sexta-feira, 29 de junho de 2012

Michael Jackson, Off The Wall

Artista: Michael Jackson
Álbum: Off The Wall
Gravadora: Epic
Ano: 1979

01 - Don't Stop 'Til You Get Enough (Michael Jackson)
02 - Rock With You (Rod Temperton)
03 - Workin' Day And Night (Michael Jackson)
04 - Get On The Floor (Michael Jackson, Louis Johnson)
05 - Off The Wall (Rod Temperton)
06 - Girlfriend (Paul McCartney)
07 - She's Out of My Life (Tom Bahler)
08 - I Can't Help It (Stevie Wonder, Susaye Greene)
09 - It's the Falling in Love (Carole Bayer Sager, David Foster)
10 - Burn This Disco Out (Rob Temperton)


Sabe, eu estive me perguntando, sabe. Se ela poderia continuar . Porque a força é muito poderosa. E me dá vontade de... Me dá vontade de...

O passo seguinte na carreira de Michael Jackson inicia-se de maneira enérgica nas frases que culminam em um grito que parece a busca desesperada pela liberdade em relação ao passado, frente a um presente aberto para experimentações musicais.

No hiato entre a gravação do último album pela Motown e a produção de seu disco que iniciaria sua carreira adulta, o cantor se aventura nos cinemas em uma produção musical inspirada na história de O Mágico de Oz. Sem um grandioso sucesso e repercusão, o filme foi crucial para que Michael encontrasse o produtor Quincy Jones, que trabalhava na trilha sonora do filme. Foi o primeiro passo para uma parceria que apresentaria ao mundo um novo cantor que marcaria para sempre a história musical.

Off The Wall apresentaria o músico de maneira madura, produzindo seu primeiro marco musical. Com três canções de autoria própria, além de uma de Paul McCartney e Steve Wonder, o disco é conectado com seu tempo e excelente para também transgredí-lo.

As tradicionais músicas americanas são deixadas de lado para uma imersão maior no ritmo pop. Não a toa o título evoca o movimento, como se Michael, emparedado pela Motown, saisse em liberdade com muita energia para gastar. O álbum mergulha na disco music, popular na época, e não há medo em arriscar sonoridades e texturas sonoras.

A abertura energética com Don´t Stop Till Get Enough marcaria a partir daqui excelentes primeiras faixas em seus álbum. O ritmo é frenético como se desse vazão a um sentimento contido. Ao contrário das canções dançantes de hoje, que exageram no eletrônico, a base melódica é composta por um baixo e teclado, instrumentos de fato.

É notável desde a primeira faixa uma característica que permaria outra canções de sua carreira. A contemplação do ritmo. O silêncio da voz dando destaque há um solo musical (aqui um piano arrepiante), espaço para que o cantor demonstrasse que seu suingue não estava somente na voz, mas sim também no corpo.

A inovação ia além da música, além da dança. Os clipes musicais para divulgação eram verdadeiras obras de arte com arroubo criativo e tecnologia. Hoje pode se ter a impressão de um efeito precário, mas muitos adolescente da época devem ter ficado de cabelo em pé ao ver Michael Jackson se triplicando na tela e, em sincronia, realizando a mesma coreografia.

 Após a abertura explosiva, Rock With You tem ritmo mais calmo, mas não menos dançante. A primeira do disco composta pelo britânico Rod Temperton. Novamente, o tema é a própria dança, a sinergia que ela é capaz de produzir, elemento primordial nesse álbum. As palmas que acompanham a batida da música dão uma sensação de urgência a ela, como se um publico fictício que a ouvisse não conseguisse ficar em silêncio, entrando no ritmo.

Segunda composição de Jackson para o álbum, Workin´Day and Night  parece um tanto cômica, deixando a impressão de também refletir uma referência a canção dos Beatles. Sobre um homem que reconhece sua vontades e sabe que não é a pessoa ideia para a garota. Novamente a experimentação surge, no início com os vocais e a batida seca, no refrão com o backing vocal do cantor em diversos tons diferente.

A ode a disco music não para e impressiona pela simplicidade. Canções que dialogam sobre a dança e música e que são ricas de instrumentos, cheia de funk, pop e soul. Get On The Floor marca a segunda composição de Jackson no álbum, dessa vez em parceria com Louis Johnson.

Off The Wall que dá título ao álbum é a canção mais malandra até aqui. Desenvolve a ideia de deixar tudo para lá, deixando o ritmo te levar. A canção é outra que trabalha a capacidade vocal de Jackson, aproveitando seu poderoso vocal agudo, diferente daquele quando criança, agora forte e preciso. A levada funk e a temática se aproximam até mesmo de Sossego de Tim Maia. Ambas canções querem a busca por uma liberdade fora dos regimentos naturais.

Girlfriend faz uma pausa no som dançante para exalar singeleza em uma canção de amor que só Paul McCartney é capaz de compor. Seria o prelúdio de um encontro musical que estaria registrado em Thriller com The Girl Is Mine, interpretada em perfeição por ambos.

A balada do disco fica nas mãos de She´s Out Of My Life. Sendo a única do disco, é provável que foi escolhida a dedo. Sua letra é agridoce e a voz de Michael Jackson atinge o ápice do sentimentalismo. Entregando uma canção que machuca de tão sincera.

De maneira lenta a temperatura volta a subir. I Can´t Help de Steve Wonder marca a única semelhança entre a carreira juvenil e o momento adulto. O refrão sincopado acompanha a vocalização do cantor que parece a vontade revisitando mais uma vez uma canção de Wonder, o colega de antiga gravadora.

It´s The Falling In Love é a canção mais tradicionalista do disco. Injusto seria chamá-la de fraca em um disco excelente. Sua função é realizar a estrutura de base do disco. Sendo um conectivo entre a anterior e a última faixa, não esquecendo de aumentar o ritmo e a temperatura que eclodirá na última faixa.

Burn The Disco Out, também de Temperton, é o necessário ato final deste pelo disco. A junção de funk, soul, R&B e groove de Michael Jackson chega ao ápice em uma canção que não deixa ninguém parado. Há uma quantidade tão grande de misturas nesse caldo sonoro que o resultado não poderia ser outro. A destruição daquilo que se conhecia como música pop, colocando tudo abaixo e consagrando Michael Jackson como um talento nato.

A recepção do disco foi calorosa desde a época de seu lançamento e hoje se mantém como um dos discos obrigatórios nas listas musicais. Deveria ter sido assustador a sensação de ouvir o disco na época de seu lançamento. E mais devastador ainda imaginar que aquele disco impar seria apenas o primeiro de um melhor que viria em seguida.

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