Os Mercenários
Dos monstruosos astros de ação criados na década de oitenta, Sylvester Stallone é o único dentre eles que continua na ativa. Mesmo após uma fase produções que não conquistaram público – O Implacável, Alta Velocidade, D-Tox – Sly deu a volta por cima a revitalizar, com cuidado, a saga de seu boxeador, Rocky Balboa.
O sucesso de crítica e público deu impulso necessário para o ator não só trazer a tona outra de sua personagem iconica, Rambo, pouco se importando se já era um ator de ação sexagenário e galgar novas idéias para produções.
O ator tem consciência que o tipo de papel para que nasceu, único papel que fez durante toda a vida, é de um herói que não é mais atual com seu tempo. Assim, seu novo projeto apóia-se nessa certeza e tende a apresentar o melhor filme de ação dos últimos tempos reunindo todo o potencial destrutivo de heróis e anti-heróis atuais e antigos.
Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Mickey Rourke e participações de Bruce Willis e do governador Schwarzenegger fazem de Os Mercenários uma produção imperdível, que dará vazão a diversas explosões, saudando o melhor da ação sem cérebro.
O único que ficou de fora foi Jean-Claude Van Damme, o astro belga que amarelou, mas participa indiretamente em uma cena do filme em que Stallone tira um sarro de sua desistência.
Como se não bastasse o bom elenco, a produção ganhou notícia pelos comentários maldosos que Sly fez sobre o Brasil e sobre um possível calote que a produtora Millenium teria dado na Produtora O2, de Fernando Meirelles que, após o término das filmagens do Brasil, alegam, não viram mais a cor do dinheiro, muito menos um possível pagamento em macacos, como diria Sly. A empresa americana alega que todo o dinheiro foi encaminhado a produtora, significando que essa história terminará para acabar.
De qualquer maneira, é provável que tal briga só aumente a curiosidade de muitos para assistir a essa produção que tem tudo para ser a melhor de ação nesse ano ainda morno. Unindo os melhores de antes e hoje, em uma produção que não poupará tiros, muito menos sangue.
O Último Mestre Do Ar
Avatar: A Lenda de Aang, produzido pela Nickelodeon americana utilizando-se da estética japonesa em seus traços, é um dos grandes desenhos feitos nos últimos tempos.
Sua história cativante é contada na medida certa, unindo com boa dose de sabedoria o drama e a comédia. Apresentando personagens que não se configuram completamente na estética do bem e do mal. Mas criadas de maneira complexa, podendo tanto agir pelo bem ou pelo mal. Sem maniqueísmos.
Era natural que em dado momento tal produção encontraria os cinemas. Quem já foi expectador do desenho seriado, sabe que seus elementos são naturalmente cinematográficos, dando a impressão que uma adaptação seria realizada sem dificuldades.
Infelizmente quem foi convocado para tal missão foi o indiano M. Night Shymalan, diretor que prossegue em sua queda meteórica, passando a impressão de que seus três primeiros grandes filmes – O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais – mas foram movimentos de sorte, do que talento.
Em 2006, após o fracasso de A Dama da Água, o diretor já apresentava problemas em encontrar quem produzisse seu seguinte filme, Fim Dos Tempos, afirmado pelo próprio como um drama ecológico. Shymalan conseguiu apoio da Fox e, novamente, decepcionou em seu sexto longa autoral. A decisão evidente e mais sábia dos estúdios, foi a de dar ao diretor uma adaptação, que conseguisse galgar um pouco de seu prestígio de volta. Afinal, é raro destruir uma adaptação, ainda mais de um desenho composto com tantos detalhes. Mas, aconteceu.
Basta acompanhar o trailer de O Último Mestre do Ar – título já modificado pelo filme dos azuis de James Cameron – para notar que uma mudança significativa ocorreu na trama. As tribos apresentadas no desenho foram descaracterizadas, aparentemente por não serem a imagem vigente que todos acostumam ver nos filmes. Assim, os irmãos Sokka e Katara, morenos da Tribo da Água, viraram brancos de olhos azuis, e o vilão, da Tribo do Fogo, uma tribo obviamente oriental, ganhou contornos indianos. Afinal, os indianos, para os filmes americanos, são o novo negro / russo.
Ainda que, pelos trailers, os efeitos especiais pareçam bonitos. A descaracterização das personagens soa patética, perde a identificação do público dos quadrinhos que acabam somando mais um motivo para não gostar do diretor já decadente.
Lá fora, o filme foi massacrado sem nenhuma dó. Dos críticos profissionais aqueles que, desapontados, expressavam sua dor em fóruns e em sites cinematográficos. Até mesmo sites de humor já produziram cartazes desejando que O Último Mestre do Ar seja o último filme de Shymalan.
Talvez não seja para tanto, mas a sensação de que a produção decepcione é alta. O que é lamentável, já que a história completa da série talvez nunca ganhe o cinema. Ou, como vem sendo costume recente, ganhe em alguns anos um reboot. Nas mãos de um diretor mais competente e que saiba trabalhar com conteúdo alheio.
Os Mercenários estréia dia 13 em todo Brasil, com cópias dubladas e legendadas e, O Último Mestre do Ar dia 20, também em cópia legendadas e dubladas. É possível que o filme ganhe uma versão em terceira dimensão também. No mês que vem, Setembro, nenhuma estréia, até o momento, é tão esperada. Dessa forma, ainda não definimos o próximo filme.
Não perca no próximo sábado, dia 14, a coluna Alta Fidelidade, um contato mais íntimo sobre arte e afins.
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