quarta-feira, 28 de julho de 2010

Arquivo X, Sétima Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

A sombra de sua própria mitologia


Quando uma estrutura fundamental de um objeto é abalada, é natural que seu todo sinta reflexo desse problema. E dessa maneira aconteceu com Arquivo X.

O astro da série David Duchovny apresentava cansaço em relação à série, não só pela perda de qualidade dos episódios como diversas brigas e processos que o ator teve com a produtora Fox. E o drama desse imbróglio pode ser sentido do outro lado da tela, na sétima temporada da série e última que o ator participaria integralmente.

Mesmo os eficientes episódios mitológicos, estrutura mais sólida da série, se desdobram de maneira ineficaz. Como se faltasse planejamento a longo prazo, sem que pensassem o que tais acontecimentos significariam para a série como um todo.

Boa parte da mística de seu enredo ganha conclusão no final da e ínicio da sétima temporada. Como prosseguir com o andamento da série sem sua base?

A escolha foi, novamente, exagerar em tramas de efeito criativo que fogem da linha temporal da série. Temas são repetidos em mais de um episódio, como a sorte, mágica e a questão religiosa. Tratando-se desta questão, é notório a mudança da Agente Scully, que perde sua aura de personagem devota, para lidar com os casos como se não se importasse mais com a religião que tanto seguiu. Dando mais a impressão de apatia, do que descrença.

Poucos episódios mantém-se em bom vigor, não conseguindo deixar o sétimo ano da série em um patamar aceitável.

O episódio Faminto e O Cigarro da Morte são os que mais se aproximam com a tradição da série, com uma investigação clássica. Os outros destaques da temporada valem-se de outros atributos como o excelente Medo, filmado no estilo da série Americana Cops, e três episódios digiridos e escritos respectivamente por William B. Davis (O Canceroso), Gillian Anderson e David Duchovny, para merecido destaque.

Nessas três jornadas pessoais, Davis apresenta em A Salvação da Humanidade sua personagem como um homem a beira da morte, buscando redenção. Anderson dá mais profundidade a Scully em Todas as Coisas, ao mostrar seu passado antes dos Arquivo X, quando teve um relacionamento com um de seus professores. Já Duchovny brinca com a história da série e realiza uma paródia bem humorada, de produtores adaptando os Arquivo X para o cinema em Hollywood A.D. com direito a sua esposa na vida real, Tea Leoni, interpretando o papel de Scully.
Sem dúvida, ainda assim, o momento mais inesquecível para os fãs será o episódio Millenium, marcado pelo primeiro beijo do casal e considerado o final derradeiro da outra série de Chris Carter.

Em meio a uma temporada oscilante, a mitologia retorna estável, onde tudo começou. Sete anos após a investigação inicial da dupla, vista no episódio piloto, Mulder e Scully estão de volta para ajudar Billy Miles que suspeita que um OVNI esteja abduzindo novamente a população.

É com esse desfecho favorável que os produtores encontram a resposta para tirar Duchovny temporariamente da série, abduzindo-o. Se a trama tem um grande apelo perante ao público, chegando até a conquistar, ela irá exigir que os mesmos aceitem certas criatividades no roteiro, com a lógica de prosseguir com a série no próximo ano. É assim que, nas cenas finais, Dana Scully – que desde sua abdução descobriu que teve os ovários retirados e não pode mais ter filhos- descobre estar grávida.

Arquivo X começa a transformar-se na sombra do que foi outrora, sendo nítido que seu desfecho final deveria ter acontecido há dois anos atrás.


domingo, 25 de julho de 2010

A Caixa Vermelha, Rex Stout

"Wolfe olhou, com os olhos bem abertos, para o nosso visitante - o que nele era um sinal de indiferença ou de irritação. No caso presente, era óbvio que estava irritado.
"Repito que é inútil, senhor Frost", declarou. "Jamais saio de casa a negócios. A obstinação de ninguém pode me coagir a fazer tal coisa. Já lhe disse há cinco dias. Boa tarde, senhor.""

Autor: Rex Stout
Editora: Companhia Das Letras
328 pág.


Tradução de Ernst Weber








Detetives de tramas policiais raramente são apresentados em somente um romance. Dando coerência a uma carreira de investigações que podem somar-se erros e acertos, um autor sempre trabalha diversas vezes com uma personagem que se torna sua querida e conquista espaço em diversos de seus romances.

