quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

The Good Wife, Primeira Temporada

Seu escândalo. Sua História.

Diariamente nos jornais de maior circulação do país, o caderno destinado a política é – com tendências editorais a parte – uma leitura importante para compreender a dinâmica governamental de um país. Não raro as notícias além de apresentar ações, planos e tendências, dediquem páginas exclusivas a reportar denuncias e problemáticas de candidatos e governo.

A vida pública, além de seu viés político, sempre se desconstrói na mídia, recortada em diversas reportagens que as vezes apontam a verdade crua em atos escusos, corruptos e outros escândalos que parecem permear qualquer cargo de poder.

A cada escândalo apresentado na mídia, personagens invisíveis a nós são abalados pela história. São amigos, família e outras relações que sente o impacto da notícia amarga, muitas vezes surpreendente.

Dedicada esposa do promotor Peter Florrick, Alice observa a destruição de seu seio familiar após o marido assumir a culpa em um escândalo envolvendo sexo e corrupção. Transformando-se na esposa vítimizada preferida da mídia, Alicia tenta colocar sua vida nos eixos assumindo seu antigo trabalho, como advogada, na empresa Stern, Lockhart & Gardner, cujo um dos sócios foi seu colega de classe. A semelhança envolvendo o ex-governador de Nova York em um caso parecido não é coincidência.

The Good Wife traz Julianna Margulies (A enfermeira Carol da longínqua E.R. – Plantão Médico) de volta ao estrelato, após anos de sua saída da série médica. Apresentando um interessante drama criminal, a série que já está em sua segunda temporada interlaça bem dois meandros da mesma base narrativa.

A procura de sair da sombra do marido corrupto, Alice Florrick luta por sua independência demonstrando boa competência na advocacia, enquanto intenta a unica vaga de associado Junior da empresa. Ao mesmo tempo que ainda devota ao casamento, demonstra sua vontade de, mesmo não mais amando ativamente o marido, salva-lo de seus pecados.

Impressiona a passividade da esposa, descontente com as atitudes do marido mas ainda disposta a ajuda-lo a limpar seu nome. A série se alimenta por esses dois caminhos, a trilha de Alicia demonstrando sua superioridade como advogada e sua devoção em torno de um marido que, mesmo assumindo os erros, parece a margem de cometê-los novamente.

Com evolução lenta, o enredo não decepciona e, a cada episódio, apresenta boas tramas jurídicas que ficam a cargo de Alicia. Há casos interessantes que dão para o espectador questionamentos sobre a sensibilidade dúbia das leis. A personagem apresentada por Margulies - que já lhe garantiu o Globo de Ouro de Melhor Atriz de drama em 2010 - é centrada e paciente, bastante condizente com a esposa forte capaz de superar os escândalos envolvendo o marido.

Lançada em setembro do ano passado, o canal Universal trouxe a história para o Brasil em tempo recorde, com apenas dois meses de atraso. Um dos poucos canais pagos que cientes da proliferação do download tentam não se atrasar exageradamente na exibição de seu conteúdo, como acontece com a Fox, por exemplo.



segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Semana em Filmes (12 a 18 de Dezembro)

Shrek (Shrek)

Dir. Andrew Adamson, Vicky Jenson


Durante um extenso tempo as animações do estúdio Disney, ainda anterior ao recurso da computação gráfica, reinaram de maneira soberana. Suas produções continham um detalhamento e um bom roteiro que as tornavam supremas, sendo raras, quase nulas, as ocasiões em que outros estúdios foram capazes de gerarem histórias que ao menos se equiparavam com sua qualidade.
Com a queda da animação tradicional, em 2D, tentando dar próprios passos sozinhos, sem a ajuda da Pixar, a Disney perdeu o espaço ascendente para outros estúdios que produziram uma boa quantidade de longas no novo recurso. Ainda que a lista seja farta, apenas uma delas merece reverência.
Primeira animação a concorrer à Palma de Ouro desde 1974, Shrek abriu precedente para a paródia do gênero infantil e dos contos de fadas, elementos que seriam copiados depois em outras produções. Sua premissa ainda remete-se ao estilo narrativo consagrado, mas transforma a história as avessas apresentando um personagem a margem de tais histórias.
O ogro verde, mal humorado e porcalhão foi capaz de conquistar grande parcela do público por aproveitar-se tanto de piadas infantis – como arrotos e outros barulhos corporais – como eleva-las a um público adulto capaz de compreender as inferências e um humor corrosivo. A ele, agrega-se a figura amigável do burro falante, interpretada de maneira exemplar por Eddie Murphy, brilhantemente dublada por Mario Jorge de Andrade, que defende a voz de Murphy no Brasil em diversas produções, uma princesa que precisa ser resgatada – na voz original, Cameron Diaz, em seu melhor papel depois de O Máskara – e um rei baixote que pretende resgatar tal princesa e casar com ela mas, muito medroso, manda o ogro em seu lugar.
A dublagem original do monstro verde ficou a cargo do bom Mike Myers que, após gravar todas suas falas, decide fazê-la com sotaque escocês, gerando um gasto duplicado na produção mas uma performance bem mais engraçada. No Brasil, por conta de uma estranha jogada de marketing, a dublagem ficou a cargo do humorista Bussunda, uma evidente aproximação pelo biotipo do que por talento, sendo que Mauro Ramos – de longo currículo e que seria seu dublador no terceiro filme – já havia gravado as falas. Há críticas que observam a leve desarticulação do humorista no trabalho, porém a produção possui tantas piadas funcionais, que tal elemento não a estraga.
Shrek é uma verdadeira destruição da moral e dos bons costumes presentes nas histórias infantis. Não bastando a força da sátira, a trama ainda incorpora canções contemporâneas em sua trama, o que se tornou marca registrada na produção e foi repetida em diversas outras em que personagens cantam e dançam canções inusitadas que, por tal motivo, se tornam ainda mais engraçadas.
Exibido a exaustão em todas as mídias, é difícil encontrar quem não tenha afeição pela história, um das poucas animações que foi capaz de eclipsar momentaneamente a supremacia do estúdio do camundongo que depois firmaria parceria incrível com a luminária da Pixar.




