segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Semana em Filmes (30 de Agosto a 05 de Setembro)

Se Beber, Não Case! (The Hangover)

Dir. Todd Phillips


Todd Philips é responsável por duas produções recentes que considero indispensáveis no quesito filme de comédia de situação cujo leque de absurdo, non sense e baixaria são o motivo do riso: Dias Incríveis e Caindo na Estrada. Apesar de, vez ou outra, cometer alguns deslizes, Se Beber, Não Case faz parte de um bom momento do diretor.
A história parte de um princípio básico que conhecemos através do filmes. A cidade de Las Vegas é, por si só, um pesadelo para os desenfreados ou aqueles que decidir passar uma noite na cidade dos prazeres para celebrar uma desilusão amorosa – como em Jogo de Amor em Las Vegas – ou comemorar uma despedida de solteiro.
A noitada entre os quatro amigos da trama é tão extrema que, no dia seguinte, não sobra pedra sobre pedra. Há um tigre e uma galinha no quarto do Hotel, um deles está sem um dente e, pior, o noivo está desaparecido.
Assim, a história se divide entre mostrar o que aconteceu na noite do porre enquanto os amigos juntam as peças e evidencias que encontram a sua frente para descobrir o tamanho do estrago que fizeram.
A ausência de atores famosos como chamariz é irrelevante, dando espaço para alguns desconhecidos – outros nem tanto, como Ed Helms de The Office – mostrarem seu timing. As seqüências cômicas são boas e não se perdem no emaranhado bizarro que a trama apresenta.
Os personagens são os clássicos do cinema comédia besteirol, cada um deles representa uma de suas vertentes, mas aqui são estão bem representados.
Em um ano fraco, principalmente nas comédias, Se Beber, Não Case é uma boa pedida, e um conselho para os noivos que estão prestes a casar. Certo, a ultima frase foi uma piada.




Arraste-me Para o Inferno (Drag Me To Hell)

Dir. Sam Raimi


Produções de terror sempre são lançadas, tanto no cinema quanto direto no mercado de dvd, é o que não falta. Normalmente trazendo histórias de sustos fáceis, ultimamente focando o terror em objetos inanimados que possuem poderes ocultos. Sua qualidade é normalmente inversamente proporcional a sua originalidade.
Até mesmo o trailer de Arraste-me Para o Inferno soa dessa maneira. Como uma produção que somaria mais um nas bobagens produzidas hoje, porém, a pouca trama revelada no trailer e a simplicidade da história, com o nome de Sam Raimi estampado como diretor, poderia resultar em algo diferente.
Desde Evil Dead – A Morte do Demônio que é conhecido que o diretor possui talento para dirigir produções de terror. E seu talento não se concentra apenas nesse gênero, já que um dos ápices de filmes de super-heróis nas telas, Homem Aranha e Homem Aranha 2, foi dirigido por ele. Mas, por outro lado, o insosso Homem Aranha 3 também carregava seu nome na direção. Em resumo, seu novo filme de terror tinha potencial, mas poderia ser um desastre.
Desde o começo de sua exibição, com o logo antigo da Universal, temos a sensação de que estamos assistindo a uma produção de dois mundo. Um filme de terror anterior à devoção oriental, possuindo origens próprias, uma narrativa da decada passada com o estilo de hoje.
A trama, que se assemelha muito com o livro A Maldição do Cigano do mestre Stephen King é simples. Uma garota que trabalha em um banco, almejando sua promoção como subgerente, nega o pedido de uma pobre velha por um novo empréstimo que manteria sua casa no lugar. Irritada, a velha – que possui todo um elemento físico aterrorizante – joga uma praga na garota. E ponto final. Não há jogos psicológicos e sanguinolentos, nem histórias com reviravoltas mirabolantes.
A partir disso, Raimi mostra seu talento como diretor enquanto a garota em questão tenta desesperadamente quebrar a maldição imposta pela velha. A narrativa mais tradicional da trama, deu originalidade ao gênero que Raimi já havia explorado e que anda tão mutilado pelo clichê hoje em dia. Mas, curiosamente, até nisso há uma explicação: o roteiro de Arraste-me Para o Inferno foi escrito em meados dos anos noventa, logo após Uma Noite Alucinante 3, mas só agora foi para as telas.
Se o resultado dessa produção, voltando as suas origens, foi devido a uma produção aracnídea imperfeita, não cabe deduzir. Mas resultou em um bom espetáculo do gênero.





