quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Último Grande Heroi

Blu Ray Americano
(Last Action Hero, 1993)
Diretor: John McTiernan
Elenco: Arnold Schwarzenegger, F. Murray Abraham, Art Carney, Charles Dance, Frank McRae, Tom Noonan , Robert Prosky

A década de noventa marcou auge e decadência dos brucutus. Vindos principalmente dos anos oitenta, realizaram bons e rentáveis filmes até então. Porém, os gêneros começaram a mudar seu paradigma, quebrando barreiras internas e o estilo machão em um filme de ação violento perdeu parte do prestígio. Van Damme, Stallone e Schwarzenegger, depois de sucessos como O Alvo, Risco Total e Exterminador do Futuro 2, respectivamente, viram o sucesso de suas carreiras minguando aos poucos.

A grande problemática de O Último Grande Héroi é a época de seu lançamento. O filme é um misto de comédia com ação, desenvolvendo a descrença do exagero destas produções ainda populares. Na época, a barreira entre gêneros ainda era alta, não houve espaço e aceitação para uma história que brincava tão explicitamente com tais mundos. O mesmo Scharza repetiria a sátira em outro estilo, no excelente True Lies.

Vilões caricatos, heróis quase imortais, são aceitos hoje como um alívio cômico. Não se leva mais a sério pela tendência realista do cinema contemporâneo. Evidente que há exemplos isolados, tanto do realismo, como de um elemento mais híbrido. Porém, hoje se tornou um padrão que somente o tempo transformará.

Assistido com distanciamento, a produção teve bom envelhecimento. A trama brinca com a fantasia de todo garoto em conhecer o seu herói favorito de ação. Ao ganhar um bilhete mágico para seu filme preferido, o garoto Danny Madigan atravessa para o mundo fictício do enredo. O estranhamento de situar-se em um mundo regido por outras leis é evidente. Armas possuem tiros limitados, heróis não sangram e sempre estão dispostos para mais um golpe. A ação se concentra boa parte neste ambiente até que o reverte com a chegada das personagens no mundo real, realizando outro golpe, dessa vez evidenciando como é difícil ser um mocinho na vida real.

Sem perder a ideia de um entretenimento, o filme promove uma reflexão de seu próprio tempo e acabou por prever como o cinema pipoca se comportaria na década seguinte. Elementos que hoje apresentam alguns sinais de cansaço e que, muito provavelmente, também começarão a ser deixados de lado, à procura de outra inovação.

Mesmo a metragem um tanto extensa, não tira o divertimento deste filme que falhou em seu lançamento, mas que hoje tem mais significado do que em sua época.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

007 - Operação Skyfall

(Skyfall, 2011)
Diretor: Sam Mendes
Elenco: Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Naomie Harris, Bérénice Marlohe, Ralph Fiennes, Albert Finney, Ben Whishaw, Rory Kinnear, Helen McCrory

Oficialmente interpretado por seis atores, James Bond mantém se durante décadas a serviço da Inglaterra, assistindo a derrocada de grandes nações, crises e revoluções em escala global. Parte de sua força como personagem, criada há cinquenta anos, vem da capacidade de compreender o mundo que o cerca, sincronizando e refletindo o contexto global em cada uma de suas histórias. Sendo atemporal.

Foi preciso que seus produtores retornassem a história primordial de Bond para alinha-lo ao arquétipo do herói atual. Sem vestígios de inocência, com capacidade física apurada e um escopo psicológico que aprofunda a conduta de suas ações. Neste vigésimo terceiro filme da franquia de 007, a mítica deste regresso é destruída para um retorno ainda mais profunda.

Dirigido por Sam Mendes, a narrativa tem ingredientes bem diferentes daqueles vistos em Cassino Royale. A ação frenética cede espaço para uma história linear de espionagem. O vilão perde o tradicional bizarro físico para se tornar um cidadão normal, camuflado na multidão. A antítese plana de bem e mal se rompe e, com ela, a história se concentra no próprio James Bond e sua relação com o MI6 e a mentora M.

A queda da personagem que é tido como morta é o ponto de início para evidenciar a figura do defensor. Da importância de se manter a ordem em um mundo caótico, não mais polarizado pela eficiência de bem ou mal. A trama se desenvolve de maneira dupla em muitas camadas. Explora o avanço tecnológico tanto como progresso como uma arma, equipara o novo e o velho, elevando a premissa de que sem um elemento negativo, não existira o positivo em contraste.

É uma produção que vai além da personagem autorizada para matar. Deixando as grandiosas cenas de ação de lado, Mendes demonstra competência em criar tensão e silêncio pelos diálogos, no embate entre a figura que deseja destruir aquilo que o agente secreto acredita. Esqueçam qualquer plano de destruição mundial ou um monólogo que explica o que acontecerá para a reviravolta. Admirando seu passado a história se molda com nossa atualidade que almeja por deter significados para compreender o mundo. Justifica a importância da ordem, a origem do caos, a necessidade de saber quem se é, meneado pelo embate do famoso agente e do vilão.

O vilão de Javier Barden é um caso a parte. O ator pediu para que todo o roteiro fosse traduzido para o espanhol para que compreendesse suas motivações e psicologia. Mergulhado em uma personalidade afetada, que esconde um interior destruído, ele se transforma em um dos vilões mais carismáticos da franquia sendo bizarro e assustador pela estranheza de alguém que não tem nada a perder.

A direção de Mendes mantém a trama sem perder as rédeas. O escopo reflexivo se projeta no público, não no argumento que fundamenta este embate. Suas tomadas são precisas e mostram apenas o necessário, sem deixar de lado o elemento artístico, valendo-se de sombras, luzes, reflexos para gerar atmosfera. A cena de luta entre Bond e um atirador no interior de um prédio em Xangai com um letreiro luminoso de fundo é um destes exemplos de eficiência e beleza. Além do desenlace da trama que ecoa nos duelos de tradição western.

