quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Californication, Primeira Temporada

A derrota de um homem normal que se entrega a perdição


Ao que parecia, David Duchovny seria eternizado como o ator de um personagem só, ao viver Fox Mulder na série Arquivo-X. Tal afirmação mudou-se completamente quando o ator anunciou, com bastante empolgação, sua volta as séries de tevê em um projeto bem diferente, mas que teria bastante fôlego para lhe dar, de certa maneira, outra chance para mostrar sua competência em outro papel.

Devo avisa-los que não é a primeira vez que assisto a primeira temporada de Californication. Aproveitando uma promoção irresistível dela, não pensei duas vezes a adquira-la e fiquei surpreso com o que reassisti.

Em uma segunda impressão, nada se perde da série. Nem mesmo os ganchos que já sabemos, ainda são bem articulados sem a surpresa, como o frescor de novidade que a série introduz no mercado, outro acerto do canal Showtime.

Com apenas meia hora de duração cada episódio, é possível assistir a série tanto em seu viés dramático quanto em sua narrativa cômica. Na primeira vez que assisti a série, não lembrava-me de tantos momentos irônicos e engraçados, que me fizeram rir, como nesta segunda exibição. A boa dosagem entre drama e irônica cômica é perfeita e pincelam com perfeição a realidade da história.

Seu primeiro ano situa-se, aparentemente, logo após a separação do escritor Hank Moody com sua esposa, ainda que não oficialmente, Karen. Assim, no decorrer da série, presenciamos um homem perdido. Vivendo um pouco fora de seu tempo e que tenta se afogar na bebida e em mulheres a dor por perder a esposa. Cria-se um espiral vicioso de destruição de um homem que só descobre o que tinha quando se perde. Sua persona desiludida com nada a perder, solta diálogos repletos de espinhos e acaba sendo um veneno contra o politicamente correto. Não só na ambientação de Californication, mas como nas séries em geral.

Ainda que a história de Moody seja vestida de muito glamour decadente, e gere uma empatia natural no telespectador, é notável seu potencial auto-destrutivo e sua amargura. Nos aspectos mais profundos, seu desejo é reecontrar-se com a mulher que sempre amou e reatar a vida que não mais existe. Nesse aspecto, sua personagem ganha um contorno universal por se personificar nas diversas dores que todos tempos e que, por bem ou por mal, acabamos indo em frente, as vezes de maneira desenfreada.

A primeira temporada de Californication é irretocável e brilhante. Introduz elementos mais ácidos que seriam explorados na temporada seguinte e permanece incrível após a segunda exibição, em que detalhes desapercebidos foram devidamente notados.



Um comentário: