Bicho de Sete Cabeças (Bicho de Sete Cabeças)
Dir. Laís Bodanzky
Um dos melhores filmes da retomada do cinema brasileiro, Bicho de Sete Cabeças possuí todo o cuidado que uma produção nacional devia sempre merecer. Com um roteiro elaborado a partir do livro e da vida de Austregésilo Carrano Bueno, o filme narra a história de Neto, um adolescente levado para um manicômio para tratar de seu suposto vício de maconha, quando o pai encontra um cigarro da erva em sua jaqueta. Elucidando que a comunicação entre pai e filho é ausente e explicitando o quanto é horrível o tratamento manicomial no Brasil.
A produção traz Rodrigo Santoro em sua estréia nas telas, realizando excepcionalmente bem o papel de um adolescente problemático, em dúvida consigo mesmo. Algumas cenas do filme foram improvisadas pelo ator durante a gravação e obtiveram um resultado tão positivo que foram inseridas no produto final.
A produção consegue se equilibrar na medida certa entre o que toca o telespectador e a agressividade vista em cena. Considero como uma dos melhores momentos o que Neto tenta fugir do manicômio e ao ser pego se entrega totalmente, cedendo e apenas gritando. São cenas agonizantes.
A trilha sonora foi produzida pelo sempre incrível André Abujamra e com músicas de Arnaldo Antunes. O tema que dá título ao filme, é cantado por Zeca Baleiro.
O filme também arrebatou diversos prêmios em muitos eventos e não é por menos. Ainda hoje cito Bicho de Sete Cabeças como um dos melhores filmes da retomada, bem elaborado, reflexivo e com direção, roteiro e atores trabalhando em boa sintonia. É uma pequena pérola que nos agride bem no estômago.
Logo após reassistir o filme, comecei a ler Canto dos Malditos, o livro de Austregésilo Carrano Bueno que inspirou a produção. Ainda estou no inicio, mas é notável as grandes diferenças até mesmo na narrativa. Ao término do livro devo fazer um crítica ao seu respeito.
A produção traz Rodrigo Santoro em sua estréia nas telas, realizando excepcionalmente bem o papel de um adolescente problemático, em dúvida consigo mesmo. Algumas cenas do filme foram improvisadas pelo ator durante a gravação e obtiveram um resultado tão positivo que foram inseridas no produto final.
A produção consegue se equilibrar na medida certa entre o que toca o telespectador e a agressividade vista em cena. Considero como uma dos melhores momentos o que Neto tenta fugir do manicômio e ao ser pego se entrega totalmente, cedendo e apenas gritando. São cenas agonizantes.
A trilha sonora foi produzida pelo sempre incrível André Abujamra e com músicas de Arnaldo Antunes. O tema que dá título ao filme, é cantado por Zeca Baleiro.
O filme também arrebatou diversos prêmios em muitos eventos e não é por menos. Ainda hoje cito Bicho de Sete Cabeças como um dos melhores filmes da retomada, bem elaborado, reflexivo e com direção, roteiro e atores trabalhando em boa sintonia. É uma pequena pérola que nos agride bem no estômago.
Logo após reassistir o filme, comecei a ler Canto dos Malditos, o livro de Austregésilo Carrano Bueno que inspirou a produção. Ainda estou no inicio, mas é notável as grandes diferenças até mesmo na narrativa. Ao término do livro devo fazer um crítica ao seu respeito.
Deus é Brasileiro (Deus é Brasileiro)
Dir. Carlos Diegues
O trocadilho se dará logo no início. Embora sendo um bom filme, Deus é Brasileiro não caiu nas graças de Deus.
Baseado livremente no conto do contemporâneo João Ubaldo Ribeiro, O Santo Que Não Acreditava em Deus, e roteirizado com a ajuda do próprio, o filme narra a história do Todo Poderoso que, cansado do serviço após milhões de anos, decide procurar no Brasil um santo para ocupar o seu lugar, enquanto ele tira férias caminhando pelas galáxias, como fazia antes de ter criado os homens.
