segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Semana em Filmes (08 a 14 de Novembro)

Jogos Mortais VI (Saw VI)

Dir. Kevin Greutert


Supostamente, Jogos Mortais VI seria o último filme da franquia, como anuncia o próprio slogan que aparece no cartaz. Porém, mesmo com uma bilheteria aquém da esperada pela produtora – estaria o público cansando de Jigsaw? – o sétimo filme já foi confirmado e com uma novidade: será em terceira dimensão. Preparem-se para ver pessoas se mutilando e o sangue jorrando quase que em seus olhos.
A trama dessa produção, segue a linha da anterior, e começa exatamente após o fim desta. O tom policialesco da trama, também presente no outro filme, é o único momento diferente que há nesse mais do mesmo.
O fato é que Jigsaw era um gênio, que perdeu seu tempo torturando pessoas quando deveria trabalhara para grandes empresas e conquistar outros planetas. Mesmo morto há mais de dois filmes, seus planos continuam aparecendo e sendo executados. Aqui, é possível vislumbrar um pouco melhor a história da personagem antes mesmo do primeiro filme onde percebe-se a idéia central do assassino de que as pessoas devem pagar pelo que faz.
Oriundo de uma época recente de terror, chamado de torture porn, pelas horrendas cenas de tortura, Jogos Mortais foi a única franquia que vingou de fato. Tem seus adoradores que, na cena inicial desse filme, como nos outros, onde aparece uma cena isolada de tortura, chegaram a vibrar na sessão de cinema que fui. Porém, a salada continua a mesma.
Os jogos se ampliam com mais vítimas da idéia obtusa de Jigsaw, as mortes continuam sendo bizarras e o show de horror está exposto. E não vale quase nada.
Curiosamente, ao contrário dos outros filmes, esse não possui uma reviravolta mirabolante, dando a sensação de um acabamento melhor. Mas, de qualquer forma, ano que vem o assassino morto mais vivo do cinema está de volta.





500 Dias Com Ela ((500) Days of Summer)

Dir. Marc Webb


Sempre menciono que o conceito de comédia romântica é uma das narrativas mais presas em Hollywood. Os roteiristas adaptam seu texto a fórmula consagrada, que já não é tão interessante assim, e fazem mocinhas chorarem e homens acompanharem suas namoradas ao cinema.
Uma produção original que fuja um pouco dessa formula, ganha significativo destaque, por quebrar um pouco a prisão que o gênero se encontra e retrabalhando seus conceitos, entregar ao público algo novo.
Sob esse ponto, o humor de 500 Dias Com Ela não é visto facilmente, está inserido nas estranhas movimentações da vida de Tom Harsen que se apaixona por Summer Finn logo que a vê. O longa transita entre os 500 dias em que Summer foi presente na vida de Tom. Seja no dia 01 quando a conheceu até os dias finais e nebulosos onde a paixão estava conturbada.
Contraponto as tensões entre a alegria e a tristeza, a produção inova com uma breve narrativa em off, que pontua e explica melhor suas personagens (De fato, essa narrativa assemelha-se muito com a vista na bela série Pushing Daisies).
A quebra da expectativa e, assim, do formato conhecido de comédia romântica, é focada na personagem masculina da trama, severamente apaixonado pela mocinha que, ainda que apaixonada, deseja ter apenas um relacionamento sem rótulos e cobranças.
Tal argumento muda o enfoque das mocinhas desesperadas que buscam encontrar um homem perfeito, e dá vazão a um homem normal e suas dores ao lidar com alguém que não deseja o mesmo que ele.
A produção é sensível, visualmente inovadora com sua narrativa entrecortada pelos dias e superior as tramas recentes do gênero. Se há um excesso que nada acrescenta a trama, concentra-se na irmã mas nova de Tom. Uma pré-adolescente que lhe dá conselhos amorosos e que aproxima-se da idéia de personagens mirins que se destacam, como na trama de Três Vezes Amor ou em Pequena Miss Sunshine.
500 Dias Com Ela, que no Brasil perde o belo título duplo, já que Summer em inglês significa verão, e o amor das personagens simboliza toda uma calorosa relação juvenil, é uma produção para ser vista com o coração. Que pede a identificação do público e, acreditem, é impossível não assisti-lo e não se reconhecer, nem que seja em algum pequeno momento.




Casa de Areia e Névoa (House of Sand and Fog)

Dir. Vadim Perelman


Certos movimentos, aparentemente simples e comuns, que acontecem na vida de todos, podem tomar proporções que nos fogem do controle. Por não abrir suas correspondências, Kathy, que recentemente perdeu o marido e se isola na casa que herdou se pai, tem sua residência confiscada pelo município por, aparentemente, ter impostos comerciais a pagar. Mesmo lutando para ter sua casa de volta, alegando que esses impostos são um erro, a casa é leiloada e o falido coronel Massoud Amir Behrani, vindo do Ira, mantendo ainda uma pomposa casa de luxo, mas quase sem dinheiro, vê na residência um bom movimento para compra-la e revende-la a um preço ainda melhor.
A residência será a força que gera o embate entre as personagens, que acreditam na sua verdade, sem abrir mão dela. Kathy deseja seu lar de volta, e Massoud o comprou oficialmente pelo leilão do Município.
A produção toca em pontos arenosos da existência humana. Não só deflagra a idéia do preconceito que se tem contra o estrangeiro na América, mas sobre a natureza humana. A capacidade que temos de nos fechar para os próprios conceitos sem a preocupação real de que podemos prejudicar alguém.
Infelizmente, a narrativa lenta prejudica um pouco a força desse embate. A trama demora para acontecer e funcionaria melhor se tivesse vinte minutos a menos. Tem sua beleza e sua reflexão, mas falta algo que dê, definitivamente, a sensação que deseja despertar no público.

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