segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Semana em Filmes (22 a 28 de Agosto)


A Máscara do Terror (Bruiser)

Dir. George Romero



Mais conhecido pela prolífica saga envolvendo zumbis, retratos alegóricos de uma sociedade vazia, George Romero é um genuíno diretor de terror.
A construção de suas tramas, repletas de simbologia, constroem-se em um argumento de horror visando uma perpectiva maior. Muitos dizem, em relação aos seus filmes com mortos vivos, que Romero não produz filmes sobre eles, e sim com eles, dando vazão ao sentido de que tais personagens funcionam como uma metáfora.
A Máscara do Terror, produção que não teve muita repercussão, repete o misto de horror e história moral, comum na obra do diretor.
Henry trabalha para uma famosa revista de moda chamada Bruiser. Sua insegurança e timidez o transforma em um alvo fácil para ser enganado, roubado e mal tratado pelo patrão. Sua submissão é severa, porém, um dia acorda com uma máscara cobrindo o rosto. Livre de sua identidade decide se vingar daqueles que o enganaram durante a vida.
A ausência de sua identidade, associada a uma personalidade submissa, é o ponto de encontro para Romero criar uma história de um mascarado vingador e analisar as situações cotidianas em que muitos são mal tratados pelos outros, tornando-se quase seres invisíveis.
A ausência de uma escolha mais incisiva, de qual caminho - o horror ou a fábula moral - é o melhor para a narrativa, a faz um tanto quanto frouxa. Apresenta uma história de horror que não produz efeito assustador algum e deixa a história moral, contida por trás da máscara, branda.



A Maldição (Thinner)

Dir. Tom Holland


Procurando partículas assustadoras no cotidiano e no inusitado, Stephen King tornou-se um dos grandes autores do gênero de horror. A Maldição, baseada no livro escrito por seu pseudônimo Richard Bachman, remete-se a lenda da magia dos ciganos para destruir a vida de um advogado.
Billy Halleck é um bem sucedido advogado, de boa família cujo único grande problema é sua obesidade. Quando atropela uma velha cigana, saída no meio de dois carros não imagina que sua vida iria mudar. Mas o patriarca da família cigana lhe joga uma maldição, que o fará perder peso de maneira assustadora.
Trabalhando com o requinte necessário para realizar a trama – e efeitos especiais incríveis do ganhador do Oscar por Uma Babá Quase Perfeita e Drácula de Bram Stoker – a produção transpassa com boa intensidade a narrativa que consagrou King. Os elementos que fogem do normal estão presentes, as personagens dúbias que parecem serem do mal mas podem servir de ajuda e até mesmo uma participação do próprio autor como o farmacêutico da cidade.



A Lenda do Tesouro Perdido (National Treasure)

Dir.Jon Turteltaub


Nicolas Cage possui uma carreira divida por fases. Foi ator dramático vencedor de Oscar, encontrou-se como ator de ação em diversos filmes e, nos últimos anos, perdeu o brilho e a arte de interpretar. Suas produções recentes, além da trama ruim, apresentam um ator desmotivado, sem o mesmo fôlego de outrora.
A Lenda do Tesouro Perdido é uma espécie de Indiana Jones dos pobres. Segue a tendência de enigmas e mistérios surgidas com os Best Sellers de Dan Brown e apresenta uma trama que situa a história americana dentro de uma conspiração. Um mapa secreto que esconderia um tesouro milenar, vindo de diversas épocas do tempo.
Tendo como uma das produtoras a Disney Picture, é evidente que o filme foi formatado para ser uma história família, para adultos e pequenos. Tanto que, em muitas cenas, há excesso de informação didática. Intencionado explicar ao público passo a passo das descobertas, para que não se percam.
Ainda que com um argumento interessante, a história se dilui na defesa daqueles que pretendem salvar o tesouro e dos que querem roubarem. Sempre enfatizando que, em certos momentos, a inteligência é melhor que qualquer violência. Recorrendo a personagens estereotipados e a amores que surgem no fim da ação.
Por não exigir muito, conquista seu papel de um filme de diversão rasteiro. Mas deixa com a sensação de que poderia ser mais, se houvesse mais empenho.



Par Perfeito (Killers)

Dir. Robert Luketic


Há uma vasta gama de agentes infiltrados a serviço do governo americano. Sejam eles em produções voltadas a espionagem, como comédias em que a personagem tenta, a todo custo, esconder sua identidade.
Levando em conta o gênero cômico, o argumento não é novo. O filme Entrando Numa Fria, com Bem Stiller e Robert De Niro, apresenta o genro de Stiller como um agente aposentado da CIA. Surgindo boa parte do humor a partir de seu estilo rude.

Recém saída da série médica Grey´s Anatomy, Katherine Heigl intenta ocupar o espaço deixado por Meg Ryan como queridinha da América. A dose de seu talento pode fazer com que ela segue lá. Ligeiramente Grávidos foi um competente filme, A Verdade Nua e Crua gerou bons momento cômicos e Vestida Para Casar mesmo com o roteiro fraco não decepciona por completo.
Em sua nova produção, Par Perfeito, Jen (Heigl) encontra seu homem dos sonhos em uma viagem, sem saber que ele é um matador de aluguel contratado pelo governo. Spencer (Ashton Kutcher, ator de um papel só) abandona sua carreira para seu casamento, porém a paz do casal é quebrada quando um golpe coloca a cabeça de Spencer a prêmio e ele é obrigado a revelar seu passado.
Tradicional trama cômica de ação, a produção realiza sua história de maneira burocrática. Kutcher pode ter charme e apelo com as mulheres, mas não sustenta o carisma de um agente, muito menos o de um papel central. Sua contra parte na dupla, Heigl, segura sua interpretação em piloto automático. Exagerando nos traquejos, gritos, sustos, em cenas que envolvem movimentos de ação.
A sensação de repetição é tamanha que, assim como em Entrando Numa Fria, há um pai que não gosta de seu genro e, pior, também é um agente infiltrado.



A Onda (Die Welle)

Dir. Dennis Gansel



Pouco do cinema alemão conquista sucesso para ser difundido em outros países. E uma parcela ainda menor chega até mim, sou um expectador mais direcionado para o cinema americano.
Não que construo barreiras para produções de outros países. Elas são sempre bem vindas. Ainda mais quando carregadas por uma história de força profunda.
Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967, A Onda tranforma-se em um interessante estudo sobre o poder perante a uma massa coletiva. Em uma escola de ensino médico, para ensinar seus alunos sobre autocracia, Rainer Wegner, propõe um experimento para explicar na prática o fascismo e o poder. Denominando-se líder do grupo, elegendo temas como força e disciplina, o professor cria uma identidade igual para seus alunos, que reconhecem um ao outro por essa união.
Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. O grupo se expande além da escola, além da visão do professor, que percebe ser tarde demais para terminá-lo.
Tornando-se narrativa reflexiva sobre o coletivo humano, a produção demonstra a fragilidade da união que pode transformar-se em um sistema autocrático, construído com bases em argumentos, ordens e disciplina. E daqueles fora do grupo visto como páreas que geram movimentos de briga e preconceito.
A história desenvolvida no longa, ainda que com um argumento forte, não encontra um foco narrativo adequado para se apresentar. Em momentos dá vazão a dúvida do professor em continuar o projeto, em outras aos alunos que transformaram o grupo em um movimento na cidade, mas a falta de um lugar para se apoiar resulta em uma história que não se amarra adequadamente, podendo ter o argumento melhor utilizado se fosse mais incisivo. Mas sem dúvida vale como exercício de reflexão.


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