segunda-feira, 2 de julho de 2012

Michael Jackson, Dangerous

Artista: Michael Jackson
Álbum: Dangerous
Gravadora: Epic
Ano: 1991


01 - Jam (Michael Jackson, Bruce Swedien, Rene Moore, Teddy Riley)
02 - Why You Wanna Trip On Me (Teddy Riley, Bernard Belle)
03 - In The Closet (ichael Jackson, Teddy Riley)
04 - She Drives Me Wild (ichael Jackson, Teddy Riley; letras de rap por Aquil Davidson)
05 - Remember the Time (Teddy Riley, Michael Jackson, Bernard Belle)
06 - Can´t Let Her Get Away (Michael Jackson, Teddy Riley)
07 - Heal The World (Michael Jackson)
08 - Black Or White ( (com L.T.B. & Slash) Michael Jackson; letras de rap por Bill Bottrell)
09 - Who Is It (Michael Jackson)
10 - Give In To Me (com Slash) (Michael Jackson, Bill Bottrell)
12 - Will You Be There (Michael Jackson)
13 - Gone Too Soon (Larry Grossman, Buz Kohan)
14 - Dangerous (Michael Jackson, Bill Bottrell, Teddy Riley)

Depois de três discos memoráveis com Quincy Jones como produtor, Michael rompeu a parceria e voou sozinho pela primeira vez em Dangerous.

Antes de comentar o álbum em si, devo dizer que é provavelmente o álbum mais influente da música pop em todos os tempos. Independente de qualidade, quase tudo que foi composto depois disso seguiu a fórmula calcada por Michael aqui, uma mistura de R&B (diluído), rap, música eletrônica e agressividade sem propósito. Posto isto, vamos ao álbum em si.

O início de Jam já mostra que o que escutaremos é algo totalmente diferente do Michael que conhecemos, e isso não se comprova exatamente bom, ainda que tenha bons momentos.

A música começa com efeitos eletrônicos e uma forte e constante bateria eletrônica. Michael mostra um vocal muito mais agressivo que o seu normal, como querendo provar que realmente mudou sua atitude e sonoridade.

A letra só reforça essa mudança, são pequenas frases sincopadas misturadas com um rap (feito por Heavy D)... o resultado não é nada primoroso, mas não se pode negar que tenha sido muito influente. Esse disco ditou as tendências da música pop posterior a ele, para o bem ou para o mal.

I have to find my peace cuz
No one seems to let me be
False prophets cry of doom
What are the possibilities

Eu tenho que encontrar minha paz,
Pois parece que ninguém me deixa quieto
Falsos profetas lamentam o destino,
Quais são as possibilidades?

Dá pra perceber claramente que essa agressividade passou para a letra também, que versa sobre a invasão de privacidade e a falta de solidariedade e acaba sendo a melhor coisa da canção.

Why You Wanna Trip on Me começa com um solo de guitarra marcante e logo entra na música eletrônica, novamente com uma bateria eletrônica bem marcante. Novamente Michael canta com uma raiva inusual porem não inesperada.

A excelente letra é o destaque, focando de maneira velada a invasão que a mídia fazia da sua vida pessoal e cotidiana, consegue construir belas e contundentes imagens:

You Got School Teachers
Who Don't Wanna Teach
You Got Grown People
Who Can't Write Or Read
You Got Strange Diseases
Ah But There's No Cure
You Got Many Doctors
That Aren't So Sure
So Tell Me
Why You Wanna Trip On Me?

Temos professores
Que não querem ensinar
Temos pessoas crescidas
Que não sabem ler e escrever
Temos doenças desconhecidas
Que não há cura
Temos muitos médicos
Que não têm certeza do que fazem
Então me diga!

Por que você quer me perturbar?

Ele realça os problemas sociais existentes e que deveriam ser patrulhados pela mídia, para no refrão perguntar porque então continuam perturbando ele e não cuidando das coisas sérias que estão negligenciadas.

Na sequência, In the Closet conta com a estranhíssima participação da princesa Stephanie de Mônaco, mostrando que o bizarro já começava a se sobrepor ao talento de Michael.

A música começa com uma parte falada (pela princesa) muito brega, quebrada depois pelo eletrônico, muito similar ao das canções anteriores. A música continua misturando falas com partes cantadas. As partes de Michael são interessantes, mas não o suficiente para salvarem a canção. Curioso ainda que a letra tenta afirmar um relacionamento entre homem e mulher, mas o título é uma famosa expressão usada para dizer que a pessoa não encontrou ainda sua opção sexual...

She Drives Me Wild continua a viagem de Michael pelos efeitos eletrônicos, bateria fake, rappers e afirmação heterossexual. Sinceramente? Uma canção dispensável, com letra fraca e instrumental que polui a interpretação vocal.

Remember the Time é a primeira balada mais tradicional do disco (ainda que mantenha o clima eletrônico), e recupera um pouco do brilho perdido de Michael, ainda que não seja brilhante, mas é uma boa canção.

O principal aqui é uma interpretação tranqüila e competente de Michael, sem a agressividade mostrada anteriormente. O backing vocal (feito por ele mesmo) funciona bem e a letra é agradável, com um refrão grudento.

Do you remember the time
When we fell in love
Do you remember the time
When we first met

Você se lembra do tempo
Quando nos apaixonamos
Você se lembra do tempo
Quando nos encontramos pela primeira vez

 A sexta faixa é Can't Let Her Get Away, e também abusa dos efeitos eletrônicos, que pareciam ser a aposta de Michael para a música pop no futuro (aposta acertada, já que de fato eles dominaram a década de 90 toda). Novamente aqui Michael canta tentando mostrar uma virilidade que jamais convence, muito por conta do vocal ser encoberto pela mixagem da melodia.