007 – Operação Skyfall consegue na queda e no retorno as origens alinhar a personagem por inteiro, fazendo-a clássica sem se tornar anacrônica. A personagem que mesmo seduzindo mulheres e preferindo o Martini batido nunca foge de tempo, seja ele qual for.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Quantum of Solace

Disponível também na Netfix
(Quantum of Solace , 2008)
Diretor: Marc Forster
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini, Joaquín Cosio, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Gemma Arterton

Após o sucesso de Cassino Royale, a franquia de James Bond parecia novamente blindada, com grande potencial de apresentar uma seqüência tão interessante como a primeira produção. Porém Quantum Of Solace não se mantém como obra por depender do desenvolvimento da trama anterior, sem um novo enfoque.

Há uma significativa troca dos tradicionais vilões da franquia para uma personagem mais humana, sem nenhuma característica física marcante e que, sem um objetivo evidente de destruição, é um mercenário oportunista e ganancioso.

O grupo terrorista que tinha como líder Le Chiffre era apenas um pequeno detalhe de uma rede mundial inserida no subterrâneo de cada governo, informações que nem mesmo o MI6 tinha conhecimento prévio. É dentro dessa ordem que James Bond tenta impedir que o grupo realize um acordo que prejudicará um país de terceiro mundo.

Se a narrativa carrega potencial, teve uma execução mal formatada. Principalmente por ter sido realizada na época da greve dos roteiristas. O abalo significou começar as filmagens sem o roteiro completo, fazendo com que até mesmo Daniel Craig fosse obrigado a escrever diálogos para dar sequencia as gravações. Recentemente o ator pediu desculpas pelo fato, ciente de sua limitação para o cargo.

Embora composto pelos mesmos roteiristas do primeiro, a trama parece um confuso emaranhado político entrecortado por cenas de ação. A direção de Marc Foster oscila, sem o mesmo apuro que Martin Campbell nas cenas físicas que repetem a estética sem o mesmo brilho. E parecendo aguardar algum gancho importante que nunca chega no clímax.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cassino Royale

Também disponível na Netflix
(Casino Royale, 2006)
Diretor: Martin Campbell
Elenco: Daniel Craig, Eva Green, Mads Mikkelsen, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini, Judi Dench

Em 2002, no lançamento de 007 – Um Novo Dia Para Morrer a franquia do agente secreto tentava, sem muito sucesso, mudar de estilo. Havia uma tentativa de alinhar sua história aos dias de hoje, colocando em xeque a função do próprio James Bond em um mundo não mais polarizado. O último filme com Pierce Brosnan fez sucesso, mas trazia a tona um exagero nas cenas de ação, escondendo o roteiro fraco. Aos poucos, o futuro de James Bond nos cinemas foi sendo questionado. A composição de suas produções atingiram uma crise criativa que gerou o adiamento de um novo filme e, logo após, a liberação de Brosnan como o agente do MI6. Em parte, porque, finalmente, produtores haviam adquirido os direitos para filmar Cassino Royale, primeiro livro escrito por Ian Flemming, filmado para a televisão em 1954 e como sátira em 1977 no filme com Peter Sellers e Ursula Andress.

Apresentar o começo da história de James Bond necessitaria de um novo ator e também rever a estética ao realizar uma produção que tanto fosse fiel ao original, quando refletisse uma maneira nova de apresentar a personagem. Aproveitando o sucesso de Identidade Bourne com sua ação realista, trouxeram as telas um agente mais cru e brutal em Cassino Royale.

Dirigido pelo mesmo Martin Campbell que trouxe a franquia de volta em 1995, com Brosnan, em 007 Contra GoldenEye, a produção é uma estupenda construção cinematográfica, equilibrada entre a tradição e o novo. Concebendo com cuidado uma espécie de origem da personagem, sem perder o charme tão característico de vinte filmes anteriores.

Mesmo situada no começo de sua carreira, a trama se desenvolve no presente atual, distorcendo a cronologia para um melhor resultado. O filme inicia-se em preto e branco, reverenciando produções antigas e marcando a idade da personagem, com um Bond prestes a matar um traidor, logo após adquirir sua licença para matar. Novo no cargo, é um agente mais violento, sem o esnobismo futuro e próximo aos tempos de hoje que procuram heróis imperfeitos.

O filme costura bem as cenas de ação e a trama intricada de investigação. A ação bem executada por Campbell produz uma tensão real no público, principalmente por usar o mínimo de efeitos digitais. O roteiro bem realizado permite plena compreensão da investigação que culmina no jogo de cartas no local do título.

Nunca houve tanta tensão em um jogo de Poker. A história de Le Chifre, que tem como único elemento bizarro chorar lágrimas de sangue por um problema lacrimal, é conduzida com excelência. Faz do jogo um espaço a mais para o suspense que cresce em confronto com Bond, que nunca se mantém incógnita, sendo uma constante ameaça.

A personagem desenvolvida por Craig é o James Bond mais físico até então. Mesmo trajando o impecável terno, não há momento ruim para perseguir assassinos por telhados ou em uma corrida frenética com o famoso Aston Martin. Além da iconoclastia da personagem que não se importa com o tipo de bebida que toma, desde que fique levemente embrigado. Zombando de suas características desenvolvidas anteriormente.

O mérito desta produção é recolocar a personagem de novo no radar em uma roupagem que respeita tanto a tradição como agrega novos fãs da franquia. Ao retomar a única obra de Flemming não adaptada, um novo Bond surgiu, ainda com classe e mais próximo aos dias de hoje. Reintroduzindo o famoso agente de uma maneira única ao cinema.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Alvo

Disponível na Netflix
(Hard Target, 1993)
Diretor: John Woo
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Lance Henriksen, Yancy Butler, Arnold Vosloo, Wilford Brimley

Lançado em 1993, O Alvo não me atraiu quando assisti na época. Como não costumo sentenciar uma produção sem, ao menos, revê-la, nada mais correto que dar uma chance para a produção quando, mais de uma vez, me assumi fã do balé belga de Jean-Claude Van Damme.