Shrek 2 (Shrek 2)

Dir. Andrew Adamson, Kelly Asbury, Conrad Vernon


Após o retumbante sucesso da primeira produção, uma sequencia da história do ogro foi necessária. A desconstrução das histórias infantis ganha continuidade em um filme que mais mantem-se pelas boas piadas e pela inserção de um personagem cativante do que pelo seu todo.
Shrek 2 consolida a relação da personagem com a princesa Fiona, apresentando as responsabilidades do casamento. Fazendo com que o casal visite os pais da esposa, no reino Muito Muito Distante, e que ainda não tem conhecimento que o encanto se quebrou e a filha não só se tornou uma ogra em tempo integral, como não casou com o príncipe que era pretendente.
A ação envolvendo uma Road trip assemelha-se com o primeiro enredo e, como tradição nas continuações, se apresenta de maneira mais escandalosa. O tom principal da história se dá pelo humor, principalmente pela cativante personagem do Burro. Há uma pequena queda de qualidade no argumento que, repleto de tantas piadas, passa desapercebido em uma primeira exibição. Porém, conhecendo o filme diversas vezes é notável que Shrek tem mais coesão que sua segunda trama.
Fundamenta-se aqui outra incrível personagem da história, dublada no original por Antonio Bandeiras. Seu gato de botas não só ajuda na construção cômica como se tornou famoso pelo olhar pidão em uma boa cena reformulada diversas vezes em montagens mundo a fora.
Além da presença do gato, os coadjuvantes que cercam a trama, todos oriundos de clássicas histórias infantis, são um caso a parte de boa sustentação. O Pinóquio com tendências homossexuais, o biscoito da sorte psicótico, o Lobo que tem gosto em vestir-se como vovó são participações minimas que explicitam o tom zombeiro da concepção do ogro.




Shrek Terceiro (Shrek The Third)

Dir. Chris Miller


É inevitável que desdobramentos de uma trama necessitem de ampliações. Há uma espectativa do público em assistir novos conflitos, bem como conhecer novas personagens. Shrek Terceiro marca o terceiro filme da saga que, supostamente, seria o último e apresenta sua intenção desde o título. Com o pai de Fiona falecido cabe ao ogro ser o rei de Tão Tão Distante ou buscar outro sucessor mais próximo.
Calcado naquilo que mais rendeu sucesso nas tramas anteriores, o ogro e sua trupe novamente se aventuram em uma Road trip a procura de Arthur, o mais próximo da linhagem do reino a assumir o trono. A trama apresenta contornos mais familiares ao anunciar que a família do ogro se expandirá, com Fiona grávida. Embora tenha cenas interessantes da relação entre ambos, explicitando que até ogros amam, nem mesmo as piadas sustentam a trama que requenta demais aquilo que fez sucesso nas anteriores.
Novos personagens são apresentados como o Arthur referido, o mago Merlin e outros coadjuvantes mas nenhum possui o carisma dos anteriores consagrados, como Burro e Gato de Botas. Algumas cenas são boas – como a morte do pai de Fiona ao som de Live and Let Die de Paul McCartney – mas faltou esforço e balanço entre humor e a procura de finalizar a trama a altura de seu início, de certa forma, revolucionário em sua medida.




Shrek Para Sempre - O Capitulo Final (Shrek Forever After)

Dir. Mike Mitchell


Trilogias concebidas no cinema atual, sem sombra de dúvida, apresentam-se em um pacote extra de quatro produções. Encerrar uma saga em três movimentos não parece o bastante, ainda mais quando retomar tais personagens é uma faixa de lucro certo, possuindo uma margem de público cativa.
Sem ter um conflito para avançar na história de Shrek, coube aos roteiristas uma divertida produção que intenta retomar as virtudes iniciais do sucesso. Casado, com três filhos e entediado de uma vida pacata, onde não é mais o temível ogro do pântano, ,o ogro assina um contrato mágico com Rumpelstiltiskin que o transforma, novamente, na personagem assustadora mas anula toda sua história, realizando uma espécie de "o que aconteceria se...".
Como a história de Shrek é mudada desde o inicio, seus amigos o desconhecem e há a necessidade de reconquistar Fiona, agora a líder dos ogros contra a opressão de Rumpelstitiskin.
A produção mais vale-se da memória do público por uma personagem já cativada do que exercita seu dom em apresentar bom humor ou uma história muito interessante. A prerrogativa da trama funciona pelo saudosismo em relação ao primeiro grande filme. Embora seja melhor que Shrek Terceiro, tem muito menos piadas, destacando, como de costume, a estupidez cômica do burro e um desenlace evidente ao expectador.
Esperava-se que a bilheteria da produção fosse alta, mas terminou com um saldo modesto. Um evidente sinal de que a saga do ogro, embora interessante, diferenciada e tendo seu destaque na história cinematográfica, necessita de finalização para não se manchada com sequencias que nada adicionam as boas personagens. Resta saber se essa quarta história será mesmo o capítulo final.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Lie To Me, Segunda Temporada

