de valores e compreensão familiar.

O contorno simplista retira o elemento adulto costumeiramente presente nas produções do estúdio. Durante a projeção, imaginei diversas cenas que trariam o toque maduro na trama. Mas não aconteceu.

A animação continua um exemplo, com destaque para o personalíssimo cabelo de Merida, com grande vivacidade e perfeição. Mas sem a bem recebida trama em camadas o resultado é mais um das diversas animações do ano.

O questionamento que surge é compreender qual o pensamento atual da Pixar. Não é um estúdio que necessite de continuações ou ideias simplificadas para o sucesso. Porque ou o que motivou a exploração dessa vertente e o desejo de dar sequencia a história boas por si só como Monstros S.A. e Procurando Nemo.

O elemento que público procura ao ver um filme Pixar está presente somente no curta metragem, La Luna. Uma dualidade belíssima entre sublime e cômico. Explorando o espetáculo visual para produzir um lirismo único.

De qualquer maneira, Valente me deixou com uma sensação incompleta. E a tristeza de que nem a Pixar conseguiu salvar as decepcionantes estreias até agora.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Espelho, Espelho Meu

(Mirror, Mirror, 2012)
Diretor: Tarsen Singh
Elenco: Julia Roberts, Lily Collins, Armie Hammer, Nathan Lane.

Além de inevitáveis regravações, o cinema americano revisita histórias clássicas de tempos em tempos com a intenção de atualiza-las para um novo publico. É mais sólido – financeiramente falando – desenvolver uma história conhecida do que iniciar do zero um argumento inédito.

No caso da famosa história de Branca de Neve, coincidentemente, dois estúdios tiveram a ideia de utilizar os preceitos básicos para uma releitura que se apoiasse na ação ou no romance das protagonistas como elemento para conquistar uma boa bilheteria. Ainda que o clássico composto por Walt Disney mantenha-se insuperável, a base da história está presente: madrasta, branca de neve, inveja, feitiço, caçador e anões. 

Espelho, Espelho Meu não define com precisão sua linha narrativa. Começa como representação de um tradicional conto de fadas e termina como uma farsa cujo nem mesmos atores parecem levar a sério. Se identifica erroneamente mais com a madrasta do que com a própria Branca de Neve, personagem central da história.

Escolhida para viver a famosa madrasta, Julia Roberts, sendo a atriz mais conhecida da produção, tem destaque além do merecido. Sua rainha não se define como uma bruxa malévola  - apesar de ter conhecimento de magia e o famoso espelho mágico - muito menos parece motivada a, de fato, ser a pessoa mais bela do reino. 

Há mais espaço para que público veja uma mulher amargurada, que chega a elogiar a boa forma física do príncipe, do que uma personagem plana que, por vaidade, deseja destruir sua enteada. E tal acréscimo a sua personalidade não é positivo. 

Erro maior é utilizar-se de uma personalidade famosa com a esperança de bom arrecadamento em uma época onde tem se dado mais importância as histórias do que a atores que antes tinham grande popularidade e queridos do público.

A faceta humorada parece destoar da fábula leve. As piadas são rasteiras e fora de tom dentro da história. Como se dois enredos com focos diferentes fossem desenvolvidas em um mesmo filme. A visão elevada e romântica de Branca de Neve e a Bruxa Má insegura e infantiloide.

O elemento plástico que poderia sustentar certa qualidade a obra, a direção de Tarsem Singh, realizador de Imortais e A Cela, nada acrescenta a trama, sem nenhum plano ou fotografia que seja digna de destaque. Sendo um filme frio na trama, na interpretação e nos preceitos técnicos.

Mesmo estreado dois meses antes de Branca de Neve e o Caçador, a produção não alcançou metade da bilheteria do concorrente mas ao menos pagou seu orçamento inicial.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Espetacular Homem Aranha

(The Amazing Spider-Man, 2012)
Diretor: Marc Webb
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field

Dois anos antes da estreia do primeiro filme de Homem Aranha, a Editora Marvel lançava uma nova linha editorial que apresentava seus heróis aos novos leitores. Intitulada Ultimate – No Brasil, inicialmente foi chamada de Marvel Século 21 e depois Marvel Millenium – as histórias recontavam a origem dos personagens clássicos da casa e colocavam-no em uma roupagem contemporânea. Sem perder bases elementares de sua composição.

Após mais de uma década, não contentes com a primeira trilogia do aracnídeo, a Sony Pictures retoma a tal universo voltando-se principalmente para a releitura da personagem, reiniciando uma trilogia nos cinemas.

