sábado, 4 de dezembro de 2010

Alta Fidelidade: A Supremacia dos Seriados


Quem acompanha este espaço de resenha e crítica, com ênfase para a cinematográfica e séries televisivas, será capaz de perceber que durante as análises tento prosseguir com uma contínua linha de raciocínio. Baseio-me na observação atenta das tendências dos últimos anos e em meu discernimento como apaixonado por ambas.

Não é necessário uma procura minuciosa para notar que cinema e séries orientam-se, atualmente, em movimentos distintos. Ainda que possuam intersecções, seu percurso nos últimos dez anos tem sido diferente.

Por trás do glamour cinematográfico, tratando-se da indústria que, de fato, é, as engrenagens da sétima arte necessitam de um polimento ou reforma. Acusar a pirataria e a internet como motivo de queda de vendas, falta de sucesso de produções é um artifício fácil. Complicado é analisar dentro de sua própria construção arcaica e descobrir as conseqüências que a levaram para este momento. Uma arte que, em números, é apresentada como em decadência (situação que necessita, sem dúvida, de um texto analítico também).

A própria indústria não soube trabalhar com as fórmulas que criaou. Nesses aspecto oscilante de incerteza, grandes atores perderam espaço para outros insignificantes, astros do grande escalão de Hollywood começaram a se afastar de gigantescas produções e foram migrando para outras carreiras. Algumas delas que deram espaço para as séries americanas, até então sem muita força, ganharem fôlego e um recomeço.

O espaço fornecido na televisão para a realização de uma série é infinitamente mais amplo do que uma produção cinematográfica. O custo é mais econômico e por apresentar-se uma vez a cada semana tem um termômetro mais certeiro. Se o público parece desgostoso com alguma situação, ela pode ser revertida em poucos episódios e manter sua audiência.

Por tratar-se de uma longa história diluída em, em média, 20 partes, personagens podem ser mais bem construídas e trabalhadas. Espaço que permitiu que muitos bons atores que nunca foram queridinhos do público pudessem mostrar a potência de seu talento.

De maneira discreta, grandes produtores começaram a apostar e investir em séries por seu potencial dramático, não porque levava no elenco algum nome estrelado. Mas sim pela força de sua história. Algo que parecia arriscado anos atrás, tornou-se um dos movimentos mais certeiros atualmente, comprovando que ainda que o público deseje ver seus atores preferidos em tela, comtemplar um bom enredo é sempre bem vindo.

Canais abertos e pagos da televisão americana começaram a produzir, anualmente, diversas séries que visavam qualidade e boa história. Produções com estilo de cinema.

Com a indústria da sétima arte apresentando-se de maneira média, com poucos excelentes filmes nos anos que se passaram, as séries caíram no gosto do público.

Hoje já se totalizam dez anos de um novo estilo de se produzir seriados americanos. Já que anteriormente, na década de oitenta e noventa, poucas produções mereceram destaque.

Nessa última década, séries foram lançadas e algumas consagraram seu estilo. Algumas eram tidas como promissoras e falharam miseravelmente. Outras foram recordes de audiência, comoveram multidões, criaram fãs, dando inicio a movimentos de serimaníacos que assistem o lançamento semanal dos episódios quase em sincronia com os americanos. De que maneira? Provavelmente ilegal. Pórem, que empresa questionaria tais métodos quando grande parcela do público tece só elogios episódio após episódio?

A indústria seriada cresceu bastante nesses anos. Tempo suficiente para desenvolver, com precisão, começo, meio e fim de diversos argumentos. Histórias que não só são exuberantes como, de certa forma, se tornaram um marco.

Em meio a tantas produções nos últimos dez anos, cuja totalidade de lançamentos seria abrangente demais, foram selecionadas três séries que, nos próximos sábados serão abordadas nesse espaço, cada uma escolhida por trazer ao público uma referência ou movimento até, então, inédito.

São elas: 24 Horas, que permaneceu por oito anos no ar e se tornou pioneira pelo conceito de ação em tempo real. Lost, pela consagração conspiratória que fez o mundo parar em cada episódio e House M.D. por trasformar um pesado anti-herói em um personagem brilhante e querido do público.

Análises de três séries distintas que pretender realizar um panorama do melhor que se produziu desde a retomada, visando sempre qualidade e audiência. Cada uma apresentada em um sábado com a intenção de não só recomendá-la aos leitores mas, de maneira definitiva, explicar porque elas são as séries que serão lembradas nessa década.


Alta Fidelidade, a coluna semanal do criador desse blog que, hoje, apresentou um panorama das séries americanas. Aqui é possível falar abertamente sobre alguns temas sem que exija uma resenha para tal. Pretende-se abordar todo o tipo de assunto cultural, seja ele sobre livros, filmes, dvds, cds e, nessa semana e nas próximas, séries em geral e três seriados atuais que já são um marco: 24 Horas, Lost e House M.D.

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