segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Semana em Filmes (22 a 28 de Novembro)

Jean Charles (Jean Charles)

Dir. Henrique Goldman



A história real de Jean Charles, um brasileiro que morava em Londres para conseguir um pouco de sustento e, acidentalmente, é morto pela polícia britânica, ao ser confundido com um terrorista, é um assunto que, não só dói pelo incomodo da atitude indevida como clama por justiça.
Ainda que esse fato seja inegável, é preciso observar que estamos a frente de uma obra cinematográfica, cuja intenção pretende recontar a vida de Jean em Londres até o incidente. Sob esse aspecto, mesmo que a competência natural de Selton Mello sempre esteja presente a cada cena – ainda que eu discorde de muitos que disseram que esta é sua melhor interpretação, sem dúvida, nas produções recentes, João Estrela de Meu Nome Não é Johnny e Lourenço de O Cheiro do Ralo são bem melhores trabalhados – não há muito para se acrescentar, nem abrilhantar essa trama comum de um rapaz que, infelizmente, esteve no momento errado e na hora errada.
Jean vivia com um grupo de brasileiros em Londres, especialmente para conquistar algum dinheiro para mandar para a família no Brasil. E, até mesmo lá fora, o típico jeitinho brasileiro é visível nas tentativas de conseguir uma boa vida para todos e, até mesmo, passaportes clandestinos para que os brasileiros, saudosos de sua família, tenham passe livre para ir e vir. E essa simples história é seu cotidiano diário, até o fatídico dia em que, após diversos atentados em Londres, é confundido com um terrorista e morto covardemente.
Embora tenha um elenco competente e até mesmo a própria prima de Jean interpretando ela mesma, a produção é um tanto quanto comum e, tirando seu final trágico já sabido por todos, funcionaria melhor como originalmente foi proposta pelo diretor: como um documentário.




Road Trip - Caindo na Estrada (Road Trip)

Dir. Todd Phillips


Em 1999, o filme American Pie – A Primeira Vez é Inesquecível, trouxe de volta as tela um tipo de comédia produzida nos anos 80 que há muito não era vista. Com situações absurdas, repletas de non sense e grande grau de baixaria e machismo mas que são engraçadíssimas por essa soma peculiar.
Nada mais natural que com o sucesso dessa produção, diversas outras surgissem para buscar um pouco de bilheteria e prestígio. Muitos desses filmes fizeram sucesso na época, evidentemente, e pararam.
Nesse vendaval de produções, o bacana Todd Phillips, o mesmo por trás de Dias Incríveis e do recente Se Beber, Não Case, produziu um filme que seguia essa formula do riso com boa despretensão, resultando em uma história sobre uma road trip que não só é engraçada como foi o ponto de inicio de sua carreira.
Tudo começa quando Josh manda sem querer para sua namorada, uma fita de vídeo em que a trai. Indo de Nova York, até Austin, Texas, quase três mil quilômetros, os três amigos que os acompanham, como é de se imaginar, passam por muitas situações absurdas, a maneira desse tipo de comédia escrachada.
Ainda que sem um elenco famoso, a produção é bastante divertida e tem ótimos momentos. Além de dirigir, Phillips também participou do roteiro da produção como faria em seus outros filmes.




Dias Incríveis (Old School)

Dir. Todd Phillips


Assistido imediatamente após Road Trip – Caindo na Estrada, agora trabalhando com atores famosos no mundo do humor, Dias Incríveis é mais uma produção escrita e dirigida por Todd Phillips que traz todo o elemento do besteirol cômico a tona e de maneira ainda melhor.
É inegável que a presença de Vicent Vaugh e principalmente de Will Ferrell, sejam um dos grandes elementos para dar o timing comigo necessário ao filme. Ambos os comediantes são muito competentes, sejam trabalhando em um personagem mais nervoso, como o de Vaugh, e um mais exagerado como o de Ferrell.
Dias Incríveis retoma de maneira legítima os filmes oitentistas sobre jovens e sua inconseqüência natural seja na vida ou nas loucuras das festas universitárias. A trama gira em torno de três personagens trintões e se inicia no começo do casamento de Frank (Will Ferrell) que para Beanie (Vince Vaughn) é um dos piores negócios que se pode fazer e do fim da relação de Mitch (Luke Wilson), ao descobrir que a esposa é adepta ao swing.
Assim, indo morar em uma nova casa, os três amigos querem resgatar suas glórias do passado. Formando uma irmandade improvisada, tem novamente o gosto da adolescência em suas mãos.
Certos momentos da produção são hilários, não só pela boa construção do roteiro mas pela, como dito, competência dos atores em cena.
Todo esse cuidado apurado traduz-se em mais uma boa produção cômica, entre as diversas que Will Ferrell e seus parceiros estrelariam nessa época e que, até hoje, apresentam filmes de boa qualidade, salvando a comédia de sua monotonia (ao lado de outro ator comediante que tem feito sucesso chamado Seth Rogens).

