sábado, 24 de julho de 2010

Alta Fidelidade: Qual o preço de um download legalizado?


Qualquer mídia que se fale a respeito hoje em uma discussão sempre se divide entre os tradicionais, que a defenderão da maneira mais clássica e os tecnológicos que, mais por especulação, afirmam que sua concretude será extinta para uma integração digital completa.

Os livros se confrontam com os readers digitais, os CDs perdem espaço para as músicas lançadas diretamente na rede e os filmes indo do cinema para a tela do computador.

Porém, diferentemente da simples proporção, há um passo gigantesco de uma mídia a outra. O espaço para a pirataria é grande e a inércia de diversos órgãos responsáveis, até mesmo editora, gravadoras e produtoras, permitiram que o consumo do chamado material pirata circule aos milhões. Atire a primeira pedra quem nunca baixou um filme ou uma série para assistir.

É recente o surgimento de meios de assistir filmes, séries, de maneira legal pela internet. Lá fora, canais disponibilizam suas séries on line, infelizmente, ainda, com prazo para o expectador assistir. No Brasil, alguns canais, como a Rede Bandeirantes e o canal pago Fox, disponilizam oficialmente parte de seu conteúdo pela internet. E portais como o Terra criaram um espaço dedicado a fornecer conteúdo de graça a qualquer público, disponibilizando de filmes, documentários, a séries (recentemente o portal estreou a primeira temporada de Arquivo X, com um episódio por semana).

Em paralelo com o fornecimento gratuito de cultura, há sites que fornecem-a mediante pagamento. A empresa Saraiva desenvolveu um sistema de locação digital entitulado Saraiva Digital com esse intuíto. O usuário escolhe o filme pelo site, faz a compra pelo cartão, baixa o programa da rede e faz o download do filme, tendo a escolha de ou comprá-lo ou de alugar. O sistema utiliza-se de uma codificação que permite que o filme, ao ser baixado, funcione por 24 horas ou 48 horas, expirando após isso.

Com a chance de testar se o sistema funciona e ver como seria assistir uma produção de maneira legal – som e imagem seriam fieis ao DVD? – o blog fez o teste.

Os preços não são tão caros. Filmes de catálogo são encontrados por R$3,90 a R$4,90 e lançamentos a partir de R$6,90. Se pensarmos que algumas locadoras de cidades grandes ainda cobram um tanto caro o preço dos lançamentos, a mordomia de ver o filme sem o trabalho de sair de casa compensa.

O catálogo ainda não é tão vasto, mas tem aumentado. Buscando suprir não só os lançamentos – que já contam com a bombinha Alice No País das Maravilhas – como produções antiga – a primeira versão de Fúria de Titãs é um bom exemplo.

Infelizmente, o processo de compra é um dos primeiros problemas do sistema. Mesmo que a compra pelo cartão de crédito seja, normalmente, aprovada na hora, há uma certa demora para que você seja autorizado a baixar o filme.

No meu caso fiz a compra em uma promoção, alugue dois e pague um e até hoje recebi apenas autorização para baixar um filme. Fiz uma reclamação formal no site e obtive a resposta que o setor trabalharia para resolver o problema. Até o dado momento não resolveram. E um mês já se passou.

O programa necessário para baixar os filmes é um gigantesco problema a parte. Desde sua tela inicial de login apresenta falha e lentidão. Não estranhem se ele travar diversas vezes antes de entrar em sua tela de abertura, que apresenta os últimos filmes em catálogo.

Outra epopéia difícil é baixar o filme comprado. Se há um lado positivo, das produções virem com aproximadamente 3 gigabytes, e assim preservarem sua boa qualidade, é necessário ter boa banda larga – e paciência – para que o download se complete rapidamente.

É possível parar o download no meio e continuar depois. Mas, devido a uma falha no programa, seu filme pode sumir de sua lista, de repente. Obrigando-o a baixa-lo novamente.

Assistir a produção é a terceira via crucis realizada. De antemão, afirmo que o computador utilizado para tentar vê-la é uma excelente máquina, com uma vasta memória e bom processador.

O programa Saraiva Digital permite duas opções para exibir o filme. Dentro do próprio programa ou pelo Windows Mídia Player, com a última versão atualizada. Infelizmente, nem um nem outro reproduziu o filme comprado.

O reprodutor de vídeos do Saraiva Online ameaça o início da exibição, mas a tela fica preta. Os trailers do catalogo passavam sem problemas, significando que não havia problema com o reprodutor em si, mas sim com a chave que habilita a reprodução.

A solução foi ir ao Windows Mídia Player. Pedir uma atualização completa, esperar pela nova versão e dar play no filme que não leu. Novamente a chave de proteção não conseguia reproduzir o filme. O programa dizia não ser possível ler o formato, um arquivo .wmv, originário do próprio programa em questão.

O resultado final foi uma locação não assistida. Diversos problemas em baixar o filme e um respaldo zero da Saraiva em resolver meu problema com a segunda locação que nunca me foi disponibilizada.

Ainda que seja interessante um sistema legal que permite a locação de filmes em formato digital, chega a ser patético seu desempenho. Criando uma luta incapaz de ser vencida contra o dito material pirata que, em uma rápida busca virtual e com alguns cliques, são facilmente baixados.

A experiência com a Saraiva Virtual resultou-se em uma falha completa. E não é exclusiva, já que o sistema registra opinião de outros usuários e muitos reclamam da dificuldade de se baixar os filmes e das falhas do programa.

Sem dúvida a idéia é boa e conquistaria uma certa parcela de internautas, principalmente aqueles que buscam produções antigas, mas falha na concepção. Sua execução lenta é um convite a desistir e ou ir a locadora mais próxima ou ao site de downloads mais rápido e fazer sua seleção.

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O Blog O Que Dr. House Diria? Gostaria de esclarecer que não criou juízo de valor algum para a produção do texto em questão. Apenas analisou um sistema de reprodução legal de vídeos repleto de falhas em relação a facilidade de se encontrar o dito material pirata na internet. Em outras palavras, não estamos fazendo apologia a nada.

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Alta Fidelidade, a coluna semanal do criador desse blog que, infelizmente, perdeu sua locação sem ver o filme alugado. Aqui é possível falar abertamente sobre alguns temas sem que exija uma resenha para tal. Pretende-se abordar todo o tipo de assunto cultural, seja ele sobre livros, filmes, dvds, cds e, nessa semana, o embate entre download legalizado e a pirataria.

2 comentários:

  1. Que merda! Não viu o filme?!? PUTZ isso chega a ser vergonhoso pra Saraiva...

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  2. Acabo de alugar três filmes (promoção alugue 3, pague 2). A mesma coisa: pagamento com cartão de crédito foi liberado quase 9 horas depois. Os filmes estariam supostamente disponíveis, mas agora tento abrir o programa e ele acusa "erro", "erro na execução da aplicação". O último pedido que fiz na Saraiva, de um produto de papelaria, levou o dobro do prazo para chegar. Aí, resolvi mesmo assim esperar que talvez apresentassem um bom serviço com essa história de filmes digitais. Engano total. Realmente a Saraiva não é lá aquelas coisas em termos de atendimento e compromisso - é o que me parece em três experiências que tive com esta empresa. Vamos ver se o comércio destes filmes digitais funcionam ou se são só uma forma de ganhar dinheiro e sem compromisso com o consumidor. Afinal, também já tive a experiência de que eles cobram a fatura e só reembolsam no próximo mês... não devolvem o dinheiro no ato.

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