quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Para Roma Com Amor

(To Rome with Love, 2012)
Diretor: Woody Allen
Elenco: Ellen Page, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Penélope Cruz, Alec Baldwin, Alison Pill, Greta Gerwig, Roberto Benigni, Ornella Muti, Judy Davis

Woody Allen é um profissional apaixonado por sua vocação. Trabalha compulsivamente em sua maquina de escrever e, como resultado, realiza anualmente uma produção cinematográfica. Há um tempo atrás afirmou a uma revista que produzia roteiros para se divertir. Um comediante, septuagenário, que conta histórias como meio de passar o tédio.

Recentemente tem exercido sua arte em uma viagem ao mundo observando a cultura de diversos países. Realizou uma trilogia na Inglaterra (Match Point – Ponto Final, Scoop – O Grande Furo e O Sonho de Cassandra), produziu um filme ao estilo de Almodovar na Espanha com Vicky Cristina Barcelona e se entregou à cidade luz em Meia Noite Em Paris.

Para Roma Com Amor é sua história em homenagem a mais famosa cidade italiana. Como nas histórias anteriores, Allen tenta adequar o ambiente popular da cidade em sua trama. Na Espanha, foi preciso na paixão furiosa. Em Paris, refletiu passado e presente, entrelaçando uma cidade repleta de cultura. Em Roma, demonstra uma cidade disforme constantemente movimentada de turbilhões.

A trama acompanha quatros histórias que se entrelaçam pela cidade. Dosando tramas mais tradicionais com arroubos cômicos, há exagero e repetição em algumas tramas que, pela semelhança, não dão o brilho necessário a história.

Não a toa Woody é tido como um excelente diretor de atores. Suas personagens saltam a tela, normalmente pela estranheza sincera que as fazem próximas da realidade, a urgência de suas vontades, como a tradicional verborragia. A teia de Allen mostra uma cidade dispare. Ruína relicária em meio a arroubos contemporâneos.

Atores de filmes anteriores voltam a trabalhar com o ator. Alisson Pill retorna como Hayley, uma garota que conhece o amor em Roma e aguarda a chega dos pais – Allen e Judy Davis – para se casar. Penelope Cruz volta a exibir seu estilo sensual como uma prostituta desnecessária a trama.

O segmento mais interessante é o de Roberto Benigni, o italiano Leopoldo, homem comum e trabalhador que vira estrela por ser um homem comum. Dialogando explicitamente com a tendência de pessoas que, sem razão aparente, se tornam famosas. Em seu núcleo próprio, Allen realiza seu papel costumeiro. Desta vez, é um excêntrico diretor musical que reconhece talento artístico no pai do noivo de sua filha e decide lançá-lo. Mesmo que ele cante belissimamente somente quando está no chuveiro.

As disparidades entre as tramas, com tradicionais repetições que permearam sua obra, atenuam a qualidade da produção. Ainda mais quando seu filme anterior foi tão excepcional, deixando, mesmo que se tente evitar, uma sensação de comparação que poderia ter sido melhor. Porém, excluindo o elemento, ainda assim, o filme poderia ser melhor composto.

Após a direção de quarenta longas metragens, Allen tem demonstrado atualmente mais talento na composição dramática do que em suas tramas cômicas que parecem ser alívio de um cineasta que não deseja se tornar tão melancólico e ainda fazer rir.


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