domingo, 29 de novembro de 2009

[Resenha] House M.D., 6a temporada (06x09, Ignorance Is Bliss)





Ignorance Is Bliss (06x09)

Data de exibição: 23/11/09

O Que Dr. House Diria?


"Embora eu deva deixar claro que por duas pratas você só leva a parte superior e por cima das roupas."

"Desculpa incomodá-lo. Pacientes morrendo podem ser imprudentes."

"Todos os órgãos se parecem. Vermelhos e moles."







ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DO EPISÓDIO, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO O EPISÓDIO, POR FAVOR.


Após um episódio repleto de bons argumentos, balanceando um caso interessante e o desenvolvimento das personagens, o nono episódio da sexta temporada, Ignorance Is Bliss, ironicamente, parece ignorar o bom equilíbrio anterior e, novamente, apresenta um episódio abaixo da média sempre alta da série.

Embora muitos possam dizer que não se assista House M.D. pelos casos, eles eram notadamente atenção central nos episódios. Fato que comprova meu argumento é que, antigamente, lembramos de episódios pelos casos. Como o caso da menina que era um menino, da garota frágil que fugiu de casa e voltou com um carrapato ou ainda da autópsia realizada em uma pessoa viva na segunda temporada.

Hoje, mais lembramos dos episódios pelas histórias individuais de sua personagem, o que demonstra que ou o foco da série foi mudado, ou seus roteiristas estão passando por uma fase experimental nesse ano, ano que reajusta muitos argumentos da série, e ainda não encontraram o contraste certo para trabalhar.

De certa maneira, a profusão de mudanças que move a sexta temporada é catalisadora disso. Um quarto dessa temporada se passou sem que nem mesmo a equipe de House esteja estável. Assim, a cada episódio, seus roteiristas precisam elaborar saídas e ganchos para reunir todas essas personagens sem que exista inadequação entre a histórias delas.

Esse episódio marca-se como o primeiro sem a Dr. Cameron no Hospital. Ainda que seu nome conste na abertura inicial que nunca mudou desde a primeira temporada, não é possível afirmar, ainda, se ela volta a série. Pois, ao contrário de muitos, evito spoilers.

A dinâmica entre a equipe divide-se entre uma dupla antiga e uma mais nova, ainda que Foreman já tenha trabalhado com ambas. A inclusão de Thirteen e Taub na equipe, como comprovado no episódio passado, tende a dar dinamicidade as cenas.

Pela primeira vez fui capaz de observar que Taub é um dos únicos personagens que sempre enxerga o jogo de House e ainda alerta seus companheiros. É explícito que sua volta para o trabalho na equipe está centrada em sua vontade de também vencer desafios e, vez ou outra, compreender de fato o que a enigmática vontade de Gregory deseja de fato.

Tratando-se do médico central da série, sua história ocorre, nesse episódio, mais paralelamente ao caso do que nunca. Centrado em seu vislumbre amoroso, House racionaliza as diversas maneiras de tentar destruir a relação de Cuddy com Lucas. Porém, o conhecimento que a doutora tem do médico é tanto que até mesmo suas trapaças mais baixas já são previstas.