A premissa da produção é excelente. O Deus interpretado por Antonio Fagundes está mais inspirado que nunca, e Wagner Moura, interpretando Taóca, o local que irá ajuda-lo na busca, está muito bem fazendo um papel cômico, abusando da comicidade vinda do nordeste.
Pena que algumas arestas do filme deveriam ser melhor aparadas. Infelizmente a presença de Paloma Duarte como Madá não acrescenta nada a trama, desviando a narrativa e fazendo-a perder o ritmo.
Porém, apesar dos tropeços o filme vai bem quase todo o tempo. Mas na hora do derradeiro desfecho, deixaram a desejar. O problema é tão perceptível que foi necessário uma canção da excelente banda Cordel do Fogo Encantado – que também participa da cena – para explicar o significado de que se os homens aprendem algo com Deus, Ele também aprende algo conosco. Não cabendo ao diálogo entre Deus e Taóca fazer essa ponte.
Mais importante do que lembrarmos que Deus é brasileiro, devemos afirmar que Deus é Antônio Fagundes. Impagável como o Divino, irritado com os humanos e cheio de graça. Mesmo se o filme todo fosse um desastre, valeria a pena por sua interpretação.
Baseado livremente no conto do contemporâneo João Ubaldo Ribeiro, O Santo Que Não Acreditava em Deus, e roteirizado com a ajuda do próprio, o filme narra a história do Todo Poderoso que, cansado do serviço após milhões de anos, decide procurar no Brasil um santo para ocupar o seu lugar, enquanto ele tira férias caminhando pelas galáxias, como fazia antes de ter criado os homens.
A premissa da produção é excelente. O Deus interpretado por Antonio Fagundes está mais inspirado que nunca, e Wagner Moura, interpretando Taóca, o local que irá ajuda-lo na busca, está muito bem fazendo um papel cômico, abusando da comicidade vinda do nordeste.
Pena que algumas arestas do filme deveriam ser melhor aparadas. Infelizmente a presença de Paloma Duarte como Madá não acrescenta nada a trama, desviando a narrativa e fazendo-a perder o ritmo.
Porém, apesar dos tropeços o filme vai bem quase todo o tempo. Mas na hora do derradeiro desfecho, deixaram a desejar. O problema é tão perceptível que foi necessário uma canção da excelente banda Cordel do Fogo Encantado – que também participa da cena – para explicar o significado de que se os homens aprendem algo com Deus, Ele também aprende algo conosco. Não cabendo ao diálogo entre Deus e Taóca fazer essa ponte.
Mais importante do que lembrarmos que Deus é brasileiro, devemos afirmar que Deus é Antônio Fagundes. Impagável como o Divino, irritado com os humanos e cheio de graça. Mesmo se o filme todo fosse um desastre, valeria a pena por sua interpretação.
Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche Wept)
Dir. Pinchas Perry
Incompreensível adaptação do romance do psicólogo Irvin D. Yalom que nos últimos anos adquiriu grande sucesso. Embora sendo um romance muito bom, não podemos dizer o mesmo dessa adaptação, um verdadeiro crime em relação à obra original.
Não entendo porque o livro ainda não virou um adaptação séria, pois essa assemelha-se muito com um filme ruim feito para a televisão. Pela extensão do livro cortaram diversas cenas chaves e ainda criaram algumas outras, desnecessárias, por assim dizer.
Se há algo que me surpreendeu na produção foi Armand Assante interpretando o filósofo Nietzsche. Não só o ator ficou parecido fisicamente com o mesmo mas, em um produção mas séria, teria o potencial para fazer todas as nuances do papel.
Para dos desconhecedores da trama, Josef Breuer é um dos melhores médicos de Viena e recebe a visita de Lou Salomé, uma bela mulher que diz que um certo filósofo está doente, mas que ele não aceitaria ser tratado da maneira convencional. A jovem propõe ao médico que enquanto finja tratar fisicamente do paciente, tente curar o desespero em sua mente. Eis o encontro fictício entre Nietzsche e Breuer, duas personagens reais que, infelizmente, nunca se cruzaram na vida real.
Outro ponto negativo para a produção é o uso excessivo da fala carregada de sotaque. Sabemos que nos lugares onde o filme se passa não se fala inglês, esse fato simplesmente não poderia ser ignorado? Mas algumas personagens trazem seu inglês macarrônico e cheio de sotaque que mais irritam, do que dão estilo a produção.
