domingo, 26 de julho de 2009

Quando Nietzsche Chorou, Irvin D. Yalom

"Doutor Breuer, Preciso vê-lo para um assunto da maior urgência. O futuro da filosofia alemã está em jogo. Encontre-me amanhã cedo às nove horas no Café Sorrento. Lou Salomé Um bilhete impertinente! Havia anos ninguém o abordava com tanta sem cerimônia. Ele não conhecia nenhuma Lou Salomé. Nenhum remetente no envelope. Nenhuma forma de informar a essa pessoa que nove horas era inconveniente [...] "

Autor:
Irvin D. Yalom
Editora: Ediouro
373 pag.





Conheci o psicólogo escritor Irvin D. Yalom pelo caminho inverso de seu sucesso. Primeiro, realizando a leitura de um livro centrado na terapia, Os Desafios da Terapia, onde Irvin demonstra seu domínio na área e sua escrita funciona tanto para peritos no assunto como para leigos.

Mas foi com seu lado escritor que o sucesso foi imediato, no romance Quando Nietzsche Chorou. Um encontro entre três mentes brilhantes de seu tempo – encontro que nunca ocorreu de fato – no período em que a psicologia e a psicanálise estavam nascendo.

O enredo centra-se em Josef Breuer, um experiente médico de Viena, considerado ao lado de Freud como um dos país da psicanálise, que recebe a visita de uma desconhecida com um pedido nada convencional. Que o médico trate um filósofo ainda não conhecido, mas que será caminho para a filosofia do futuro, sem que o mesmo tenha conhecimento do tratamento, pois o tal filósofo nunca aceitaria ser tratado. Assim, o médico concorda, através da análise das dores clínicas do filósofo Nietzsche, buscar compreensão para seus problemas emocionais.

É com essa premissa iluminada que Yalom não só realiza um interessante romance a respeito das origens da psicanálise, como também incita o leitor a realizar as reflexões incessantes que Breuer, Nietzsche e, em algumas passagens, Freud, exercem durante o romance. O resultado de tal leitura é uma vasta explosão mental reflexiva.

O autor prova que tem fôlego para, além de escrever bom material sobre seu trabalho, desenvolver ficções a respeito. Ainda que o romance tenha ganhado áurea de best seller – podendo cair no conceito comum de que tudo que é best seller é, por definição, desprovido de qualidade verdadeira – o lançamento do livro é antigo. Desde 1992 edições da obra são lançada no país, mas, não sei porque, somente dez anos depois se tornou um sucesso. O que pode ser considerado até espantoso para um livro reflexivo como este.

Além dele, uma adaptação bem pobre foi realizada para cinema ou televisão, com Armand Assante no papel do filósofo incomodado. Mas nem chegam aos pés da narrativa.

Porém, o puxão de orelha vai para a tradução da Ediouro, que muitas vezes puxou mais o inglês de Yalom para palavras não usuais, comumente usadas em paises latinos, do que as do vocabulário que conhecemos. É necessário lembrar que tradução não é escrever difícil, e sim passar para outra língua, da melhor maneira possível, o material original.

De volta a obra, não estranhe se, após a leitura, a vontade de compreender melhor os textos do filósofo ou as obras de Freud fique aguçada.


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