Diretor: Len Wiseman
Atores: Colin Farrell, Kate Beckinsale, Bryan Cranston, Jessica Biel
Mais uma vez, a confortável segurança se destaca em Hollywood. Mais vale uma regravação com bilheteria garantida do que um argumento inédito. O escolhido da vez é O Vingador do Futuro, ficção científica baseada em um conto de Philip K. Dick, dirigida por Paul Verhoeven e estrelada por Arnold Schwarzenegger no auge.
Como comparações tornam-se inevitáveis, a medida a se seguir é o distanciamento. Deixam de lado o brucutu e selecionam um ator sem porte musculoso – sem carisma, também, diga se de passagem - e um diretor que em nada se parece com o original, mas tem em seu currículo uma franquia famosa – Underworld, Anjos da Noite – e a direção de Duro de Matar 4.0. É o suficiente para entregar o mesmo produto sem as características que o fizeram especial.
A trama gira em torno de dois polos mundiais que sobreviveram após uma guerra: A União da Bretanha – centro enriquecido – e a Colônia – onde vive a maioria da população em um ambiente sobrecarregado. Douglas Quaid tem sua vida revirada quando ao se aventurar em um programa que simula a realidade, descobre que pode não ser quem acreditava.
Embora com a base igual, a grande diferença geral entre filmes de ação de décadas passadas e contemporâneos é a mudança de polo narrativo. Mantendo um exemplo dentro da carreira do próprio Schwarzenegger, em Comando Para Matar temos um filme simples de um pai que transforma o mundo em sua guerra particular para salvar a filha. E mais nada. Os argumentos eram mais simples, as motivações mais superficiais e, em um filme de ação, é o bastante.
Hoje temos personagens que além de tentarem salvar sua família ou a própria pele estão preocupados com um elemento social maior do que si. Na trama de 1990, que confesso não lembrar com precisão para citar diferenças, há uma preocupação muito maior em Quaid de descobrir quem se é. Nesta regravação, além desse objetivo, há um elemento superior, a reviravolta que surge como obrigação para esconder uma história sem fôlego. Como se não coubesse mais nos filmes deste estilo uma personagem caminhar para uma jornada de auto conhecimento colocando abaixo tudo e todos que estão contra ele.
A única cena eficiente de ação é revelada pelo trailer, quando Quaid na sede da Recall ataca uma equipe de policiais. Realizada de maneira ágil, com uma câmera que circula a ação, avançando e retrocedendo, a sequencia é boa mas destoa do resto do filme.
Quem mais derruba a produção é a personagem contraposta a figura central, Lori Quaid, vivida por Kate Beckinsale. Sua interpretação é tão exagerada que não há suspensão de descrença que justifique a afetação. Sua vilã seria mais característica dos tais filmes de ação passados do que nessa releitura mais próxima de um futuro real.
De fato, a concepção realista tem feito mal para diversos filmes. Tem sido prisão para que muitos gêneros se condensem em uma fórmula frouxa. Negando uma tradição erigida há mais de cem anos, tem-se perdido a base do que é uma boa história a ser contada para o público.
A nova versão de O Vingador do Futuro é uma prova desta afirmação. Uma regravação que não acrescenta nada pois não tem nem arroubo original, nem se esforça para ser bem feita, nem que fosse apoiada em clichês.
Porém, ainda que em um papel secundário, o excelente Bryan Cranston anima. Provando que mesmo sem destaque no cinema vem crescendo pelas pontas e, em breve, bem provavelmente, começará a ser estrela principal de seus filmes.
A nova versão de O Vingador do Futuro é uma prova desta afirmação. Uma regravação que não acrescenta nada pois não tem nem arroubo original, nem se esforça para ser bem feita, nem que fosse apoiada em clichês.
Porém, ainda que em um papel secundário, o excelente Bryan Cranston anima. Provando que mesmo sem destaque no cinema vem crescendo pelas pontas e, em breve, bem provavelmente, começará a ser estrela principal de seus filmes.