É uma pena levando em conta que o livro de Yalom é uma verdadeira preciosidade narrativa. Portanto, o conselho é um proferido em outros filmes, fujam.
Não entendo porque o livro ainda não virou um adaptação séria, pois essa assemelha-se muito com um filme ruim feito para a televisão. Pela extensão do livro cortaram diversas cenas chaves e ainda criaram algumas outras, desnecessárias, por assim dizer.
Se há algo que me surpreendeu na produção foi Armand Assante interpretando o filósofo Nietzsche. Não só o ator ficou parecido fisicamente com o mesmo mas, em um produção mas séria, teria o potencial para fazer todas as nuances do papel.
Para dos desconhecedores da trama, Josef Breuer é um dos melhores médicos de Viena e recebe a visita de Lou Salomé, uma bela mulher que diz que um certo filósofo está doente, mas que ele não aceitaria ser tratado da maneira convencional. A jovem propõe ao médico que enquanto finja tratar fisicamente do paciente, tente curar o desespero em sua mente. Eis o encontro fictício entre Nietzsche e Breuer, duas personagens reais que, infelizmente, nunca se cruzaram na vida real.
Outro ponto negativo para a produção é o uso excessivo da fala carregada de sotaque. Sabemos que nos lugares onde o filme se passa não se fala inglês, esse fato simplesmente não poderia ser ignorado? Mas algumas personagens trazem seu inglês macarrônico e cheio de sotaque que mais irritam, do que dão estilo a produção.
É uma pena levando em conta que o livro de Yalom é uma verdadeira preciosidade narrativa. Portanto, o conselho é um proferido em outros filmes, fujam.
A Irmandade (The Order)
Dir. Sheldon Lettich
E aqui está novamente meu querido Van Damme em mais um filme duvidoso. Dessa vez o astro além de ser o principal da trama, ajudou a escrever o roteiro da produção, que conta até com Charlton Heston, provavelmente precisando de alguns trocados para pagar algumas contas.
Diferentemente dos filmes comuns do astro, A Irmandade possuí uma narrativa levemente cômica. Sua personagem não é sombria e, quase um milagre, nenhum parente ou amigo foi assassinado, o que não exige uma vingança imediata.
Logo no começo da produção, conhecemos a história de Charles Le Vaillant, um cavaleiro das Cruzadas que impressionado com a violência, funda sua religião e começa a pregá-la. Como todo bom orador, este escreve seus pensamentos em um livro, mas o último capítulo, que deveria ser anexado a escritura, fica perdido pelo tempo.
A trama volta aos tempos atuais onde o pai do Van Damme está foragido por possuir tal escritura, nos dando a impressão de que alguém muito poderoso está atrás dela. Caberá a seu filho, Rudy Cafmeyer ir atrás do pai e descobrir os segredos dessa seita criada há séculos por Le Vaillant.
Embora o roteiro seja mais voltado a narrar essa história não tradicional ao mundo de Van Damme, ele continua esburacado como de costume. Mas por ser uma história mais leve, chega a ser agradável e não prejudica a diversão. E, impressionantemente, há algumas cenas de luta em que o astro dá pontapés e alguns golpes que não víamos há um tempo.
Violência Gratuíta (Funny Games U.S.)
Dir. Michael Haneke
Algumas análises me dividem por completo quando, procurando o cartaz que ilustra a resenha, leio rapidamente algumas frases em sites especializados e blogs de cinéfilos como eu. Muitos, até mesmo a crítica, sei disso, deram boas notas e muito prestígio para Violência Gratuita.
Não compreendo, primeiramente, o motivo que fez seu diretor Michael Haneke regravar o mesmo filme que produziu em 1997, mudando apenas os atores e mantendo todo o resto, quadro a quadro.
Como o título brasileiro explicita, a produção é uma análise sobre o fascínio e a violência produzida nos dias de hoje. Tanto aquela que vemos na televisão em telejornais, como aquelas produzidas especialmente para figurar na tela grande como filmes de ação.