O espaço temporal entre as duas produções de Homem Aranha é relativamente curto. Mas foi suficiente para injustiçar erroneamente o prestígio da trilogia de Reimi, má lograda somente em sua terceira parte. Foi o pouco necessário para pensar na realização de novos filmes do herói. Dessa vez, sem esconder a explicita motivação de trabalhar com um produto altamente lucrativo.

A justificativa para O Espetacular Homem Aranha foi uma produção mais fiel com a origem do heroi. Mas tornou-se roteiro trabalhado minuciosamente para contrariar o que foi criticado na trilogia anterior. O universo desenvolvido anteriormente é deixado de lado para elementos não apresentados. Com isso, partes primordiais da ambientação da história – como o jornal Clarim Diário – são esquecidas sem nenhuma culpa.

A base da construção das personagens, bem como sua ambientação, é posta abaixo em detrimento de um produto mais rasteiro. Até mesmo elementos consagrados como a famosa frase de poderes e responsabilidades, sagrada para a personagem, é limada da história. O traumático evento da perda do tio perde sua verdadeira motivação.

Andrew Garfield se situa bem fisicamente com a personagem, mas não tem o carisma do Aranha anterior. Emma Stone, que conquistou diversas posições como objeto de desejo de diversos marmanjos após o filme, apresenta uma Gwen Stacy melhor que a anterior, mas nunca é possível compreender sua natureza.

A participação de Martin Sheen e Sally Field como os tios de Peter Parker é o elemento mais positivo do filme. Embora seja evidente a contratação dos atores somente para ser um elemento de destaque perante aos outros atores cuja carreira estão no início.

Oriundo de um cinema alternativo e mais íntimo, Marc Webb não soube conduzir a direção de um filme de ação. As cenas de luta são normalmente ambientadas a noite, um recurso primário quando o diretor ou os efeitos especiais não conseguem ser verossímeis. Afinal, a meia luz o espetáculo parece maior do que realmente é.

Estranha que há dez atrás Raimi tenha arriscado cenas de luta à luz do dia e literalmente colocado câmeras dependuradas em Nova York para produzir a movimentação do herói. Esperava-se que a evolução tecnologia apuraria as cenas de ação mas, salvo a movimentação ágil do Aranha, não há fluidez.

O roteiro entrega em excesso elementos cujo drama é exagerado. Configurados para produzir conveniências que trazem incredulidade ao público. Colocando muitas personagens na hora e no momento certo ou dando lhes conhecimentos que em nenhum momento anterior foi estabelecido. A isso acrescente a equivocada trilha sonora de James Horner que o descompasso é visível.

O que assistimos no lançamento do reboot é a confirmação de uma segunda geração de filmes de super heróis. Releituras de histórias que tiveram início, meio e fim e voltam ao cinema com uma nova roupagem e equipe criativa. Resta saber se a qualidade dos produtos será maior do que a necessidade intrínseca de vender um produto bonito na aparência e frágil em conteúdo.

A produção está em cartaz tanto na versão 2D como em 3D e, na opinião desse cinéfilo, é evidente que a terceira dimensão nada acrescenta ao filme e, possivelmente, a sétima arte.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Coleção Completa Julio Verne, RBA





Em Julho de 2009, uma coleção de Julio Verne chegou as bancas brasileiras pela editora RBA. Mais de três anos depois de seu lançamento, vernianos ainda tem dúvidas a respeito dos rumos da coleção.

É uma pena observarmos que uma coleção tão interessante, bem acabada e com preço acessível tenha tido uma distribuição precária em nosso país. Até hoje, muitos leitores tem a coleção incompleta, sem saber ao certo quanto números foi lançado em relação a versão portuguesa da coleção, na qual se baseia a brasileira.

Ao contrário de alguns leitores que não conseguiram encontrar os livros nas bancas, na ocasião de seu lançamento quinzenal, conseguimos ir até o fim da coleção, completando os sessenta números lançados. Porém, há na lista oficial da editora três números extras que não são possíveis de encontrar informações sobre seu lançamento de fato.

Além desses três títulos fantasmas, faltou a publicação da primeira parte de uma história dividida em duas. Publicação que provavelmente nunca sairá, fazendo com que os leitores procurem outra versão para lê-la integralmente.

A lista abaixo apresenta os 60 livros lançados desde julho de 2009 até o término da coleção. De acordo com a editora Publisher Comércio Internacional Ltda. (numerosatrasados@publisher.com.br) não há mais números atrasados em estoque. Restando a aqueles que não conseguiram algum número procurá-los em sebos físicos ou em virtuais como Estante Virtual e Mercado Livre (A Loja Jovem Banca tem álguns títulos - aparentemente em estoque - em seu site). 