O escritor Rex Stout preocupado em escolher um detetive que marcasse definitivamente seu nome na literatura optou por escolher o maior detetive já conhecido na literatura policial. Nero Wolfe possui um peso tão mórbido que recusa-se a sair do conforto de casa. Realizando a investigação à distancia. Com uso de sua sapiência e informações colhidas por seus assistente Archie nas cenas do crime.

Dois motivos fazem com que o grandalhão Wolfe cesse sua rotina de investigações: a avidez pelos almoços preparados pelo cozinheiro de confiança e as horas que passa na estufa cuidando de sua preciosas orquídeas, momento em que odeia ser interrompido.

Mas do que uma boa trama de suspense, amarrada e bem escrita, a personagem central de Stout se torna um espetáculo a parte por sua coleção de excentricidades. Wolfe é um homem tempestuoso que quando não cordena a investigação expulsa amigos da sala, finge não prestar atenção nas deduções dos outros e, principalmente, tem certo apreço por cenas. Cenas em que pode brilhar e demonstrar todo o poderio de sua mente brilhante.

Em A Caixa Vermelha, situada em Nova York de 1936, uma jovem morre após servir-se de um bombom envenenado. E cabe ao detetive e seu fiel parceiro descobrir se tal morte fora contratada ou apenas acidental, visando outra vitima maior, um magnata da moda chefe da jovem morta.

Apoiando-se em depoimentos e em olhares de terceiros, Nero Wolfe é capaz de observar minúcias como se estivesse horas na cena do crime e ir, aos poucos, desfiando o novelo repleto de dúvidas para encontrar os motivos que levaram ao crime e seus culpados.

Sem dúvida, Rex Stout elevou ao máximo o conceito de um detetive afetado que faz uso da ciência do saber para concluir seus casos. Ao excluí-lo das próprias cenas dos crimes, o autor comprova que uma mente bem aguçada pode ser mais nítida do que testemunhas oculares.

Sua narrativa densa cria uma boa trama de suspense e mistério, com bastante coesão e lineariedade. Não bastando a boa narração, ainda se aproveita do estilo da época, a decadência americana de trinta, para apresentar diversos esteriótipos fracassados que funcionam com perfeição em uma trama onde muitos tem de esconder suas verdadeiras intenções.


A Semana em Filmes (18 a 24 de Julho)


Louca Obsessão (Misery)

Dir. Rob Reiner


Há uma fina linha que divide a admiração por um escritor daquela que o transforma em um objeto fanático de adoração. A identificação ao ler sua prosa pode despertar no leitor uma sensação íntima, como se conhecesse aquele que escreve. Se o público é responsável pelo sucesso de um livro, há os exageros dentro dele, que perpetuam o exagero fanático e os augúrios de ser famoso.
Baseado no romance Misery, traduzido no país como Angústia, Louca Obsessão é uma bela produção de suspense, oriunda da obra de Stephen King, que discorre sobre o tema.
Paul Sheldon (Jamen Caan) – sem dúvida uma referência explicita a um dos autores mais conhecidos mundialmente, Sidney Sheldon – é um famoso escritor de uma série de livros de época, o tipo de literatura repleta de melodrama, que fez sua personagem central, Misery, um sucesso inevitável. Devido a um acidente em uma nevasca, Sheldon é socorrido por uma enfermeira que se diz sua fã número um. Ferido gravamente, aos poucos, o autor se vê a mercê de uma fã louca e obcecada por sua história e sua personagem famosa.
Maior parte da ação passa-se na casa da enfermeira Annie Wilkes, magistralmente interpretada por Kathy Bates.
Fundamentando a clima do filme, cuja tensão pesa em seu decorrer, em cada momento que Sheldon se vê encurralado por uma fã obsessiva.
O diretor Rob Reiner já havia trabalhado anteriomente com uma trama de King, no tocante Fica Comigo. Ambas produções que mostram o melhor do autor nos cinemas.
A interpretação de Kathy Bates ainda rendeu as premiações do Oscar, do Globo de Ouro e do CFCF Award em 1991.