Boa parte do público provavelmente deseja que as personagens fiquem juntas. Porém, como se tem visto até então, Gregory teria de comprovar a Cuddy que se tornou outro homem. Transformando suas trapaças em algo que não ajuda em nada.
Talvez o único ponto em comum entre House e o caso visto no episódio seja a referência com a ignorância. Seu paciente gênio opta por se dopar de xarope para perder a inteligência para ficar ao lado de quem se ama. E o próprio Gregory precisaria mudar seu estilo, talvez atado a sua genialidade, para conquistar derradeiramente Cuddy.

Portanto, qual seria a maior benção. A inteligência e seu espaço vazio ou a mudança e a conquista de alguém? Enquanto Cuddy foge de House, aparentemente ele tenta ser civilizado. Se isso é mais um passo de sua tática ou sua rendição, só os próximos episódios apontarão. Será que alguém apaixonado há muito tempo por outra pessoa poderia desistir assim tão fácil?

O próximo episódio da série, Wilson, deve ser centrado no oncologista. O que é sempre bem vindo, já que sua personagem é uma das melhores em toda série e ainda ganhou pouco destaque esse ano.







sábado, 28 de novembro de 2009

E.R - Plantão Médico, Décima Segunda Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

Doze anos no ar em plena forma.

Após cinco temporadas em que escrevo sobre essa série, embora tenha assistido-a desde o começo há dois anos, é quase redundante certos aspectos que abordo. Afinal, ainda que com apenas uma temporada oscilante, cada ano que passa confirma, ainda mais, minha impressão a respeito de E.R. – Plantão Médico. Sua ousadia é sem limites e, tratando-se de uma série cujo enfoque é um pronto socorro, mesmo que nos apegamos a certas personagens, quando é hora delas partirem, seus roteiristas dizem adeus e continuam a entregar excelentes situações e bons roteiros.

O fato é que após a nona temporada oscilante, que explicitamente não soube lidar com a ausência de um personagem, seus produtores e roteiristas aprenderam muito bem como preencher a lacuna de saídas importantes, grandes fios condutores da trama, e dar maior rigidez e estrutura para prosseguir.

A décima segunda temporada da série começa exatamente aonde a anterior parou: logo após a saída de John Carter, especificamente na fuga de Alex, o filho da enfermeira Sam e na busca que ela e Kovac fazem pela cidade atrás do garoto.

Se essa história tem um leve tropeço por mudar o ator que faz o garoto, apresentando um menino maior e menos carismático, o gancho serviu para chamar atenção do público a um novo drama, evitando que a ausência de Carter atrapalhasse.

A série ganha mais dinâmica novamente ao trazer uma nova enfermeira-chefe ao pronto socorro, uma personagem que, apesar de passageira, tem uma atitude severa e mexe com a tranqüilidade desse núcleo que desde a saída da enfermeira Carol e da mudança de Abby para doutora, tem ficado apagada, ganhando foco somente na história de Sam.

O cirurgião que se apresenta na temporada passada, Dr. Lucien Dubenko também reaparece dando vida ao lado cirúrgico da série, que se apagava aos poucos. Sua personagem não só rouba as cenas, por ser estranho e brilhante, mas também por ser um dos únicos que dão a merecida atenção a Dr. Neela Rasgotra, que decide partir também para a cirurgia.

Neela é outra incrível personagem que fundamenta os parâmetros dessa temporada. Seu papel é um dos mais densos da série e encontra em seu companheiro de casa, Dr. Ray Barnett, bem melhor estruturado nesse ano que na temporada passada (onde parecia um médico deslocado e descuidado) um contraponto para sua amargura.


A ala médica ganha a aquisição do Dr. Victor Clemente, outro personagem passageiro da série, como há em todas as temporadas, que mais funcionam para desequilibrar o ambiente já hostil da série do que para ser um personagem que permanece na galeria de grandes médicos.

A série, aos poucos, movimenta suas personagens conhecidas. Novamente dá cenas de destaque para a sempre ambígua Kerry Weaver, mostra momentos de humanidade de Gregory Pratt (que destroem parcialmente sua credibilidade), e escolhem Luka Kovac como uma das figuras centrais da trama.

Como em seu inicio na série, sua personagem se torna um excelente médico competente e ganha, assim, a chefia do pronto socorro. Se seu relacionamento com Sam falha logo no inicio, retomar sua história com Abby cria um simpático casal antigo, que muito provavelmente o público torcia para que ficassem juntos.