Dirigido pelo chinês John Woo, famoso por sua direção aguçada em cenas de ação, com uso preciso do recurso de câmera lenta e utilização de pombas como prelúdio para a violência, foi a convite do próprio Van Damme que o diretor foi para os Estados Unidos filmar esta primeira produção em inglês.

O enredo, como devem imaginar, é um fiapo narrativo simples: Chance Bondreaux (Jean-Claude Van Damme) é um estivador que trabalha no cais de Nova Orleans – além de ter um passado como combatente militar - que ajuda Natasha Binder (Yancy Butler), uma advogada, a encontrar seu pai desaparecido. Em sua investigação, Chance descobre uma quadrilha que negocia pessoas, caçando mendigos e ex-combatentes em um safari mortal. É quando ele decide combater Emil Fouchon (Lance Henriksen), o chefe do negócio, e seus capangas.

Van Damme está involuntariamente engraçado com um mullet ridículo que crava a produção no início dos anos 90. Também com direito a trilha equivocada com base em sintetizadores.

Apesar de críticas e da ausência de retorno financeiro no lançamento, o filme é eficiente em sua proposta. Mostrando a compentência de Woo como diretor de ação, com sábio uso da câmera lenta e dos closes para segurar a tensão ou manter a agilidade, mesmo não sendo sua melhor forma.

Há uma cena que o diretor repete no filme A Outra Face, em que mocinho e vilão dividem opostos de uma parede, prestes a atirar. Tanto nesta cena como na outra a composição é bem feita e climática.

Mais do que apenas filmar uma ação em cena, há a intenção de explorá-la ao máximo para prazer do público. Há diversos ângulos para que se compreenda tudo que acontece no embate, sempre bem coreografado, contrariando ao máximo alguns filmes que fazem tais cenas de uma maneira mascarada, escondendo a falta de firmeza para planos sequencia.

Mesmo quem despreza Van Damme deve lhe dar certa consideração por ter sido o responsável por trazer Woo para a industria americana, fazendo deste filme sua porta de entrada. Pena que o pouco prestígio que o ator lutador conseguiu até aqui seria destruído ferozmente alguns anos depois.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Chernobyl - Sinta a Radiação

(Chernobyl Diaries, 2012)
Diretor: Bradley Parker
Elenco: Jesse McCartney, Jonathan Sadowski, Nathan Phillips, Olivia Dudley, Ingrid Bolsø Berdal, Devin Kelley, Dimitri Diatchenko

O gênero Terror me provoca um sadismo cinematográfico. Principalmente neste estilo de produção que um grupo de amigos ou desconhecidos se juntam para explorar algo novo e, sempre, fora dos planos iniciais. Algo que, exceto as pessoas envolvidas na aventura, sabem que é um erro gigantesco. Fazendo com que, mais cedo ou tarde, o público se convença que o susto foi merecido.

Em outras ocasiões mencionei o grande diferencial de um filme do gênero, existente em um mundo aparte, com regras ainda não quebradas. As personagens de um filme assustador podem ter ideias mirabolantes para se safarem de seus problemas, mas nunca o gatilho necessário para evita-las.

Chernobyl - Sinta a Radiação retoma a problemática do acidente da usina nuclear localizada no norte da Ucrânia. Um grupo de amigos na companhia de um casal desconhecido decidem, com um guia, explorar a cidade ao lado, Pripyat, onde moravam os trabalhadores da Usina e que também se tornou uma cidade fantasma. É evidente que existirá algo de inesperado que, pouco a pouco, provocará pânico e terror nas personagens.

Pela maneira burocrática com que tais produções são conduzidas, é necessário um esforço gigantesco do expectador para sentir-se na trama ao ponto de assustar-se também. Não há nada novo, nem em enredo, nem em produção. Não perde sua estrutura de entretenimento, mas é apenas mais uma história.

O medo, explorado de maneira parcial tenta surgir no desconhecido, da sugestão, naquilo que o público não vê. Como fórmula popularizada há mais de dez anos, perde sua força a cada produção, mesmo que durante esse tempo tenham tentado de todas as maneiras explora-la com novas temáticas, como países exóticos com família assassinas, desconhecidos vindo do espaço, datas comemorativas que marcariam o fim do mundo – caso de 11-11-11 – ou qualquer outra história que sempre promove um marco zero antepassado para o que se verá na tela ou um ambiente que, de alguma maneira, tem mais do que aparenta.

Do mesmo criador da série Atividade Paranormal  - que se utiliza de elementos narrativos semelhantes - o filme não será o primeiro, nem o último, a se formular da mesma maneira que diversos outros. Porém, é indicado se você deseja uma diversão sem nenhuma pretensão e se, por acaso, gosta de rir dessas personagens que sempre vão ver a origem de um barulho em vez de correr para longe.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

(Abraham Lincoln: Vampire Hunter, 2012)
Diretor: Timur Bekmambetov
Elenco: Dominic Cooper, Mary Elizabeth Winstead, Alan Tudyk, Rufus Sewell, Benjamin Walker, Anthony Mackie, Jimmi Simpson, Laura Cayouette, Robin McLeavy, Jaqueline Fleming, Erin Wasson

Inserido na tendência de utilizar uma histórica personalidade dentro de um enredo fictício, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros apresenta um dos grandes presidentes americanos como um herói oculto, além daquele que uniu a nação americana. Afora a mistura entre ficção e realidade, outra vertente estilística é utilizada no longa metragem: o mash up entre o clássico e monstruoso.