True Lies (True Lies)

Dir. James Cameron


Na década de noventa, produções de ação consagradas pelo estilo macho de suas personagens, fortes, indestrutíveis e interpretadas por atores sem muita expressão, apresentava uma queda significativa.
Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme e Bruce Willis nunca pararão de vestir a camisa destes personagens, mesmo que esse tipo desse espaço para um estilo mais fiel a realidade. Do herói problemático, que se machuca e, mesmo assim, salva o dia. Como John McCleine, de Duro de Matar, do próprio Willis.
Realizando uma homenagem cheia de sátira sobre o estilo, o diretor James Cameron produziu o último grandioso filme de ação de Hollywood. E nada mais certo que escalar um dos ícones do gênero, o ainda em forma Scharwarzenegger para seu divertido pastiche.
True Lies – ou mentiras verdadeiras em tradução – propositadamente exagera nos elementos que tornam o herói invencível. Apresenta-nos Harry Tasker, um especialista em combate ao terrorismo, casado há quinze anos, sem que sua esposa saiba de sua profissão. Achando sua vida sem graça, a esposa se aventura com um pretenso espião, um engraçado Bill Paxton que abusa dessa jogada em busca de conquistar mulheres. Tentando assustar a esposa, Harry cria um embuste para ela e, sem querer, acaba por envolve-la no caso em que está investigando.
A sensação de uma história verdadeira que transforma-se em uma farsa preenche a produção. Abusado do quid pro quo – recurso utilizado em comédia onde há, em breve explicação, uma troca de uma coisa por outra – e de excelentes sequencias de ação para produzir um incrível material tanto como filme de ação, como uma sátira deles.
Resultando em uma produção repletas de cenas memorais como as danças de tango, a perseguição de bandido e mocinho com uma moto e um cavalo, e o famoso striptease de Helen Tasker, em uma cena sensual com Jamie Lee Curtis.
Sem dúvida, True Lies encerra de forma grandiosa a época dos heróis machões que invadiram o cinema na década de oitenta. Prestando uma homenagem honrada e proporcionando um excelente filme de ação.




Atraídos Pelo Crime (Brooklyn's Finest)

Dir. Antoine Fuqua



Desde que Dia de Treinamento, primeira produção dirigida por Antoine Fuqua, foi recebida com boas críticas, rendendo-lhe até um Oscar ao ator principal, sua produções tornaram-se variações do mesmo tema.
Salvo Rei Arthur, uma direção bastante equivocada, suas tramas se apóiam em histórias urbanas, sobre policiais e o confronto diário com a crua realidade.
Foi assim na produção já citada, em uma variante militar com O Atirador, no filme de guerra Lágrimas de Sol, e, recentemente, em Atraídos Pelo Crime.
Os desméritos da produção, não devem apenas centrar-se em uma direção não tão criativa, mas a um roteiro nada inovador de Michael C. Martin, que busca em personalidades lichês uma boa trama.
Focalizando três personagens distintas, um policial cansado a dias de sua aposentadoria, um falido pelo pouco dinheiro que ganha e um infiltrado na máfia local, a narrativa busca justificar que o meio podre é a causa de boa parte da problemática dos policiais.
As histórias são bem entrelaçadas, mas prosseguem com argumentos comuns sem apresentar nenhum diferencial aparente como em Dia de Treinamento. Transformando boas interpretações de Richard Gere, Ethan Hawke e Don Cheadle em apagadas.
As cenas não entusiasmam por uma apatia, que afasta o público de ver na produção uma boa história. Resultando em outra produção apenas com bom potencial, mas falha.


sábado, 24 de julho de 2010

Alta Fidelidade: Qual o preço de um download legalizado?


Qualquer mídia que se fale a respeito hoje em uma discussão sempre se divide entre os tradicionais, que a defenderão da maneira mais clássica e os tecnológicos que, mais por especulação, afirmam que sua concretude será extinta para uma integração digital completa.

Os livros se confrontam com os readers digitais, os CDs perdem espaço para as músicas lançadas diretamente na rede e os filmes indo do cinema para a tela do computador.

Porém, diferentemente da simples proporção, há um passo gigantesco de uma mídia a outra. O espaço para a pirataria é grande e a inércia de diversos órgãos responsáveis, até mesmo editora, gravadoras e produtoras, permitiram que o consumo do chamado material pirata circule aos milhões. Atire a primeira pedra quem nunca baixou um filme ou uma série para assistir.

É recente o surgimento de meios de assistir filmes, séries, de maneira legal pela internet. Lá fora, canais disponibilizam suas séries on line, infelizmente, ainda, com prazo para o expectador assistir. No Brasil, alguns canais, como a Rede Bandeirantes e o canal pago Fox, disponilizam oficialmente parte de seu conteúdo pela internet. E portais como o Terra criaram um espaço dedicado a fornecer conteúdo de graça a qualquer público, disponibilizando de filmes, documentários, a séries (recentemente o portal estreou a primeira temporada de Arquivo X, com um episódio por semana).

