Dominação (Lost Souls)
Dir. Janusz Kaminski
Divididos entre céu e inferno, personagens satânicas ganham bem mais status do que seus opostos divinos. A pluralidade de suas ações, bem como os limites, baseados no conceito cristão do Diabo, geraram não só uma lista refinada de filmes de terror como possuem bons filmes no gênero cômico.
Porém, a exploração desses recursos sempre se traduz como limitada. Ainda mais quando, filme após filme, o enfoque seja sempre o mesmo: uma trama em que uma personagem será escolhida como receptor do anti-cristo na Terra, um grupo desacreditado que tenta salvá-lo e um aparato de recursos técnicos – alguma cena inicial de exorcismo e abundante fotografia escura – que buscam um clima.
Tais elementos não bastam – e nunca bastaram – para que se produzisse uma boa história a ser contada. E, mesmo após diversos filmes que fracassam nas telas, a fórmula continua sendo empurrada para o público.
É impossível dar credibilidade a Dominação. Produção que tenta com Winona Ryder apontar alguma qualidade distinta, mas que não traz nada novo. Reunindo os elementos básicos de filme satânico, tentando manter uma trama sem graça que não tem sustos. E somando mais um filme a galeria de péssimas produções sobre o gênero.
É bastante infeliz constatar que os estúdios nunca dão a atenção devida a suas produções de terror. A fórmula do comum funciona para ter certo lucro nas bilheterias, afinal, terror sempre é um bom chamariz, mas deixa de enganar facilmente. O resultado disso são produções efêmeras. Divertem por duas horas e são esquecidas até passarem na televisão. Quando passam.
Vanilla Sky (Vannilla Sky)
Dir. Cameron Crowe
Incompreensão cinematográfica nem sempre é sinônimo de má qualidade. Algumas produções constroem-se na base do estranhamento, a procura de desnortear quem vê.
Sem dúvida, Vanilla Sky gerou diversas incógnitas em seu público, dividindo crítica e tendo uma recepção morta.
Lembro-me da estréia, da expectativa e frustração que tive ao fim da sessão. Revê-lo sempre foi uma vontade. Mas, deixando para depois, nove anos se passaram. Tempo suficiente para compreender boa parte dos detalhes da narrativa.
A história do rico empresário David Aames não é apenas um bom exercício narrativo como uma reflexão. Contrapõe-se uma vida perfeita com beleza, parceiras sexuais, dinheiro a uma vida lacunar em seu interior. Reflete a imagem contemporânea de um homem que pode possuir tudo menos a felicidade.
Tal partícula da felicidade é encontrada na personagem de Sofia que Aames conhece na festa de seu aniversário. Em apenas uma noite em sua companhia, David descobre a ausência de sua vida. Porém, ao amanhacer, paga as contas de um passado de bon vivant ao entrar no carro de sua amante e sofrer um grave acidente que, se não lhe custa a vida, lhe custa boa parte da alma.
A grande apuro técnico na direção das imagens e também nos diálogos. Não só desenvolvendo frases de efeito como outras referências que ficam mais claras após o término do filme.
Assistido com distanciamente de nove anos, após a recepção pública não ter gostado de um filme complexo, Vanilla Sky é uma excelente narrativa que coloca em jogo não apenas um personagem raso, como, com delicadeza, abrange o conceito de sonhos, planos, mentiras e desejos que, muitas vezes, optamos por seguir em vez de viver de fato.
A produção americana é baseada no filme espanhol Preso na Escuridão de Alejandro Amenábar. Muitos dizem que a produção espanhola é mais emotiva e solta que a versão americana, em breve verei para comparar. Porém, sem dúvida, esta produção tem grandes méritos.
Kick-Ass - Quebrando Tudo (Kick-Ass)
Dir. Matthew Vaughn
Atualmente histórias em quadrinhos entram, em definitivo, na lista de produções que, normalmente, funcionam e dão lucro. Tal sucesso resultou, nos últimos anos, diversas adaptações quadrinescas. Tanto dos super-herois graúdos das maiores casas, Marvel e DC, como HQs independentes que, solta de amarras, puderam ser vislumbradas também na tela.
Costuma-se definir o filme Blade – Caçadador de Vampiros, de 1998, como o primeiro filme a chamar atenção de Hollywood em relação aos quadrinhos. Mesmo tratando-se de uma produção pequena, seu sucesso foi alto, não tanto quanto ao retorno financeiro, mas sim a qualidade que tal produção apresentava, demonstrando que sim, era possível fazer histórias boas de heróis.
