Dir. John Patrick Shanley
O benefício da dúvida, a incógnita, bem como amplos espaços vazios em nossa mente, que geram reflexos de imaginação, podem ser os alimentos mais poderosos do que verdades que vem a tona, sejam elas reveladoras e pesadas ou simples.
Valendo-se da dúvida como seu principal artifício, colocando dois grandes atores de diferentes gerações diferentes como figuras centrais, Dúvida conduz, até certo ponto muito bem, questões pontuais que até hoje são polêmicas: a questão do preconceito racional, a rigidez da disciplina pelo medo e a relação entre Padres e seu rebanho, principalmente quando um de seus principais afetos é uma criança.
Dirigida e roteirzada pelo seu próprio autor, John Patrick Shanley, (que desenvolveu o texto para o teatro e cuja única direção anterior data-se da década de 90 na comédia Joe Contra o Vulcão, com Tom Hanks), é perceptível a falta de conforto do dramaturgo e as falhas evidentes de quem está começando na profissão.
Se seu roteiro funcionava adequadamente para um espetáculo dramático, na história transpassada para as telas a intensidade da trama ainda mantem-se, mas não alcança todo seu potencial, mesmo que Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman, como de costume, entreguem interpretações viscerais.
Talvez de forma proposital, tratando-se da igreja como temática, a trama é conduzida com certa frieza, preenchendo a história de boas intenções, mas entregando uma narrativa um tanto quanto burocrática. Que acaba por fracassar em seu ato final, que exige uma aproximação do público mas que, feita tão de repente, soa falsa. O que se torna um tanto lamentável com uma produção que possui um bom argumento original e dois grande atores que poderiam transformar essa obra em algo incrível se tivessem um material a altura.
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