A verdade sempre tem seus meios de aparecer

Cal Lightman é um homem interessante. Sua especialização, em micro expressões faciais, transforma- o em um detector de mentiras humano, rápido e austero. Sendo sensível a qualquer pequena hesitação onde expressões físicas traiam um discurso decorado.

Sua postura em relação a outros, até mesmo a equipe de sua companhia, é proporcional ao seu talento. Apresenta uma personalidade agressiva, carregada no sotaque britânico irlandês e, pela altura um tanto franzina, caminha de maneira a projetar-se, aparentando ser maior do que é e configurando-se como alguém irritadiço sempre preparado para entrar em uma briga.

A boa recepção de Lie To Me deu a série uma segunda temporada que conquistou, conforme sua exibição, um bom número de episódios, totalizando-se vinte e dois, quase o dobro da primeira.

O segundo ano dá prosseguimento as análises de Cal Lightman e sua equipe, mas poupa o público da formalidade narrativa, na esperança de que, acostumados com as identificações fundamentais das expressões, público, junto com a equipe, seja capaz de ser perceptível ao básico da língua corporal.

Tal idéia intuitiva dos roteiristas deixa o desenvolvimento de cada episódio mais natural. Seguindo a formula consagrada das séries americanas, de apresentar o caso antes da abertura e seu desenrolar na seqüência.

Ampliando o trabalho do The Lightman Group, o ator Mekhi Phifer é incorporado ao elenco, como um agente do FBI, cujo departamento assinou um contrato para que Carl trabalhasse em alguns de seus casos.

Assim, em boa maneira alternada, Lightman e sua equipe trabalham em casos grandes, envolvendo assassinatos e outros delitos e também histórias menores, muitas escolhidas pelo próprio chefe que decide se intrometer em acontecimentos alheios para apresentar sua versão da história e provar a superioridade de sua ciência.

O fato envolvimento é bastante presente na segunda temporada que também apresenta um pouco mais do passado da personagem central e, assim, configura ainda mais seu gene explosivo. Em alguns casos o próprio Lightman deseja dominar tanto a ação, que acaba complicando o andamento da mesma.

Os paralelos da história também são bem fundamentados, sendo capazes de se sustentam. Sua sócia, a Dr. Gillian Foster passa por uma crise pessoal, algo que Carl não parece ser capaz de compreender direito, colegas de equipe galgam uma promoção e uma tensão crescente, enquanto a própria filha, Emily, cresce a mercê do pai, que tenta estabelecer um bom relacionamento ainda que seus nervos a flor da pele intentem atrapalhar em certos momentos.

A segunda temporada da série foi lançada recentemente em DVD no país. Lá fora, enquanto isso, sua terceira temporada encontra-se em exibição. Dentre as séries que não possuem tanto destaque, vale a pena acompanhar pela idéia diferenciada de uma investigação e pela boa e interessante figura interpretada por Tim Roth.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Semana Em Filmes (05 a 11 de Dezembro)



Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I (Harry Potter and The Deathly Hallow: Part I)