Heal the World melhora o nível do álbum. É uma delicada balada, que chega a cair no clichê, mas que é bem conduzida. A música eletrônica (finalmente) dá um descanso aqui. O começo é um discurso, só que feito por uma criança e depois Michael entra cantando uma suave balada, a mais convencional do disco.

A letra é um gigantesco clichê “salve o planeta para as criancinhas”:

Heal the world
Make it a better place
For you and for me
And the entire human race

Cure o mundo
Faça dele um lugar melhor
Para você e para mim
E toda a raça humana

Mas a canção – e Michael – abraça tão claramente esse clichê que acaba saindo um bom material, se não memorável, muito melhor que a média.

Black or White é uma canção curiosa, ela traz vários elementos que eu havia criticado anteriormente, como a agressividade no canto, a presença de um rapper, o que não a impede de ser uma das melhores gravações da carreira de Michael e da década de 90. Um verdadeiro clássico.

Se em Beat It ele havia trabalhado com Van Hallen, aqui ele traz Slash para fazer a excelente guitarra da música. Michael canta com empolgação uma de suas melhores letras, falando sobre preconceito (e alfinetando a mídia que falava mais sobre sua “mudança de cor” do que de sua música):

I took my baby on a Saturday bang
- Boy is that girl with you?
- Yes, we're one and the same
Now I believe in miracles
And a miracle has happened tonight
But, if you're thinking about my baby
It don't matter if you're black or white

Levei minha garota numa balada no sábado
Cara, essa menina está com você?
Sim, nós somos um e a mesma pessoa
Agora eu acredito em milagres
E um milagre aconteceu esta noite
Mas, se você está pensando sobre minha garota
Não importa se você é preto ou branco

Após um trecho bem pesado, o rapper L.T.B canta um excelente trecho em rap que logo se une ao refrão da música, que cresce em emoção, com um constante riff de Slash. Inesquecível!

Who Is It é uma balada com toques eletrônicos, mas bem mais controlados do que no restante do álbum. Não é marcante e não se sobressai, mas tem uma letra interessante sobre desilusões amorosas.

Na seqüência outra faixa que tem Slash como convidado, Give In to Me é uma balada com uma sonoridade mais lenta e “estranha”, diferindo bem do restante do álbum. A letra é convencional e  o instrumental é bom, mas a bateria eletrônica novamente pesa demais a sonoridade. No geral é uma boa faixa.

Will You Be There é uma das músicas mais famosas do álbum, por ter sido trilha sonora do tenebroso filme Free Willy. A letra é boa, apesar de melosa, possuindo alguns belos versos:

Hold me
Like the River Jordan
And I will then say to thee
You are my friend
Carry me
Like you are my brother
Love me like a mother
Will you be there?

Abraça-me
Como o Rio Jordão
E então eu lhe direi
- Você é meu amigo
Leve-me
Como se você fosse meu irmão
Me ame como uma mãe
Você estará lá?

O instrumental levado com piano e canto coral é muito mais interessante que o normal do álbum, assim como a suave performance vocal de Michael, que se aprofunda no decorrer da música, é a melhor performance dele em Dangerous. No geral é música é boa, com certeza um dos destaques do trabalho.

Keep the Faith é outra balada, mas sem a mesma qualidade de Will You Be There. O instrumental eletrônico funciona bem aqui, ainda que encubra a voz de Michael de vez em quando (problema freqüente do álbum todo).

A letra é positiva e toca a religiosidade, lembrando as raízes R&B (reforçadas pelo coro no final) de Michael. A música é grande demais e com certeza seria muito melhor se tivesse uns bons 2 minutos a menos.

Gone Too Soon é a única música do álbum que não foi escrita por Michael. É uma balada convencional e arrastada. O instrumental sem truques eletrônicos é bom, mas nada que dê destaque a ela, que acaba soando como um pastiche de outras faixas emotivas que Michael já gravou, como a excelente She’s Out of My Life do Off the Wall.

O disco fecha poderosamente com a sensacional música título. A segunda melhor canção do álbum usa todos os recursos em que as outras falham a seu favor. Os efeitos eletrônicos criam uma atmosfera incrível de perigo e luxúria, reforçados imensamente pela competente e sonora letra e pela declamação incrível de Michael:

The girl was persuasive
The girl i could not trust
The girl is bad
The girl is dangerous

A garota era persuasiva
Nessa garota eu não podia confiar
A garota era má
A garota era perigosa

O trecho cantado mostra a qualidade absurda de Michael em mudar da fala pro canto e soar bem nos dois. Dangerous é uma das últimas grandes canções da carreira de Michael, e mostra como esse álbum poderia ter sido maravilhoso se os elementos utilizados tivessem sido usados sempre de maneira tão consciente e criativa como aqui.

No final a suposta experimentação que Michael propôs neste álbum, acabou sendo muito mal utilizada. Os efeitos eletrônicos incomodam e – por conta de uma mixagem problemática - causam um efeito de desconforto e monotonia, que só se acentua com a repetitiva bateria eletrônica e o tamanho exagerado de suas faixas.

Com apenas duas músicas realmente memoráveis, Dangerous é um álbum importantíssimo para  música pop e para a carreira de Michael Jackson, mas fica longe de ser uma obra constante. Uma pena.




Um comentário:

  1. Adorei a resenha,gosto quando não fica aquela coisa só glorificando o álbum e você mostrou que realmente ouviu o cd...no meu gosto,é o melhor da carreira dele,não sei se foi por causa que eu acompanhei essa fase pois era muito fã dele ou coisa parecida

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