segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Semana em Filmes (15 a 21 de Agosto)



A Caixa (The Box)

Dir. Richard Kelly


Responsável por direção e roteiro do interessante Donnie Darko, Richard Kelly cujo início de carreira foi promissor, aponta o complexo problema de um diretor cujo primeiro filme foi composto por reviravoltas e temas obscuros.
Baseado em um conto de Richard Matheson, autor de Eu Sou a Lenda, já adaptado para as telas em um segmento da série Além da Imaginação, A Caixa não se contenta em apenas ser uma trama com uma história sombria.
O recurso de terror que serve como mote é bastante legítimo, assustador em sua essência. Nos apresentando um casal, cujo dinheiro para sustentar a família não é alto, que tem a opção de ganhar uma maleta de dinheiro se apertar o botão de uma misteriosa caixa. Como resultado de tal ação, alguém no mundo irá morrer.
Um argumento que, por si só, funcionaria como drama principal, nas mãos de Kelly se transformou em apenas mais um elemento para uma trama que intenta se explicar, apoiando-se em explicações religiosas, de cunho profético, para enfatizar que, além da história assustadora de uma caixa mortal, há um enredo pronto por trás.
Porém, averso a tais explicações, o gênero de terror raramente gera uma produção com detalhes explicativos e de qualidade. Transformando um bom argumento em uma história cheia de absurdos.



Príncipe da Pérsia - As Areias Do Tempo (Prince of Persia: The Sands of Time)

Dir. Mike Newell



Criado no final da década de 80, o jogo O Príncipe da Pérsia é até hoje, mesmo com sua precariedade gráfica, um primor em diversão. Desde seu lançamento, o jogo já recebeu atualizações de visual e diversas seqüências que deslocam a ação simples de seu primórdio e insere o príncipe em cenas muito mais elaboradas tanto gráficamente como de jogabilidade.
Seguindo a parcela de adaptações de vídeo games para as telas, Príncipe da Pérsia – As Areias do Tempo poderia se tornar uma grande produção por sua boa história e a exploração de uma sociedade antiga, argumento que, normalmente, rende boas produções. Mas a cargo da Disney, a mesma que realizou a trilogia dos Piratas do Caribe, a produção foi formatada para ser um filme família.
Tudo intenta ser direcionado para agradar crianças e o público em geral. A história que poderia ser sombria é tratada de maneira a parecer uma lenda antiga. A figura do príncipe apresentada desde a infância é a de uma menino pobre resgatado pela família do rei. Não bastando isso tem, em semelhança ao jogo, extrema habilidade física – as cenas de ação configurariam o primeiro adepto do Le Parkour.
As semelhanças para se adequar ao formato não cessam. Há até mesmo uma das personagens vilanescas interpretada por um grande ator, mais conhecido por seus papéis dramático, como Geofrey Rush foi para a trilogia pirata.
As tais Areias do Tempo, anunciadas até no título, funcionam apenas para criar as intrigas da trama, que inclui até uma princesa que, a principio, odeia Dastan, o príncipe, e passa o tempo todo soltando frases e frases de efeito.
Sem dúvida, o formato pode divertir crianças e ser um programa para a família. Mas joga ao vento um argumento interessante que, nas mãos de outro estúdio, seria produzido a altura da fama de seu jogo.



Verônika Decide Morrer (Veronika Decides to Die)

Dir. Emily Young


Primeiro encontro de Hollywood com o escritor popular brasileiro Paulo Coelho, Veronika Decide Morrer aborda em linhas não tão profundas o vazio existencial no interior dos humanos.
Veronika é uma mulher de 28 anos que possui uma vida estável. Porém, em um arroubo de tristeza e vazio, decide que o término da vida é o caminho mais favorável do que uma existência sem sentido.
Mesmo que a obra de Paulo Coelho seja vista com maus olhos por parte dos leitores, há boa sustentação na cena de abertura da produção, apresentando um monólogo da personagem central sobre a sociedade contemporânea. Mas basta a personagem passar por sua experiência de quase morte e despertar em uma instituição que todo potencial de uma trama mais densa é diluída.
A construção do enredo mantém-se ao redor das análises que a personagem tem com um psicólogo e de sua compressão - e atração - por outro interno, que emudeceu desde que sobreviveu ao acidente que matou sua namorada.
Mais infeliz do que uma trama rasa é aquela que procura explicitamente um fundo moralizante, passando uma mensagem explícita e óbvia ao público em seu final. E as cenas que fecham essa produção, com direito a amanhecer e mensagem positiva chegam a tocar o patético.



Os Mercenários (The Expendables)

Dir. Sylvester Stallone


As produções de ação da década de 80 obliteraram seus astros, não deixando nenhum incólume pelo tempo. Até mesmo o mais plural deles, Bruce Willis, há tempos não consegue conquistar bom espaço na bilheteria ou estrelar filmes que, de fato, primem pela qualidade.
Sylvester Stallone sabe que sua fama é uma relíquia. Seus personagens são uma página virada na história cinematográfica que hoje visa heróis humanos que sangram e demonstram esforço para conquistar seus ganhos.
Mas Sly, um apelido tradicional do ator, tem conhecimento de que seu estilo de cinema, mesmo que fora de seu auge, atraí grande público. Pois é uma das traduções do significado do cinema pipoca. Em nenhum outro estilo pode-se ver explosões, tiros e ação descerebrada sem nenhum tipo de preocupação.
Reunindo medalhões contemporâneos e astros passados, Os Mercenários traz melhor da definição dos cinema dos brutalhões: uma trama rasteira, ação do começo ao fim e o rosto intocável e torto que só Stallone tem.
Apresentando um grupo de mercenários que realizam qualquer tipo de missão, desde que bem paga, a equipe é contratada para derrubar o general Garza, ditador da ilha de Vilena no Golfo – motivo pelo qual Stallone veio ao Brasil. O fiapo de história, envolvida no maniqueísmo personagens bons e personagens muito maus, é apenas motivo para as cenas de ação.
Apesar do bom bale nas coreografias, os efeitos especiais não são tão completos, muitas vezes fazendo com que o sangue soe artificial demais, embora não cause tantos danos.

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