Dir. David Yates



A série do bruxo Harry Potter possui uma progressão singular em sua adaptação cinematográfica. No lançamento de Enigma do Príncipe, este blog assistiu as produções de maneira seqüenciada e, na sessão Panorama, apresentou as oscilações presentes no enredo, dando nota máxima para a última produção.
Ainda que especulação, imagino que nos primórdios da primeira adaptação, era latente a intenção de escalar um diretor para cada livro. Erro primário da produtora envolvida que esqueceu que a função de um diretor, além de meramente dirigir cenas, é apresentar sua concepção, nesse caso, de um universo estabelecido.
A ambientação das histórias tornaram-se esquizofrênicas, a mercê da criação e talento de seus diretores. Chris Columbus exagerou na paleta de cores, ainda que sua configuração inicial para o mundo bruxo seja um marco por ter sido a pioneira. Alfonso Cuaron adequou melhor a ambientação com o enredo, dando base cênica para Mike Newell tentar imita-lo na fotografia acinzentada, mas realizar um filme escuro com enfoque cômico.
Foi diante dessas oscilações que David Yates assumiu a direção da quinta produção e por uma boa decisão do estúdio, permanece até o final da história. Mesmo sem ter um nome de alto calibre, o britânico demonstrou boa habilidade na direção de sua primeira produção do bruxo e nitidamente aprendeu a evoluir com ela.
Produzindo um longa com uma equipe há tempos integrada, desde seus minutos iniciais Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I apresentam um bom conjunto de sincronia entre elenco, roteiro, produção, direção, fotografia e afins que é capaz de deixar a história nivelada com a apresentada no livro.
A decisão de dividir a história em dois longas resolve um antigo problema de livros cujas páginas se tornamvam cada vez maiores e adaptações que mantinham sua metragem. Dessa maneira, o desfecho da saga não perde elementos sensíveis ao público e parte de sua progressão lenta podem ser executadas com maior precisão.
Durante os sete anos que o público acompanha Harry Potter nunca houve tanto caos. A ascensão do senhor da trevas Lord Voldermort é iminente, e a tensão e medo é nítida. Após uma investida dos comensais da morte contra sua vida, Harry Potter decide isolar-se do mundo e dos amigos para enfrentar a batalha sozinho, mas encontra em seus fieis parceiros companhia para prosseguir e descobrir os elementos que faltam para destruir o lorde das trevas.
A potência malvada de Voldermort é uma interessante inferência criada por J. K. Rowling e bem explorada, finalmente, nessa produção. Ainda que público tenha conhecimento das histórias do passado sobre seu poder nunca, de fato, foi visto na tela – ou na história - tal domínio. Em sete livros a autora é capaz de criar um vilão cuja força está centrada naquilo que ele foi e que tornará a ser novamente, não no que é. Desde a primeira produção acompanhamos o temor da população bruxa perante o crescente retorno daquele que não pode ser nomeado e, a partir disso, compreendemos sua destruição.
Coube ao brilhante Ralph Fiennes, em apenas uma cena apresentada no início da produção, ao lado de seus fieis comensais da morte, demonstrar toda a densidade, raiva e ambigüidade de sua personagem. Apenas uma cena para produzir todo o potencial de um vilão, fato de talento nato, ainda mais que a personagem é carregada de maquiagem.
O penúltimo filme da saga apresenta o tom certo de desolação de um mundo prestes a ser abalado completamente. Por assumirem tais personagens há anos, atores estão confortáveis em seus papéis e cada vez mais naturais. Yates, também, demonstra seu crescimento na série. Sabendo apresentar duas ou três cenas de alívio cômico e carregar na necessária carga de emoção e tensão que predomina.
Se a divisão em dois filmes também produz mais lucros para os envolvidos, foi uma boa realização para o público. Que agora necessita aguardar mais alguns meses para o derradeiro final que, dessa vez, será lançado também em 3D, algo que a primeira parte não foi para evitar atrasos no lançamento. Mas, até então, tal artifício não fez, nem fará, diferença nenhuma.



De Pernas Pro Ar (Bottoms Up)

Dir. Erik MacArthur


Quem acompanha a indústria cinematográfica sabe que notoriamente algumas produções são realizadas somente para que com o lucro outras menores sejam, também, lançadas. Muitas vezes dentro dessa lógica, porém, existe um tipo de produção que aparentemente não possui nenhuma razão de existir, a não ser pelo fato de ser um belo desperdício de dinheiro.
Não é nem um filme pipoca, nem mesmo consegue ser um filme B, muito menos um filme menor bem realizado e, muito menos uma boa produção realizada diretamente para a televisão. No caso de De Pernas Pro Ar, trata-se de um filme – ainda que chamá-lo assim seja insultante – produzido diretamente para o mercado de vídeo americano – ainda que imaginar quem assista-o com entusiasmo me assuste – cujo grandes chamarizes são a socialite com cara de cólica Paris Hilton e Jason Mewes, conhecido como o Jay das histórias autorais de Kevin Smith que envolvem a dupla Jay e Silent Bob.
A trama de tal produção é uma impáfia absurda. Mewes é um garoto do interior que para ajudar o pai viaja até Hollywood intentando participar de um concurso de barman. Mas após perder tal concurso resolve encontrar outros meios para ganhar dinheiro e salvar o pai da falência.
É nessa história que surge Paris Hilton, como a namoradinha de um ator e filha de um dono de estúdio que, por obviedade, se relacionará com o garoto.
A história vai apresentando situações absurdas que intentam, talvez, produzir algum riso mas se tornam sem graça. Como o orçamento é curto, diversas cenas se apresentam em animação, poupando os produtores de gravarem tais bobagens.
Assim soma-se uma direção patética, atores ruins e um roteiro, desculpem, estúpido. Com direito a um tio homossexual afetado e sem graça e uma participação de Kevin Smith que deveria estar sem fazer nada no dia e desejando um almoço de graça. Sem dúvida, mais um para a lista dos piores vistos no ano.



domingo, 12 de dezembro de 2010

Alta Fidelidade: 24 Horas e o ápice da Ação






São raras as produções que utilizam, na progressão de sua narrativa, a estética do tempo real. O desenvolvimento sem nenhum corte temporal é um processo que pode dificultar a ação e, sem um trabalho bem realizado, se torna um material sem sucesso.

Em 1995, Johnny Depp e Christopher Walken estrelaram um longa que se utilizava do estilo. Tempo Esgotado apresenta Depp como um homem comum que tem sua filha seqüestrada e é obrigado, em um curto prazo de tempo, a executar a governadora da Califórnia. A ação, boa parte realizada em um shopping, mantém sua tensão devido a personagem contra o relógio. Críticas não foram favoráveis, mas há momentos que a trama funciona.

O tempo como um dos pilares da trama também foi presença em 88 Minutos, filme de Jon Avnet com Al Pacino em que o tempo citado é o prazo para que um professor universitário resolva um assassinato que pode envolvê-lo.

Ainda que não inédito, o conceito de tempo real sempre fora explorado de maneira isolada. Em 2001, precisamente em dezembro, que a Fox americana exibiu o que seria considerado um marco no recurso e também uma grande história de ação.

A série 24 Horas, desde seu título, demonstra a urgência de sua narrativa. Enquanto o enredo tradicional de uma temporada desenvolve-se em vinte e quatro episódio, que abrangem um ano aproximado da vida das personagens, aqui a aventura concentra-se em um dia completo.

Trabalhando situações limites impostas e apresentadas sempre em seu início, ação, tensão e reviravolta são elementos comum no roteiro que se tornou uma estrutura intacta na série, apresentando diversas ações no decorrer da mesma hora, delineando bem a sensação de tempo real e simultâneo.

Ainda com uma estrutura intacta em seus oito anos de produção, sua figura central, Jack Bauer, é quem sofreu maior transformação. De um ótimo agente contra terrorismo, Bauer transforma-se em herói de grande representação. Cada dia fatídico vivido por sua persona aprofunda mais o abismo de sua personalidade, seus contornos humanos perdem dimensão, tornando-o um homem quase impenetrável, cujo suporte maior é reger-se pela lei, pelo bem maior. Capaz de sobreviver até as mais terríveis dores e amargurar e voltar, de certa maneira, intacto, mais centrado e mais irritado.

A ação projetada na tela é digna de uma produção cinematográfica. É composta de maneira cuidadosa em suas estruturas, tanto no roteiro, em personagens como em detalhes que passam despercebidos pelo público por sua excelência: a continuidade cuidadosa que convence que uma história gravada em oito meses pareça mesmo estar centrada em apenas um dia.

Além da execução técnica da série, elementos de sua narrativa são bastante reais e verossímeis. Focados em manter um elo com o presente conhecido do público, a série apresenta uma narrativa crua e violente, não vista na televisão desde Nova York Contra o Crime. Tratando-se de uma Unidade Contra o Terrorismo como escopo para ação, é de se prever que agentes fazem tudo a suas mãos para procurar culpados. Não poupando cenas de tortura, morte, que causaram comoção aos mais sensíveis e aos simpatizantes dos diretos humanos. Mesmo que diversos órgãos tenham se pronunciado contra a violência da série, que não seria um espelho da realidade, é subestimar a observação pública perante as notícias diárias.

A idéia do real transposto a tela, seguindo uma lógica temporal como estamos acostumados, acompanhando um personagem que se torna um herói, abdicando muitas vezes de seu bem próprio para o bem de todos são grandes elementos que compõe e fizeram o sucesso da série.

Ainda que em seu lançamento tal sucesso não era tão esperado. Tanto que no meio da primeira temporada há um encerramento do enredo. Uma tática dos produtores para, caso a Fox não aprovasse uma temporada completa, ao menos apresentar um fim ao público.

Mas o primeiro ano envolvendo Jack Bauer em uma conspiração para matar o candidato David Palmer foi o primeiro passo para apresentar um enredo que ainda que caminhe nos clichês do gênero, é executado de maneira exemplar.

Cada temporada desenvolveu crises diferentes com espaçamento temporais cada vez maiores. Infelizmente, em certos anos, a previsão dos produtores e roteiristas saíram errado, fazendo com que a grande ação central finalizasse horas antes do fechamento do dia. Deixando evidente uma sub história desenvolvida as pressas para cobrir as horas que estavam por vir. Deslizes que, mais de uma vez, aconteceram.

A sensação da temporalidade real, embora cada vez menos preciso temporada a temporada, registrava uma sensação angustiantes pelas pausas e a cada hora certa que desencadeava alguma revelação ou grande evento.

A série trouxe o ator Kiefer Sutherland de volta ao estrelado, recebendo Emmys e Globo de Ouro por interpretação, roteiro e melhor série em uma de suas melhores temporadas.

Alguns detratores dizem que o tempo que a série esteve ao ar foi longo demais. Porém, mesmo apresentando oito crises diárias com algumas oscilações, é inegável que Jack Bauer tornou-se um marco. Sua personagem se espandiu além da série, virando um ícone heróico e ainda resultou em uma série genuinamente de ação que nunca teve medo de dialogar com a realidade e de produzir violência.

A série está disponível de maneira completa em DVD, no Brasil. Tanto temporada por temporada quanto na bela caixa que ilustra esse texto e que engloba todas as temporadas mais o filme A Redenção que se passa entre a sexta e sétima temporada.






Para ler também: Alta Fidelidade: A Supremacia dos Seriados



Alta Fidelidade, a coluna semanal do criador desse blog que, hoje, apresentou a primeira análise de três sobre séries americanas. Aqui é possível falar abertamente sobre alguns temas sem que exija uma resenha para tal. Pretende-se abordar todo o tipo de assunto cultural, seja ele sobre livros, filmes, dvds, cds e, nessa semana e nas próximas, séries em geral e três seriados atuais que já são um marco: 24 Horas, Lost e House M.D.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Battlestar Galáctica, Segunda Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

A Luta Para Salvar a Humanidade Continua


No término da primeira temporada de Battlestar Galáctica, enceramento explosivo e revelador, constatei dois fatos evidentes. Em primeira estância, era necessário dar prosseguimento rápido a sua exibição, visto seu potencial dramático, impossível de ser pausado. Em segundo que, sem dúvida, estava diante de uma das melhores séries a explorar de maneira densa o cerne humano.

Nem mesmo a criação da raça humana, os cilônios ,que dominaram as colônias e destruíram o planeta, foram capazes de prever a complexidade sensível e destruidora de nosso sistema. A ação seqüenciada nesse ano demonstra que robôs não saem incólumes quando desejam estar a nossa semelhança. Aprofundar-se na criação de um elemento híbrido é, também, ter em si os temores e medos que nos movimentam.

Ainda que apresentem muitas cópias, a raça que transformou os humanos em pária é, aos poucos, abraçada pela maneira humana de agir. Desenvolvem personalidades distintas, possuem desejo de amar e quebram a barreira aparentemente óbvia de que são somente máquinas sem emoção. Torna-se difícil questionar-se quem tem a natureza mais perversa.

Enquanto, do outro lado, na margem da sobrevivência, a adaptação necessária dos humanos os deixam nas portas da susceptibilidade. São obrigados a vivenciar a sensação ambígua de estar perante a um inimigo aparentemente não nocivo.

Se a experiência diária prova que a confiança é um elo difícil de se ter com muitos, a ambientação isolada, amplia a sensação de desconfiança e stress. Água, suprimentos, comida se tornam discussões delicadas de um processo político que envolve a confiança quase cega no inimigo, pela necessidade maior de sobreviver.

Enquanto personagens demais sobram em outras séries, a composição de Battlestar se faz de maneira bem colocada. Personagens se completam e possuem uma função importante na teia da série. A história bem fundamentada, futurística, funciona como um mapa comportamental. É rica de mitologia, bem construída e ainda com belas cenas de ação.

Tratando-se de um enredo que também explora os meandros políticos, parcial é quem não toma um partido. Que não escolhe entre a fé desenfreada de Laura Roslin ou a ação impositiva do Almirante William Adama que, mesmo sendo um militar, contrariando a personificação clichê, é uma das melhores personagens da série, densa, inteligente e dono de uma parcimônia impar.

A segunda temporada desenvolve-se de maneira natural e inova a própria narrativa. Não tem medo em trazer surpresas para o público, pois sua história é sólida e desvios se fazem de maneira coerente, sem prender no elemento que, aparentemente, seria o melhor para a audiência.

Ainda que não tão impactante quanto o tiro da primeira temporada, o desfecho tem um interessante espaçamento temporal que segmenta a ambientação em dois planos e anuncia que o terceiro ano fluirá de outra maneira. Deixando no público uma sensação inevitável e imediata de seguir com a história.

A descoberta da série somente em seu término, me faz refletir no quanto fãs que acompanham semana a semana não ficaram nervosos com a espera de meses para assistir seus desenlaces. Que, sorte minha, está acessível de maneira integral para mim.

domingo, 5 de dezembro de 2010

A Semana em Filmes (28 de Novembro a 04 de Dezembro)



Monstros S.A. (Monsters Inc.)

Dir. Peter Docter, David Silverman



A cada produção revista da Pixar e, conseqüentemente, criticada nesse espaço, ressalto o quanto prezo a produtora e sua qualidade soberba. Essas afirmações podem entediar leitores que procuram tais resenhas, porém, é necessário sempre registrá-las.
Quarto filme da parceria Disney / Pixar, anterior a compra milionária, Monstros S.A. mantém ainda a linha infantil. Sem uma característica que se tornaria fundamental nas produções futuras da casa: diversas camadas narrativa, gerando interpretações e sentimentos diferentes em adultos e crianças.
Tal ausência não diminui o filme cuja simplicidade de enredo tem destaque no humor. Como é de costume, a produtora desenvolve um universo a parte para a fundamentação de sua história. Aqui cria uma fábrica de sustos cujos empregados, os monstros do título, saem do armário de cada criança com a missão de assustá-las e gerar a fonte de energia necessária para a sobrevivência da cidade monstro.
A dupla central é bem equilibrada nas figuras de Mike Wazowki, um ser verde de um olho só e o peludo e grandalhão James P. Sullivan, considerado o monstro mais assustador da empresa (e, ainda hoje, um personagem cuja animação salta aos olhos pela perfeição da composição). Através dos amigos que o público terá contato com Boo, uma garotinha que, acidentalmente, vai para o mundo dos monstros.
Mesmo seguindo uma vertente mais simples do que suas outras produções, Monstros S.A. é capaz de ser engraçado e sensível na medida para fazer rir e encantar. E, devido a seu sucesso, foi confirmado uma continuação. Nem irei mencionar que, tratando-se da Pixar, significa outra boa produção.