O hibridismo entre um argumento conhecido e novos elementos grotescos tornaram-se popular graças a Orgulho e Preconceito e Zumbis, primeiro livro de Seth Grahane-Smith, também criador desta história. Seu primeiro livro foi a inspiração para surgir um sub gênero na literatura, revisitando obras clássicas com novas personagens obscuras em uma paródia inventiva.

Nesta produção, os vampiros fazem parte da construção da América e são responsáveis pela base da escravidão. Transformando a importante Guerra Civil Americana em uma luta de humanos contra sobre-humanos. A história poderia ser divertida não fosse pela temática desgastada de uma indústria que, desde Crepúsculo, vem explorando vampiros e outros seres fantásticos em demasia. Apenas diferenciando seus monstros por detalhes como, nesse caso, vampiros que sobrevivem a luz do sol e podem desaparecer em um piscar de olhos.

Mesmo formatado para o entretenimento, o filme tem maior significado para os americanos que conhecem mais a fundo as personagens e o pano de fundo. Ainda que seja delicado retirar a importância da Guerra de Secessão para desenvolver a batalha com vampiros.

As cenas de luta são bem coreografadas, principalmente pela arma impar escolhida por Abraham Lincoln para sua luta contra vampiros. Porém, o excesso de câmera lenta a cada luta vai diminuindo sua credibilidade, já que, assim como a temática mencionada, é um recurso que deve ser revisto pelos diretores pelo uso em excesso que tem mais destruído boas cenas do que sendo satisfatório.

Embaixo de uma leve maquiagem que formata o rosto de Benjamin Walker ao do presidente, sua personagem não desperta o carisma necessário para parecer um herói, transformando o lado obscuro do presidente como um mero detalhe da trama que poderia não existir e se tornar apenas mais um filme de vampiros.

Resta saber se os livros de Smith tem mais fôlego como obra literária, já que sua ideia tem sido copiada por diversos outros autores e gerando outras produções do gênero.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Corvo

(The Raven, 2012)
Diretor: James McTeigue
Elenco: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson, Oliver Jackson-Cohen, Brendan Coyle, Pam Ferris, Kevin McNally, Dave Legeno, Sergej Trifunovic, Karen Strassman

Parte do prestígio da arte cinematográfica concentra-se na capacidade de representar situações que o público reconheça cotidianamente e, por este motivo, possibilitando que gostem de sua trama. Mesmo que haja exceções, a industria americana é tradicional ao retratar suas histórias em locais que o público possa reconhecer e se aproximar.

Havia uma preocupação legítima em inserir personagens fictícios dentro de um espaço real. Uma história de amor em um desastre em alto mar, um super herói atravessando Nova York, exemplos que simbolizam essa tensão entre cenário real e personagem fictícia.

Porém, um novo movimento vem a tona, partindo de figuras históricas reais para um mergulho na ficção. Entrelaçando e recriando tais planos de maneira a dificultar o limite do que é histórico do que é fictício.

Mestre da narrativa policial, Edgar Allan Poe é a estrela de O Corvo. Apresentando uma série de crimes que tem como ponto em comum os contos do autor. O que lhe permite ajudar a polícia nas investigações dos casos. Colocando criador em contato com as criaturas vindas de seu imaginário. Narrativas de morte, assassinato e loucura que, nas mãos de um desconhecido, tem-se tornado brutais cenas reais.

Mesmo que seja possível realizar a reflexão sobre a potência da arte literária, a intenção do filme é o entretenimento, fazendo do escritor um detetive aventureiro, investigando sem muito suspense as pistas que sua narrativa esconde.

A ambientação noturna e acinzentada retorna aos primórdios da construção dos Estados Unidos e sustenta a brutalidade das mortes em uma época sem muito avanço científico para analisá-las.

John Cusack realiza um Edgar Allan Poe na medida exigida por um filme comercial. Compõe a personagem para que ela seja bem identificada mas não tem espaço para realizar nenhuma cena profunda para representar seu talento. Pois, o que mais importa a esta trama é o desenvolvimento da aventura e o jogo entre ficção e realidade.

Voltado para a diversão superficial, o filme funciona bem como um bobo passatempo. Porém, o resultado pode decepcionar quem esperava mais elementos dramáticos sobre a vida do escritor. Mas o exercício lúdico envolto na fórmula do cinema pipoca pode render bons frutos se surgirem novos leitores da narrativa precursora de Poe.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Colecionador de Ossos

(The Bone Collector, 1999)
Diretor: Phillip Noyce
Elenco: Denzel Washington, Angelina Jolie, Queen Latifah, Michael Rooker, Luis Guzman

Não há mediano no universo de filmes policiais. Ou a trama sustenta-se e consagra ou vira história mal contada com elementos de investigação. Atualmente o cinema preocupa-se muito mais em criar uma atmosfera violenta, pelo choque que causa no público, do que conduzir uma boa investigação, coerente e instigante, mesmo que isso seja sinônimo de uma história mais tradicional.

O Colecionador de Ossos tornou-se um defensor de um estilo não mais em voga, preocupado em justificar a função de cada assassinato no enredo e nunca tirar de cena um dos elementos primordiais da narrativa de investigação: o detetive. Baseado na obra de Jeffery Deaver, a trama desenvolve a dinâmica de dois policiais dispares que, devido a importância desse caso inicial, são obrigados a trabalhar juntos.

A formulação da parceria entre as personagens é composta de maneira não usual. Promove um brilhante detetive forense, incapacitado por um acidente, e uma novata descontente com o departamento que trabalha. Juntos a unidade que a dupla produz se torna eficaz. Utilizando a experiência de um homem preso a uma cama, e o instinto forense de uma policial novata, ainda não acostumada com a brutalidade dos crimes.

