Diretor: Woody Allen
Elenco: Will Ferrell, Vanessa Shaw, David Aaron Baker, Chloë Sevigny, Josh Brolin, Radha Mitchell
Woody Allen vai direto ao ponto: após os créditos iniciais, sempre com fundo preto, com elenco em ordem alfabética, vemos um grupo de amigos conversando em um restaurante. Dois dramaturgos estão na mesa, um escritor de comédias outro de dramas. Dialogam sobre o significado da vida e da arte. Qual dos dois gêneros seria mais próximo da vida, qual causaria maior catarse.
Pela dúvida, um dos amigos relata uma história que o público não vê. Admirados pela narração, ambos veem a potência da história conforme seu gosto e talento natural. Um deles acha que a trama daria uma deliciosa comédia romântica. O outro um drama existencial. A partir da discussão, Melinda e Melinda divide-se em duas tramas utilizando elementos em comum para conhecemos duas maneiras diferentes de contar uma mesma história.
É com este argumento duplo que Allen demonstra mais uma vez sua habilidade técnica como a paixão pela arte. Seja no âmbito cômico ou na vertente do drama, diretor mostra na prática como uma mesma história produz diferentes pontos de vida, dependendo dos ouvidos de quem ouve. Dialoga com a própria obra que se divide entre a comédia o drama e ainda exerce a reflexão sobre a interpretação única de cada individuo sobre a arte.
Os elementos tradicionais de Allen estão presentes em cena. Os diálogos inteligentes beirando a ironia, a naturalidade com que personagens expõe suas opiniões mais íntimas, o amor tragicômico que desperta e morre de maneira desordenada.
Dirigido após a trilogia cômica com histórias mais leves, Melinda e Melinda é um balanço de seus domínios. Confirmando a habilidade do diretor no drama ou na comédia. Pena que o filme não tenha recebido muita atenção. Embora, provavelmente, será redescoberto em breve.
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