Resident Evil - O Hóspede Maldito (Resident Evil)

Dir. Paul W. S. Anderson



Em paralelo com o filão das histórias em quadrinhos, cujo marco inicial foi a produção de X-Men, as adaptações de vídeo game vem, também desde aquela época, se fundamentar na indústria cinematografia como uma fonte confiável de rentabilidade. Porém, é como se uma maldição permeasse tais adaptações que nunca tiveram um resultado a altura da fama de seus jogos.
Mais notável em suas adaptações são as mudanças primordiais que fazem entre jogo e filme, além de uma trama que não sustenta um enredo de duas horas. Mesmo sendo funcional no vídeo game, na passagem para a tela grande torna-se plausível demais.
Resident Evil – O Hóspede Maldito foi uma das primeiras produções lançadas do gênero. E, embora tenha três continuações, e também como seus companheiros de estilo, nunca foi suficientemente bom.
A primeira produção apresenta A Colméia, um laboratório subterrâneo que foi lacrado devido a uma ameaça biológica, transformando todos em zumbis. É nesse cenário que Alice, junto com os encarregados da corporação Umbrella, dona do laboratório, adentram o que sobrou do local para tentar descobrir as causas da ameaça.
A problemática da história se constrói em todas as bases. Escalou uma atriz bonita, mas sem muita expressividade. Um diretor que hoje é consolidado como um dos menos articulados e rasteiros de Hollywood (que já havia dirigido a kitsch adaptação do jogo Mortal Kombat). E uma trama que simula muito – evidente – a dinâmica de um vídeo game: há um problema a ser resolvido, ocorre uma ação que o resolve e uma reação pior que precisará de mais suor dos heróis. Junto a essa progressão, zumbis mais fortes surgem em cena.
As seqüência vão se tornando cada vez mais articuladas, como fases. E devido ao talento escasso de Anderson, cenas de ação são filmadas em câmera lenta em close no estilo há uma luta acontecendo, mas o público não vê nada pela falta de técnica.
Os grande vilões da trama, os humanos que se tornaram zumbis pelo vírus, não apresentam nada demais. Exceto por alguns cachorros cobaias de testes que, provavelmente, realizam a cena mais divertida da produção.




Resident Evil - Apocalipse (Resident Evil - Apocalipse)

Dir. Alexander Witt


Dois anos após o lançamento da primeira produção, Resident Evil: Apocalipse estréia nos cinemas. Recebida as críticas negativas de parte do público, a sequencia da história tenta se aproximar ao universo do vídeo game, introduzindo outras personagens apresentadas na saga.
Comum em qualquer história do gênero, a epidemia antes centrada apenas no laborátoria da Corporação Umbrella dizimou a cidade. E Milla Jovovich retorna ao seu papel de Alice na trama que retoma exatamente onde o longa anterior parou.
Escrito pelo diretor Paul W.S. Anderson, a direção ficou a cargo de Alexander Witt, pois Anderson estava ocupado produzindo outra franquia mediana. A terrível Alien VS Predador.
A produção tem um pouco mais de desenvoltura que o longa anterior. Deve-se isso as novas personagens que fazem com que a ação seja mais dinâmica. Porém, ainda assim, a sensação de repetição é nítida, com o grupo de sobreviventes enfrentando dificuldades maiores e maiores até o desenvolvimento final em que Alice luta com outro tipo de zumbi.
A trama fundamenta-se um pouco mais, revelando as intenções da corporação. Ainda que muitas tramas de zumbis não expliquem sua ambientação, a história de Resident Evil carecia de tal aspecto. Assim, a presidência que fez os experimentos é apresentada dando um caráter um pouco menos superficial a trama.
Novamente enredo finaliza-se com amarras em aberto, aguardando que um bom resultado na bilheteria rendesse a segunda continuação.




Resident Evil 3 - A Extinção (Resident Evil: Extinction)

Dir. Russell Mulcahy



Não tenho conhecimento a respeito dos jogos da saga Resident Evil. Não cabe a mim dizer se o desenvolvimento dos longas refletem em acontecimentos que estavam no vídeo game e foram usados como elementos na seqüência. Independente desse fato, a terceira produção dos zumbis da corporação Umbrella, Resident Evil 3 – A Extinção, toma rumos mais bruscos do que seus antecessores.
A devastação se alastrou pelo mundo e agora restam apenas poucos sobreviventes. O planeta terra tornou-se um lugar árido, onde pessoas maltrapilhas tentam se esconder e buscar proteção e comida.
Com a explicação dada no final do segundo filme, Alice retorna a cena mas, dessa vez, além de ser uma simples humana. Devido a intervenções da corporação, a personagem ganhou superforça e capaz de manipular objetos com a força da mente.
Ainda que tal argumento se apóie, eventualmente, em seu jogo, não funcionou nas telas. Evidencia, pela segunda vez, a idéia de uma escala evolutiva, que necessita apresentar novidades e problemáticas como se tais movimentos segurassem o público. Produtores esquecem que embora vindo de um vídeo game, os filmes não o são.
Jovovich repete seu papel apático, dessa vez acompanhada de um grupo de sobreviventes que procuram um lugar sem a epidemia para viver. O roteiro segue nas mãos de Paul W. S. Anderson e a direção fica a cargo de Russell Mulcahy, dos três o que mais dirigiu produções consagradas (tal constatação não diz muito, mesmo assim).
Programado para se tornar o desfecho da saga e, portanto, a derradeira fase, não há um vilão visível a ser combatido. Alice e seu grupo procuram a tal terra prometida enquanto jura vingança a Umbrella.
Ainda que um tanto arrastado, sem muita ação como os dois primeiros, se mantém na mesma linha seqüencial, sem atrativos extras.