Em paralelo com o fornecimento gratuito de cultura, há sites que fornecem-a mediante pagamento. A empresa Saraiva desenvolveu um sistema de locação digital entitulado Saraiva Digital com esse intuíto. O usuário escolhe o filme pelo site, faz a compra pelo cartão, baixa o programa da rede e faz o download do filme, tendo a escolha de ou comprá-lo ou de alugar. O sistema utiliza-se de uma codificação que permite que o filme, ao ser baixado, funcione por 24 horas ou 48 horas, expirando após isso.

Com a chance de testar se o sistema funciona e ver como seria assistir uma produção de maneira legal – som e imagem seriam fieis ao DVD? – o blog fez o teste.

Os preços não são tão caros. Filmes de catálogo são encontrados por R$3,90 a R$4,90 e lançamentos a partir de R$6,90. Se pensarmos que algumas locadoras de cidades grandes ainda cobram um tanto caro o preço dos lançamentos, a mordomia de ver o filme sem o trabalho de sair de casa compensa.

O catálogo ainda não é tão vasto, mas tem aumentado. Buscando suprir não só os lançamentos – que já contam com a bombinha Alice No País das Maravilhas – como produções antiga – a primeira versão de Fúria de Titãs é um bom exemplo.

Infelizmente, o processo de compra é um dos primeiros problemas do sistema. Mesmo que a compra pelo cartão de crédito seja, normalmente, aprovada na hora, há uma certa demora para que você seja autorizado a baixar o filme.

No meu caso fiz a compra em uma promoção, alugue dois e pague um e até hoje recebi apenas autorização para baixar um filme. Fiz uma reclamação formal no site e obtive a resposta que o setor trabalharia para resolver o problema. Até o dado momento não resolveram. E um mês já se passou.

O programa necessário para baixar os filmes é um gigantesco problema a parte. Desde sua tela inicial de login apresenta falha e lentidão. Não estranhem se ele travar diversas vezes antes de entrar em sua tela de abertura, que apresenta os últimos filmes em catálogo.

Outra epopéia difícil é baixar o filme comprado. Se há um lado positivo, das produções virem com aproximadamente 3 gigabytes, e assim preservarem sua boa qualidade, é necessário ter boa banda larga – e paciência – para que o download se complete rapidamente.

É possível parar o download no meio e continuar depois. Mas, devido a uma falha no programa, seu filme pode sumir de sua lista, de repente. Obrigando-o a baixa-lo novamente.

Assistir a produção é a terceira via crucis realizada. De antemão, afirmo que o computador utilizado para tentar vê-la é uma excelente máquina, com uma vasta memória e bom processador.

O programa Saraiva Digital permite duas opções para exibir o filme. Dentro do próprio programa ou pelo Windows Mídia Player, com a última versão atualizada. Infelizmente, nem um nem outro reproduziu o filme comprado.

O reprodutor de vídeos do Saraiva Online ameaça o início da exibição, mas a tela fica preta. Os trailers do catalogo passavam sem problemas, significando que não havia problema com o reprodutor em si, mas sim com a chave que habilita a reprodução.

A solução foi ir ao Windows Mídia Player. Pedir uma atualização completa, esperar pela nova versão e dar play no filme que não leu. Novamente a chave de proteção não conseguia reproduzir o filme. O programa dizia não ser possível ler o formato, um arquivo .wmv, originário do próprio programa em questão.

O resultado final foi uma locação não assistida. Diversos problemas em baixar o filme e um respaldo zero da Saraiva em resolver meu problema com a segunda locação que nunca me foi disponibilizada.

Ainda que seja interessante um sistema legal que permite a locação de filmes em formato digital, chega a ser patético seu desempenho. Criando uma luta incapaz de ser vencida contra o dito material pirata que, em uma rápida busca virtual e com alguns cliques, são facilmente baixados.

A experiência com a Saraiva Virtual resultou-se em uma falha completa. E não é exclusiva, já que o sistema registra opinião de outros usuários e muitos reclamam da dificuldade de se baixar os filmes e das falhas do programa.

Sem dúvida a idéia é boa e conquistaria uma certa parcela de internautas, principalmente aqueles que buscam produções antigas, mas falha na concepção. Sua execução lenta é um convite a desistir e ou ir a locadora mais próxima ou ao site de downloads mais rápido e fazer sua seleção.

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O Blog O Que Dr. House Diria? Gostaria de esclarecer que não criou juízo de valor algum para a produção do texto em questão. Apenas analisou um sistema de reprodução legal de vídeos repleto de falhas em relação a facilidade de se encontrar o dito material pirata na internet. Em outras palavras, não estamos fazendo apologia a nada.

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Alta Fidelidade, a coluna semanal do criador desse blog que, infelizmente, perdeu sua locação sem ver o filme alugado. Aqui é possível falar abertamente sobre alguns temas sem que exija uma resenha para tal. Pretende-se abordar todo o tipo de assunto cultural, seja ele sobre livros, filmes, dvds, cds e, nessa semana, o embate entre download legalizado e a pirataria.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dollhouse, Primeira Temporada

Humanos programados para o perigo

Com as séries Buffy – A Caça Vampiros, Angel, Firefly e Oscar de Melhor Roteiro pela animação Toy Story, o produtor, diretor e roteirista Joss Whedon parece estar percorrendo uma maré de má sorte.

Sua série Firefly, mesmo sendo bem recebida pelo público e pela crítica foi cancelada e, recentemente, sua mais nova criação, Dollhouse, também recebeu o sinal negativo da Fox.

Estrelada pela não muito plural Elisa Duskho – cujo último filme fora O Assassino do Alfabeto – Dollhouse tem uma boa premissa inicial, ainda que sua execução não seja excelente.

Situada nos dias atuais, a trama utiliza-se de elementos de ficção científica para desenvolver uma casa de sonhos, onde é possível contratar – por quantias exorbitantes – humanos para realizar qualquer tipo de missão. Seja ela uma noite de amor, uma aventura na natureza ou um assassinato.

Realizada de maneira secreta, tornando-se uma lenda urbana americana, a casa seleciona voluntários que cederam o espaço de sua vida para se tornar os chamados dolls. Pessoas que tiveram todo o registro de sua memória apagada e a cada encontro ou missão ganham novas impressões de memória, seja ela memória semântica, muscular ou de qualquer outro tipo.

Paralelamente a isso, um detetive da polícia é o único descrente que acredita que a lenda urbana seja verdade e tenta, a todo custo, obter alguma pista que revele que a casa é realidade e seqüestra humanos para apagar sua mentes e fazê-los escravos de aluguel.

A trama segue o estilo tradicional das séries, apresentando por episódio um compromisso diferentes dos dolls. Aos poucos, demonstra que a tecnologia de ponta criada para a formatação mental é longe de ser perfeita.

Intercala muito bem as tais missões e a investigação do detetive Paul Ballard, criando uma série se não profunda, ao menos com uma trama ágil e envolvente. Que é capaz de apresentar certas questões tecnológicas relativas aos tempos atuais, como a evolução da tecnologia e seu limite de interação com os humanos.

A série teve um baixo índice de audiência em sua primeira temporada mas, provalmente devido as boas vendas do DVD, ganhou uma segunda temporada que foi cancelada antes mesmo de passar todos os episódios comprados.

O DVD da primeira temporada possui todos os treze episódios do primeiro ano, incluindo o último que não fora exibido inicialmente nos Estados Unidos. Tal episódio retrata o futuro, em uma idéia muito semelhante a destruição das máquinas realizada pela saga de Exterminador do Futuro, parecendo mais um episódio solto, de possibilidades, do que cronológico a história, já que a retira de um certo argumento original e a afunda em um clichê dos filmes de ficção.

Ainda assim, apesar desse desvio final, seu saldo é positivo e, mesmo com seu cancelamento, com uma atriz principal nada cativante, Whedon consegue demonstrar boas histórias.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Semana em Filmes (11 a 17 de Julho)


Abismo do Medo 2 (The Descent: Part 2)

Dir. Joe Harris


Dando seqüência cronológica aos acontecimentos exibidos no primeiro filme, Abismo do Medo 2 sofre dos efeitos comuns de uma continuação de uma produção de terror.
É uma continuação que segue a risca o modelo de seu original, não dando nenhum elemento novo ao público. O resultado é que até mesmo os sustos e a claustrofobia bem construída se tornam recursos vistos e conhecidos anteriormente.
Assim, da mesma forma que o primeiro grupo de garotas a explorar o interior de uma montanha desconhecida, o grupo de resgate que intenta resgatá-las tem a mesma missão ingrata: sair de um lugar desconhecido com, aparentemente, algo maligno.
Como crava a cartilha tudo nesta produção tende a ser maior. Sustos, cenários e até os monstros aberrantes que ganharam nova arcada dentária – imperceptível, confesso.
A produção é a primeira a ser dirigida por Joe Harris e fica a sombra do original de Neil Marshall. Não por ser uma produção definitivamente ruim, mas por dar seqüência a ação sem nenhuma inovação, resultando em algo sem graça.