A interpretação de Denzel Washington impressiona pela limitação da personagem. O ator consegue utilizando apenas o rosto e o tom da voz expressar a amargura de um homem limitado fisicamente, ciente de que seu quadro clínico não será melhor, e o brilhantismo de um detetive dedicado em anos de profissão a estudar e compreender a difícil ciência forense. Enquanto Angelina Jolie, ainda não glamourizada pela beleza impar, equilibra-se com eficiência entre certa beleza ordinária e uma policial bem composta com personalidade forte que fundamenta credibilidade da trama.

Em boa parte, porque o público acompanha com os detetives a evolução das mortes e a investigação do caso. Abstendo-se de revelações surpreendentes ou reviravoltas no roteiro como gancho. Preocupando-se em manter a coerência da história para que ela potencialize o suspense da investigação e a eventual revelação dos culpados.

Estranhamente, nunca houve uma continuação, embora os romances de Deaver deem sequencia a parceria das personagens. O livro que originou esta produção foi o primeiro a apresenta-las e, também com estrutura tradicional, apresenta com excelência seu crime e seus desenlaces, sendo uma recomendação a quem gosta do gênero ou se interessou pelas personagens.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Branca de Neve e o Caçador

(Snow White and the Huntsman, 2012)
Diretor: Rupert Sanders
Elenco: Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Ian McShane

O conto de fadas Branca de Neve inspirou, simultaneamente, duas produções cinematográficas que, para evitar uma repetição evidente, tentaram desenvolver-se em polos diferenciados. Espelho, Espelho Meu, primeira a estrear apresentava – mal, diga-se – uma história entre a farsa e o humor, com Julia Roberts em destaque como a bruxa má. Enquanto Branca de Neve e o Caçador foi anunciado como mais sombrio e realista. Tendo a vantagem de por, estrear depois, verificar a bilheteria e aprovação do primeiro filme.

Baseado em um romance escrito por Lily Blake, Evan Daugherty, John Lee Hancock, Hossein Amini,engana-se quem supõe que o enredo seria diferente do anterior ou da história tradicional. Mesmo que o título incite um confronto entre a princesa e o caçador, logo eles se unem contra a rainha, mal comum que assola o reino.

A preocupação em realizar um filme comercial com boa bilheteria impediu que qualquer elemento adulto fosse delineado. A magia negra utilizada pela bruxa funciona pelos belos efeitos especiais, - em destaque para a forma metálica e física do espelho - mas sem nenhuma profundidade, que também deixa indefinido a personagem composta por Charlize Theron que mesmo com personalidade rasa tem o guarda roupa impecável.

O elemento mais eficiente é a caracterização física das personagens. Theron, em parte ajudada pelas roupas, mantém a pose de rainha, Chris Hemsworth realiza o esperado, simbolizando o truculento caçador. E Kirsten Stewart é o chamariz para boa parcela do público entusiasta de sua saga anterior.

A apresentação da trama que perpassa a primeira hora do filme tem andamento melhor do que o final. Qualquer possibilidade de maior realismo é quebrada quando, na floresta, as personagens encontram um vale onde tudo é verde, florido e brilhante, sendo perceptível o desnível em que a trama foi vendida em relação ao que é de fato.

Mesmo com maior bilheteria que seu concorrente, garantindo uma continuação, o filme será mais lembrado por acontecimentos fora dele – a traição flagrada pela mídia de Stewart com o diretor – do que por alguma qualidade. Resta saber o que inventarão para a continuação que, até o momento, não tem a atriz confirmada.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte II

(Harry Potter and The Deathly Hallows: Part II, 2011)
Diretor: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Helena Bonham Carter, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Bonnie Wright, Tom Felton, Maggie Smith, Jim Broadbent

Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte II retoma a trama no momento exato deixado pelo filme anterior, utilizando como conectivo um reprise da cena em que Lord Voldermort rouba uma das Relíquias da Morte, a varinha das varinhas. Mesmo que a produção evite intencionalmente a abertura da Warner, explicitando a ideia de sequencialidade da história, o mérito desta segunda parte, como na primeira, é a capacidade de individualmente ter uma unidade coerente, além de um mero desfecho para a saga do bruxo.

Se a primeira produção enfocava com maior amplitude no trio central, a segunda apresenta em escala global o confronto polarizado entre Harry Potter e Voldermort. Hogwarts novamente se torna um dos cenários centrais da trama. Um ponto de defesa e estratégia de Harry que retorna ao local para procurar as últimas Horcruxes. No hostil ambiente comandado pelo diretor Severo Snape a guerra eclode enquanto o próprio Potter não tem percepção plena de como contra-atacar o Lorde das Trevas.

J. K. Rowling nunca pareceu preocupada em estabelecer um vínculo entre o mundo mágico e nossa realidade tangível. Porém, a batalha desde desenlace tem contornos mais densos do que uma simples guerra entre mocinhos e bandidos. Basta lembrarmos que os comensais da morte desejavam a preservação da raça bruxa sem a existência de mestiços. Mesmo no aventuresco tom da trama, Voldermort não é apenas um bruxo que decidiu utilizar a magia negra como sua aliada. Harry Potter não só luta por sua sobrevivência mais também para manter uma sociedade sem extremos. Durante os sete anos que se passaram, o bruxo caminhou ao lado dos amigos em uma grandiosa jornada heroica e de autoconhecimento, reconhecendo que nem mesmo um mundo mágico está isento de quem escolhe seguir por um lado obscuro.

A ação concentrada potencializa a guerra e o horror de seu vilão, verificando se Dumbledore ensinou bem seu aprendiz. Mesmo que a violência seja amenizada por conta da batalha mágica com varinhas sua devastação é real e, sem poupar personagens, a autora compõe diversas baixas no caminho.

O desfecho da saga Harry Potter finaliza sua trama como previsto pelos fãs, mas não permite que isso ofusque seu final. Amarrando com qualidade o que foi apresentado e desenvolvido em cada uma de suas partes, deixando prevalescer, além da vitória do bem contra o mal, a expressividade da amizade e da lealdade.

