domingo, 13 de novembro de 2011

Pearl Jam, PJ20, 04 de Novembro, Morumbi - São Paulo

Por Karina Audi

01 – Go
02 – Do The Evolution
03 – Severed Hand
04 – Hail Hail
05 – Got Some
06 – Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town
07 – Given To Fly
08 – Gonna See My Friend
09 – Wishlist
10 – Amongst Waves
11 – Setting Forth (Eddie Vedder)
12 – Not For You
13 – Modern Girl
14 – Even Flow
15 – Unthougt Unknown
16 – The Fixer
17 – Once
18 – Black
(Bis)
19 – Just Breathe
20 – Inside Job
21 – State Of Love And Trust
22 – Olé
23 – Why Go
24 – Jeremy
Bis)
25 – Last Kiss (Cover de Wayne Cochran)
26 – Better Man
27 – Spin the Black Circle
28 – Alive
29 – Baba O’Riley (Cover do The Who)
30 – Yellow Ledbetter


(Foto de Eddie Vedder por M Rossi (com logo da turnê inserido pelo blog) e Foto da banda por Ronaldo Chavenco)

Lá na década de 90, quando o Youtube e o Grooveshark eram coisas tão impensáveis quanto guardar músicas em formato mp3 em pequenos dispositivos de memória do tamanho de uma embalagem de Halls, o momento mais feliz do mundo era sintonizar a MTV naquela TV de 20 polegadas da sala da casa dos seus pais, torcendo para ter a sorte de pegar algum clipe bom da banda do momento. Naqueles anos, o canal inspirava-se de ótimas bandas do sub-gênero do rock em voga naquele atual momento: o grunge, que atingiu popularidade comercial principalmente com o lançamento do Nevermind do Nirvana. Até então, a forma de produção e divulgação das bandas influenciadas pelo punk rock, rock clássico dos anos 70 e particularmente pelo Melvins, em razão da “sujeira” das guitarras e experimentalismo exacerbado, dependia da boa vontade dos próprios músicos que faziam o que podiam para sobreviver longe da influência (e patrocínio orçamentário) das major labels.

O Pearl Jam foi uma dessas bandas que, com o impacto do sucesso, não se adaptou tão bem à escalada (natural, pois bem) do mainstream. O Vitalogy, terceiro álbum de estúdio da banda, quase não pode ser lançado em razão de brigas internas e discussões com a gravadora Epic e a Ticketmaster, que resultaram em boicotes à shows e a recusa em produzir videoclipes, cuja pressão de fazê-los partia da gravadora. Tempos difíceis que foram superados com a união e amizade dos músicos preparados para uma carreira promissora, mas que passaram anos e anos negando seu próprio sucesso.

Para a sorte de nós, fãs, a banda continuou na estrada e nos presenteou no dia 4 de novembro com um belíssimo show da turnê PJ20, pela comemoração de seus 20 anos. A apresentação no Estádio do Morumbi, que foi a segunda de uma série de cinco em terras brasileiras, foi marcada pela energia e vitalidade, elementos em falta em bandas jovens atuais, e que encantaram o lotado estádio com mais de 60 mil pagantes.

O quinteto formado por Eddie Vedder, Stone Gossard, Mike McCready, Jeff Ament, e Matt Cameron subiu ao palco às 21h15 com Go, essa que, apesar do frio daquela noite, nem na metade da música fez seu vocalista tirar a jaqueta que vestia, seguida da energizante Do the Evolution, que fez o estádio inteiro pular – e sem exageros. Ouvir aquela música, para mim, foi lavar a alma, já adiantando o que o show traria pela frente. Depois dela foram Severed Hand, Hail Hail, Got Some e Elderly Woman Behind The Counter in a Small Town, bela música cujo refrão formou um coro cantado por todos os lados. A agitada Gonna See My Friend fez uma ponte entre as calmas Given to Fly, tocada anteriormente, e Wishlist, cuja letra esperançosa ganhou destaque na voz marcante de Vedder e na intensidade das guitarras de Gossard e McCready ao vivo.

Depois de Amongst the Waves, Vedder deu um pequeno gostinho de seu disco com a trilha sonora do filme Into the Wild (Na Natureza Selvagem) com Setting Forth. Logo, Not For You, a música mais classic rock do Vitalogy, e uma pequena homenagem ao Sleather Kinney, banda de punk rock feminino dos anos 90, com Modern Girl são tocadas para abrir passagem a outro sucesso da banda: Even Flow, do disco Ten, canção gritada pelo público com vigor. Unthought Known e The Fixer, ambas do Backspacer de 2009 são seguidas por Once (Ten), que levou o público novamente aos pulos, gritos e clamor.

Não tenho palavras para explicar a sensação de ouvir o hino grunge Black, também do Ten e o “tchu rurururu” cantado pelo público por vários minutos em uníssono, e Vedder e sua turma voltando ao palco para atender aos pedidos do bis. São aqueles momentos em que as coisas bonitas da vida aparecem de imediato...

Vedder elogia o público brasileiro, agradecendo e até arriscando um português esforçado, dizendo que prefere falar em inglês: “porque o meu português é uma m....”. Tudo bem, pela sua energia no palco, simpatia, e sua voz grave e perfeita a gente perdoa. O show segue com Just Breathe, e Inside Job (essa que teve uma parte composta no show da turnê realizado no Brasil em 2006). Aí em diante, um show de canções conhecidas: State of Love and Trust, Why Go, e a clássica, como não poderia deixar de faltar: Jeremy – que não teve vez no primeiro show da turnê no Brasil, no dia anterior. Last Kiss entra com o segundo bis, com direito a palminhas e tudo, seguida da boa e esperada do disco Vitalogy, Better Man – essa com homenagem ao Ramones com Vedder emendando no final um I Wanna be your boyfriend -, e a gritada Spin the Black Circle do mesmo disco. Confirmamos o talento de seu baterista, Cameron, rápido e preciso, feitos demonstrados em todo o show e destacado nessa música.

Para encerrar o show, Alive mostrando a que veio, e novamente a esperada cover, que ao contrário do show do dia anterior não foi Rockin in the Free World do Neil Young, mas sim Baba O’Riley do The Who. Boa troca? Não sei... mas que a música ficou sensacional, ficou. Encerrando, a belíssima Yellow Ledbetter, escolha feita também no show do dia anterior e que acompanha a turnê.

Posso concluir com toda a certeza a superioridade e competência do Pearl Jam demonstradas nas duas horas e quinze minutos de apresentação. A banda sustentou seu talento, apesar de suas recusas anteriores em se firmar como uma banda de rock de sucesso. Mas não precisamos procurar muito para saber que essa é uma consequencia de um empenho e esforço em produzir som de qualidade, com energia e vigor há 20 anos – nitidamente vistos na noite fria do dia 4 de novembro.


3 comentários:

  1. Nem na metade do post eu já estava batendo a cabeça na parede e me perguntando que porra eu estava fazendo que não fui nesse show? AAAAAAAAAAAAAAA

    ResponderExcluir
  2. Sua primeira colaboração para o blog foi estupenda.

    Obrigado =]

    ResponderExcluir
  3. 04/11 eu estava lá...graças à Deus!! Na pista, grudada na grade, tive unha arrancada por pisões no pé, mesmo assim, viveria tudddoooo de novo agora mesmo. De todos os shows que assisti, Pearl Jam me encantou pela simplicidade da produção, carisma da banda, as músicas e The Who...fui ao delírio

    ResponderExcluir