quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Battlestar Galáctica, Segunda Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

A Luta Para Salvar a Humanidade Continua


No término da primeira temporada de Battlestar Galáctica, enceramento explosivo e revelador, constatei dois fatos evidentes. Em primeira estância, era necessário dar prosseguimento rápido a sua exibição, visto seu potencial dramático, impossível de ser pausado. Em segundo que, sem dúvida, estava diante de uma das melhores séries a explorar de maneira densa o cerne humano.

Nem mesmo a criação da raça humana, os cilônios ,que dominaram as colônias e destruíram o planeta, foram capazes de prever a complexidade sensível e destruidora de nosso sistema. A ação seqüenciada nesse ano demonstra que robôs não saem incólumes quando desejam estar a nossa semelhança. Aprofundar-se na criação de um elemento híbrido é, também, ter em si os temores e medos que nos movimentam.

Ainda que apresentem muitas cópias, a raça que transformou os humanos em pária é, aos poucos, abraçada pela maneira humana de agir. Desenvolvem personalidades distintas, possuem desejo de amar e quebram a barreira aparentemente óbvia de que são somente máquinas sem emoção. Torna-se difícil questionar-se quem tem a natureza mais perversa.

Enquanto, do outro lado, na margem da sobrevivência, a adaptação necessária dos humanos os deixam nas portas da susceptibilidade. São obrigados a vivenciar a sensação ambígua de estar perante a um inimigo aparentemente não nocivo.

Se a experiência diária prova que a confiança é um elo difícil de se ter com muitos, a ambientação isolada, amplia a sensação de desconfiança e stress. Água, suprimentos, comida se tornam discussões delicadas de um processo político que envolve a confiança quase cega no inimigo, pela necessidade maior de sobreviver.

Enquanto personagens demais sobram em outras séries, a composição de Battlestar se faz de maneira bem colocada. Personagens se completam e possuem uma função importante na teia da série. A história bem fundamentada, futurística, funciona como um mapa comportamental. É rica de mitologia, bem construída e ainda com belas cenas de ação.

Tratando-se de um enredo que também explora os meandros políticos, parcial é quem não toma um partido. Que não escolhe entre a fé desenfreada de Laura Roslin ou a ação impositiva do Almirante William Adama que, mesmo sendo um militar, contrariando a personificação clichê, é uma das melhores personagens da série, densa, inteligente e dono de uma parcimônia impar.

A segunda temporada desenvolve-se de maneira natural e inova a própria narrativa. Não tem medo em trazer surpresas para o público, pois sua história é sólida e desvios se fazem de maneira coerente, sem prender no elemento que, aparentemente, seria o melhor para a audiência.

Ainda que não tão impactante quanto o tiro da primeira temporada, o desfecho tem um interessante espaçamento temporal que segmenta a ambientação em dois planos e anuncia que o terceiro ano fluirá de outra maneira. Deixando no público uma sensação inevitável e imediata de seguir com a história.

A descoberta da série somente em seu término, me faz refletir no quanto fãs que acompanham semana a semana não ficaram nervosos com a espera de meses para assistir seus desenlaces. Que, sorte minha, está acessível de maneira integral para mim.

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