O Colecionador de Corpos (The Collector)

Dir. Marcus Dunstan


O terror é sempre o primeiro a sofrer quando se fala em roteiro. Seus realizadores devem supor que um amontoado de cenas assustadoras, mutilações e perseguições são o prato cheio para completar o gênero, esquecendo que sem a estrutura do roteiro, seu esqueleto, poucas produções são capazes de funcionar. Seu resultado, normalmente, é a incompreensão.
É assim que sente-se Arkin um pequeno ladrão que, em situação ruim, resolve assaltar a casa de seus patrões que estariam em viagem. Mas ao entrar na residência, descobre que ela se tornou repleta de armadilhas de um homem sádico, que tortura a família no porão. Ao encontrar uma caixa em um dos quartos, descobre que o tal torturador é conhecido como o colecionador de corpos, mantendo uma pessoa viva, dentro de uma caixa, como um brinquedo.
Sem ter relação nenhuma com a família, sente pena da situação e resolve salva-los, ainda mais que está em questão a pequena filha do casal, que lembra a filha do próprio Arkin.
E em um patético jogo de gato e rato, onde a personagem foge de diversas armadilhas da casa, ele tenta reverter o jogo. Não que a trama faça algum sentido.
Nenhum elemento sequer é explicado, os acontecimentos parecem jogados em cena e, além de tudo, sua capa conta a grande vantagem de ter os mesmos roteiristas da saga Jogos Mortais. Demonstrando o grande talento da dupla tratando-se de tramas densas.


domingo, 18 de julho de 2010

A Estrada da Noite, Joe Hill

"Jude tinha uma coleção particular.
Tinha desenhos emoldurados dos Sete Anões na parede do estúdio, entre seus discos de platina. John Wayne Gacy, O "Palhaço Assassino", fizera os esboços quando estava na cadeia e os mandara para ele. Gacy gostava da Disney dos anos dourados quase tanto quanto gostava de molestar crianças pequenas, quase tanto quanto gostava dos discos de Jude."

Autor: Joe Hill
Editora: Sextante
320 pág.

Tradução de Mario Molina





Em uma livraria, a prateleira dedicada ao gênero de Terror sempre fica escassa ou dedicada à algumas obras clássicas como Drácula de Bran Stoker, Frankstein e Médico e o Monstro.

A explicação para poucos lançamentos bons no gênero deve-se a um engano que a maioria dos leitores pode, sem querer, imaginar. Que por parecer uma composição um pouco mais ligeira, utilizando-se da atmosfera da trama, tais histórias seriam menores.

Porém, entre a composição de uma trama dramática e a de terror, há a mesma dedicação costumeira. No caso de uma trama assustadora é necessário ainda mais habilidade para tornar um enredo aparentemente absurdo em um argumento crível, possível de aceitação e, a partir dele, desenvolver uma história fantástica.

Mencionar o gênero sem falar de Stephen King é excluir um dos mestres contemporâneos. Em suas próprias palavras, sua intenção nunca foi de criar uma composição primordial e elevada, apenas conduzir uma boa história com sustos, provocando o medo no leitor.

Primeiro romance de Joe Hill - que, por essas curiosidades, é filho do mestre do terror - A Estrada da Noite é uma excelente narrativa que demonstra a força do gênero de Terror.

Situando o público em uma história sobrenatural, sem perder em nenhum momento a narrativa ácida e a ironia, a trama nos apresenta Jude. Um ex-roqueiro cinqüentão que, como segue a cartilha, faz pose de excêntrico. Tem como hobby colecionar artefato macabros, confirmando seu estilo diabólico.

Fascinado por um leilão visto online por seu assistente Danny, Jude decide comprar uma alma penada, incrédulo. Mas o produto chega com um casaco dentro de uma caixa em formato de coração (título da obra em inglês) e muda, para pior, a vida do roqueiro.

