quarta-feira, 4 de julho de 2012

Michael Jackson, Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix

Artista: Michael Jackson
Álbum: Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix
Gravadora: Epic
Ano: 1997


1."Blood On The Dance Floor""   Michael Jackson, Teddy Riley
2."Morphine"   Michael Jackson
3."Superfly Sister"   Michael Jackson, Bryan Loren
4."Ghosts"   Michael Jackson, Teddy Riley
5."Is It Scary"   Michael Jackson, James Harris III, Terry Lewis
6."Scream Louder (Flyte Tyme Remix)"   Michael Jackson, Janet Jackson, James Harris III, Terry Lewis
7."Money (Fire Island Radio Edit)"   Michael Jackson
8."2 Bad (Refugee Camp Mix)"   Michael Jackson, Bruce Swedien, Rene Moore, Dallas Austin
9."Stranger In Moscow (Tee's In House Club Mix)"   Michael Jackson
10."This Time Around (D.M. Radio Mix)"   Michael Jackson, Dallas Austin
11."Earth Song (Hani's Club Experience)"   Michael Jackson
12."You Are Not Alone (Classic Club Mix)"   R. Kelly
13."HIStory (Tony Moran's History Lesson)"   Michael Jackson, James Harris III, Terry Lewis


Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix é um disco gauche, é composto de oito remix do disco anterior dele, o HIStory e mais 5 faixas inéditas. Levando-se em conta que HIStory já era metade álbum inédito, metade coletânea, podemos entender o quão fundo é o buraco nesse Blood on the Dance Floor.

Sinceramente, acho desnecessário versar aqui sobre o quanto remix são ridículos e desnecessários. Então focarei a minha resenha nas faixas inéditas. Vamos lá.

A Faixa título começa com a dominante bateria eletrônica dessa fase “dance” de Michael e é um perfeito exemplar do que se tocava nas pistas na época, ou seja, uma música dançante genérica, com letra rasa, sem nenhum brilho. Essa gravação é uma mácula na carreira de Michael. Mal se ouve a voz na maioria da música mostrando a característica do dance de pasteurizar a música, deixando tudo formatado para pista, para que o DJ possa tocar uma música atrás da outra, sem parecer que mudou de faixa. Uma lástima.

Morphine começa com um efeito de rádio sem sintonia e progride com Michael cantando de maneira forte e sincopada, com os efeitos eletrônicos fazendo as vezes de instrumentos. O resultado é bem fraco. Michael tem uma bela voz que ele insistiu aqui em encobrir com efeitos tenebrosos.

A letra pelo menos se salva. Claramente auto-biográfica é interessante, ousada e muito triste, se destacando muito no disco, principalmente porque um trecho antecipa a maneira como o cantor morreria muitos anos depois:

Relax, this won't hurt you
Before I put it in
Close your eyes and count to ten
Don't cry, I won't convert you
There's no need to dismay
Close your eyes and drift away
Demerol, Demerol
Oh God, he's taking Demerol

Relaxe, isso não vai machucar você
Antes que eu injete
Feche seus olhos e conte até dez
Não chore, eu não vou te converter
Não precisa ter medo
Feche seus olhos e vá em frente
Demerol, Demerol
Oh Deus, ele está tomando Demerol

No geral é muito superior à faixa título, mas ainda aquém do que sabemos que Michael podia render.

O disco segue com Superfly Sister que é bem mais dançante que a faixa anterior, com um ritmo e uma letra mais “sensuais”, acaba sendo mais uma das frustradas tentativas de Michael de parecer sexy. Curioso que ele era considerado assim antes de ficar tentando provar sua sexualidade para o mundo, na época em que era um artista melhor do que uma figura pública. Sinceramente, essa faixa nunca deveria ter entrado em um álbum, é claramente uma experimentação que não deu nada certo.

Ghosts rendeu o maior (em duração, fique claro) clipe da carreira de Michael, um verdadeira media metragem, que fez mais alvoroço que a canção em si. A música é me parece uma apelação, uma tentativa de recriar a atmosfera de Thriller e o clima soturno de Smooth Criminal. Obviamente não deu certo.

O instrumental é uma repetição de 5 minutos da mesma batida, sem quase nenhuma variação, com Michael e os backing vocals fazendo um trabalho razoável nos vocais.

A letra varia de qualidade, o começo é bem ruim, falhando em compor um panorama de assombrações e monstros, apenas mostrando clichês do gênero, de maneira canhestra:

There's a ghost down in the hall
There's a ghoul upon the bed
There's something in the walls
There's blood upon the stairs

Tem um fantasma no corredor
Tem um vampiro debaixo da cama
Há alguma coisa nas paredes
Há sangue nos degraus

No entanto a letra se recupera muito bem ao traçar um paralelo entre essas “assombrações” e a invasão que Michael sofria em sua vida particular:


And who gave you the right to scare my family
And who gave you the right to shake my baby, she needs me
And who gave you the right to shake my family tree
They put a knife in my back
Shot an arrow in me
Tell me are you the ghost of jealousy

E quem te deu o direito de perturbar minha família?
E quem te deu o direito de perturbar meu amor, ela precisa de mim
E quem te deu o direito de perturbar meus antepassados?
Você me esfaqueou pelas costas
Me atirou uma flecha!
Me diga, você é o fantasma do ciúme?

A música não é excelente, mas se salva pela interessante metáfora construída pela letra.

A última inédita é Is It Scary é quase uma irmã de Ghosts, continua na mesma temática e tem inclusive a primeira estrofe exatamente igual. Mas acaba sendo uma música bem melhor, simplesmente porque é ritmicamente muito mais interessante, não abusando dos recursos eletrônicos. E por isso mesmo, a performance vocal de Michael é muito melhor. Vale ressaltar que ele não usa backing vocals na faixa.

A letra tem a mesma metáfora da de Ghosts, mas puxando pelo lado de que as pessoas se assustavam com as supostas excentricidades de Michael. É uma bonita letra, com muitos trechos tocantes, como este:

I don't wanna talk about it
What's scary for you, baby
Is this scary for you
I'm tired of being abused
You know you're scaring me too
I think the evil is you
Is this scary for you, baby

Eu não quero falar sobre isso
O que é assustador pra você, baby?
É assustador pra você, baby?
Eu estou cansado de ser abusado
Você sabe que está me assustando também
Eu vejo, o mal é você
É assustador pra você, baby?

Interessante ver como ele estava magoado com as pessoas, mesmo colocando o público como culpado (o baby, no caso, faz as vezes de público).

Depois dessas 5 faixas entram os remix, que colocam tudo a perder de vez, em um álbum que já tinha tremendas dificuldades de se segurar como uma obra coesa. Uma pena. Seria muito melhor e mais honesto ter feito outras 5 faixas inéditas, mesmo que dessa qualidade mediana, assim teríamos um álbum de mediano pra ruim, mas um álbum e não essa aberração caça-níquel.

No geral é uma obra plenamente esquecível na carreira de Michael, servindo apenas de registro, pelas letras das músicas inéditas, para o quão devastado emocionalmente Michael estava, prenunciando que ele não agüentaria muito mais. Toda a corda que é puxada acima de sua tensão máxima se rompe.



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