segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne


(The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn, 2011)
Diretor: Steven Spielberg
Elenco (vozes originais): Daniel Craig, Simon Pegg, Jamie Bell, Andy Serkis, Cary Elwes, Toby Jones, Nick Frost, Tony Curran, Sebastian Roché, Mackenzie Crook.


Parece contraditório afirmar que há críticas menos ou mais pessoais, dependendo do objeto de análise. A eficiência da argumentação sempre passa pelo viés sensível e, as vezes, filtrada de maneira inadequada por ele.

O intrépido repórter Tintim se apresentou para mim da mesma maneira que grande parcela de minha geração: pelo desenho produzido pela Nelvana, em 1991. Descobri posteriormente que a personagem era baseada nos álbuns do belga Hergé e, com muita felicidade, que meu tio possuía a coleção completa em edições lançadas provavelmente em meados da década de 70 pela Editora Record.

A recepção de um filme do aventureiro jornalista foi recebida com cautela por mim. Em parte pelo imenso carinho que tenho pela personagem. Sentimento que turva a análise objetiva de uma produção pela defesa cega de seu original.


As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne, primeiro filme de uma série de três, baseia-se no álbum O Segredo do Licorne (1943), em sua seqüência O Tesouro de Rackham, O Terrível (1944) e partes de O Carangueijo das Pinças de Ouro (1941).

Mesmo não sendo uma produção de execução difícil, Steven Spielberg e Peter Jackson apresentam a história esculpida em dois recursos contemporâneos do cinema. A captação de movimentos e a estereoscopia resultando na terceira dimensão.

Embora tais elementos não me atraiam de maneira alguma, os efeitos especiais para a série foram bem realizados. Ficam entre a cópia fiel da realidade – na medida do possível – e um ambiente mais próximo dos quadrinhos. O espírito que atravessou os vinte e três álbuns composto pelo belga está presente, assim como liberdades artísticas que poderiam ser deixadas de lado.

A objeção por mudanças vem de um fã desde criança da personagem. Que não compreende como um universo rico como o produzido por Hergé necessita de mudanças que quebrem a estrutura elementar da série. Pequenos detalhes que poderiam ser evitados e não causariam mal algum pela fidelidade.

No intuito de equilibrar o humor da história, normalmente evidenciado pelas trapalhadas dos detetives Dupond e Dupont, Capitão Haddock tornou-se alívio cômico. Não atingindo o potencial de sua personagem nos quadrinhos que, sem dúvida, é hilária, mas não da maneira demonstrada.

Defesa a parte de um fã inveterado, em todas as camadas do longa metragem observa-se um tratamento excelente. As tomadas integram-se ao espírito aventureiro sem entregar exageramente a imersão de objetos pulando fora da tela. E a composição entre as feições reais dos atores com o desenho original produz uma mistura que identifica seus atores sem perder o estilo original.

A dublagem brasileira merece crítica por não escalar todo o elenco consagrado do desenho. Ainda que seja impossível forma-lo por completo, devido ao falecimento de alguns dubladores, parece estranho que a produtora escolha outras vozes daquelas que o público já está acostumado.

Divulgado pelo blog Tintim por Tintim, Isaac Bardavin não dublou o Capitão Haddock por não ter – pasmem – passado no teste da produtora. Felizmente Odebran Junior, nosso Tintim, foi selecionado para o filme e, antes mesmo do convite oficial, demonstrou-se disposto a voltar a dublar - o ator tinha se aposentado da função - somente para reprisar a voz do repórter. Fato que deixa esse fã eternamente agradecido.

Ainda que não excelente, As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne tem conquistado público pelo mundo, trazendo a tona novamente o desenho – exibido pelo Canal Futura atualmente – e ainda galgando o Globo de Ouro de animação nesse ano mirrado de boas produções do gênero.

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