Apoiando-se em uma história aparentemente improvável, Joe Hill demonstra seu talento em não só criar uma atmosfera assustadora, como também segurança em conduzi-la com cuidado, sem medo de apresentar situações que sejam anormais. Fundamentando bem os argumentos da trama como Jude investigando o porque tal alma é assombrada e deseja matá-lo, se torna rapidamente aceitável e altamente aterrorizante.

Com uma boa narrativa que nem se antecipa, nem se encerra abruptamente, Hill conduz o leitor por toda a angustia que a personagem sofre. Produzindo cenas imagéticas ao estilo cinematográfico – o romance, alias, já foi comprado para virar filme.

Sem dúvida, Joe Hill cresceu lendo muito dos romances e contos do pai, inspiração notável em sua narrativa que, mesmo coerente com o enredo, sempre possui momentos para descontraí-lo. Mas tão notável quanto é o talento desse escritor que, logo em seu primeiro romance, é capaz de produzir um argumento firme. Certeiro e cativante.

A Estrada da Noite foi lançada pela Editora Sextante que também lançou posteriormente sua primeira coletânea de contos, intitulada Fantasmas do Século XX. De acordo com informações da própria editora há mais do autor a ser lançado. Recentemente Joe Hill publicou seu segundo romance, “Horns”, que em breve chega em nossas terras.


sexta-feira, 16 de julho de 2010

[Notícia] A Sétima Temporada de House M.D. (4)

Notícia sobre a contratação de uma nova atriz para a série de House M.D. Quem não quiser saber nada a respeito, pare de ler a notícia por aqui.



O site de entretenimento Omelete apresentou uma nova atriz para a sétima temporada de House M.D.

Trata-se de Amber Tamblyn, de Joan Of Ancardia. De acordo com o site, a atriz interpretará uma estudante de medicina que entrará na equipe de House.

Por não ter, ainda, o diploma para exercer medicina, é bem provável que a nova personagem seja ponto de conflito com as maneiras nada éticas do médico em resolver seus casos.

Fiquem ligados que, sempre que possível, notícias sobre a sétima temporada serão publicadas.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Arquivo X, Sexta Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

Muito além da verdade, o começo das falhas

Prosseguindo diretamente os acontecimento perpetuados na quinta temporada e no longa Resista ao Futuro, o começo da sexta temporada marca o reinício da narrativa mitológica da série e a busca de Fox Mulder em recuperar os Arquivos-X.

Além da sequencia comum dos fatos, há mais um passo evolutivo na mitologia, após cinco anos, fecha diversas questões levantadas. Questões cujas respostas fazem a série mudar seu rumo narrativo.

Com a maioria da sua história alienígena desenvolvida e explicada, cabe aos roteiristas explorarem outros temas. As vezes, histórias parecidas com as vistas no passado. Outras dando início a uma verve criativa com a intenção de não deixar a série permanecer no mesmo lugar e, assim, fracassar.

Porém, é um tanto quanto evidente que a partir desse ponto a série começa a apresentar sua sobrevida. Como se primariamente seu enredo terminasse em cinco anos. Produzindo uma sexta temporada com vinte dois episódios que mais parecem desafios criativos do que a sequencia natural da série.

Com a intenção de explorar com mais cuidado a afirmação, seguiremos a lista de episódios.

Após um bom retorno com O Principio, a série retoma sua rotina com o episódio Dirija! com a dupla de agentes investigando um caso a partir de uma perseguição policial que vêem na televisão. Tem-se, em seguida, Triângulo, o primeiro episódio apresentar uma narrativa inovadora no ano. Muitos, na época, consideraram o episódio uma obra prima, que utiliza-se do triangulo das bermudas para criar um espaço temporal que insere Mulder no pré guerra. Mas tal episódio nada acrescenta a série, além de um beijo curioso entre Scully e o diretor adjunto Skinner.

Terra dos Sonhos, parte I e II, toca o efeito da passagem do tempo novamente, dessa vez devido a um vôo rasante de um Óvni, que faz com que Mulder e um oficial da Aeronáutica troquem de corpos. A trama apresenta bons momentos e é o primeiro dos segmentos cômicos da temporada.

Laços de Ternura, A Dança da Chuva e Tithonus são episódios de narrativa clássica. Um abordando a origem demoníaca de certos filhos em uma cidade, outro a história de um homem que, aparentemente, controla o tempo e o último um fotografo que é sempre o primeiro a estar em todas as cenas dos crimes para fotografar o momento agonizante da morte. Ttramas que retomam bem o estilo mais cru do início da série.