É lamentável que embora a editora tenha realizado um bom projeto, o mesmo não teve o alcance necessário para que todos os vernianos interessados na coleção pudessem adquirí-la.

A lista completa segue abaixo:


01 - A Volta ao Mundo em Oitenta Dias
02 - Vinte Mil Léguas Submarinas
03 - Cinco Semanas em Balão
04 - Viagem ao Centro da Terra
05 - Da Terra a Lua
06 - Os Filhos do Capitão Grant: Na América do Sul
07 - Os Filhos do Capitão Grant: Na Austrália Meridional
08 - Os Filhos do Capitão Grant: No Oceano Pacífico
09 - Miguel Strogoff
10 - A Escola dos Robinsons
11 - A Roda da Lua
12 - Um Herói de Quinze Anos
13 - A Ilha Misteriosa: Os Náufragos do Ar
14 - A Ilha Misteriosa: O Abandonado
15 - A Ilha Misteriosa: O Segredo da Ilha
16 - Atribulações de um Chinês Na China
17 - Os Quinhentos Milhões da BEGUN
18 - Aventuras do Capitão Hatteras: Os Ingleses No Pólo Norte
19 - Aventuras do Capitão Hatteras: O Deserto de Gelo
20 - Dois Anos de Férias
21 - Uma Cidade Flutuante
22 - Aventuras de Três Russos e Três Ingleses Na África Austral
23 - A Jangada
24 - César Cascabel
25 - As Índias Negras
26 - Heitor Servadac: O Cataclismo Cósmico
27 - Heitor Servadac: Os Habitantes do Cometa
28 - O Raio Verde
29 - Os Náufragos do Jonathan – 1ª Parte
30 - Os Náufragos do Jonathan – 2ª Parte
31 - A Estrela do Sul
32 - Os Piratas do Arquipélago
33 - Matias Sandorf – 1ª Parte
34 - Matias Sandorf – 2ª Parte
35 - Kéraban – O Cabeçudo
36 - Robur – O Conquistador
37 - Norte Contra Sul
38 - O Caminho da França
39 - A Casa a Vapor
40 - O Castelo dos Cárpatos
41 - A Invasão do Mar
42 - Família Sem Nome
43 - Em Frente da Bandeira
44 - Os Exploradores do Século XIX – 1ª Parte
45 - A Agência Tompson & Cia. – 1ª Parte
46 - Os Navegadores do Século XVIII – 2ª Parte
47 - A Esfinge dos Gelos
48 - A Ilha de Hélice
49 - A Mulher do Capitão Branicon
50 - A Agência Tompson & Cia. – 2ª Parte
51 - Clóvis Dardentor
52 - A Descoberta da Terra – 1ª Parte
53 - O Náufrago do “Cynthia”
54 - O País das Peles – 1ª Parte
55 - O Soberbo Orenoco
56 - O País das Peles – 2ª Parte
57 - A Descoberta da Terra – 2ª Parte
58 - A Carteira do Repórter
59 - Os Exploradores do Século XIX – 2ª Parte
60 - Um Drama na Livônia


Podcast Cego Em Tiroteio

O blog Cego em Tiroteio, do amigo Victor Caparica, lançou mês passado um podcast sobre literatura. Com episódios quinzenais, o programa alterna análises de romances e contos da literatura universal.

Gostaria de convidar a todos nossos leitores para conhecerem o podcast. Vocês podem me encontrar por lá também na equipe de produção do programa. Ainda que seja suspeito para falar, o podcast está excelente e discute com propriedade a literatura que, muitas vezes, é mal falada na rede.

Dois programas estão no ar, o primeiro sobre o livro de contos Coisas Frágeis, de Neil Gaiman. E o segundo analisando o conto O Desempenho, de Rubem Fonseca, presente em seu terceiro livro Lucia McCartney.

Fica o convite para que ouçam nosso podcast.




domingo, 8 de julho de 2012

Michael Jackson´s This Is It

(Michael Jackson's This Is It)
Diretor: Kenny Ortega

Em silêncio e solenidade, em um fundo preto com letras brancas, uma breve explicativa a respeito da pré – produção do show This Is It revela em que momento foram feitas as gravações exibidas no decorrer do longa. Já que, até então, o público tinha conhecimento apenas de que Michael Jackson anunciava a volta aos palcos em uma série de shows, em Londres, supostamente sendo os últimos de sua carreira. O que resultou em ingressos esgotados para todos os dias em poucos minutos.

