segunda-feira, 8 de março de 2010

A Semana em Filmes (28 de Fevereiro a 06 de Março)


Eclipse Mortal (Pitch Black)

Dir. David N. Twohy



Primeiro filme de grande exposição de Vin Diesel, considerado um ator de ação contemporâneo, Eclipse Mortal ganhou certo destaque em seu lançamento. Na época, as ficções científicas estavam tão em baixa que a premissa dessa produção chegou a receber elogios.
Foi com essa imagem, de um filme com bons resultados, que o reassisti. Após a exibição, ficou a pergunta de em que lugar é possível encontrar qualidade em uma história evidentemente criada para o segundo escalão.
A ação da trama ocorre de maneira bastante lenta, criando uma aura em torno da personagem de Diesel, Riddick, um condenado que, de tanto viver no escuro das celas, em solitária, pagou um médico para que operasse seus olhos, fazendo com que enxergasse no escuro. Ele é a única salvação possível de uma nave que cai em um planeta desconhecido que, coincidentemente, está prestes a ter um eclipse milenar. Na escuridão, surgem bichos mal feitos pela computação gráfica que só os olhos e os músculos de Riddick seriam capaz de combater com eficácia.
Enumeram-se assim os clichês mais estúpidos como as personagens que não ligam para os monstros e logo morrem, as cenas de impacto visual cuja intenção é mostrar o quão durão é sua personagem principal. Mas tal cenas, e os diálogos, são tão inverossímeis que não há graça na história.
Ainda que a personagem Riddick seja interessante, e tenha originado uma continuação, poderiam pensar em deixar o roteiro nas mãos de alguém competente em uma terceira tentativa (Vin Diesel gosta muito da personagem e já afirmou que pretende explorá-la novamente).




Tootsie (Tootsie)

Dir. Sidney Pollack


É possível sentir a atmosfera e a qualidade de Tootsie logo em seus minutos iniciais. Dustin Hoffman é um ator excelente, com muita presença de cena, e a abertura do filme mostra a evolução de sua personagem que também é um ator. Mas ao contrário de Hoffman – que muitos afirmam ser alguém incrível pessoalmente – seu personagem, Michael Dorsey, é um ator exigente e complicado, que não encontra mais empregos de tanto implicar com aqueles que encontra e logo ser demitido. Por ter ciência de seu talento, decide, por conta própria, ir a um teste de elenco para uma novela americana travestido como mulher.
A composição do roteiro é feita com bastante cuidado. Há comédia e drama na medida certa. A princípio o filme evoca o próprio significado da representação artística. A idéia que todo artista é ilimitado, sendo capaz de interpretar qualquer papel, bastando apenas seu talento. E refletindo que essa profissão é sempre inconstante, visto que ao terminar um papel, o ator logo está desempregado. Como afirma o personagem de Hoffman, o desemprego é quase vitalício na profissão.
Ao contrário de diversos filmes que hoje utilizam-se do travestimento para garantir o riso, como um apelo, Tootsie foi uma das primeiras a realizá-la – posso me recordar além dela somente de Quanto Mais Quente Melhor. E ao contrário das produções recentes, em que a transformação é vista ao público, Hoffman aparece transformado em uma cena para outra. Só muito mais a frente que vemos a dificuldade em se realizar tal transformação, o que deixa a mudança de aparência com muito mais impacto.
Travestido de sua personagem feminina, Dorothy Michaels, Hoffman realiza um show a parte, demonstrando todo o talento que por anos o fez estrelar diversas produções e que, atualmente, só não aparece em muitos filmes, por afirmar estar cansado da indústria.
O filme venceu o oscar de atriz coadjuvante para Jéssica Lange, mas concorreu em mais nove categorias: melhor filme, melhor diretor (Sidney Pollack), melhor ator (Dustin Hoffman), melhor atriz coadjuvante (Teri Garr), melhor fotografia, melhor edição, melhor canção original (It might be you), melhor som e melhor roteiro original.
É possível notar a época do filme pelos cortes de cabelo e pelas canções repleta de sintetizadores, mas sua produção e ritmo ainda são bem frescos e impecáveis. Uma bela produção cômica do cinema.



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