Como Os Fantasmas Estragaram o Natal é o segundo exercício narrativo da temporada. Investigando uma casa mal assombrada, a dupla fica presa e, na noite de natal, é induzida por dois fantasmas a se matarem. Embora a história seja interessante, não empolga.

SR. 819 tenta ser uma trama mais sólida, colocando Skinner como personagem central com um vírus que quase o mata. O objetivo do episódio é demonstrar o quanto Skinner pode ter sua vida perdida por aqueles que buscam destruir Fox Mulder e Dana Scully. Porém, assim como Alex Krycek aparece ameaçando-o, some de repente, não dando concretude a trama.

Dois Pais e Um Filho, segundo episódio duplo do 6º ano, retoma a história de Cassandra Spender, a paciente X, com uma bela narrativa mitológica. A trama avança sobre as revelações que permearam a série e mostram a personalidade dúbia do Canceroso.

Arcádia prossegue como mais um roteiro criativo, em uma aparente comunidade fechada perfeita, repleta de regras, onde, possivelmente, há um monstro assassino por trás. O episódio funciona e a dupla interpretando um casal recém mudado para o condomínio resulta em bons diálogos sarcásticos.

O Perigo Vem da Água é uma versão mais branda do ótimo Terror no Gelo, da primeira temporada. Dessa vez os agentes estão em uma cidade quase submersa devido as chuvas e um monstro marinho os ataca. Apesar da sensação de mais do mesmo, o episódio se mantém.

Segunda-Feira brinca com o conceito temporal exibido no filme Feitiço do Tempo, levando a um Fox Mulder que, todo dia, tem sua Segunda Feira repetida até fazer o certo para o dia mudar. A trama é correta, é interessante, mas é nítido a fuga da intenção inicial da série.

Alfa é um dos episódios mais fracos da temporada, e, normalmente, quando os roteiristas resolvem abordar animais assassinos o resultado é uma trama que não possui muita profundidade, muito menos diversão. O mesmo acontece com Trevor, um presidiário que sobrevive a um furacão e tenta recuperar seu filho. Mesmo com a trama parecida com os primeiros episódios da série, a essa altura, já não resulta em uma trama boa.

Milagro e A Viagem são os últimos momentos do ano que se apegam a uma história mais padrão da série. A primeira sobre um escritor que transforma em realidade tudo que escreve, e a segunda sobre uma droga alucinógena que resulta no pior momento do ano, devido a uma história que anda de maneira devagar e abusa de efeitos mal feitos.

Retomando a história dos Pistoleiros Solitários, Trio Inseparável retoma a história vista na quinta temporada, sobre Suzane Modeski, anos após os acontecimentos que fizeram Mulder encontrar o trio.

Primeiro episódio a ser dirigido e escrito por David Duchovny, O AntiNatural é, novamente, uma fuga dos bons argumentos da série, narrando a história de um jogador de baseball que é tão excelente que seria, na verdade, um alienígena. Além do chamariz da estréia do ator como diretor e roteirista da série, o episódio não possui muito charme.

Finalmente, pela primeira vez na história da série, um gancho final apresentando um episódio mitológico e ruim, bem inferior a todos até então. Biogênese revela um artefato misterioso encontrado na África, de provável origem alienígena que teria passagens da Bíblia, do Corão e diversos outros livros sagrados. A parte mais infeliz da trama é que o tal artefato causa alucinações em Mulder, que termina a temporada preso em um manicômio com Scully partindo para o local onde encontram o artefato, a Costa do Marfim, para tentar ajudá-lo. Uma finalização um tanto quanto desesperada para inserir o agente dentro do contexto da mitologia que, nesse próprio ano, teve finalizações grandiosas.

Apresentado os episódios, um a um, tem-se a sensação que a sexta temporada mais fugiu do argumento da série do que apresentou uma boa continuidade. É evidente que em cada temporada da série um ou outro episódio que apresentasse uma narrativa diferente era recebido com muito carinho. Mas quando os papeis se invertem, e mais tem-se desvios criativos do que o desenrolar natural da série, percebemos nítidas falhas. Falhas internas, no processo de criação que deveriam ter encerrado a série do que ter expandido-a dando a sensação de estar oca por dentro.