Álbum: Invincible
Ano: 2001
Gravadora: Epic / Sony Music
01 - Unbreakable" featuring The Notorious B.I.G. (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Nora Payne, Robert Smith)
02 - Heartbreaker featuring Fats (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Mischke, Norman Gregg)
03 - Invincible (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Norman Gregg)
04 - Break of Dawn (Dr. Freeze, Michael Jackson)
05 - Heaven Can Wait (Michael Jackson, Teddy Riley, Andreao Heard, Nate Smith, Teron Beal. E. Laues, K. Quiller)
06 - You Rock My World (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Nora Payne)
07 - Butterflies (Andre Harris, Marsha Ambrosius, Michael Jackson)
08 - Speechless (Michael Jackson)
09 - 2000 Watts (Michael Jackson, Teddy Riley, Tyrese Gibson, J. Henson)
10 - You Are My Life (Michael Jackson, Babyface, Carole Bayer Sager, John McClain)
11 - Privacy featuring Slash (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels, Bernard Belle)
12 - Don't Walk Away (Michael Jackson, Teddy Riley, Richard Carlton Stites, Reed Vertelney)
13 - Cry (R. Kelly)
14 - The Lost Children (Michael Jackson)
15 - Whatever Happens (Michael Jackson, Teddy Riley, Gil Cang, J. Quay, Geoffrey Williams)
16 - Threatened (Michael Jackson, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, LaShawn Daniels)
Décimo e último álbum de estúdio da carreira, Invincible foi lançado após um hiato de quatro anos e erroneamente considerado o disco que traria Michael Jackson de volta ao estrelado supremo. A má formulação da venda do produto é notória, apresentando mais erros externos ao disco do que interno.
A maior problemática foi um conflito entre a gravadora Sony que parou a divulgação do disco logo em seu lançamento porque Michael Jackson, com razão, não aceitou as imposições da empresa que queriam escolher os singles e clipes a serem trabalhados. O resultado foi uma breve recepção positiva para um vazio que oscilou e dividiu os críticos.
Revendo a discografia do cantor é possível observar que, ao contrário das exageradas críticas negativas que colocavam o álbum em um limbo obscuro, mesmo que suas canções tenham se diluído na evolução musical que o próprio concebeu na década passada, o disco ainda tem elementos positivos. Porém, as comparações são inevitáveis devido ao seu passado brilhante. Como compreender um bom disco sem nenhum arroubo em uma carreira repleta deles é a grande questão.
Invincible acerta mais como álbum em relação a HIStory, a sonoridade é inteira dedicada as batidas eletrônicas, com quase nenhuma inovação sonora. Se Jackson já dialogava com sua vida pessoal em ábuns anteriores, em seu último disco entra definitivamente dentro de si. As canções são menos carregadas de metáforas e mais pobres. Com a urgência agora voltada para o elemento amoroso. Não parecendo muito confortável a participação de rappers em algumas faixas, soando mais uma obrigação do que um conceito.
A faixa que abre o disco, Unbreakeable, mantém a tradição das excelentes primeiras faixas de seus discos. É explosiva e serve de justificativa para o tempo em que passou em descanso musical. Não a toa críticos da época ficaram animados com o disco, pois seu início é favorável.
Sem perder o ritmo, Heartbreaker entra no campo amoroso com Jackson abrindo o coração a respeito de alguém que não quer o seu amor. É a primeira faixa de diversas que se pressupõe o apaixonamento do cantor. Falando a respeito de alguém de maneira mais física, além do conceito ideário.
Elemento que se desdobra em Invincible, uma boa canção sobre uma garota fatal. A levada parece antiga, próxima de Steve Wonder, mesmo com a eletrônica. A evidência de que havia um tentativa de equilibrar presente é passado é a dose de refrões com vocais sincopados que dão certa vida a batida.
O elemento palpável do amor se faz em Break Of a Dawn. Canção corajosa do cantor se levarmos em conta que nunca abordou o assunto tão explicitamente. É a primeira balada que mesmo bem formatada não se destaca além de uma boa balada.
I don't want the sun to shine I wanna make love
Just this magic in your eyes and in my heart
I don't know what I'm gonna do I can't stop lovin' you
I won't stop 'til break of dawn makin' love
Eu não quero o sol brilhando, quero fazer amor
Somente essa mágica em seus olhos e no meu coração
Não sei o que posso fazer, não consigo parar de te amar
Não quero parar de fazer amor até o amanhecer
A harmonia amorosa se perde em Heaven Can Wait. Canção estranha pela temática que resume alguém que não quer deixar de amar eclodindo no refrão de que o céu pode esperar. Fazendo o ouvinte inferir que o amor parece ter data de validade ou a pessoa em questão estivesse convalescendo.