Resident Evil: Recomeço (Resident Evil: Afterlife)

Dir. Paul W. S. Anderson



Qualquer um que teve contato com vídeo games tem conhecimento que muitos dão a chance de dar seqüência no jogo após ter morrido. Usar a opção continue é, literalmente, jogar após a vida ou, como diz o título brasileiro, um recomeço.
Valendo-se de um clichê para explicar a história até aqui, e as reviravoltas que aconteceram nos últimos filmes, a saga prossegue com Alice e sua procura por sobreviventes. Paul W. S. Anderson retoma a direção e realiza uma produção que se assemelha com a anterior, porém mais cansada.
Nada é realmente novo. Novos personagens são encontrados presos em lugares repletos de zumbis. As lutas contra eles continuam da mesma maneira burocrática e quando um novo elemento aparece, não há nenhuma explicação para tal o enredo fica ainda mais estranho (um zumbi novo, com máscara de executor e machado gigante aparece na trama. Mas não há nenhuma explicação de onde ele veio, muito menos de como foi criado).
A busca permanece a mesma: um local sem a infecção do T-Virus. Porém, dessa vez ao contrário de uma terra, sobreviventes tentam encontrar a paz em um barco que garante que está imune aos zumbis. Porém, como nada é fácil, é possível que tal lugar nem seja aquilo que se espera.
O desenvolvimento final da sobre-vida de Resident Evil encerra a história da mesma maneira que começou a quase dez anos atrás. Sem nenhum brilhantismo como, até agora, nenhuma adaptação de jogos e apontando que aquilo que conta para uma franquia não é uma bilheteria excelente, e sim qualquer média aceitável de rentabilidade que resulte em alguma margem de lucro.
A última produção foi lançada nos cinemas também em terceira dimensão. Ainda que a versão que vi tenha sido em duas, é possível notar que ao menos não se exagerou nas cenas de ação para realizar o efeito dimensional de objetos pulando na tela. Um ponto positivo ao ordinário Anderson.




A Rede Social (The Social Network)

Dir. David Fincher


Não há reportagem que aborde tecnologia que não saliente a velocidade atual da informação. Devido ao acesso cada vez mais amplo da internet, notícias podem circular o globo em questão de segundos, mesmo se for um rumor sem fundamento.
Um dos aprendizados primordiais ao utilizar a rede é que a menor fatia de informação pode se tornar uma explosão. Tudo aquilo que é publicado se torna eterno, bem ou mal.
Acompanhando a lógica acelerada da tecnologia, baseando-se no livro Bilionários Por Acaso - A Criação do Facebook - Uma História de Sexo, Dinheiro, Genialidade e Traição de Ben Mezrich, o diretor David Fincher e o roteirista Aaron Sorkin apresentam A Rede Social, produção que narra a – recente – criação da rede que se tornou a mais popular nos Estados Unidos.
Alguns incrédulos se perguntaram como uma história aparentemente comum tem potencial para se tornar interessante. E boa parte da boa execução do filme deve-se a produção envolvida. É de se imaginar que se trata-se de outra equipe, a história seria patética.
Escolhido para transformar o livro em roteiro, Aaron Sorkin é um especialista em tramas políticas com tensões conflituosas. Além de roteirizar boa parte da série The West Wing, concebeu o roteiro de Jogos de Poder, Questão de Honra e Meu Querido Presidente. Produções cuja trama envolvem política e seus trâmites sujos (até mesmo no último filme, um romance, a ambientação é boa).
David Fincher é um diretor exemplar. Um dos grandes contemporâneos, realizador de ao menos três grandiosos filmes dos últimos tempos: Se7en – Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e Zodíaco. Sua direção não só acompanha três grandes histórias como insere um estilo peculiar a elas.
A produção engendra uma história que toca a realidade, mas trabalha com elementos narrativos que aumentam sua potência. Transformam a personagem real de Mark Zuckerberg (em boa interpretação de Jesse Eisenberg) em um nerd frustrado, mal educado e egoísta, cuja primeira fagulha para a criação da rede vem de um site onde alunos da universidade de Harvard poderiam escolher quem era a mulher mais sexy da turma.
Se parte do enredo e das personagens foram modificadas a procura do impacto, caberá ao público descobrir as divergências em pesquisas e leituras. Já que a apresentação de tais figuras é realidade de maneira tão viva que parecem, de fato, um decalque da realidade.
Evidente que a intenção da produção é transformar sua história em um movimento além de mesma. Demonstrando que quando o assunto refere-se a negócios, a fundamentação de idéias, criação de novos conteúdos, principalmente na área tecnologia, ninguém se torna amigo de ninguém. A concepção da Rede Social poderia muito bem ser a de outra história, mas o fato de ser baseada em fatos reais faz com que público seja mais ávido em assisti-lo
A Rede Social, a exemplo da internet, fonte de sua produção, demonstra que, no fundo, não é a verdadeira sequencia fiel dos fatos que importa. Mas sim aquilo que se diz e que consegue se proliferar na multidão. Por mais que as figurais reais apresentadas na trama tentem se desarticular da personagem, sem dúvida, será dessa maneira que público lembrará da história da criação do Facebook.
Além dessa interessante meta-reflexão, a produção trás a toma o melhor de David Fincher que, em sua última produção, O Curioso Caso de Benjamim Button, apresentou um drama belamente estético mas sem alma.