Quem se despede dessa temporada, de maneira rápida, é Susan Lewis. Personagem relevante no inicio da série mas que em sua volta, na oitava temporada, só teve bom destaque, e funcionava bem, na época de Mark Green. Sua saída de cena ocorreu por causa de brigas com os produtores da série, portanto assim como aparece em um episódio, é dito no outro pelas personagens que foi embora aceitando um emprego em outra cidade.

Marcando a boa continuidade da série, John Carter participa de dois episódios centrados na África. Que aliviam os fãs da personagem e dão um sentido para sua despedida do hospital. O ano também traz de volta Michael Gallant, que serve apenas de gancho dramático para Neela, com que se casa.

Essa temporada marca o fim da abertura inicial, que a partir da próxima possui apenas alguns segundos. Tal corte foi realizado para que um pouco mais da série fosse exibida, o que, de certa forma, é uma pena, pois os créditos da série eram bem interessantes e sempre se atualizavam conforme novas personagens surgissem.

Como outro costume na série, há um episódio voltado para um ator convidado. James Woods interpreta um professor que está morrendo aos poucos por uma doença, em um belo episódio, Body and Soul, focado em um único paciente e transita entre o presente e seu passado glorioso. Repleto de drama e emoção.

O movimento final da temporada é arrebatadora. O gancho não só abre uma nova ação para a série, como cria um caos dentro do pronto socorro. A cena final é angustiante. Imaginei como quem assistiu na época do lançamento foi capaz de esperar meses para que, na outra temporada, a ação se conclui.

Faltando apenas três anos para seu final derradeiro, E.R. – Plantão Médico demonstra pelo seu décimo segundo ano consecutivo que sabe inovar, sem medo e aprendendo com seus erros. Definitivamente é um dos melhores dramas que a teve americana já produziu.

E, antes que pensem, sim, inevitavelmente, após o término dessa temporada, corri para assistir a seqüência e devo avisa-los que próxima temporada começa tensa, dramática e incrível.


terça-feira, 24 de novembro de 2009

[Download] House, Sexta Temporada, Ignorance is Bliss - 06x09

E o nome dele é House. Ele tem uma equipe. De dianósticos, prontos pra ajudar. Qualquer paciente, quase desfalecido, que por lá passar. Oh Yeah.

Partindo para o nono episódio da série, após um dos melhores na minha opinião, Teenwork, vamos ver como, mais uma vez, a série trabalhará essa nova dinâmica.

Tudo disponível, escolham a maneira preferida de ver o episódio e tenha um bom divertimento. E, como sempre, sexta a resenha entra no ar.

Ignorance Is Bliss - 6x09
Exibido em 23/11/2009

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Semana em Filmes (15 a 21 de Novembro)

Pagando Bem, Que Mal Tem? (Zack And Miri Make a Porno)

Dir. Kevin Smith



Kevin Smith é um diretor e roteirista superestimado. Falo isso, não só por ter assistido boa parte de seus filmes, mas também por conhecer seus roteiros para quadrinhos. Ambos possuem suas fases, seus momentos, mas não são bons como um todo.
Por sorte, em um ambiente como Hollywood em que astros se levam a sério de mais, Smith sabe tirar uma onda de si. Quando lançou O Balconista 2 brincou com o fracasso de seu filme-família Menina Dos Olhos (que não é tão ruim assim) e como bom nerd de carteirinha, recentemente, em uma convenção de Cinema e Quadrinhos resumiu em poucos minutos todo o significado do filme Crepúsculo.
Pagando Bem, Que Mal Tem? Mantém o estilo do cineasta desde a época de suas produções independentes. A história de dois amigos que, para ganhar uma grana, resolvem fazer um pornô é repleta de referências nerds, diálogos afiados e palavrões que marcam o estilo do roteirista.
Em uma trama tão despretensiosa, seu texto e sua direção flui bem como nunca. E a presença do mais novo ator queridinho da comédia Seth Rogen – que ainda acho que é bem melhor ator do que roteirista – mantém elevado o nível de bobagem dessa produção. Ou seja, cumprindo o seu papel como nunca.
Um bom fator positivo nos roteiros de Smith é que seu desenlace nunca é demorado. Suas personagens não contornam milhões de vezes a mesma situação para declarar seu amor ou abandonar a família. São diretos e, mesmo abismalmente xucros, conseguem ser sensíveis no momento certo da trama, corrompendo os clichês e economizando tempo que se desgastaria nas mãos de outros roteiristas mais voltados para o entretenimento família.
A produção ao ser lançada nos cinemas americanos não chegou a agradar por causa do seu conteúdo, parte do título original foi até limado ao ser vendido para outros países. Mas, francamente, quanta bobagem politicamente correta. E, como diz a personagem de Rogen no filme, "a pornografia é algo comum hoje em dia, como Coca Cola, Pepsi". Seria altamente cruel se não fosse engraçado e real.





