Dir. Henrique Goldman
A história real de Jean Charles, um brasileiro que morava em Londres para conseguir um pouco de sustento e, acidentalmente, é morto pela polícia britânica, ao ser confundido com um terrorista, é um assunto que, não só dói pelo incomodo da atitude indevida como clama por justiça.
Ainda que esse fato seja inegável, é preciso observar que estamos a frente de uma obra cinematográfica, cuja intenção pretende recontar a vida de Jean em Londres até o incidente. Sob esse aspecto, mesmo que a competência natural de Selton Mello sempre esteja presente a cada cena – ainda que eu discorde de muitos que disseram que esta é sua melhor interpretação, sem dúvida, nas produções recentes, João Estrela de Meu Nome Não é Johnny e Lourenço de O Cheiro do Ralo são bem melhores trabalhados – não há muito para se acrescentar, nem abrilhantar essa trama comum de um rapaz que, infelizmente, esteve no momento errado e na hora errada.
Jean vivia com um grupo de brasileiros em Londres, especialmente para conquistar algum dinheiro para mandar para a família no Brasil. E, até mesmo lá fora, o típico jeitinho brasileiro é visível nas tentativas de conseguir uma boa vida para todos e, até mesmo, passaportes clandestinos para que os brasileiros, saudosos de sua família, tenham passe livre para ir e vir. E essa simples história é seu cotidiano diário, até o fatídico dia em que, após diversos atentados em Londres, é confundido com um terrorista e morto covardemente.
Embora tenha um elenco competente e até mesmo a própria prima de Jean interpretando ela mesma, a produção é um tanto quanto comum e, tirando seu final trágico já sabido por todos, funcionaria melhor como originalmente foi proposta pelo diretor: como um documentário.
Road Trip - Caindo na Estrada (Road Trip)
Dir. Todd Phillips
Em 1999, o filme American Pie – A Primeira Vez é Inesquecível, trouxe de volta as tela um tipo de comédia produzida nos anos 80 que há muito não era vista. Com situações absurdas, repletas de non sense e grande grau de baixaria e machismo mas que são engraçadíssimas por essa soma peculiar.
Nada mais natural que com o sucesso dessa produção, diversas outras surgissem para buscar um pouco de bilheteria e prestígio. Muitos desses filmes fizeram sucesso na época, evidentemente, e pararam.
Nesse vendaval de produções, o bacana Todd Phillips, o mesmo por trás de Dias Incríveis e do recente Se Beber, Não Case, produziu um filme que seguia essa formula do riso com boa despretensão, resultando em uma história sobre uma road trip que não só é engraçada como foi o ponto de inicio de sua carreira.
Tudo começa quando Josh manda sem querer para sua namorada, uma fita de vídeo em que a trai. Indo de Nova York, até Austin, Texas, quase três mil quilômetros, os três amigos que os acompanham, como é de se imaginar, passam por muitas situações absurdas, a maneira desse tipo de comédia escrachada.
Ainda que sem um elenco famoso, a produção é bastante divertida e tem ótimos momentos. Além de dirigir, Phillips também participou do roteiro da produção como faria em seus outros filmes.
Dias Incríveis (Old School)
Dir. Todd Phillips
Assistido imediatamente após Road Trip – Caindo na Estrada, agora trabalhando com atores famosos no mundo do humor, Dias Incríveis é mais uma produção escrita e dirigida por Todd Phillips que traz todo o elemento do besteirol cômico a tona e de maneira ainda melhor.
É inegável que a presença de Vicent Vaugh e principalmente de Will Ferrell, sejam um dos grandes elementos para dar o timing comigo necessário ao filme. Ambos os comediantes são muito competentes, sejam trabalhando em um personagem mais nervoso, como o de Vaugh, e um mais exagerado como o de Ferrell.
Dias Incríveis retoma de maneira legítima os filmes oitentistas sobre jovens e sua inconseqüência natural seja na vida ou nas loucuras das festas universitárias. A trama gira em torno de três personagens trintões e se inicia no começo do casamento de Frank (Will Ferrell) que para Beanie (Vince Vaughn) é um dos piores negócios que se pode fazer e do fim da relação de Mitch (Luke Wilson), ao descobrir que a esposa é adepta ao swing.
Assim, indo morar em uma nova casa, os três amigos querem resgatar suas glórias do passado. Formando uma irmandade improvisada, tem novamente o gosto da adolescência em suas mãos.
Certos momentos da produção são hilários, não só pela boa construção do roteiro mas pela, como dito, competência dos atores em cena.
Todo esse cuidado apurado traduz-se em mais uma boa produção cômica, entre as diversas que Will Ferrell e seus parceiros estrelariam nessa época e que, até hoje, apresentam filmes de boa qualidade, salvando a comédia de sua monotonia (ao lado de outro ator comediante que tem feito sucesso chamado Seth Rogens).