Segui-se, então, em 2002, a entrada definitiva de um herói no cinema, na produção Homem-Aranha. De lá para cá, diversas histórias em quadrinhos ganharam as telas. Entre histórias inovadoras, uma lista considerável de produções ruins aparecem na lista. Sem contar elementos outrora inovadora que agora beiram o comum.
Costuma-se definir o filme Blade – Caçadador de Vampiros, de 1998, como o primeiro filme a chamar atenção de Hollywood em relação aos quadrinhos. Mesmo tratando-se de uma produção pequena, seu sucesso foi alto, não tanto quanto ao retorno financeiro, mas sim a qualidade que tal produção apresentava, demonstrando que sim, era possível fazer histórias boas de heróis.
Segui-se, então, em 2002, a entrada definitiva de um herói no cinema, na produção Homem-Aranha. De lá para cá, diversas histórias em quadrinhos ganharam as telas. Entre histórias inovadoras, uma lista considerável de produções ruins aparecem na lista. Sem contar elementos outrora inovadora que agora beiram o comum.
A maioria dos grandes heróis já marcam presença na tela e muito já possuem duas produções. Mas, salvo exceções (como Batman - O Cavaleiro das Trevas, Homem Aranha 2, X-Men 2), suas continuações não trazem muita evolução. Fazendo do apelo cômico ou da firme interpretação da personagem central sustentar argumentos não tão fortes.
Em meio a esse cenário, Kick-Ass – Quebrando Tudo é uma produção louvável. Virando as avessas o conceito de heróis, abordando adolescentes nerds comuns, desses que vivem ao seu lado, a história escrita por Mark Millar e desenhada por John Romita Jr. foi adaptada com qualidade para a tela.
Em meio a um mundo cada vez mais violento, onde muitos observam e nada fazem, Dave Lizewski, um nerd leitor de quadrinhos, resolve ser o primeiro super herói a ajudar o próximo. Não que a tarefa seja fácil.
Por ser uma trama que satiriza o conceito dos quadrinhos dentro do mesmo universo, há coerência na trama para apelar diversas vezes para o riso e, ainda assim, ser rica com um bom argumento.
A direção ficou a cargo de Matthew Vaughn, que já havia transposto para a tela outra história quadrinesca, Stardust, de Neil Gaiman. A direção de Vaugh é bastante precisa e as cenas de ação com cortes rápidos deixam a açãoágil e apurada, fazendo o máximo para que o público integre-se nas cenas.
Não só a trama e direção, como também as personagens são bem delineadas. Até mesmo Nicolas Cage, ator que anda deslizando nas atuações, apresenta um herói – Big Daddy – seguro de si. Sem contar a atriz mirim Chloe Moretz bem a vontade como a incrível heroína Hit Girl.
Quase dez anos depois do boom dos quadrinhos no cinema, mesmo com diversas produções apresentando cansaço, é bom descobrir que ainda há espaço para boas histórias adaptadas do mundo da banda desenhada que, não só brincam com o próprio conceito das histórias, como, no caso de Kick-Ass, é uma das histórias mais politicamente incorreta dos últimos tempos.
A produção estréia no Brasil dia 11 de Junho e O Que Dr. House Diria? recomenda.
Em meio a um mundo cada vez mais violento, onde muitos observam e nada fazem, Dave Lizewski, um nerd leitor de quadrinhos, resolve ser o primeiro super herói a ajudar o próximo. Não que a tarefa seja fácil.
Por ser uma trama que satiriza o conceito dos quadrinhos dentro do mesmo universo, há coerência na trama para apelar diversas vezes para o riso e, ainda assim, ser rica com um bom argumento.
A direção ficou a cargo de Matthew Vaughn, que já havia transposto para a tela outra história quadrinesca, Stardust, de Neil Gaiman. A direção de Vaugh é bastante precisa e as cenas de ação com cortes rápidos deixam a açãoágil e apurada, fazendo o máximo para que o público integre-se nas cenas.
Não só a trama e direção, como também as personagens são bem delineadas. Até mesmo Nicolas Cage, ator que anda deslizando nas atuações, apresenta um herói – Big Daddy – seguro de si. Sem contar a atriz mirim Chloe Moretz bem a vontade como a incrível heroína Hit Girl.
Quase dez anos depois do boom dos quadrinhos no cinema, mesmo com diversas produções apresentando cansaço, é bom descobrir que ainda há espaço para boas histórias adaptadas do mundo da banda desenhada que, não só brincam com o próprio conceito das histórias, como, no caso de Kick-Ass, é uma das histórias mais politicamente incorreta dos últimos tempos.
A produção estréia no Brasil dia 11 de Junho e O Que Dr. House Diria? recomenda.
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