You Rock My World é a mais conhecida do disco. A faixa vazada antes do lançamento que se tornou single por obrigação. A canção roça em elementos do início de sua carreira, inclusive com o clipe que tenta emular a atmosfera clássica em um microfilme com a participação de Chris Tucker, amigo que aparece falando também no começo da faixa, e do grande – sem ironia apesar do mesmo estar bem acima do peso – Marlon Brando. A faixa segura bem a tensão entre novo e velho. A batida fria com um piano quente.
Butterflies é uma das mais fracas do disco. Como revelado pelo título, persegue a ideia de nervosismo do amor representada pelas borboletas no estômago. Talvez Jackson tentasse mais fidelidade produzindo uma letra próxima do elemento coloquial. Mas perdeu metáforas bem criadas durante toda sua carreira.
Mantendo o ritmo lento, Speachless, é uma canção considerável. Começa com a voz a capella sintetizando o tema da música. O ritmo aumenta em progressão e há muita emoção na voz até o auge com um coro. Composta para seus três filhos, a faixa fala de um amor mais paternal. Merece estar nas grandes canções de Jackson ainda mais por versar em um assunto não muito falado em suas letras.
2000 Watts foi gravada com um efeito na voz, mais grave, a uma oitava do tom habitual. Produz apenas estranhamento e não é funcional. A batida é tão mais forte que a voz que demonstra um desnível em uma canção um tanto pobre.
Balada mais tradicional do disco, You Are My Life parece redirecionada a um amor honesto. Tão sincero que podemos inferir que seja outra canção para seus filhos. Relembra sua carreira na década de novamente e chega a citar uma frase de The Way You Make Me Feel.
As perseguições midiáticas retornam em Privacy, que contém menos raiva do que todo HIStory. Completa, sem nada acrescentar, um assunto já melhor abordado por Michael Jackson.
Don´t Walk Away repete uma sensação clássica, com direito a um riff de guitarra na introdução. Tem um personagem mais amargurado que roga para que não o deixe de lado como se não houvesse lugar que pudesse se encaixar. Parece uma canção tanto destinada a alguém como ao próprio publico.
Cry foi o segundo single do álbum e representa a balada mais Jacksoniana, como Speachless. Inicio lento, progressão vocal e sonora que finaliza em um coro épico. É a primeira faixa quer eleva a qualidade do disco, dando inicio ao ato final.
The Lost Children é uma belíssima canção dedicada as todas as crianças perdidas no mundo. Entoada como um hino, de maneira bem figurativa, e repleta de um apelo sentimental que não perde a direção para o banalismo.
Um dos momentos mais criativos do disco esta em Whatever Happens. Canção espanhola com a guitarra inconfundível de Carlos Santana. A musicalidade hispânica não fica dissonante e demonstra como, mesmo que pouco, Jackson buscava novos ritmos.
A última faixa fecha com qualidade tanto disco como a obra do cantor, visto que, a partir de agora, somente coletâneas e a duvidosa obra póstuma estarão nas prateleiras como novidade. Theatened tem peso e metáfora na medida com a ironia para lidar com adversidade presente nos álbuns anteriores.
A canção inicia-se com uma narrativa da série Além da Imaginação para entrar em uma batida um tanto fantasmagórica acompanhada por um efeito sonoro surdo que soa como pés de um gigante caminhando. O tema é a recorrente perseguição das fofocas, dessa vez sobre um monstro que seria de outro mundo e destruidor de tudo e todos.
A agressividade tem potencial criativo e dialoga com os elementos exagerarados que circundaram toda sua carreira e, com o passar dos anos, se ampliavam cada vez mais em extravagâncias e divergências. O apelo violento é o ato final de sua carreira, demonstrando que aquele rapaz que não sabia a hora de parar de dançar envelheceu como um gênio solitário que embora perseguia seus sonhos era ainda mais perseguido pela mídia.
Apesar da coesão interna, o mal lançamento da Sony prejudicou o disco, ainda mais por pensarem que seria uma volta ao auge de Michael Jackson. Embora bem formatado é dispare por ter poucas canções que concentram seu talento em relação as outras que são apenas na média do pop.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir