O início de uma das séries mais audaciosas já produzida
Se, por um lado, como muitas vezes exposto nesse espaço, a década de 90 teve pouca séries relevantes, com diversas produções ruins; por outro, aquelas que funcionaram vieram a se tornar um marco que deram base e impulso para as vastas séries americanas atuais, que andam possuindo mais qualidade do que seu cinema.
Lançada em setembro de 1993, a série Arquivo X tornou-se um marco na televisão e um fenômeno. Abocanhou uma legião de fãs fiéis introduzindo em pleno horário nobre da programação americana uma série ousada cuja temática envolvia tudo aquilo que beira o inexplicável, seja sua história central envolvendo uma conspiração entre o governo e alienígenas, como outros bons argumentos que se utilizam, muitas vezes, do estranho e do bizarro como fio condutor.
Tal exposição ao surreal não seria bem realizada se não fosse embasada por bons parâmetros concretos. Assim, o idealizador da série, Chris Carter, introduziu os chamados Arquivo X como uma divisão própria do FBI, alimentada por somente um federal, e uma das personagens centrais da trama, o agente especial Fox Mulder, que em sua infância assistiu a abdução de sua irmã mais nova, fato que o marcou para sempre e o deixou obcecado por descobrir os fatos por trás de fenômenos inexplicáveis.
A série tem início quando uma segunda agente, Dana Scully, formada também em medicina, é convocada para acompanhar Mulder nos casos que investiga. Seu objetivo é introduzir um pouco de ciência nas teorias sem fronteiras apresentadas pelo agente especial e, na medida do possível, vigia-lo. Cria-se desde o início um dos casais icônicos da década e uma química impressionante e irreparável, entre uma personagem mergulhada em suas crenças e outra cuja a ciência é sua força.
A primeira temporada da série introduz seus elementos consagradores, que acompanhariam a narrativa, e seu sucesso, até o final. Os vinte e quatro episódios dessa temporada tentam se equilibrar entre a trama mitológica da série e se expandir por outros elementos e investigações que também beiram os limites da ciência.
Após mais de quinze anos de lançamento dessa temporada, é notável que certos argumentos perderam sua força. Porém, mesmo nos episódios mais fracos, a boa química do casal e os diálogos bem conduzidos, reforçam a qualidade da série, que nos melhores episódios do primeiro ano demonstra bom primor.
Inevitável, também, é a comparação com Fringe. Que, evidentemente, bebe direto da fonte dessa série, valendo-se de argumentos parecidos como a exploração daquilo que é inexplicável, beirando a ciência e de sua progressão de episódios em casos investigados. Mas tal comparação cessa aí - ainda que minha opinião seja parcial, visto que sou fã de Mulder e Scully desde sua exibição na televisão - é fácil perceber os elementos que Fringe copia – muito mal – da série, deixando-a bem abaixo da boa qualidade de séries atuais.
As nove temporadas de Arquivo-X encontram-se disponíveis em dvd. Sendo um dos primeiros boxes lançados pela Fox. Infelizmente as legendas brasileiras são recheadas de erros. Não só erros de digitação e concordância, como traduções que mudam no próprio episódio. É nítido que não houve nenhuma revisão. Sem mencionar que as datas, horas e localidades aonde estão os agentes nunca é traduzida. Ou você tenta acompanha pelos escritos em inglês que surgem na tela ou, quem não é capaz de compreender, pode se perder.
Atualmente, os boxes estão em embalagem econômica. Mas sua primeira edição – que ilustra essa resenha - era um belo atrativo para os olhos, com caixa digipack e uma luva metálica cobrindo-a.
O ano um da série é só o primeiro ato de uma série bem fundamentada e incrível que será acompanhada até o final. Desde seu lançamento na televisão, apenas revi as temporadas iniciais em dvd e com um longo espaçamento de tempo. Portanto, dessa vez estou acompanhando a série sem pausas, para analisá-la, não só temporada a temporada, como para compreendê-la em sua dimensão total. Assim, daqui a quinze dias a resenha da próxima temporada estará no blog e seguirá dessa maneira, sucessivamente, até a conclusão da série, em sua nona temporada.
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