Duas cenas merecem atenção especial além do filme como um todo: a liderança de Minerva na defesa de Hogwarts, resultando em uma curta e boa cena talentosa de Maggie Smith e a frase sonora que a Sra Wesley diz a Belatrix ao vê-la atacar sua caçula, provando que nem mesmo a pessoa mais pacata se abstém de defender aqueles que ama.

Após inicio oscilante, a história tem final digno de sua obra original. Uma série de livros inventiva que tornou-se primeira leitura para diversos leitores que cresceram junto com as personagens. Uma trama que não deve ser julgada somente pelo fato das altas vendas, possuindo também qualidade além do mero entretenimento.


domingo, 7 de outubro de 2012

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I

(Harry Potter and The Deathly Hallow: Part I, 2010)
Diretor: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Helena Bonham Carter, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Bonnie Wright, Tom Felton.

Não há escapatória. A crescente batalha que transformou a vida de Harry Potter atingiu a iminência. Com a morte de um dos maiores bruxos de todos os tempos, perdendo, assim, seu apoio mais poderoso, chegou o inevitável momento do garoto reencontrar e duelar com seu algoz.

Sabiamente, a trama do livro Harry Potter e as Relíquias da Morte é apresentada em duas produções. Mesmo que se questione a maior quantidade de lucro por trás dessa cisão, a divisão foi fundamental para evitar o erro das produções anteriores que aceleram em demasia a história pela metragem de duas horas.

A trama inicia-se em clima tenso, favorecido pela fotografia escura que permeará toda a primeira parte como explicitação da sensação interna de cada um, cientes da potência do mal. Escoltado por membros da Ordem de Fênix que tentam protege-lo, Harry Potter sabe que qualquer um ao seu redor pode ser vítima de um atentado. Decidindo, ao lado de seus amigos, realizar uma jornada a procura das Horcruxes restantes e de uma maneira de destruir, em definitivo, o lorde Voldermort.

É interessante observarmos que, ao matar uma de suas personagens mais poderosas, Rowling concentrou no aprendiz a força para realizar sua tarefa, mesmo quando o bruxo não se sente capaz. Dumbledore foi um mestre que, após ensinar, saiu de cena com a esperança que o aprendiz desse seus próprio passos.

Cada descoberta do trio é realizada com esforço. Sem nenhum novo artifício que seja solução fácil. As personagens trabalham com tudo que foi apresentado ao público até aqui. Poções que mudam a aparência, feitiços, objetos mágicos conhecidos, deixando de lado a possibilidade de apelar-se para uma novidade que salve a todos.

A história avança lentamente e conduz com desespero a busca do trio para destruir as partes da alma de Voldermort. Sem dúvida, Dumbledore tinha um plano, mas confiou na astucio dos bruxos para que achem as peças que faltam. O equilíbrio que possuem, muito pelas diferenças entre si, amplia o impulso para encontrar soluções.

A primeira parte de Relíquias da Morte é bem formada tanto em unidade como filme quanto em seu papel condutor para o final da saga. Realiza com competência sua parcela da história, apresenta tensão e drama e fecha um segmento do ato final com eficiência. Fazendo o público prever que, a partir daqui, tudo será guerra.

No ambiente caótico e desesperador dentro da trama, há ainda menos espaço para respiros de descanso. Que se apresentam em riso na tensão entre Hermione e Rony, brigados, e na bela cena em que, tentando fazer Hermione sorrir, Harry convida-a para dançar, escondidos de mercenários no meio de uma floresta

Como toque especial, a história dentro da história que apresenta a origem das Relíquias da Morte é uma animação belíssima que não só explica em narrativa fabular a importância de tais artefatos como costura com precisão outros elementos que a autora apresentou durante sua saga.



sábado, 6 de outubro de 2012

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

(Harry Potter and the Half-Blood Prince, 2008)
Diretor: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Julie Walters, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Bonnie Wright, Jessie Cave, Tom Felton, Jim Broadbent, Maggie Smith, Michael Gambon, Evanna Lynch, Jamie Waylett.

No lançamento dessa produção, havia confirmação de que David Yates dirigiria até o final a saga de Harry Potter. Evidenciando que nenhum elemento, seja detalhe ou cenários, seriam alterados até o final derradeiro. Favorecendo a unidade criada desde a produção passada.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe demonstra a excelente química dos atores, produtores e diretores. Agora bem conectados em apresentar esta narrativa lenta, fluida como o livro. Com ação que se concentra com mais força no poderoso final.

É a produção da saga que mais desenvolveu detalhes com cuidados, sem cortes ou edições por causa da metragem. A adaptação que passa com mais completude uma genuína trama do bruxo, com nuances que J. K. Rowling produz nos livros agora visíveis na tela.

Os tempos sombrios vividos na trama fazem a fotografia desbotar-se. Com pouco espaço para diversão, as cenas alegres são bem realizadas como o momento de glória de Rony no Quadribol que mantem o riso da trama com seu jeito desajeitado e carregado do humor britânico.

O crescimento dos atores favoreceu suas personagens que também se tornaram mais maduras. Laços amorosos começam a se unir e o trio principal não fica de fora. Harry apaixonado pela caçula da família Wesley e a tensão amorosa de Rony e Hermione, no limite entre amor e ódio, aumentando ainda mais.

A narrativa mais lenta justifica a trama aventuresca e acelerada do quinto livro. Muita história é apresentada e esclarecida aqui, ganhando um toque de medo do porvir, culminando no ápice épico, em uma das cenas mais importantes no livro e na história geral do bruxo.

O destaque vindo de fora fica por conta de Jim Broadbent, excelente ator que está ótimo como Horácio Slughorn, antigo professor da casa e amigo íntimo do velho Dumbledore, interpretado com severidade por Gambon, devido a delicadeza e consequências do enredo.

O ponto máximo desta história encerra-se com dubiedade para o público. Lamentoso pelo drama exposto na tela, mas ansioso pela constatação de, finalmente, assistir uma trama excelente e condizente com os originais, aguardando o ato final, dividido em duas partes, encerrando de uma vez por toda a história de Harry Potter e seus amigos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Harry Potter e a Ordem da Fênix

(Harry Potter and the Order of the Phoenix, 2007)
Diretor: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Helena Bonham Carter, Robbie Coltrane, Ralph Fiennes, Michael Gambon, Brendan Gleeson, Richard Griffithss, Jason Isaacs, Gary Oldman, Alan Rickman, Fiona Shaw, Maggie Smith, Imelda Staunton, David Thewlis, Emma Thompson, Julie Walters, Mark Williams, Robert Pattinson, Jamie Waylett

Um novo filme e mais um novo diretor. Muito especulou-se sobre a possibilidade de, desde ponto em diante, contar com um diretor novo a cada produção. Mas, provavelmente, a escolha não seria positiva já que a história daqui até o final se preenche com unidade. Na época de seu lançamento ainda não se sabia que David Yates seria o diretor até o final da saga.

Harry Potter e a Ordem da Fênix é a narrativa mais hostil até então. O retorno de Voldermort na trama anterior divide a comunidade bruxa impondo em Hogwarts opiniões diversas. A tensão especulada anteriormente se instala. Embora o livro tenha espaço para aprofundar elementos diferenciados das personagens, o filme foca-se no que é necessário: no drama da volta do bruxo das trevas e os laços com Harry Potter.

É o momento em que a personagem de Harry Potter está mais introspectiva, devido ao fardo de ser aquele que sobreviveu. O universo polarizado começa a criar um ambiente de batalha. Explicitado pela armada criada por Harry Potter para ensinar defesa contra a arte das trevas, já que a nova professora, Dolores Umbridge é contra ensinar feitiços a alunos.

Em Umbridge, a autora acerta novamente em criar uma personagem nova que tem contornos bem delineados e torna-se uma das figuras mais odiadas pelo público. Como característica constante na série, a personagem é interpretada por Imelda Stauton, outra excelente atriz que abrilhanta mais um pouco o tão grandioso elenco de apoio da trama. Além dela, o mal também ganha personificação em Helena Boham Carter fazendo mais uma personagem ensandecida de sua galeria de excentricidades.

A trama toda converge para a guerra civil bruxa que anuncia um início de um fim, encerrando a trama com uma batalha de comensais da morte e a luta de dois grandes bruxos de polaridades diferentes: Dumbledore e Voldermort.



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Harry Potter e o Cálice de Fogo

(Harry Potter and the Goblet of Fire, 2005)
Diretor: Mike Newell
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Robbie Coltrane, Ralph Fiennes, Michael Gambon, Brendan Gleeson, Jason Isaacs, Gary Oldman, Miranda Richardson, Alan Rickman, Maggie Smith, Timothy Spall, Robert Pattinson, Jamie Waylett.

Desde a trama anterior, J. K. Rowling não se prendeu a um esquema narrativo que apresentasse ano a ano de Harry Potter na escola de magia, abrindo espaço para novos elementos. No terceiro filme, a trama desenvolvia a identidade de Sirius Black. Nesste quarto filme a atenção se volta para o Torneio Triruxo que será realizado na escola Hogwarts.

A direção de Mike Newell é competente, embora sua carreira seja oscilante. No entanto, introduz precisas cenas de humor na trama densa, dando o alívio cômico necessário para a produção, dando até mesmo para Severo Snape uma das cenas cômicas. Inicialmente, o diretor foi a favor de dividir a produção em dois filmes, ideia que foi cogitada mas não realizada. É um tanto perceptível o esforço para encaixar uma grande trama em um único filme.

A referência do filme anterior reflete nesta quarta história. Muitas cenas repetem a fotografia escura mas não passam a mesma sensação, parecendo cenas escuras difíceis de se ver, sem um apuro técnico bem equilibrado.

Olho Tonto Moody é o novo personagem que ganha destaque, bruto e amigável ao mesmo tempo, sendo o mais novo professor de defesa contra a arte das trevas. É interessante observar no quanto Rowling compõe minuciosamente suas personagens, mesmo que passageiras. Cada uma a sua maneira é dotada de um carisma único que sempre traz ou amor ou ódio ao público. É também neste quarto ato que Aquele Que Não Deve Ser Nomeado, o algoz de Potter, Lord Voldermort aparece personificado, representado pelo sempre excelente Ralph Fiennes que segue até o final da trama de Harry Potter sustentando o papel.

Em meio a tensão definida na história, se destaca o baile de inverno como um dos melhores momentos de quebra de tensão, introduzindo leveza a trama. Revelando o lado adolescente de Rony e Harry e, como é imaginável, uma tensão amorosa entre Hermione e Rony, em uma das cenas mais belas da produção onde Hermione acusa Rony de estragar o baile e, retirando as sandálias, senta na escadaria para chorar.



quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

(Harry Potter and the Prisoner of Azkaban, 2004)
Diretor: Alfonso Cuarón
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Tom Felton, Michael Gambon, Gary Oldman, Robbie Coltrane, Jamie Waylett 

Primeiro livro da série que explora elementos narrativos diferentes das tramas anteriores, trazendo um novo personagem importante a trama, o bandido Sirius Black, desenvolvendo uma história paralela ao natural mais um ano na escola Hogwarts.

Alfonson Cuarón assume a direção e imprimindo seu estilo naquilo que faz muda o universo criado por Chris Columbus. Traz um ar sombrio necessário a trama, bem representado pela fotografia acinzentada e escura. Além dela, modifica alguns elementos do castelo, introduzindo um gigantesco relógio no meio do pátio que dá mais magnitude a escola de magia e participa de uma interessante cena em que a câmera passeia pelo castelo acompanhando Harry Potter e Hermione Granger.

