Diretor: Kenny Ortega
Em silêncio e solenidade, em um fundo preto com letras brancas, uma breve explicativa a respeito da pré – produção do show This Is It revela em que momento foram feitas as gravações exibidas no decorrer do longa. Já que, até então, o público tinha conhecimento apenas de que Michael Jackson anunciava a volta aos palcos em uma série de shows, em Londres, supostamente sendo os últimos de sua carreira. O que resultou em ingressos esgotados para todos os dias em poucos minutos.
Recentemente, o público teve maior contato com o astro em fotos deformadas que apareciam em tabloides do que com seu lado musical. Acompanhando as notícias sobre o astro, é dedutível que os últimos anos de sua vida foram atribulados. Se desde a infância Jackson viveu pressionado pela família e superexposto pela mídia, seus últimos anos foram quase um massacre público.
Revê-lo após tantos anos ausente da faceta musical, em boa forma artística, ainda que tristemente nessa homenagem póstuma, é um suspiro aliviado. Jackson ainda mantinha a áurea que o consagrou Rei do Pop e lograva muito bem disso. This Is It teria a potência para ser o show revolucionário que foi imaginado.
Além de um arsenal de boas músicas que por si só são referência, seu talento e estilo transcendeu nos figurinos e em grandiosos shows. Porém, anterior a um mundo digital, registros desses espetáculos são poucos. A produção de This Is It, que evidentemente registrariam os shows, concluiria a carreira de Michael Jackson em grande estilo, como sempre desejou.
O documentário dirigido por Kenny Ortega é efetivo em capturar a magnitude desse projeto, afinal, tudo que envolvia Michael Jackson era grandioso e revolucionário. E entrega, como o astro desejava, aquilo que gostaria ao realizar seus shows: tudo que os fãs desejam.
Permeado por depoimentos da equipe selecionada para realizar o show, passando por testes rigorosos que selecionaram os bailarinos que dividem o palco com Jackson, a produção inunda o público com uma excelente seleção de músicas.
Muitas delas na íntegra e com marcações que acrescentariam um brilho a mais no show. Sob esse aspecto, o perfeccionismo de Jackson é impressionante. Sem perder a postura e a suavidade na voz não poupava quem errasse. A procura de um rigor para que canções soassem exatamente como nos álbuns. Além de incansáveis ensaios para treinar bailarinos para acompanhá-lo em sua dança.
O próprio astro apresenta a ideia de dar ao público um show nunca visto antes com as músicas que sempre gostaram. O contato com a tecnologia de ponta aproximava essa ideia. Ampliava o espetáculo com um gigantesco telão que completavam as canções, além de recursos em terceira dimensão e inserções de Jackson em filmes clássicos.
Acostumado com a riqueza de detalhe, Jackson demonstrava que estava em seu reino. Repassava nota após nota, para sincronizar perfeitamente com a coreografia, orquestrando-os com seu grito característico.
A impressão após quase duas horas de música após música, é que This Is It seria um show arrebatador. Colocaria as melhores canções de Michael em um roteiro de espetáculo único de dança e imagens. Mesmo vendo-as em ensaios é possível visualizar a excelência que seria o show.
Michael Jackson´s This Is It entrou para a história como o grande show que não se realizou. De um astro que morreu cedo demais. Para nossa sorte, registros foram capturados e o sonho pôde ser dividido com o resto do mundo. Resultando em um documentário rico e definitivo sobre a turnê não realizada.
Muito mais do que um material para fãs, é essencial e simbólico marco do fim de um legado. Um reinado soberbo em que ninguém, antes ou depois, será capaz de substituí-lo. É isso.
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