Recentemente, o público teve maior contato com o astro em fotos deformadas que apareciam em tabloides do que com seu lado musical. Acompanhando as notícias sobre o astro, é dedutível que os últimos anos de sua vida foram atribulados. Se desde a infância Jackson viveu pressionado pela família e superexposto pela mídia, seus últimos anos foram quase um massacre público.

Revê-lo após tantos anos ausente da faceta musical, em boa forma artística, ainda que tristemente nessa homenagem póstuma, é um suspiro aliviado. Jackson ainda mantinha a áurea que o consagrou Rei do Pop e lograva muito bem disso. This Is It teria a potência para ser o show revolucionário que foi imaginado.

Além de um arsenal de boas músicas que por si só são referência, seu talento e estilo transcendeu nos figurinos e em grandiosos shows. Porém, anterior a um mundo digital, registros desses espetáculos são poucos. A produção de This Is It, que evidentemente registrariam os shows, concluiria a carreira de Michael Jackson em grande estilo, como sempre desejou.

O documentário dirigido por Kenny Ortega é efetivo em capturar a magnitude desse projeto, afinal, tudo que envolvia Michael Jackson era grandioso e revolucionário. E entrega, como o astro desejava, aquilo que gostaria ao realizar seus shows: tudo que os fãs desejam.

Permeado por depoimentos da equipe selecionada para realizar o show, passando por testes rigorosos que selecionaram os bailarinos que dividem o palco com Jackson, a produção inunda o público com uma excelente seleção de músicas.

Muitas delas na íntegra e com marcações que acrescentariam um brilho a mais no show. Sob esse aspecto, o perfeccionismo de Jackson é impressionante. Sem perder a postura e a suavidade na voz não poupava quem errasse. A procura de um rigor para que canções soassem exatamente como nos álbuns. Além de incansáveis ensaios para treinar bailarinos para acompanhá-lo em sua dança.

O próprio astro apresenta a ideia de dar ao público um show nunca visto antes com as músicas que sempre gostaram. O contato com a tecnologia de ponta aproximava essa ideia. Ampliava o espetáculo com um gigantesco telão que completavam as canções, além de recursos em terceira dimensão e inserções de Jackson em filmes clássicos. Acostumado com a riqueza de detalhe, Jackson demonstrava que estava em seu reino. Repassava nota após nota, para sincronizar perfeitamente com a coreografia, orquestrando-os com seu grito característico.

A impressão após quase duas horas de música após música, é que This Is It seria um show arrebatador. Colocaria as melhores canções de Michael em um roteiro de espetáculo único de dança e imagens. Mesmo vendo-as em ensaios é possível visualizar a excelência que seria o show.

Michael Jackson´s This Is It entrou para a história como o grande show que não se realizou. De um astro que morreu cedo demais. Para nossa sorte, registros foram capturados e o sonho pôde ser dividido com o resto do mundo. Resultando em um documentário rico e definitivo sobre a turnê não realizada. Muito mais do que um material para fãs, é essencial e simbólico marco do fim de um legado. Um reinado soberbo em que ninguém, antes ou depois, será capaz de substituí-lo. É isso.


sábado, 7 de julho de 2012

Michael Jackson, Immortal

Artista: Michael Jackson
Álbum: Immortal
Gravadora: Epic / Sony Music
Ano: 2011

01 - Workin' Day And Night
02 - The Immortal Intro
03 - Childhood
04 - Wanna Be Startin' Somethin'
05 - Dancing Machine/Blame It On The Boogie
06 - This Place Hotel
07 - Smooth Criminal
08 - Dangerous
09 - The Jackson 5 Medley: I Want You Back/ABC/The Love You Save
10 - Speechless/Human Nature
11 - Is It Scary/Threatened
12 - Thriller
13 - You Are Not Alone/I Just Can't Stop Loving You
14 - Beat It/State of Shock
15 - Jam
16 - Planet Earth/Earth Song
17 - They Don't Care About Us
18 - I'll Be There
19 - Immortal Megamix: Can You Feel It/Don't Stop 'Til You Get Enough/Billie Jean/Black Or White
20 - Man In The Mirror


Segundo álbum póstumo de Michael Jackson, Immortal não é uma seleção de fonogramas não utilizados em discos anteriores. Mas uma releitura de seus grandes sucessos remixado por Justin Timberlake e Kevin Antunes, produtor de Rihanna, que funciona como a trilha sonora de um espetáculo do Cirque Du Soleil em homenagem ao astro.