Charlie - Um Grande Garoto (Charlie Bartlett)

Dir. Jon Poll


Raramente sou levado pelas críticas a assistir um filme porque muitos teceram elogios a respeito. Porém, Charlie – Um Grande Garoto, mais de uma vez, foi recomendado como um filme diferente dos comuns sobre adolescentes diferentes.
Ainda que a premissa do filme seja interessante, narrando a história de Charlie, um garoto que não tem amor na família e faz tudo para aparecer na escola – desde falsificar profissionalmente carteiras de motorista para menores a receitar drogas usada por psiquiatras – a produção nitidamente tenta seguir o roteiro de uma produção alternativa.
Como principal escalam um ator desconhecido mas carismático, chamam um ator famoso para um dos personagens centrais, misturam elementos que beiram a estranheza ou a genialidade e crêem que nesse caldo a formula está perfeita.
O conceito poderia ser interessante, como diversas produções, afinal, o inferno está cheio de boas intenções. Mas se perde tentando dar essa aura de alternativo de uma maneira um tanto quanto exagerada.
Se o enredo focasse mais no drama do garoto que precisa de atenção e se esforça de qualquer maneira para aparecer mas de uma maneira mais simples, o resultado poderia ser melhor. Mas, nesse caso, é apenas suposição.





2012 (2012)

Dir. Roland Emmerich


É certo que a maioria dos diretores, não importando seu calibre possui seus maneirismos. Federico Fellini ficou conhecido por seu exagero e bizarrice ao criar cenários e cenas, Steven Spielberg sempre ameniza seus roteiros sem finais trágicos, Michael Bay é conhecido por suas explosões e Roland Emmerich é um homem obsessivo por destruir o mundo.
Em um cenário hipotético é provável imaginarmos o diretor ainda criança destruindo todos os seus brinquedos para, feliz, conseguir brincar. Já que o prazer em reproduzir grandes destruições em seus filmes é inegável e atinge seu ápice em 2012.
Se o diretor foi responsável por um clássico dos filmes catástrofes chamado Independence Day, onde os americanos mostravam sua superioridade perante os alienígenas com direto a divertida cena em que Will Smith acaba com um alien no chute, e um máximo da ficção cientifica com Jean-Claude Van Damme, Soldado Universal, também possui seus momentos estranhos como Godzilla, responsável por enterrar a carreira de Matthew Broderick e 10.000 AC, tentando criar um herói primordial.
Se seu filme anterior de catástrofe, O Dia Depois do Amanhã era inconstante mas divertia, afinal, o mundo ia acabar e tudo começava rápido, a longa duração de 2012 faz com que a produção agonize diversos e diversos minutos de dramáticos embates, de diversos núcleos até que a ação em si, a destruição que tanto queremos ver, apareça.
Mesmo com o mundo prestes a entrar em colapso, há tempo para ligar para família, discutir a relação sem nenhum problema. As montanhas de lava, o chão se rachando ou a grande onda podem esperam um momento tocante antes da morte.
Como é de se prever, tudo dá certo para as personagens principais. O avião passa enquanto dois prédios quase caem, na rua que eles fazem a curva o chão não se abre ao meio, mas levanta-se provocando uma ponte que facilitará o acesso para fugir.
Sem contar o numero de personagens clichês que se somam. O pai ausente, o político que quer seguir o protocolo e se torna malvado, o presidente que decide ficar com a população, o louco que já previa a destruição quando ainda usava fraldas, alguém desconhecido que terá piedade de nossos audaciosos personagens.
A trama é longa, se arrasta tempo demais voltando-se para um drama que não deveria existir em um filme catástrofe e finaliza, como em outros filmes do diretor, com aquele senso moralista que deve deixar Emmerich, e só ele, com um sorrisão feliz no rosto.
Se o mundo acabar em 2012, tivemos o desprazer de assistir essa produção que de tão ruim parece kitch, mas que tem enchido os bolsos da produtora e do diretor. Mas, afinal, resta saber se terão tempo de gastar tanta verba se o mundo voltar ao pó de onde viemos.




Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's)

Dir. Blake Edwards


Há um viés da critica, no qual concordo plenamente, que certas produções ganha sua força ao produzir no espectador uma ruptura, como uma sensação desagradável. Causar um impacto que impressione e assim firme seu argumento deixando com que o mesmo telespectador reflita a respeito.
Inevitavelmente, filmes assim produzem um vazio após assistirmos e, conforme passa o tempo e a reflexão, vamos preenchendo-o e compreendendo melhor o conflito que assistimos na tela.
A partir disso, é necessário quebrar a sensação que muitos tem de que Bonequinha de Luxo é um filme bonitinho e agradável. É um drama, intenso, baseado no livro do maravilhoso escritor Truman Capote e, com toda sua sutil ironia e melancolia, conta a história da garota Holly Golightly, uma garota que vai para Hollywood com o intuito de se tornar atriz.
Embora a trama possua contornos românticos, devido a personagem de Paul "Fred" Varjak, a história de Holly é, aos poucos, apresentada ao público. Uma garota que é personagem de si mesma e se revela no decorrer da história, como pétalas que caem.
Cada revelação amplifica a profundade da história e da vazão a uma reflexão fulminante sobre o vazio das personagens, o vazio dos seres humanos. Algo inevitável de se pensar em uma trama de Truman Capote.
O titulo original do filme, que também o abre, alude a um sentimento de Holly, que quando fica triste, vai até a loja de jóias Tiffany e observa sua vitrine. Ainda que sem a tradução literal, o titulo brasileiro mantém a delicadeza e ambigüidade que a história requer.
Bonequinha de Luxo já foi lançado diversas vezes no Brasil. Possui uma versão especial e está em, pelo menos, três caixas com os filmes de Audrey Hepburn.
A produção, baseada na obra de Truman Capote, é bem diferente do livro, omitindo alguns detalhes da personagem, para se adequar melhor a Hepburn e também do personagem Fred que, no livro, é alter-ego do próprio Capote.
De qualquer maneira é uma daquelas produções imprescindíveis para o cinema. Deixando-nos com aquela sensação desagradável e impressionados ao mesmo tempo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

[Resenha] House M.D., 6a temporada (06x08, Teamwork)




Teamwork (06x08)

Data de exibição: 16/11/09

O Que Dr. House Diria?


"Melhor trair com uma proveta e uma ressonância do que com uma de suas pacientes loiras de cirurgia plástica."

"Enquanto você celebra a humanidade deles, prefiro resolver esses enigmas e salvar suas vidas."

"Tem ideia de onde eu possa conseguir uma grande faixa de "Missão Cumprida"?"







ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DO EPISÓDIO, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO O EPISÓDIO, POR FAVOR.



Bastante movimentado e muito bem dosado entre caso e desenvolvimento de suas personagens, como costumava ser as primeiras temporadas da série, Teamwork é um dos pontos chave dessa temporada.

Aparentemente perdoado por Cameron, Chase decide, com a esposa, abandonar seus cargos e o hospital, com o intuito de ter uma vida nova. Já que, na visão de Cameron, o amor é capaz de sobreviver a diversos problemas que surgem com a vida.

Esse processo faz com que House, imediatamente, vá atrás dos antigos membros de sua equipe que se despediram e, ora passando-os os sintomas logo quando os vê, ora mostrando-os o quanto trabalhar na equipe era um dos grandes desafios para os médicos, aos poucos, manipula Taub e Thirteen para que eles retornem a equipe, agora somente, oficialmente, com Foreman.

