quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Caprica, Episódio Piloto

O que nos diz o piloto da série que revisita o universo de Battlestar Galactica.

Foi com grandes espectativas que assisti o episódio piloto de Caprica, a nova série da Sci Fi que promete nos contar como a sociedade das 12 colônias começa a contruir seu fim, narrado em Battlestar Galactica. E mesmo com essas espectativas elevadas ao céu, não me decepcionei. Para minha surpresa, o piloto de Caprica tem ainda mais enfoque na análise psicológica. É denso, e o desamparo dos dois personagens principais é tão paupável que fica difícil concentrar-se em algumas cenas.

A história tem início com uma festa, que me convém descrever como um festejo de Baco em versão Sci Fi, a câmera acompanha a entrada de Zoe (Alessandra Torresani), de início se movendo as suas costas até um mezanino, quando ela olha para baixo, vemos que ela procura alguém idêntica a ela, até mesmo vestida da mesma forma. Para quem vem da esperiência dos Modelos Cylons e suas cópias, é impossível não acessar essa memória. Os modelos humanóides de Cylons só vieram na época da Grande Guerra, mas ainda assim com maestria, na primeira cena, você é informado de que Zoe é começo de tudo.

Zoe Greystone é uma adolescente rebelde, que se envolve com um culto a um "deus" único, e se torna militante dessa nova filosofia. o piloto de 1 hora e meia de duração não nos oferece grandes informações sobre o tal culto, apenas percebemos que ele está difundido entre os jovens de Caprica, e que tem seguidores ocultos.

Zoe é filha de um cientista, um pai complacente, que busca evitar conflitos. Eric Stoltz, em uma interpretação ímpar, parece não estar por inteiro em cena. Daniel Greystone é um engenheiro, e foi responsável pela criação das plataformas que permitem a realidade virtual à qual fomos apresentados logo no início do episódio.Atualmente trabalha para o ministério de defesa, e busca criar uma máquina de guerra com inteligência artificial, capaz de reagir ao meio externo sem qualquer espécie de comando. Há problemas com o projeto que ele não consegue solucionar, e não parece muito motivado a concluir o trabalho. Daniel aparenta ter uma vida tranquila com a esposa em um primeiro momento, não considera as rebeldias de sua filha um mal eterno, e é tão otimista e idealista, que é impossível não associa-lo a Lee Adama.

Porém, quem carrega o sobrenome Adama é Joseph, um advogado talentoso, que apesar da origem humilde que ele se esforça em esconder, é um homem de sucesso. Ao contrário de Greystone, Josefh Adama, ama seu trabalho, apesar deste o afastá-lo da família. Família esta, que também possui natureza contrastante em relação aos Greystone.

Enquanto vemos a família do Engenheiro em conflito com a filha adolescente, e evidenciando problemas de relacionamento através do comedimento de Daniel, e pelo descontrole emocional de sua esposa com a filha. . Entre os Adama, vemos uma esposa reclamando a presença do marido, mas de forma pouco inquisitiva, uma filha adolescente, que apesar de aparentar a mesma idade de Zoe, se perde em futilidades parecendo bem mais nova e um caçula chamado de Billy, que é uma criança quieta e observadora.

Após uma tragédia que os une, esses homens se aproximam, evidenciando ainda mais a racionalidade de Josefh e o idealismo de Daniel. Essa reflexão sobre diferentes formas de se encarar a perda, já vale o episódio inteiro. A partir do acontecimento que os une, a tragetória destes personagens irá mudar, e junto com estas, a história das doze colônias será escrita.

Tenho lido por aí que Caprica se apresentou uma série capaz de extrapolar a audiência de Battlestar Galactica. Concordo que a história é sim capaz de funcionar por si só, mas há um rico subtexto que só será entendido por quem assistiu a série que lhe deu origem. Como por exemplo, a modelo número oito (Boomer/Atena) é facilmente identificada como a modelo que melhor conservou as características de Zoe. Como já citado, Greystone me lembra o idealismo e a ingenuidade de Lee Adama, além de eu ver alguma semelhança física entre os atores. Confesso que ficarei decepcionada se não houver nenhuma conexão entre os dois.

O melhor personagem de Battlestar Galactica, Bill Adama ,terá a sua infância contada. Não é fácil enxergar o comandante da Galactica naquela criança quieta. Mas estou ansiosa para ver como eles desenvolverão a personalidade do "Old Man". Creio que o duplo virtual que dará origem ao primeiro Cylon não será o único a ser utizado, enfim aguardo o lançamento da série ansiosa. O piloto foi lançado em DVD e também pode ser encontrado na internet, inclusive com seus extras legendados em português. A estréia da série aconteceu no último dia 22 de janeiro nos Estados Unidos.



Mariana Guarilha, além de escrever neste espaço, mantém dois blogs: o Blog da Má Jornalista, com críticas sobre filmes e séries e As Notas do Prisioneiro com seus textos narrativos.

4 comentários:

  1. o modelo número 6 dos cylon não é a Caprica?

    eu fiquei empolgado pra assistir Caprica, mas vou acabar o Battlestar primeiro. E você tem razão, o melhor personagem da série é o Bill Adama (pra mim, junto com a Laura Rosslin)

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  2. Poxa vida! Erro Grosseiro! você tem razão a Boomer/Atena é a número 8! Lapso de memória!

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  3. fiquei fam de bsg e assisti todos os episodios (incluindo os filmes e websodios) compullsivamente, o piloto de caprica é irretocavelm perfeito, mas a serie perdou um pouco o ritimo nos episodios seguintes, mas como fam desse universo sei que é so ter paciencia que tudo fica bom sempre! abraços!

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  4. É verdade, até o momento, o seriado Caprica não nos deu o nível de excelência esperado, mas eu ainda tenho esperanças, afinal a própria BG demorou um pouco pra mostrar a que veio!

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