Utilizando mais de quarenta canções do músico, o disco apresenta, provavelmente, a base do espetáculo. Mesmo com versões novas, não acrescenta nenhum elemento a mais nas canções que mereça destaque ou motivo para que a obra de Jackson seja revista.

Basta assistir uma apresentação de Michael Jackson para observar que, em diversas músicas, novos efeitos sonoros eram adicionados para produzir a teatralidade do palco. A impressão é que produtores simplesmente gravaram tais versões que ainda não tinham um registro oficial. Muitas dessas versões para o palco podem ser vistas em shows durante sua carreira ou no musical This Is It.

A maioria das canções estão apenas justapostas uma a outra. Sem um cuidado de trabalhar com o material bruto e transforma-lo em algo diferente. Faixas cuja sonoridade mudam levemente caíram no tradicional estilo base eletrônica. Transformando canções excelentes como Wanna Be Startin' Somethin' em uma música qualquer.

A seleção também não tem inovação. A exceção da abertura com Workin´Day And Night, as faixas são os grandes hits de sucesso, presentes em qualquer coletânea tradicional. Billy Jean, a canção mais significativa de sua carreira, não mereceu nem mesmo uma faixa solo. Está inserida em um grande mix trazendo-nos uma reflexão incômoda: que espécie de espetáculo sobre a obra de Jackson não homenageia com propriedade sua canção mais icônica?

O resultado é uma coletânea que diminui a força das músicas, diluindo em outras e prejudicando um material excelente. Merece destaque, porém, a versão de Thriller que aproveita ainda mais o silêncio da canção, sendo bem construída e dando a sensação, de fato, de uma releitura de um clássico que mesmo modificado não perdeu a majestade.

Também lançado em formato duplo, em uma edição Deluxe, as canções são formatadas de maneira igual. Sendo evidente que a função de remixar a obra de Jackson para esse especial deveria ter ficado nas mãos de um grande produtor, como Quincy Jones, que saberia retirar do material bruto das canções uma sonoridade que ao mesmo tempo homenagearia Jackson e traria consigo um frescor para as mesmas. Mais favorável comprar outra coletânea de Greatest Hits do que considerar ter esse álbum na coleção. 


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Michael Jackson, Invincible

Artista: Michael Jackson
Álbum: Invincible
Ano: 2001
Gravadora: Epic / Sony Music

01 - Unbreakable" featuring The Notorious B.I.G. (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Nora Payne, Robert Smith)
02 - Heartbreaker featuring Fats (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Mischke, Norman Gregg)
03 - Invincible (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Norman Gregg)
04 - Break of Dawn (Dr. Freeze, Michael Jackson)
05 - Heaven Can Wait (Michael Jackson, Teddy Riley, Andreao Heard, Nate Smith, Teron Beal. E. Laues, K. Quiller)
06 - You Rock My World (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Nora Payne)
07 - Butterflies (Andre Harris, Marsha Ambrosius, Michael Jackson)
08 - Speechless (Michael Jackson)
09 - 2000 Watts (Michael Jackson, Teddy Riley, Tyrese Gibson, J. Henson)
10 - You Are My Life (Michael Jackson, Babyface, Carole Bayer Sager, John McClain)
11 - Privacy featuring Slash (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Bernard Belle)
12 - Don't Walk Away (Michael Jackson, Teddy Riley, Richard Carlton Stites, Reed Vertelney)
13 - Cry (R. Kelly)
14 - The Lost Children (Michael Jackson)
15 - Whatever Happens (Michael Jackson, Teddy Riley, Gil Cang, J. Quay, Geoffrey Williams)
16 - Threatened (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels)



Décimo e último álbum de estúdio da carreira, Invincible foi lançado após um hiato de quatro anos e erroneamente considerado o disco que traria Michael Jackson de volta ao estrelado supremo. A má formulação da venda do produto é notória, apresentando mais erros externos ao disco do que interno.

A maior problemática foi um conflito entre a gravadora Sony que parou a divulgação do disco logo em seu lançamento porque Michael Jackson, com razão, não aceitou as imposições da empresa que queriam escolher os singles e clipes a serem trabalhados. O resultado foi uma breve recepção positiva para um vazio que oscilou e dividiu os críticos.

Revendo a discografia do cantor é possível observar que, ao contrário das exageradas críticas negativas que colocavam o álbum em um limbo obscuro, mesmo que suas canções tenham se diluído na evolução musical que o próprio concebeu na década passada, o disco ainda tem elementos positivos. Porém, as comparações são inevitáveis devido ao seu passado brilhante. Como compreender um bom disco sem nenhum arroubo em uma carreira repleta deles é a grande questão. 