Brüno (Brüno)

Dir. Larry Charles


Qualquer pessoa que já tenha contado uma piada na vida sabe que é necessário o mínimo de entonação para que o efeito cômico seja alcançado. Assim, contar uma piada pela segunda vez, já sabendo seu desfecho, é ainda mais difícil. Dependerá da habilidade de seu contador e da boa piada em questão.
Brüno é a mesma piada contada pela segunda vez por Sacha Baron Cohen. Que novamente se veste como um personagem e sai pela América e outros países filmando com pessoas reais, sem mostrar de fato suas intenções.
As comparações com Borat – O Segundo Repórter Mais Famoso do Cazaquistão são evidentes. Bruno é muito mais episódico que seu filme anterior, passa a impressão de que, após a filmagem de todas as cenas, que se pensou de fato em uma linha narrativa. Dessa forma, a história de Bruno parece mais artificial que a do repórter.
Impossível negar que Cohen, quando se dedica a um papel, o faz de corpo e alma. Não só teve que remover todos os pelos do seu corpo, como emagrecer e tingir as madeixas para sua nova personagem. Em entrevistas o ator confirma o desgaste diário em ser outra pessoa e sempre ter que superar a expectativa do público sendo sempre engraçado.
O humor de Cohen é um detalhe bem particular de suas produções. Sua sátira não é velada e sutil, mas sim de maneira escancarada, aguda e violenta. Com a personagem gay desse filme, Cohen escancara não só os preconceitos enraizados nos Estados Unidos como ridiculariza aqueles que, a todo custo, buscam beber no copo da fama, sem possuir talento nenhum.
Sua maneira caustica de mostrar toda essa podridão é através do riso, o riso ácido e distorcido de uma personagem excêntrica em meio a pessoas reais. E as situações em Brüno são, como Borat, tão absurdas, que é impossível não rir. Mas desde já fica o aviso de que o humor de Cohen é bem peculiar.
A próxima cartada do ator humorista ainda não foi anunciada, mas fica a pergunta se mais um pseudo documentário humorístico pode causar o mesmo efeito dos dois primeiros. Uma piada pode ser bem contada na segunda vez, mas em uma terceira... Há duvidas.





Intrigas de Estado (State Of Play)

Dir. Kevin Macdonald


Intrigas de Estado é baseado em uma série televisiva exibida em 2003. Embora desconhecida para mim, é imaginável que a qualidade da série inspirou um filme com o mesmo tema. Porém, considerando a boa safra de séries dos últimos anos, é um bom palpite dizer que a série é melhor que esta adaptação.
A palavra burocrático é a que mais defini a produção em uma só palavra. Um filme bem composto, bem dirigido, com bons atores mas que não possui nenhum elemento a mais a não ser aqueles que já conhecemos e estamos cansados. Até mesmo o título brasileiro aponta isso, com um título muito além dos padronizados.
Na trama, um político interpretado por Ben Aflleck é acusado de uma série de escândalos e pede ajuda para seu amigo Cal McAffrey. Um jornalista, interpretado pelo sempre bom Russell Crowe, conhecido por ser das antigas e ser um repórter que não existe mais.
Então, os embates comuns prosseguem. McAffrey começa a investigar o escândalo com a ajuda de uma pupila que de tempos em tempos se revela mas se aquieta quando ele diz o quão talentosa ela é, o político, aos poucos, começa a ceder, revelando que suas mãos não estavam assim tão limpas.
Os nós do roteiro são tão comuns, visto em tantos outros filmes políticos, que nem se quer chamam a atenção. Assim a trama prossegue sempre morna e o final é óbvio como podemos imaginar.

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