segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Semana em Filmes (27 de Setembro a 03 de Outubro)

À Deriva (À Deriva)

Dir. Heitor Dhalia


Após duas inserções profundas – tanto no aspecto visual – no caráter humano, Heitor Dhália apresenta À Deriva, produção mais linear que os filmes anteriores mas que não perde sua densidade e grande alusão a metáforas.
Nas palavras do próprio diretor, a idéia central da produção é travar um embate Edipiano, entre Matias e Filipa, pai e filha que possuem bons laços de amor paternal mas que são rompidos quando a garota descobre que o pai possui uma amante, ao mesmo tempo que tem o afloramento de sua sexualidade. Dhália diz que a história do filme foi inspirada em sua infância, no ambiente em que viveu.
A ambientação, nos anos 80, em Búzios, é um dos fatores determinantes para criar diversas simbologias que são denominas desde o título e não se traduzem em palavras, mas sim em pequenas e preciosas cenas expressivas e simbólicas.
A força da história, bem como seu conflito, não teria o mesmo efeito se as personagens centrais não fossem bem delineadas.. A estreiante Laura Neiva demonstra bastante segurança em seu papel e o francês Vissent Cassel comprova sua habilidade até mesmo em outra língua que não sua nativa. É comum muitos atores perderem a linha quando estão em um papel fora de sua língua mãe. Porém Cassel, por conhecer a língua portuguesa há certo tempo, não só demonstra bom domínio dela – permeado por seu sotaque francês – mas como é hábil para mostrar minúcias na fala de Matias. Déborah Bloch, representando a mãe decadente de Filipa e esposa de Matias, é outro ponto central da trama e não precisa de apresentações quanto a seu talento.
Dando continuidade a sua excelente - e pertubadora - filmografia, À Deriva é mais uma produção que toca em um dos cernes fundamentais do comportamento humano, e seu resultado é um drama sensível e doloroso, além de um espetáculo aberto para diversas imagens poéticas.




A Proposta (The Proposal)

Dir. Anne Fletcher


Sandra Bullock foi, por um certo tempo, uma das queridinhas da América. Hoje em dia é difícil encontrar qual atriz preenche esse quesito, se é que ainda exista. O fato é que a atriz esta de volta nas comédias, tentando – em vão – reconquistar um pouco de seu sucesso, que já lhe rendeu boas produções do gênero como o divertido Miss Simpatia – o primeiro, não a continuação necessária.
Aqui Bullock representa a dinastias das chefe que são prepotentes e arrogantes e, por aquele viés do destino, presença constante nas comédias românticas, terá que mudar seu comportamento. Margaret Tate é uma editora-chefe que descobre que seu visto para permanecer nos Estados Unidos está vencido, por conta disso, improvisa um casamento com o seu ajudante capacho, Andrew Paxton, papel de Ryan Reynolds.
Ambos fazem um acordo mútuo de benefícios, mas conforme se conhecem melhor a história se torna diferente. A trama não traz nada efetivamente novo e se há algo de positivo é só mais um veiculo para mostrar a versatilidade de Reynolds, quem vem conquistando espaço em Hollywood e ano que vem terá a importante missão de ser o Lanterna Verde nas telas. Se a intenção do filme era destacar Bullock, falhou.
O filme é da mesma diretora do também médio Vestida Para Casar.





O Sequestro do Metrô 1 2 3 (The Taking of Penham 1 2 3)

Dir. Tony Scott


Os irmãos Ridley Scott e Tony Scott se juntos formariam um bom diretor. Basta observar a filmografia de ambos para notar oscilações, muitas vezes terríveis, em seus currículos. Enquanto Ridley é o mais famoso, tendo dirigido algumas pérolas cinematográficas, Tony dirige filmes de menores pretenções, geralmente histórias de ação em que seu talento se sobresai de outros filmes de gênero por conta de uma boa direção e edição.
O Sequestro do Metrô 1 2 3 traz mais uma vez Denzel Washington como um paladino do bem. Washington é um dos atores mais confiáveis de Hollywood, devido a tantos papéis de bom moço que faz em suas produções, mesmo que, as vezes, tente bancar o vilão.
Na trama ele é o homem comum Walter Garber, um dos executivos do metro que acompanha o tráfego e a movimentação dos trens e que registra um problema eventual no metro 123 para Pelham. Nele há um seqüestrador, interpretado por um John Travolta longe de seu auge, que exige uma boa quantia de dinheiro para libertar os reféns em um determinado tempo.
Boa parte do filme é bem amarrada graças a direção rápida de Scott e a edição de Chris Lebenzon, ainda que o inicio do filme, repleto de cortes chegue a incomodar. As cenas são cortadas pela marcação do tempo, adiantando o ponto em que um provável embate acontecerá. Antes disso, toda a tensão é focada no dialogo entre bandido e mocinho que se encontram, respectivamente, no trem e na cabine central de comando. Graças a competência de Washington, que repete muito bem seus contínuos papeis de paladino, a história se sustenta.
Mas sustentação não traduz brilhantismo em uma história de ação. E sim uma história correta que surpreende levemente pela direção, que nas mãos de outro deixaram o filme mais pasteorizado. É uma boa diversão.
Além de Washinton, destaque também para o Sr. Soprano James Gandolfini e John Turturro, dois bons atores que ou pouco aparecem no cinema ou, quando aparecem, são relegados a papéis coadjuvantes – que as vezes roubam a cena.

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