Repetindo o que se tornaria um padrão na série, novas personagens surgem com presenças marcantes. Além de Sirius Black, papel de Gary Oldman, o ator David Thewlis é o novo professor de defesa contra a arte das Trevas que ajuda na evolução mágica de Harry Potter. Emma Tompson aceita o pequeno papel da professora de adivinhação Sibilia Trelawney a pedido de sua filha de quatro anos. Todos representando bem o que foi escrito por J. K. Rowling e sustentando as personagens com talento.

Michael Gambon foi o escolhido para ser o novo Alvo Dumbledore, uma seleção que chegou a nomes altamente famosos. A escalação não poderia ser mais acertada. Diferentemente da personagem interpretada por Richard Harris, Gambon realiza um Dumbledore mais apático. Mantendo um lado fraternal, porém mais incisivo em sua postura. Além disso, os trajes perderam o estilo tradicional ganhando uma aura hippie, com direito a barba amarrada com barbantes e adereços, fazendo do grande bruxo um homem mais excêntrico.

O trio principal tem maior equilíbrio, demonstram mais conhecimento de suas personagens explorando nuances mais significativas. As personagens crescem com os atores e, também dessa maneira, a maturidade profissional.

É o primeiro passo adulto da história de Harry Potter. Despindo-se de contornos mais infantis das duas primeiras tramas, preparando-se para conflitos mais difíceis que envolverão todo o universo bruxo. Cisão não só presente na narrativa como na própria produção de cada adaptação que a partir dessa nunca mais perderá seu tom escuro, preparando o público cada vez mais para combates eminentes.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Harry Potter e a Câmara Secreta

(Harry Potter and the Chamber of Secrets, 2002)
Diretor: Chris Columbus
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Kenneth Branagh, Robbie Coltrane, Richard Harris, Alan Rickman, Maggie Smith, Alfred Burke, John Cleese, Jamie Waylett

A segunda produção com Chris Columbus na direção não possui evolução em relação a história anterior. E ainda sofre por ser considerada a trama mais fraca dos sete livros. Resultando em uma produção que perde sua eficiência e não acrescenta quase nenhum elemento novo aquilo já apresentado.

Como novo enfoque procurou-se introduzir elementos deixados de lado na primeira adaptação. Desde este filme é perceptível que o grande e talentoso elenco de apoio poderia estar mais em cena, mas devido ao desenvolvimento da própria história do bruxo, as participações são bem controladas. A restrição do tempo obriga ao roteirista tirar boas cenas do livro e acelerar outros elementos em prol da agilidade.

O excelente ator Kenneth Branagh surge no papel do professor de defesa contra a arte das trevas – e picareta profissional – Gilderoy Lockhart que mantém a trama na comédia familiar de Columbus e pela boa interpretação amplifica o humor. Também seria este o último filme de Richard Harris, no papel de Alvo Dumbledore, falecido antes da estreia da produção. A concepção da personagem feita por Harris foi bem diferente daquela feita por seu sucessor. Aqui o diretor da escola, um dos maiores bruxos vivos, é um homem mais sereno, com voz calma, expressando sua imponente figura pela serenidade e simplicidade.

A trama peca por não parecer tão linear quanto a primeira, por faltar elementos marcantes que a construa, ainda que tenha um elo sensível com Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Porém, só é possível compreender tais ligações no decorrer da história. Isoladamente, Harry Potter e a Câmara Secreta se torna um filme que repete uma formula não muito bem estruturada, em uma trama não muito complexa.



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Harry Potter e a Pedra Filosofal

(Harry Potter and the Sorcerer's Stone, 2001)
Diretor: Chris Columbus
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Richard Harris, Maggie Smith, Alan Rickman, Ian Hart, Robbie Coltrane, Fiona Shaw, Richard Griffithss, John Cleese, John Hurt, Jamie Waylett


Na metade da saga de Harry Potter nos cinemas, tornou-se comum tecer comentários negativos quanto a concepção do universo criado pelo diretor Chris Columbus. Conhecido por grandes comédias como Esqueceram de Mim e Uma Babá Quase Perfeita, seu talento foi posto em xeque quando assumiu a direção do primeiro longa metragem do bruxo.

A leveza do primeiro livro, introduzindo o universo mágico de Potter fez com que Columbus produzisse seu tradicional filme familiar sem obstruir elementos da própria narrativa. Mesmo que depois a ambientação fantástica tenha sido melhor executada, foi a equipe do diretor que concebeu muita das bases fundamentais que permaneceram até o final da trama. A ingrata missão de apresentar a história a um público novo e leitores exigente tem seu mérito.

Harry Potter e a Pedra Filosofal foi o primeiro contato dos leitores com o mundo de Hogwarts nas telas. Como filme, depende um pouco de seu livro, mas visualmente saciava quem desejava identificar as personagens. A essência da primeira história era apresentada com eficiência e a magia do ambiente bruxo bem colocada.

Um bom equilíbrio foi criado na seleção de atores, escolhendo três atores mirins desconhecidos para as personagens centrais - com destaque para Emma Watson em sintonia com sua Hermione Granger - apoiado por grandes atores que, inicialmente, fariam parte do corpo docente da escola e, em filmes posteriores, ganharam papéis de destaque para a trama que, possivelmente, não há quem não conheça.

A trilha sonora composta por John Williams foi criticada por não estar a altura de suas outras obras, mas são comentários severos. Mesmo que depois tenha sido alterada por outros compositores, o tema de Harry Potter foi presente em todos os filmes e, mesmo em menor escala, se tornou uma composição que imediatamente se remete ao universo retratado.

A euforia inicial da produção pode ter sido exagerada na época - estive presente na primeira sessão de estréia e devo ter visto este filme mais duas vezes no cinema. Com distanciamento ainda se mantém como um bom filme, primeiro da saga milionária, e uma visão particular e otimista de um diretor muito mais voltado para o entretenimento familiar.