terça-feira, 24 de julho de 2012

Batman

(Batman, 1989) 
Diretor: Tim Burton
Elenco: Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Basinger

Tim Burton era um proeminente diretor em 1989. Tinha no currículo curtas metragens significativos e fez boa estreia nos longas com As Aventuras de Pee-Wee, conquistando sucesso em seu filme seguinte, Os Fantasmas Se Divertem. Foram essas possibilidades que permitiram a cadeira de direção de Batman, um dos grandes heróis dos quadrinhos.

Até o lançamento deste filme somente Superman – O Filme foi um grande medalhão cinematográfico que representava os quadrinhos. Os super heróis ainda eram um nicho restrito nos Estados Unidos. Tinham um mercado sólido, alguns personagens já permaneciam no coletivo, mas eram considerados a parte de outras artes. É recente a conquista de um público mais amplo e mídia em geral.

Visto em comparação com as produções atuais, a primeira aventura de Batman pode sofrer preconceito. Mas é um erro representá-la assim. O filme apresenta bem o conceito mitológico da personagem e desenvolve com fidelidade a ambientação dos quadrinhos da época, bem menos sombrios e acelerados que hoje.

As características que consagrariam Burton despontam desde já. Ambientação sempre escura, a música de Danny Elfman e a leve referência gótica. Gotham City parece uma pintura esfumaçada, com iluminação que sempre perde para a escuridão preponderante.

A abertura do filme apresenta o conceito da personagem de uma maneira eficiente e breve. Compreendemos em poucos minutos em cena a função do herói, o mundo contra qual luta e ainda identificamos que não havia a necessidade de uma fórmula. Não há a obrigação da origem, contada apenas em flashback no meio da história.

Em relação aos quadrinhos leves mudanças foram realizadas, provavelmente, fazendo fãs da época torcerem o nariz. Aqui o grande vilão Coringa torna-se o assassino dos pais de Bruce Wayne, aumentando o escopo emotivo. A interpretação de Jack Nicholson merece destaque além de ser a grande estrela do filme. Teve alto contrato e participação na bilheteria para aceitar o papel. Atualmente, seu Coringa é diminuído pela interpretação mais realista de Heath Ledger mas é fiel e factível com uma faceta da personagem dentro das comics.

Por outro lado, O Bruce Wayne de Michael Keaton sempre teve opiniões dividas. É provável que sua seleção venha da amizade com Burton, do filme anterior. Ainda hoje sua baixa estatura é reclamada pelos fãs, mas a personificação de seu Batman não necessitava de um porte. Não há grandes cenas de luta ou coreografia. Mais se aproxima de um humano desolado por um trauma que arriscou-se a lutar contra o crime do que um homem rico que, de fato, se preparou psicologicamente, fisicamente e tecnologicamente para tal fato. A concebida supremacia do herói como um mestre quase sem derrotas é evolução recente de sua história em quadrinhos.

Partes da mitologia são deixadas de lado para focar no elemento básico, herói e sua cidade. O promotor Harvey Dent, interpretado pelo eterno Lando Calrrisian Billy Dee Williams nada acrescenta a história. Bem como o comissário Gordon que ainda não desenvolveu a amizade com o morcego.

Em perspectiva, é considerável que algumas bases da trilogia de Nolan estejam identificadas desde a primeira produção. A presença de uma mulher fatal, a fala arrastada quando o milionário está com máscara de herói, demonstrando que Nolan não desconsiderou completamente o universo de Tim Burton. Sendo mais negado pelos fãs de sua leitura.

Mesmo sem o escopo profundo da psicologia de Batman, a produção apresenta com eficiência a base do personagem em um universo coerente em um ambiente crível até certo ponto. Além da música de Danny Elfman que tornou-se uma das referencias primordiais como trilha do morcego.



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