segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Último Mestre do Ar

(The Last Airbender, 2007)
Diretor: M. Night Shyamalan
Elenco: Noah Ringer, Jackson Rathbone, Nicola Peltz, Dev Patel.


Algumas obras são compostas de maneira tão sólida, sem pontas soltas, que parecem à prova de possíveis erros. Parecia certo que a produção cinematográfica de Avatar, o desenho produzido pela Nickelodeon, seria um sucesso, mesmo que fosse difícil atingir a excelência do original.

A notícia de que M. Night Shyamalan dirigiria a adaptação foi recebida com reprovação. Shyamalan, embora um diretor talentoso, amargava fracasso após fracasso, vítima de sua própria formula: o suspense com revelação no final. Após ter seus projetos negados por diversos estúdios, adaptar uma história alheia manteria o pouco do nome que lhe restava, sem arriscar outra produção fracassada.

Baseado no roteiro escrito pelo diretor, O Último Mestre do Ar concentra-se na primeira parte da história, divididas no desenho em três livros. É possível que houvesse um plano concreto de adaptar toda a trama para uma série de filmes. Porém, uma adaptação bem feita de Avatar custaria caro e demandaria tempo. Seria necessário, ao menos, dois longas metragens para cada livro. Projeto de difícil aceitação e que, provavelmente, não acrescentaria nada ao desenho.

A base da história de Avatar está presente. Quatro tribos, divididas pelo elemento que manipulam, estão em desequilíbrio e aguardam com pouca esperança a chegada do Avatar, único capaz de controlar os quatro elementos e trazer paz para as nações.

O primeiro incômodo na versão cinematográfica está na desnecessárias mudanças de nacionalidades das personagens. Ainda que a história seja apresentada em outra era, supostamente em um lugar diferente da Terra que conhecemos, as semelhanças são notáveis. A tribo da Água do Sul são próximos de indianos. A tribo do Fogo e da Terra são orientais, embora um seja japonês e outro, provavelmente, chinês. Conceito que não por acaso foi arquitetado para que a realidade e ficção tivessem semelhanças.

A direção de Shymalan não é comprometedora e pouco marca seu estilo na trama, preferindo diluir aquilo que o consagrou. O roteiro acelera demais a história original, provocando cortes evidentes e inserindo na mesma cena elementos que apareceram de maneira distinta no desenho.

A apresentação de diversos personagens conhecidos parece composta para agradar o público, fetichista de vê-los em carne e osso. O excesso é desnecessário para uma história que se apresenta em alta velocidade para cobrir todo o espaço da primeira temporada da série.

As cenas de ação são inconstantes e provam que Shymalan não está preparado para o estilo. A preocupação em mantê-las semelhante ao original é notável. Porém, não perceberam que tornaram-se assim mais artificiais. Se há um fator positivo é quanto aos efeitos que produzem as dobras de cada tribo, apresentados de uma maneira realista.

A versão dublada não conta com os mesmos dubladores do desenho. Infelizmente estúdios não compreenderam que o público gosta das vozes consagradas, muitas vezes para identificar as personagens. Não bastando isso, até pronuncias foram alteradas. Demonstrando que não há uma pesquisa necessária entre desenho e adaptação cinematográfica.

Uma história tão rica como Avatar tornou-se uma adaptação pobre que não é capaz de entreter quem desconhece a trama e muito menos agradar quem esperava uma obra fiel ao seu original. No meio disso tudo, M. Night Shyamalan tenta sobreviver a indústria, mas continua naufragando.

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