A trama se passa a maior parte do tempo dentro da casa do casal Ann e George, que são abordados por seus vizinhos, pedindo ovos para uma receita. De repente, como se imagina, os convidados se tornam agressivos, e logo a família, composta também por um filho pré-adolescente, são obrigadas a aceitar os violentos jogos da dupla.
Não deixo de imaginar, levando em consideração o enredo, a diferença dessa produção para o terror Os Estranhos, com Liv Tyler. Em ambas as tramas, um casal é amedrontado e, aos pouco, violentado. A diferença é que na trama de terror as personagens usam máscaras e aqui o filme gera contornos dramáticos.
Paul, personagem de Michael Pitt algumas vezes interage com o próprio público, dando a intenção de que todo o espetáculo produzido por eles é apenas para nosso deleite. Mas embora exista uma sensação de agonia na tortura do casal, honestamente, achei a produção um tanto quanto plástica demais e, também, com algumas referencias (as roupas brancas dos atores remetem-se, evidentemente, a gangue de Alex deLarge de Laranja Mecânica).
Ainda que a produção tente tecer mais um estudo sobre a violência, tanto a real como a produzida pelo cinema, alguns cineastas conseguiram efetuar esse trabalho com mais perfeição, como David Cronerberg e seus excepcionais Marcas da Violência e Senhores do Crime. E até mesmo Kubrick, em 1971, já realizava um filme definitivo sobre a violência explícita.
Em outras linhas, já afirmei nunca sentenciar um filme em apenas uma exibição. Talvez em outra oportunidade eu possa apreciar melhor Violência Gratuita e descobrir que ele é um grande filme. No momento, considero-o um filme interessante que poderia ser melhor executado. Ao menos para mim, cinéfilo fã de filmes de ação – e assim acostumado com a violência sem causa de filmes do estilo – faltou a cena que machuca de tão pungente.
Não compreendo, primeiramente, o motivo que fez seu diretor Michael Haneke regravar o mesmo filme que produziu em 1997, mudando apenas os atores e mantendo todo o resto, quadro a quadro.
Como o título brasileiro explicita, a produção é uma análise sobre o fascínio e a violência produzida nos dias de hoje. Tanto aquela que vemos na televisão em telejornais, como aquelas produzidas especialmente para figurar na tela grande como filmes de ação.
A trama se passa a maior parte do tempo dentro da casa do casal Ann e George, que são abordados por seus vizinhos, pedindo ovos para uma receita. De repente, como se imagina, os convidados se tornam agressivos, e logo a família, composta também por um filho pré-adolescente, são obrigadas a aceitar os violentos jogos da dupla.
Não deixo de imaginar, levando em consideração o enredo, a diferença dessa produção para o terror Os Estranhos, com Liv Tyler. Em ambas as tramas, um casal é amedrontado e, aos pouco, violentado. A diferença é que na trama de terror as personagens usam máscaras e aqui o filme gera contornos dramáticos.
Paul, personagem de Michael Pitt algumas vezes interage com o próprio público, dando a intenção de que todo o espetáculo produzido por eles é apenas para nosso deleite. Mas embora exista uma sensação de agonia na tortura do casal, honestamente, achei a produção um tanto quanto plástica demais e, também, com algumas referencias (as roupas brancas dos atores remetem-se, evidentemente, a gangue de Alex deLarge de Laranja Mecânica).
Ainda que a produção tente tecer mais um estudo sobre a violência, tanto a real como a produzida pelo cinema, alguns cineastas conseguiram efetuar esse trabalho com mais perfeição, como David Cronerberg e seus excepcionais Marcas da Violência e Senhores do Crime. E até mesmo Kubrick, em 1971, já realizava um filme definitivo sobre a violência explícita.
Em outras linhas, já afirmei nunca sentenciar um filme em apenas uma exibição. Talvez em outra oportunidade eu possa apreciar melhor Violência Gratuita e descobrir que ele é um grande filme. No momento, considero-o um filme interessante que poderia ser melhor executado. Ao menos para mim, cinéfilo fã de filmes de ação – e assim acostumado com a violência sem causa de filmes do estilo – faltou a cena que machuca de tão pungente.
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