O mundo acabou. A luta apenas começou.
A ficção científica é um dos poucos universos que possui um estilo próprio. Sua lógica trabalha de maneira dupla. Não se preocupa, apenas, em apresentar o universo peculiar do gênero: tecnologia desconhecida, um futuro devastado sem explicação recheados de efeitos especiais.
Mas também potencializa dramas e conflitos intrínsecos da natureza humana. Usando a ambientação diferenciada a seu favor, usufruindo de sua estética contra um enredo vazio, mais comum aos filmes de ação.
Por seu construto único, formado de um ambiente permeado de isolamento, intensificando relações interpessoais, que aproximo, sem engano, a ficção científica do western. Ambos são regidos por parâmetros próprios que, fora de seu foco, não funcionam de maneira eficaz. Um homem do oeste americano, lutando por sua vida em uma batalha psicológica com outro homem engendra a mesma dinâmica da raça humana que criou andróides agora incontroláveis.
Produzida entre 2003 a 2009, Battlestar Galáctica é uma recriação da série homônima do final dos anos setenta. Sem dúvida, é a série contemporânea que utiliza-se melhor dos elementos únicos do gênero e, mesmo em sua primeira temporada, é possível vislumbrar a magnitude total de seu enredo.
Boa parte da exuberância narrativa vista na tela sustenta-se pois, ao contrário de produções cinematográficas, ou mesmo outras séries, Battlestar não se preocupa em utilizar seu tempo de maneira demorada.
O episódio piloto da série, uma mini série apresentada em capítulos originalmente, possui três horas de duração. Tempo suficiente para que a base da história principal se desenvolva e o público compreenda a motivação inicial das personagens.
A composição delas é mais um dos grandes méritos da série. Nenhum personagem surge na trama por acaso, como um escape frouxo. Personalidade e caráter são bem lapidados, sendo impossível não ter preferência por alguns dos tripulantes das naves.
Além das personagens, o universo da série se torna rico por ser próximo daquele que conhecemos, mas não ser a mesma Terra em que habitamos. Desenvolvendo uma excelente ligação com o mundo real, mas mostrando um universo ainda inexplorado.
A base da história – sem revelar uma linha a mais do necessário – apresenta humanos que, como nós, desenvolveram-se ao lado da tecnologia. Produzindo andróides capazes de realizar tarefas mas que evoluíram ao ponto de ter raciocínio. Acontecendo um embate inevitável que, mesmo após uma trégua, parece voltar a tona.
A série foi lançada na íntegra no Brasil. Tanto dividida por temporadas como em uma caixa especial que, além da série, traz um pobre libreto, e nada mais.
A primeira temporada demonstra bastante estilo e bom nível de excelência. Fazenda supor, com razão, todos os méritos que a série possui, crítica e público afora.
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