House além de um bom manipulador, sabendo jogar a isca no momento certo para reconquistar seus colegas de equipe, é observador perspicaz para deduzir o motivo que Cameron e Chase estão saindo do Hospital.

Para a médica, a falta de escrúpulos de House acabaram por corromper Chase, deixando Gregory o responsável real pela morte de Dibala. Nesse aspecto, devemos considerar dois fatos.

Como mencionado na análise do episódio anterior, sempre considei Chase a personagem mais próxima de House. Um excelente médico, arrogante, e aparentemente sem escrúpulos para executar diversos procedimentos durante os diversos episódios que acompanhados. Porém, a maneira como a morte de Dibala o devastou abria margem para a sugestão de que meu pensamento era um erro. Chase era apenas um médico que, como Foreman, gostaria de ser como House, mas não teria ausência de moral e afins para tal.

Após o episódio dessa semana, é possível imaginarmos que não foi a morte em si que incomodou Chase. Já que o mesmo revela para a esposa que faria de novo, se possível. Mas sim o peso e o medo da reação de Cameron era o que mais causava pânico em seu cerne.

Com a história contada para a esposa, e um aparente perdão de sua parte, o alívio de Chase é evidente. Seu embate era em revelar que foi um assassino para a esposa, não que matou um paciente. Pois, em sua moral, matar um ditador é mais correto do que deixa-lo vivo. E que o relacionamento dos dois, não deveria impedi-lo de continuar na equipe.

Assim, diante do perdão rápido de Cameron, House manipula e ao mesmo tempo expõe sua teoria sobre Allison. Que desencadeia todos os acontecimentos do episódio e acabam por revelar que, por mais que Cameron tenha saído da equipe por causa de Chase, para estar longe de House, nada a modificou de fato.


Cameron continuou a mesma desde o primeiro ano. A mulher que, não só acredita que as pessoas podem mudar, mas que imagina ela mesma pode ajudar a modificar tal pessoa. Como mulher que deseja adentrar no mundo particular daquele que gosta e tentar transformá-lo. Esse aspecto é levantado por House desde o ínicio, no episódio Love Hurts, da primeira temporada quando ela declara seu amor por ele. House, em sua rudeza, diz que Cameron não ama pessoas e sim as vê como pessoas feridas e prontas para ser curadas, que seu prazer é de cuidar de pequenos cachorrinhos indefesos, como fez com seu primeiro marido.

O fato é que as pessoas só mudam, contrariando a máxima de House, quando querem. E Foreman foi um exemplo disso na quarta temporada quando retornou ao Hospital Plainsboro disposto a trabalhar com House, mas sem quebrar as regras de maneira exagerada como faz o médico. Essa ação, rendeu até uma boa cena que, ao som de “We Are Gonna Be Friends” do White Stripes, House afirma que Foreman mudou de fato e, assim, tornou-se uma aberração.

Porém, fiel aos seus conceitos, Cameron abre seu coração e entrega para a série uma das cenas mais tocantes já exibidas. Expondo sua crença de que poderia mudar duas pessoas que, de certa maneira, nunca irão mudar seu estilo - lembre-se, as pessoas só mudam quando querem – cai aos pranto na frente do médico mais ferido sentimentalmente, porém mais frio.

E em um belo gesto, repleto de tensão, beija Gregory no rosto. Novamente a cena final do episódio, como o anterior é excepcional. Filmada em close, mostrando tanto a reação de Cameron, como a expressão de House, com um breve olhar para cima, como alguém que se controla ao máximo para não pega-la nos braços. Cameron sai de cena acompanhada pelos olhos do médico e além do espaço que deixa na trama, cria uma lacuna para o público que tanto gosta dessa personagem.

O episódio encerra-se com um jogo de imagens definitivas. A nova formação da equipe, agora definida por Chase, Taub e Thirteen, manipulados por House para ficar; Foreman observando Thirteen no quarto com a paciente, dando-nos a entender que, embora tenha negado a ela que a ama, evidentemente ainda nutre sentimentos por ela; a despedida de Cameron; e o casal Cuddy e Lucas saindo do Hospital, observados por Gregory. Ironicamente a única pessoa que o médico gostaria de exercer algum poder é aquela que ele não pode ter e que está agora nos braços de seu detetive particular.