ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.
A beleza começa a perder sua sedução
Depois de boa evolução de primeira para segunda temporada, explicitando melhor a narrativa e estilo da série, Nip / Tuck decide-se por um caminho difícil e turvo para prosseguir sua narrativa.
Mesmo que, implicitamente, o público tivesse consciência de que nada grave aconteceria com uma das personagens centrais da trama, o desfecho do segundo ano era finalizado em alto impacto.
Os crimes do Retalhador, inseridos de maneira precisa na temporada anterior, perde seu brilho pela diluição narrativa. Desdobram demais uma trama que exige um desfecho rápido.
Se uma das marcas principais da série é seu estilo agressivo, seu terceiro ano vem com redobro. Mas sem apoio eficiente de um roteiro elaborado, perde-se a dose fatal de cinismo e ironia subentendida na trama, deixando-a frouxa.
Embates entre personagens surgem ao excesso. Muitos em curto tempo narrativo. Provocando cansaço na fluidez da série e causando esquecimento no público, perante tantas mudanças.
Mesmo com tais desdobramentos, as personagens centrais da série ainda definem-se como ponto alto da temporada. Sean McNamara, restabelecido de sua crise interna, agora luta contra o exterior, observando sua incompetência ao lidar com outros. Enquanto Christian Troy torna-se mais dúbio. Mantém a personalidade áspera mas apresenta belos momentos íntimos de humanidade e amor.
Intentando manter corrente o ambiente da série, tramas paralelas se apresentam sem esforço de se tornarem boa extensão do universo dos cirurgiões. Gina Russo, ex-amante de Troy, volta a cena para, junto de Julia McNamara fundarem um SPA de repouro. Matt McNamara perde a consistência conquistada e transforma-se em um clichê rebelde, com adendo de namorar uma garota com tendências nazo-fascistas.
A trama intenta explorar nesse enredos histórias chocantes, mas falham em larga escala por não causar comoção, nem espanto. Nem mesmo a história central dessa temporada, o desfecho do Retalhador, é forte.
Se sua integração à série causou bons conflitos iniciais, a diluição de sua trama em toda outra temporada, foi longa demais. E transformou-se em erro crucial quando, na necessidade de revelar-se um assassino, não há um leque de suspeitos.
Considerando que apenas uma personagem é inserida na série, cabe ao público imaginar o desfecho mais óbvio. O assassino revelado ser um personagem já conhecido ou tal personagem nova que, desde o ínicio, apresenta uma personalidade impossível de se ter empatia, se encaixe no papel.
Além de seu desfecho óbvio, a série lança critérios investigativos que não convencem por sua aleatoriedade. Em dado momento quase todas as personagens já foram presas por, supostamente, ser o assassino. Porém, apenas com pistas nada conclusivas e circunstanciais. Parecendo um desespero dos roteiristas por não terem elaborado, com destreza, o desfecho de uma boa trama.
Dessa maneira, ainda tentando repetir o requinte obsceno que marca a série, a terceira temporada de Nip / Tuck é desorientada, sem rumo e finaliza-se com desfecho óbvio. Algo infeliz para uma série diferenciada como, até agora, pareceu.
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