Invincible acerta mais como álbum em relação a HIStory, a sonoridade é inteira dedicada as batidas eletrônicas, com quase nenhuma inovação sonora. Se Jackson já dialogava com sua vida pessoal em ábuns anteriores, em seu último disco entra definitivamente dentro de si. As canções são menos carregadas de metáforas e mais pobres. Com a urgência agora voltada para o elemento amoroso. Não parecendo muito confortável a participação de rappers em algumas faixas, soando mais uma obrigação do que um conceito.

A faixa que abre o disco, Unbreakeable, mantém a tradição das excelentes primeiras faixas de seus discos. É explosiva e serve de justificativa para o tempo em que passou em descanso musical. Não a toa críticos da época ficaram animados com o disco, pois seu início é favorável.

Sem perder o ritmo, Heartbreaker entra no campo amoroso com Jackson abrindo o coração a respeito de alguém que não quer o seu amor. É a primeira faixa de diversas que se pressupõe o apaixonamento do cantor. Falando a respeito de alguém de maneira mais física, além do conceito ideário.

Elemento que se desdobra em Invincible, uma boa canção sobre uma garota fatal. A levada parece antiga, próxima de Steve Wonder, mesmo com a eletrônica. A evidência de que havia um tentativa de equilibrar presente é passado é a dose de refrões com vocais sincopados que dão certa vida a batida.

O elemento palpável do amor se faz em Break Of a Dawn. Canção corajosa do cantor se levarmos em conta que nunca abordou o assunto tão explicitamente. É a primeira balada que mesmo bem formatada não se destaca além de uma boa balada. 

I don't want the sun to shine I wanna make love 
Just this magic in your eyes and in my heart 
I don't know what I'm gonna do I can't stop lovin' you 
I won't stop 'til break of dawn makin' love 

Eu não quero o sol brilhando, quero fazer amor
Somente essa mágica em seus olhos e no meu coração
Não sei o que posso fazer, não consigo parar de te amar
Não quero parar de fazer amor até o amanhecer


A harmonia amorosa se perde em Heaven Can Wait. Canção estranha pela temática que resume alguém que não quer deixar de amar eclodindo no refrão de que o céu pode esperar. Fazendo o ouvinte inferir que o amor parece ter data de validade ou a pessoa em questão estivesse convalescendo.

You Rock My World é a mais conhecida do disco. A faixa vazada antes do lançamento que se tornou single por obrigação. A canção roça em elementos do início de sua carreira, inclusive com o clipe que tenta emular a atmosfera clássica em um microfilme com a participação de Chris Tucker, amigo que aparece falando também no começo da faixa, e do grande – sem ironia apesar do mesmo estar bem acima do peso – Marlon Brando. A faixa segura bem a tensão entre novo e velho. A batida fria com um piano quente. 

Butterflies é uma das mais fracas do disco. Como revelado pelo título, persegue a ideia de nervosismo do amor representada pelas borboletas no estômago. Talvez Jackson tentasse mais fidelidade produzindo uma letra próxima do elemento coloquial. Mas perdeu metáforas bem criadas durante toda sua carreira. 

Mantendo o ritmo lento, Speachless, é uma canção considerável. Começa com a voz a capella sintetizando o tema da música. O ritmo aumenta em progressão e há muita emoção na voz até o auge com um coro. Composta para seus três filhos, a faixa fala de um amor mais paternal. Merece estar nas grandes canções de Jackson ainda mais por versar em um assunto não muito falado em suas letras.

2000 Watts foi gravada com um efeito na voz, mais grave, a uma oitava do tom habitual. Produz apenas estranhamento e não é funcional. A batida é tão mais forte que a voz que demonstra um desnível em uma canção um tanto pobre.

Balada mais tradicional do disco, You Are My Life parece redirecionada a um amor honesto. Tão sincero que podemos inferir que seja outra canção para seus filhos. Relembra sua carreira na década de novamente e chega a citar uma frase de The Way You Make Me Feel.

As perseguições midiáticas retornam em Privacy, que contém menos raiva do que todo HIStory. Completa, sem nada acrescentar, um assunto já melhor abordado por Michael Jackson.

Don´t Walk Away repete uma sensação clássica, com direito a um riff de guitarra na introdução. Tem um personagem mais amargurado que roga para que não o deixe de lado como se não houvesse lugar que pudesse se encaixar. Parece uma canção tanto destinada a alguém como ao próprio publico.

Cry foi o segundo single do álbum e representa a balada mais Jacksoniana, como Speachless. Inicio lento, progressão vocal e sonora que finaliza em um coro épico. É a primeira faixa quer eleva a qualidade do disco, dando inicio ao ato final.

The Lost Children é uma belíssima canção dedicada as todas as crianças perdidas no mundo. Entoada como um hino, de maneira bem figurativa, e repleta de um apelo sentimental que não perde a direção para o banalismo.

Um dos momentos mais criativos do disco esta em Whatever Happens. Canção espanhola com a guitarra inconfundível de Carlos Santana. A musicalidade hispânica não fica dissonante e demonstra como, mesmo que pouco, Jackson buscava novos ritmos.

A última faixa fecha com qualidade tanto disco como a obra do cantor, visto que, a partir de agora, somente coletâneas e a duvidosa obra póstuma estarão nas prateleiras como novidade. Theatened tem peso e metáfora na medida com a ironia para lidar com adversidade presente nos álbuns anteriores.

A canção inicia-se com uma narrativa da série Além da Imaginação para entrar em uma batida um tanto fantasmagórica acompanhada por um efeito sonoro surdo que soa como pés de um gigante caminhando. O tema é a recorrente perseguição das fofocas, dessa vez sobre um monstro que seria de outro mundo e destruidor de tudo e todos. 

A agressividade tem potencial criativo e dialoga com os elementos exagerarados que circundaram toda sua carreira e, com o passar dos anos, se ampliavam cada vez mais em extravagâncias e divergências. O apelo violento é o ato final de sua carreira, demonstrando que aquele rapaz que não sabia a hora de parar de dançar envelheceu como um gênio solitário que embora perseguia seus sonhos era ainda mais perseguido pela mídia.

Apesar da coesão interna, o mal lançamento da Sony prejudicou o disco, ainda mais por pensarem que seria uma volta ao auge de Michael Jackson. Embora bem formatado é dispare por ter poucas canções que concentram seu talento em relação as outras que são apenas na média do pop. 




quarta-feira, 4 de julho de 2012

Michael Jackson, Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix

Artista: Michael Jackson
Álbum: Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix
Gravadora: Epic
Ano: 1997


1."Blood On The Dance Floor""   Michael Jackson, Teddy Riley
2."Morphine"   Michael Jackson
3."Superfly Sister"   Michael Jackson, Bryan Loren
4."Ghosts"   Michael Jackson, Teddy Riley
5."Is It Scary"   Michael Jackson, James Harris III, Terry Lewis
6."Scream Louder (Flyte Tyme Remix)"   Michael Jackson, Janet Jackson, James Harris III, Terry Lewis
7."Money (Fire Island Radio Edit)"   Michael Jackson
8."2 Bad (Refugee Camp Mix)"   Michael Jackson, Bruce Swedien, Rene Moore, Dallas Austin
9."Stranger In Moscow (Tee's In House Club Mix)"   Michael Jackson
10."This Time Around (D.M. Radio Mix)"   Michael Jackson, Dallas Austin
11."Earth Song (Hani's Club Experience)"   Michael Jackson
12."You Are Not Alone (Classic Club Mix)"   R. Kelly
13."HIStory (Tony Moran's History Lesson)"   Michael Jackson, James Harris III, Terry Lewis


Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix é um disco gauche, é composto de oito remix do disco anterior dele, o HIStory e mais 5 faixas inéditas. Levando-se em conta que HIStory já era metade álbum inédito, metade coletânea, podemos entender o quão fundo é o buraco nesse Blood on the Dance Floor.

Sinceramente, acho desnecessário versar aqui sobre o quanto remix são ridículos e desnecessários. Então focarei a minha resenha nas faixas inéditas. Vamos lá.

A Faixa título começa com a dominante bateria eletrônica dessa fase “dance” de Michael e é um perfeito exemplar do que se tocava nas pistas na época, ou seja, uma música dançante genérica, com letra rasa, sem nenhum brilho. Essa gravação é uma mácula na carreira de Michael. Mal se ouve a voz na maioria da música mostrando a característica do dance de pasteurizar a música, deixando tudo formatado para pista, para que o DJ possa tocar uma música atrás da outra, sem parecer que mudou de faixa. Uma lástima.

Morphine começa com um efeito de rádio sem sintonia e progride com Michael cantando de maneira forte e sincopada, com os efeitos eletrônicos fazendo as vezes de instrumentos. O resultado é bem fraco. Michael tem uma bela voz que ele insistiu aqui em encobrir com efeitos tenebrosos.

A letra pelo menos se salva. Claramente auto-biográfica é interessante, ousada e muito triste, se destacando muito no disco, principalmente porque um trecho antecipa a maneira como o cantor morreria muitos anos depois:

Relax, this won't hurt you
Before I put it in
Close your eyes and count to ten
Don't cry, I won't convert you
There's no need to dismay
Close your eyes and drift away
Demerol, Demerol
Oh God, he's taking Demerol

Relaxe, isso não vai machucar você
Antes que eu injete
Feche seus olhos e conte até dez
Não chore, eu não vou te converter
Não precisa ter medo
Feche seus olhos e vá em frente
Demerol, Demerol
Oh Deus, ele está tomando Demerol

No geral é muito superior à faixa título, mas ainda aquém do que sabemos que Michael podia render.

O disco segue com Superfly Sister que é bem mais dançante que a faixa anterior, com um ritmo e uma letra mais “sensuais”, acaba sendo mais uma das frustradas tentativas de Michael de parecer sexy. Curioso que ele era considerado assim antes de ficar tentando provar sua sexualidade para o mundo, na época em que era um artista melhor do que uma figura pública. Sinceramente, essa faixa nunca deveria ter entrado em um álbum, é claramente uma experimentação que não deu nada certo.

Ghosts rendeu o maior (em duração, fique claro) clipe da carreira de Michael, um verdadeira media metragem, que fez mais alvoroço que a canção em si. A música é me parece uma apelação, uma tentativa de recriar a atmosfera de Thriller e o clima soturno de Smooth Criminal. Obviamente não deu certo.

O instrumental é uma repetição de 5 minutos da mesma batida, sem quase nenhuma variação, com Michael e os backing vocals fazendo um trabalho razoável nos vocais.

A letra varia de qualidade, o começo é bem ruim, falhando em compor um panorama de assombrações e monstros, apenas mostrando clichês do gênero, de maneira canhestra:

There's a ghost down in the hall
There's a ghoul upon the bed
There's something in the walls
There's blood upon the stairs

Tem um fantasma no corredor
Tem um vampiro debaixo da cama
Há alguma coisa nas paredes
Há sangue nos degraus

No entanto a letra se recupera muito bem ao traçar um paralelo entre essas “assombrações” e a invasão que Michael sofria em sua vida particular:


And who gave you the right to scare my family
And who gave you the right to shake my baby, she needs me
And who gave you the right to shake my family tree
They put a knife in my back
Shot an arrow in me
Tell me are you the ghost of jealousy

E quem te deu o direito de perturbar minha família?
E quem te deu o direito de perturbar meu amor, ela precisa de mim
E quem te deu o direito de perturbar meus antepassados?
Você me esfaqueou pelas costas
Me atirou uma flecha!
Me diga, você é o fantasma do ciúme?

A música não é excelente, mas se salva pela interessante metáfora construída pela letra.

A última inédita é Is It Scary é quase uma irmã de Ghosts, continua na mesma temática e tem inclusive a primeira estrofe exatamente igual. Mas acaba sendo uma música bem melhor, simplesmente porque é ritmicamente muito mais interessante, não abusando dos recursos eletrônicos. E por isso mesmo, a performance vocal de Michael é muito melhor. Vale ressaltar que ele não usa backing vocals na faixa.

A letra tem a mesma metáfora da de Ghosts, mas puxando pelo lado de que as pessoas se assustavam com as supostas excentricidades de Michael. É uma bonita letra, com muitos trechos tocantes, como este:

I don't wanna talk about it
What's scary for you, baby
Is this scary for you
I'm tired of being abused
You know you're scaring me too
I think the evil is you
Is this scary for you, baby

Eu não quero falar sobre isso
O que é assustador pra você, baby?
É assustador pra você, baby?
Eu estou cansado de ser abusado
Você sabe que está me assustando também
Eu vejo, o mal é você
É assustador pra você, baby?

Interessante ver como ele estava magoado com as pessoas, mesmo colocando o público como culpado (o baby, no caso, faz as vezes de público).

Depois dessas 5 faixas entram os remix, que colocam tudo a perder de vez, em um álbum que já tinha tremendas dificuldades de se segurar como uma obra coesa. Uma pena. Seria muito melhor e mais honesto ter feito outras 5 faixas inéditas, mesmo que dessa qualidade mediana, assim teríamos um álbum de mediano pra ruim, mas um álbum e não essa aberração caça-níquel.

No geral é uma obra plenamente esquecível na carreira de Michael, servindo apenas de registro, pelas letras das músicas inéditas, para o quão devastado emocionalmente Michael estava, prenunciando que ele não agüentaria muito mais. Toda a corda que é puxada acima de sua tensão máxima se rompe.